Capítulo 3

1932 Words
O homem era lindo, não, não, lindo não chegava perto do que Luke era. A fantasia de qualquer mulher eu podia dizer com certeza, grande, sexy, bronzeado, rosto perfeito e, meu Deus, cheirava bem até de mais. Quando ele me puxou para o seu colo eu imaginei o que se passava na mente dele, com toda certeza com a raiva que ele estava sentindo não estava simplesmente brincando ou tentando me seduzir, ele ia me jogar para fora da casa. Mas antes que ele conseguisse, eu me agarrei firme em seu pescoço, afirmando que não ia a lugar nenhum e era verdade, eu não podia perder aquele emprego. Nossas respirações se misturaram com ele se mantendo tão perto de mim, mostrando que não se sentia intimidado de jeito nenhum. Luke não se importou com a nossa proximidade, ele me olhou nos olhos, como se me conhecesse há muito tempo. — Quem é você? — a pergunta dele saiu tão baixa, que pensei que não fosse para mim, mas quando franzi as sobrancelhas em confusão ele pigarreou antes de continuar. — Porque até onde eu sei minha mãe está perdida por aí e é bem mais velha que você. Foi engraçado de ouvir, mesmo que ele quisesse apenas me irritar, a forma séria como ele disse isso acreditando mesmo que iria me incomodar com o desaforo. Se o homem ao menos soubesse quanta coisa pior eu já tinha escutado. — Haha muito engraçado. Eu sou a enfermeira de quem precisa e babá daqueles que dizem não precisar. — rebati encarando aquelas íris azuis penetrantes, enquanto deslizava as unhas em seu pescoço. — E então, quem você é? Luke semicerrou os olhos me analisando ainda mais, só que eu conseguia ver o brilho de diversão em seus olhos. O ar a nossa volta começou a se tornar ainda mais denso, não de uma forma incomoda como pensei que seria quando eu chegasse aqui, mas sim de forma s****l. Eu não sei o que exatamente, mas algo em Luke gritava sensualidade. Meu corpo estava em total alerta só por eu estar sentada em seu colo, com as mãos largas em minha cintura e o rosto próximo ao meu. Meu medo era que homens assim geralmente não eram bons de cama e eu sempre me ferrava com isso. Aí meu Deus! O que eu estou pensando? O homem não pode fazer nada, está paralisado da cintura para baixo. E além do mais eu estou aqui para trabalhar, fui contratada para cuidar dele não levá-lo para a cama e terminar frustrada. — Não vai funcionar Monalisa! — ele me assustou me fazendo pensar por um segundo que talvez eu tivesse dito aquilo em voz alta. — Eu não quero nenhuma enfermeira, ajudante, babá, empregada, a p***a que seja! Cuido de mim mesmo sozinho desde que tinha seis anos, acho que posso continuar a fazer isso. Aquilo me intrigou e meu lado curiosa gritou, primeiro ele falou que a mãe estava perdida por aí e agora disse que se cuidava sozinho desde os seis? O que teria acontecido com ele enquanto crescia? — Não duvido que possa se virar sozinho, mas aposto que se escorregar no banheiro, bater a cabeça e ficar desmaiado lá por horas enquanto seu cérebro morre aos poucos, imagino que vá querer que uma pessoa de a má notícia para família ao invés de alguém que chegue após dias e te encontre em decomposição. — joguei na cara dele bem séria, sem aliviar no drama porque ele não iria ceder de qualquer jeito. — p***a! — John gritou atrás de nós. — Ela tem razão Luke, não vai querer um de seus irmãos entrando aqui e te encontrando morto pelado. E foram aquelas palavras que o fizeram parar e pensar por um minuto. Eu estava otimista tendo a certeza que dessa vez conseguiríamos convencer ele a me deixar ficar. Até que ele sorriu de forma diabólica e tirou as mãos da minha cintura segurando os dois apoios de braço da cadeira de rodas, antes de erguer o tronco me obrigando a pular no chão para que não caíssemos nós dois. — Eu já disse que não quero! — ele gritou voltando a se sentar já sem qualquer sorriso no rosto. — Não me interessa a ideia i****a, o sermão, ou o discurso comovente que quiserem me dar, isso não vai mudar o fato de que não quero ajuda e que não vou voltar a andar! Então ele girou a cadeira com rapidez quase pegando nos meus pés, totalmente de propósito, e sumiu no corredor a direita, deixando eu e o amigo dele ali plantados como dois idiotas. — Me desculpa por isso, me desculpa ter feito você perder seu tempo. — John murmurou se virando para mim enquanto coçava a nuca parecendo envergonhado. — Não tem que se desculpar por nada, eu não perdi o meu tempo, acabei de conhecer meu novo paciente apenas isso! — afirmei a ele, pois ainda não tinha me dado por vencida e nem podia. — Então você não vai desistir? Vai ficar mesmo? — ele perguntou incrédulo. — Claro que vou, posso começar amanhã mesmo se quiser ou hoje. Só preciso ir em casa buscar minhas roupas e pronto! — afirmei já calculando em minha mente quanto tempo eu levaria até ir a minha casa e arrumar uma mala, mas o olhar surpreso de John me impediu. — Não se preocupe, já aturei desaforo de todo tipo nessa minha vida e quem tem duas bocas para alimentar não se assusta fácil, pode confiar que não vai ser um homem que sofreu um acidente que vai me abalar. Ele abriu um sorriso largo e se virou pegando o celular e chaves do carro, antes de se voltar para mim. — Vamos, eu te dou uma carona e te trago novamente para cá. — Humm... mas você vai deixar seu amigo sozinho? — questionei antes que pudéssemos chegar a porta. Meu medo era que pessoas como ele, sofrendo uma negação tão grande diante de uma perda, se deixassem levar pelo luto ou pela dor e acabasse fazendo uma besteira. — Oh não, não se preocupe. Luke tem andado sozinho desde que aconteceu e porque nenhuma enfermeira conseguiu aguentá-lo mais de vinte e quatro horas. — ele contou já indo para fora da casa. — E mesmo que não fosse esse o caso, ele nunca faria nada contra a própria vida por que assim como você ele tem outras bocas para alimentar. Outras bocas para alimentar? Será que eram filhos? Esposa? Meu Deus! Eu tinha acabado de sentar no colo de um homem casado? Não, não podia ser, ele teria dito algo, teria ao menos me feito notar que ele era casado. Minha curiosidade sobre Luke só aumentava e eu tinha acabado de conhecer o homem. Eu precisava colocar a minha cabeça no lugar e focar no que importava apenas, não perder o meu novo trabalho e fazer algo que ajude Luke a gostar de mim deveria ser meu foco. — Me conte sobre ele, como ele é, o que gosta, coisas que vão me ajudar a lidar com ele no dia a dia. — pedi assim que John abriu a porta do carro me deixando entrar, antes de dar a volta e se colocar atrás do volante. — Coloque o endereço no GPS enquanto eu penso por onde começar. — ele pediu e eu fiz rapidamente, já ansiosa para saber mais sobre o deus grego bronzeado. — Conheço o Luke a pouco tempo, ele entrou para grande família por tabela, mas sei que é um ótimo amigo, pois foi tentando salvar a vida de uma amiga nossa que ele foi baleado, foi assim que acabou naquela cadeira. — Baleado? — relembrei o que Luke tinha dito, que tinha tomado tiros e chocada nem me importando em interrompê-lo, eu só estava surpresa em quão bem ele parecia após ter sido baleado e perdido os movimentos. — É foi um tempo bem difícil para todos nós, Luke se sente ainda pior por não ter conseguido impedir que nossa amiga fosse sequestrada, só ficou mais aliviado quando ela foi finalmente encontrada. — eu nem conseguia imaginar o quanto estava sendo difícil para ele, lidar com tanto em tão pouco tempo. — Luke não é orgulhoso, mas o corpo dele era seu templo e poder trabalhar o mantinha são, perder essas duas coisas de uma só vez mexeu com a cabeça dele. — Mas ele pode voltar a andar, não é? Você me disse isso. — Os médicos disseram ser algo mais psicológico, as balas o atravessaram e enquanto ele sangrava no chão, acreditando ter falhado com nossa amiga algo o afetou tão profundamente que ele perdeu completamente os movimentos da cintura para baixo. — John explicou mantendo os olhos concentrados na rua. — Luke fez tudo o que os médicos mandaram enquanto estava no hospital, aceitou todo tipo de coisa que fisioterapeutas indicaram, foi assim que conseguiu ficar na cadeira e sair da cama em tão pouco tempo. Mas quando sugeriram terapia ele decidiu sair do hospital e se recusa a ter uma enfermeira ou fisioterapeuta em casa, disse que é mais útil focar em se adaptar a cadeira de rodas e a sua vida em cima dela, para poder voltar a oficina onde trabalha. — John explicou com facilidade mantendo os olhos focados na rua. Ele não demonstrava emoção nenhuma, parecia que notícias ruins eram comuns para ele. Mas eu as detestava, não conseguia lidar bem e nem me manter fria diante da tragédia de outras pessoas. Eu tinha acabado de conhecer Luke e meu coração já doía em imaginar quanto peso aqueles ombros bronzeados estavam carregando, quanta dor física ele estava escondendo por trás do olhar desafiador e provocante. Ele preferia lidar com aquela situação do modo fatal, como se não houvesse nenhuma saída, ao invés de deixar o mínimo de esperança crescer em seu coração. — Eu não consigo ver a vida dessa forma, de um jeito tão negativo assim. — murmurei pensando em minha própria vida, como me deixei afundar em dor e tristeza depois que meus pais se foram e todo o meu mundo virou de ponta cabeça. — Posso fazê-lo mudar isso. John estacionou em frente a minha casa e então me olhou por um longo segundo, como se procurasse alguma mentira em minhas palavras. — Então você é a pessoa perfeita para ele! — foi o que John afirmou me surpreendendo. — Agora vá pegar suas coisas para que eu possa jogá-la na toca do leão. Eu sorri e corri para dentro de casa, já estava com uma sensação boa de que ia realmente gostar de trabalhar para eles. Me pareciam pessoas muito legais e mesmo Luke sendo ranzinza e revoltado, eu já podia me ver gostando de trabalhar com ele. Só de olhar para o homem pela manhã o dia de qualquer pessoa melhorava, porque ele era a completa perdição. — Aí meu Deus! Monalisa, se acalma mulher! — gritei comigo mesma pegando as coisas que mais precisaria, não querendo exagerar e levar uma mala com todo meu guarda-roupa. Tudo isso, assim como na casa dele, só podia ser t***o acumulado dos últimos meses sem sexo. E como se um sinal do viesse dos céus eu abri minha gaveta de calcinhas dando de cara com meus vibradores. Seria muito errado levá-los comigo? Era trabalho, mas também seria minha casa pelos próximos meses, não é? Ok, seria de mais. Mas e se eu levasse só um? Luke que me perdoasse, afinal uma garota tem suas necessidades!
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD