Queria esclarecer algo para os leitores antes de começarem este capítulo: O livro está em processo de REVISÃO, além de alguns erros gramaticais, também mudei o nome dos personagens principais, ou seja, Fernando e Lucero, depois da revisão irão se chamar: Soraya e Brendan. No entanto, quase todos os capítulos não estão editados, é um processo lento que infelizmente requer tempo, estou muito ocupada ultimamente, com os estudos e com o trabalho. Peço que tenham paciência!
O PASSADO DELA
Brendan
Estou ciente que a intenção de Olívia em convidar Suzan fora de tentar magoar Soraya, pois em seu pensamento mesquinho ela realmente acredita que temos algo, enquanto Suzan teve a mesma intenção ao aceitar o convite.
O irônico é que Suzan quem deu o primeiro passo para o término de nosso relacionamento, no entanto, em seu pensamento eu deva ser sua propriedade, pois o fato de estar com alguém a incomoda. É ela quem interroga Olívia para saber sobre minha vida, sobre os meus planos. Por muito tempo cogitei a hipótese de voltar com ela, de perdoá-la, contudo, hoje tenho outra visão da vida, não há amor entre nós dois, não sobrou nada de nossa relação além de orgulho e mágoas. E claro, essa obsessão de Suzan em achar que eu deva permanecer sempre aos seus pés, esperando-a, enquanto ela casa e constrói a vida dela ao lado de outra pessoa.
Olívia além de chata é ciumenta, e desde sempre fazia questão de infernizar minhas namoradas quando não simpatizava com alguma. Felizmente ou infelizmente a única que ela se afeiçoou fora Suzan que por ironia do destino foi a que mais me decepcionou.
Terminamos com uma briga grotesca, desde então não mantemos contato, hoje olhando bem para Susan Ryan, não consigo achar vestígios da mulher que eu amei loucamente. Só hoje, percebi o quanto ela é vazia, fútil e preconceituosa, coisas das quais eu abomino em um ser humano.
Optei por excluí-la da minha vida. Essa atitude me fez ter mais equilíbrio para focar no que eu mais necessitava no momento, minha estabilidade financeira.
Me senti envergonhado pelo nojo do qual referiu-se a Soraya somente por ser mexicana, ódio que o próprio governo desse país espalha em seus discursos baratos, e os alienados fazem disso sua ideologia de vida.
— Você vai dormir no chão e eu na cama — sair de meus devaneios ao sentir um amontoado de lençóis ir de encontro ao meu rosto.
Franzi o cenho encarando Soraya. Tive que praticamente arrastar ela para esse quarto em meio aos seus protestos, e agora isso.
Bom, não adiantaria eu dizer que ela é a minha noiva se dormíssemos em quartos separados, estamos no século XXI, seria estranho para meus pais saber que não temos uma vida s****l ativa, principalmente porque eles me conhecem.
Suspiro, nem sei se vale à pena todo teatro, todo esse plano é sórdido demasiado, pois no fundo sei o quanto isso é importante apenas para satisfazer meu maldito ego ferido, é exatamente isso que não me deixa virar a página e partir para a próxima.
— Não é como se nós fossemos t*****r, Soraya — não que eu não queira, obviamente iria querer desvendar os mistérios do corpo da Srtª Vásquez, embora sabia que caso "isso" aconteça, certamente afetaria nossa relação de patrão e empregado. — Só vamos dormir na mesma cama.
— Você acha isso pouco? — Ela me perguntou e assenti dando de ombros.
Soraya jogou-se sobre a cama ficando no canto dela, mantendo uma distância entre nós dois. Deitei de costas para o colchão e encarei o teto em silêncio.
— Como aguentou a Suzan por tanto tempo? Ela é insuportável!
Virei-me e a olhei, Soraya assim como eu estava anteriormente, olhava para o tento muito pensativa.
— Eu me faço essa pergunta todos os dias, acredito que eu não conseguia enxergar suas atitudes antes, sabe? Acho que quando entramos em um relacionamento de cabeça, acabamos com uma venda sob nossos olhos, só enxergamos o que queremos ver.
Ela olhou para mim e maneou a cabeça em um gesto de concordância. Me pergunto como eu pude conviver com a personalidade de Suzan, éramos tão diferentes, tínhamos sonhos diferentes, sempre soube de sua ambição mas eu sempre pensei que seu amor por mim era maior que todos seus caprichos.
Eu estava enganado!
— Sabe o que não entender? O motivo de Suzan tê-lo deixado... sua família é rica e hoje, você é uns dos maiores empresários desse país.
Eu rir com amargor. Como explicar a ira das classes nobres?
Pessoas que estão quase no topo de uma pirâmide casam-se apenas com aquelas que estão acima delas. E bem, há casamentos arranjados somente com intuito de fechar negócios, ganhar lucros, sociedade, por mais que algumas pessoas achem que são comportamentos arcaicos, no mundo moderno tal prática é bastante comum, a única diferença é que o divórcio vem tão rápido quanto o matrimônio.
— Minha família estava passando por um momento difícil, dois dos acionistas da empresa do meu pai deram um golpe nele, foi algo milionário, entramos em falência. Passamos por uma turbulência forte, Soraya. — Expliquei à ela que virou-se e me olhava fixamente como se não existisse mais nada no mundo e ela estava ali, dando-me toda sua atenção —
Tivemos que segurar os gastos, nessa época eu tinha acabado de fundar a minha empresa, ainda não tinha me firmado, vendi os meus carros, e alguns bens da nossa família foram vendidos também. Eu e meu pai conseguimos segurar as pontas, me esforcei muito, abdiquei de muitas noites de sonos, posso dizer que hoje vivo do suor que escorreu do meu rosto. — sim, me sentir revigorado ao notar o olhar orgulhoso que Soraya me lançou — Então Suzan achou que eu não era o suficiente para ela justamente por está perdendo todo o meu dinheiro, senti como tivesse sido apunhalado pelas costas. Acredito que Roy quem a incentivou que me deixasse, eu m*l tive tempo de ingerir nossa briga, quando soube que ela já estava namorando Jared Wattsom, Roy fechou um negócio milionário logo quando eles começaram a namorar.
Soraya me fitava, boquiaberta.
— Graças a Deus consegui me firmar e meu pai recuperou o prestígio e os seus bem. E hoje estou na lista dos empresários jovens mais bem sucedidos, por ironia do destino em uma posição acima do atual noivo de Suzan.
— Acho que você ainda gosta dela — concluiu me olhando nos olhos.
Gostar! Entre todos os sentidos da palavra talvez ainda goste, mas não a amo, não mais!
— Talvez sim, pelo que ela representou durante um tempo para mim, somos tão diferentes… Prefiro acreditar que se fosse hoje em dia eu não conseguiria viver por muito tempo ao lado dela.
— Mas você foi feliz no tempo que ficaram juntos — seus olhos cintilavam, em um brilho constante que depois desapareceu e eu pude perceber uma tristeza infame de dar dó.
Por que Soraya parece estar sempre tão triste? Infeliz?
Será que sente a dor da perda do marido?
Às vezes pareço saber tudo e ao mesmo tempo nada sobre sua vida.
Sim, ela ainda é um enigma para mim.
— Não era feliz o tempo em que foi casada com seu marido?
Seus olhos me fitaram e um brilho construído por lágrimas de tristeza que ameaçavam cair se forma em seu rosto.
Isso responde minha pergunta, com certeza não!
— Eu não sei... — sussurrou com a voz entrecortada, puxei seu corpo de encontro ao meu. Não sei qual a necessidade do meu gesto, mas eu precisava fazer isso. Eu precisava abraçá-la.
E ela retribui o abraço apertando meu corpo e fungou colocando a cabeça na curva do meu pescoço e ficamos assim durante breves minutos.
— Você é cheiroso senhor Willians — constatou voltando a me olhar, o rosto corado e olhos vermelhos. Lhe sorrir em agradecimento.
— Obrigada! — Agradeci — quer falar sobre isso?
Ela voltou a deitar ao meu lado, só que dessa vez não manteve distância.
— Eu não era feliz. Durante o tempo que fiquei com Chris, foram os piores meses da minha vida.
— Ele te traía? — Interroguei-a sem esconder a curiosidade em saber da história.
Ela sorriu um tanto amargurada.
— Nunca tive prova de que me traía, mas tinha certeza que sim. O pior não era isso, ele era agressivo e possessivo... até selvagem diria.
Ao me dizer isso, passou diversas coisas em minha cabeça.
Que covardia um homem medir forças com uma mulher. Isso é repugnante e ao mesmo tempo revoltante, se estivesse vivo eu mesmo quebraria a cara desse canalha.
— Ele batia em você?— Isso agora faz todo sentido, lembro que anos atrás Soraya sempre chegava no trabalho com marcas ou manchas pelo rosto.
Tanto tempo e eu ainda lembro disso, lembro até do primeiro dia em que Soraya entrou na empresa, do sorriso de satisfação ao saber que dentre tantas candidatas ela havia conseguido a vaga. É estranho lembrar de tudo isso!
— Se ele me batia? Às vezes Chris me espancava. Ele era alcoólatra, toda vez que bebia ele dava um jeito de brigar comigo, por tudo. Era um inferno conviver com ele. Não sei como eu pude aguentar essa situação por tanto tempo.
— Porque não o denunciou, Soraya? Não chamava a polícia quando ele a agredia?
— Não é tão simples quanto você pensa Brendan. — Lágrimas caiam em sua face e eu queria seca-las — Quando você está em um relacionamento abusivo com alguém, sempre pensa que um dia a pessoa vai mudar, eu tinha receio de chamar a polícia, não sei porquê, pode me chamar de burra se quiser, mas… eu não sei, eu aguentei tudo calada.
— Ele te machucou tanto assim?
— Você não tem ideia. Me arrependo todos os dias de ter casado, me entregado a alguém tão escrupuloso. Você me acharia um monstro por eu ter ficado feliz quando soube da morte de sua morte, Brendan? Você me acha um monstro por ter me sentido aliviada e não conseguir chorar, nem ficar triste com o fim da vida dele?
Olhei para o rosto de uma mulher destroçada, entre soluços e o rosto banhado por lágrimas.
Sufocado com a situação, eu não disse nada.
Eu não acharia errado sentir-se feliz com a morte de um troglodita sem coração. Para outras pessoas pode até ser errado, mas acho que entendo seu lado e seu ponto de vista, ele a feriu, e se eu tivesse conhecido o maldito eu mesmo teria o mandado para o inferno.
Deus sabe que eu teria.
Uma raiva se apossou do meu corpo. Olhei para Soraya que me observava esperando por minha resposta, eu não sei porque, assim do nada ela desencadeou esse senso de proteção em mim.
Talvez eu devesse tê-la pressionado e feito me delatar o que eram aquelas marcas em seu corpo, quem as causou. Me sinto culpado, principalmente porque poderia ter feito algo se soubesse, eu a negligenciei. E por Deus, quantas milhares de mulheres morrem por violência doméstica, Soraya poderia ter sido uma delas.
Essa conclusão me deixou sem fôlego.