Capítulo 4

1559 Words
Agora era sério, eles queriam me irritar apenas isso! John tinha saído com aquela garota e eu fiquei feliz achando que tinham entendido meu recada, mas foi um grande engano meu. Uma hora depois eu ouvi os dois entrando em casa novamente, em uma conversa bem animada. Mas preferi fingir que eles não estavam ali e fiquei o resto do dia trancado no meu quarto, talvez se fingisse bem o suficiente ela acabaria sumindo de verdade. Aproveitei o tempo sozinho para me certificar de como todos os meus irmãos estavam. Stella estava morando com o namorado a alguns meses e tinha levado Nik para viver com ela, eu fazia questão de ligar todos os dias para me certificar de que estavam bem. Só queria que minha irmã tivesse um pouco de paz e vivesse como uma pessoa normal, mas ela insistiu em ficar com ele e como ele a tinha como uma mãe, eu não podia ser tão contra. De todos nós ele foi o único que nunca conheceu Karen, não tem nenhuma lembrança dela, foi Stella quem cuidou dele desde pequeno, ela era a única figura materna que ele conhecia. — Oi Stella. Como estão as coisas aí? — perguntei olhando para minha irmã pela tela do celular. Os cabelos dela eram loiro, quase platinado e diferente dos meus, na verdade, todos nós tínhamos muitas diferenças e isso graças a todos os pais diferentes, mas isso não afetava a nossa união. — Oi irmão, até que enfim ligou, precisava mesmo falar com você sobre a Ava. — pela preocupação no rosto da minha irmã não era uma mera bobagem. Quando Mia conseguiu uma bolsa em um colégio interno muito renomado para terminar o ensino médio, eu tive que fazer um empréstimo no banco para conseguir pagar pra que Ava também fosse, ou Mia acabaria desistindo de tudo já que elas não conseguiam ficar longe uma da outra. Mas já estava começando a me arrepender disso, pois nos últimos dois anos Ava tinha se metido em mais problemas no colégio interno, do que tirava notas boas. — O que ela fez agora? — perguntei já me preparando para a bomba, — Ela foi expulsa porque fugiu do colégio durante a noite, mas só descobriram na manhã seguinte porque ela foi pega pela polícia em uma corrida de carros... — Ela o que? — gritei com a imagem se formando na minha cabeça. Tudo bem que ela já tinha dezessete anos, mas ainda era minha irmãzinha, não conseguia vê-la fazendo piercings, em festas ou com garotos, só que pelo visto era ainda pior do que eu imaginava, ela já estava fazendo rachas e indo parar na cadeia. — Pois é, eu também não consegui acreditar quando a diretora falou na ligação, me informando o motivo da expulsão. Achei que essa fase rebelde tinha acabado quando Kevin tomou jeito. — Stella falou me lembrando da nossa pior fase. Quando Kevin entrou na adolescência foi um verdadeiro inferno, brigas, drogas, tatuagens e piercings, era tudo sobre isso para ele e o pior foi que ele não conversava com ninguém, se trancava em seu mundo e deixava todos nós de fora. Por sorte algo mudou e ele decidiu que deveria deixar de ser um rebelde qualquer, ele se focou em estudar e entrou na faculdade, deixando todos nós orgulhosos por ser o primeiro da família a entrar na faculdade e se tornar um engenheiro. — Pelo que parece vamos ter mais um adolescente revoltado. — murmurei esfregando o espaço entre minhas sobrancelhas, já sentindo dor de cabeça pelo que viria por aí. — É o que parece. Porque eles não podem ser fáceis como nós dois? — ela perguntou abrindo um sorriso contido, como sempre fazia. Eu sabia que Stella tinha se reprimido em tanto na vida dela para deixar a minha vida mais fácil, mais leve, já que eu tinha tanta responsabilidade. Assim como eu, ela abriu mão de si mesma, das coisas que queria, dos próprios sonhos, para dar uma vida melhor aos nossos irmãos. — Isso seria impossível, você sempre foi perfeita de mais, é bem mais fácil serem como eu! — afirmei vendo o sorriso dela crescer e as bochechas ficarem vermelhas. — Nik está aqui, acabou de sair do banho... — Oi Luke! — o pequeno gritou pulando na frente dela a interrompendo, antes de correr para longe com o celular nas mãos. — Eu tirei um dez no teste da escola ontem e o Ben me levou para tomar sorvete hoje pra comemorar! O nosso irmão caçula estava perto de fazer onze anos, o nosso anjinho de cabelos pretos e de olhos azuis, que derrubava qualquer um com o belo sorriso. O tempo passou tão rápido e eu só conseguia pensar no quão pequeno ele era quando nossa mãe sumiu. Mais um motivo para eu odiá-la e querer trabalhar para dar tudo a eles, mais um motivo para que eu me forçasse a aceitar aquela merda de situação em minha vida e começasse a lidar com minha própria dor para poder voltar a trabalhar. — Oi campeão. Que bom! Aposto que tomou o sorvete da loja toda já que é sua sobremesa favorita. — Não posso, Stella briga comigo e com ele se a gente come doce antes do jantar, mas isso é um segredo só nosso. — Tarde de mais mocinho. — Stella anunciou aparecendo atrás dele o assustando. — Vou ter uma conversa com Ben e é melhor você jantar direito hoje. — Ahh Ste, não briga com o Ben. — ele pediu piscando os olhinhos para ela, como sempre fazia para conseguir o que queria, aquele pequeno chantagista. — Está bem, vocês dois ainda vão me deixar maluca! — ela bagunçou os cabelos dele e então focou os olhos em mim. — Se prepare Luke, o ônibus da Ava chega amanhã no fim da tarde. Eu vou buscar ela, mas sabe que ela vai preferir ficar com você. Sim, eu sabia disso, enquanto crescia ela sempre brigava com Stella, a chamando de princesinha perfeita, a mãe que ninguém queria e outras coisas. Comigo ela não costumava bater de frente ou jogar na minha cara os meus erros, talvez porque eu fosse mais calmo em relação a castigos, diferente de Stella. Mas agora era diferente, ela tinha passado de todos os limites destruindo o próprio futuro desse jeito. — Eu vou buscar ela, Stella. Você já tem muita responsabilidade aí com dois garotões tomando sorvete antes do jantar, — falei fazendo os dois sorrirem. — E vai ser melhor que ela me veja assim que chegar lá. Pois eu podia imaginar que às duas iriam brigar muito se elas se encontrassem sem mim por perto depois de toda essa situação. — Tem certeza que pode buscá-la? Já é de mais estar em uma cadeira de rodas em tão pouco tempo. — Eu tenho, acho que vou poder usar a enfermeira que me arrumaram para dirigir até lá. — ao menos aquela merda ia servir para alguma coisa, mas minha irmã apareceu mais empolgada com a notícia do que eu imaginei que ficaria. — Então você finalmente aceitou uma enfermeira? Ai Luke isso é ótimo... — Não, você me entendeu m*l, aqueles merdas que chamo de amigos empurraram uma mulher aqui em casa e ela não parece disposta a ir embora como as outras. Monalisa era diferente das outras que saíram correndo no primeiro grito ou por minha cara feia, teve apenas uma que precisei empurrar para fora de casa e que nunca mais voltou. Mas aquela garota não parecia disposta a ir embora de nenhuma forma. — Você tem que aceitar isso Luke, você precisa de ajuda! — eu bufei sacudindo minha cabeça em negação. — Você não é o super-homem, mesmo que às vezes pareça um para nós, no fim do dia é apenas um homem que precisa de cuidados como qualquer um. Porque não deixa que cuidem de você ao menos uma vez? Aquela pergunta dela ficou na minha cabeça pelo resto do tempo em que conversamos e para dizer a verdade bem depois também. Eu precisava mesmo de alguém? Eu tomei um banho rápido da melhor forma que pude e depois jantei, a comida que eu tinha certeza que ela tinha cozinhado, porque além de não ter mais ninguém ali que pudesse fazer, eu tinha sentido cheiro maravilhoso invadindo meu quarto. Estava prestes a entrar no meu quarto novamente para dormir quando a porta aberta no corredor me chamou a atenção. Me aproximei devagar sem saber o que esperar, mas paralisei no lugar assim que meus olhos focaram nela. Monalisa estava apenas de toalha e com uma perna apoiada sobre a cama, passando creme nas coxas, totalmente alheia a minha presença. Eu sabia que era errado ficar ali a observando daquele jeito, mas simplesmente não conseguia desviar meus olhos. Podia ser algo simples, mas parecia a coisa mais sexy que eu já tinha visto. Eu só conseguia imaginar como seria ter minhas mãos e boca naquela coxa, ou se sua pele seria tão macia contra minha língua quanto parecia. — Tão gostosa. — falei em pensamento, ou ao menos foi o que eu pensei ter feito. — AAAAAAA! — Monalisa gritou e pulou se virando assustada, deixando a maldita toalha cair no chão, me dando a visão de seu corpo completamente nu.
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