A beira da ruína.

1167 Words
Estou na estrada, o vento sopra meus cabelos, o sol batendo em minhas bochechas me da uma sensação de liberdade, liberdade essa que eu tenho a sensação de estar perdendo. A medida que meu carro avança na estrada eu penso no que fazer! Eu com toda certeza não quero me casar com Lucian, mas sempre soube que para famílias como a nossa o casamento de conveniência era certo. Muita coisa depende de nós, não só nossas famílias como várias outras. Depois de dirigir cerca de 2 horas, paro na entrada de minha casa, desço do carro, pego minha mala, respiro fundo e vou em direção a porta. Paro quando ouço outro carro se aproximando da entrada, para meu desgosto é Lucian e seu pai. - Bom dia Emma, bom vê-la novamente. - Otto se aproxima com um grande sorriso. - Bom dia Sr Callahan, como vai ? - Respondo educadamente retribuindo o sorriso. - Emma, me chame de Otto, não somos estranhos. - Sorri para ele. - Bom dia. - Diz Lucian de forma seca e ríspida. - Bom dia. - Respondo de forma educada diminuindo o sorriso em meu rosto. - Lucian, pegue a mala na mão de Emma, seja um cavalheiro. - Otto fala para Lucian que caminha em minha direção. - Não é necessário, eu mesma carrego. - Porém ele me ignora e pega a mala de minhas mãos, ando até a porta e abro, então entramos. Meu pai aparece em seguida no hall e parece surpreso ao me ver entrar com os dois, acho que não me esperava tão cedo aqui. - Otto, Lucian, bem vindos, entrem - Ele disse sorrindo e voltando a me olhar. - Emma, você veio como? Se tivesse avisado teria lhe pego na rodoviária. - Disse me olhando com cautela. - Não havia necessidade, vim dirigindo. - Levantei a chave do carro mostrando a ele, peguei minha mala que Lucian havia deixado próximo a escada e subi, sem dar chance para que ele protestasse! Sei que ele detestava que eu dirigisse, ainda mais longas distâncias, provavelmente ele pensa que dirigir é coisa de homem e mulheres não o fazem muito bem. Deixo minha mala no quarto, estou curiosa para saber o que Lucian e Otto fazem aqui tão cedo, desço as escadas e vou em direção ao escritório, parada na porta posso ouvir a conversa. - Não temos mais tempo, se esperarmos mais não conseguiremos nos recuperar. A empresa está com várias obras paradas, os. Credores estão em nossa porta e o prazo está apertado. Se os contratos de obra vencerem e não tivermos entregue seremos multados, será mais uma dívida para pagar, os operários estão sem receber e se recusam a trabalhar. - Era a voz de meu pai. - Entendo Thomás, a empresa está a beira da ruína, ninguém lhe concederá crédito, os investidores estão aflitos, os fornecedores não lhe darão material com medo de não receber. A melhor opção seria o casamento, não posso lhe emprestar dinheiro sem nenhuma garantia, e você não tem nada mais a nos oferecer. - Otto responde com uma voz seria e profunda. - Sim Otto, entendo seu ponto. Mas nunca pude obrigar Emma a fazer o que não queria nem quando era pequena, como posso agora? Ela sempre foi muito teimosa, não conhece nada da vida, não sabe o que é realmente se sacrificar por algo, Louise a protegeu de mais. - Disse meu pai com a voz profunda e baixa. - Eles já são oficialmente noivos, precisa explicar a Emma que não se trata mais somente da vida dela, ela precisa fazer isso por sua família, e por todos que dependem de vocês. Você já sabe quais as nossas exigências quanto a ajudar você Thomás, como fará acontecer cabe somente a você. - Otto retrucou. Minha cabeça está latejando, tento digerir tudo o que estou ouvindo, preciso fazer algo. Entro no escritório abruptamente, todos me olham. - Emma, o que é isso ? Estamos tratando de negócios saia! - Meu pai rugi furioso para mim . - Estão tratando da minha vida, e não de suas empresas, acho que tenho o direito de opinar. - Falo andando em direção a mesa e me sentando ao lado de Otto, Lucian permaneceu o tempo todo em silêncio sentado no sofá observando. - Emma, estamos a beira da ruína, e levaremos muita gente conosco. - Meu pai me encarou e disse seriamente com a voz firme. As coisas realmente são muito ruins. - E os Callahan não podem só nos emprestar o valor. - Perguntei me virando para Otto com o olhar mais suplicante que pude, não queria ter que me casar com seu filho, ele me encarou e franziu o cenho, estava prestes a dizer algo. - Somos homens de negócios, não instituição financeira. - Respondeu Lucian que até então estava calado em seu tom rude habitual sem dar a chance de Otto responder, pude ver um sorriso zombador em seus lábios. - Sua família não tem mais crédito, ou bens a serem dados em garantia, seria um risco enorme esse empréstimo. Seria um investimento arriscado que somente um louco faria. Um casamento nos daria acesso às ações que são suas, nos permitindo fundir as duas empresas, seu pai poderia usar o prestígio de nossa família para se reerguer. Estaria disposto a ajudá-lo como família, mas não como credor. - Respondeu Otto, vi sinceridade em suas palavras, ele as proferiu calmamente. - Compreendo. - Respondi sentindo-me amargurada e impotente. Ninguém nos ajudaria nesse momento, os Callahan são os únicos que nos estenderiam a mão, a troco de que? Da minha liberdade, da minha felicidade. Me levantei e fui em direção a porta. - Eu preciso de um tempo. - Respondi sem olhar para trás. - Tudo bem, pense querida, aguardamos sua resposta. - Respondeu meu pai. Abri a porta e sai, como papai pode deixar as coisas chegarem a esse ponto ? Respiro fundo e vou rumo ao jardim, atrás dos arbustos, bem no fundo, é meu refúgio! Existe um pequeno espaço com um balanço, mamãe fez pra mim quando era viva, sempre venho aqui quando preciso pensar. Talvez se mamãe ainda fosse viva os Miller nos ajudariam, mas eles nunca iriam ajudar meu pai, ninguém nunca o ajudará, só eu! Que ironia não ? Logo eu, a quem ele sempre desacreditou. Fiquei imersa em meus pensamentos imaginando o quanto eu seria infeliz, nesse casamento, meu Deus, me ajude! Lembro como Lucian me olha com desprezo, e me trata com desdém, minha vida seria um inferno ao seu lado. Mas eu não poderia sentar e assistir minha família ruir, levando investidores e trabalhadores junto, não tenho escapatória, fecho os olhos e respiro fundo, parece que estou a beira de um penhasco prestes a pular. Mas não precisaria ser pra sempre, certo ? Eu poderia me divorciar após resolver os problemas de minha família, em um ano ou dois no máximo. Existe uma saída Emma, você não precisará sofrer para sempre!
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