— Esse cara, não é de agência, não sabemos nada sobre ele, mas se você não ficar com ele, juro que fico! Dou meu salário inteiro na mão dele!
— Nem sei o que dizer.
— Amiga! Pelo amor de Deus! Esse cara é tudo! Não só combina com você como põe o João no chinelo! E a Letícia, aquela ladra de namorados, vai se rasgar inteira!
— Me comportei como uma maluca! Como uma colegial boba!
— Tá muito explicado porque comprou aquele livro de culinária infantil. Gente que homem! Seguro, com atitude, liiiiindo, e se ele tiver aquilo que estava no site...
— Para Carol! Não vou dormir com ele! Não vou!
— Só se você for trouxa...
— Me tira uma dúvida, na hora em que ele foi pegar a bebida, por acaso você estava mesmo manjando o p*u dele ou foi impressão minha?
Carol deu uma risada e se jogou pra trás no sofá.
— Vamos sair?! Essa noite tá pedindo uma saída!
— Carol...
— Vamos!
Nós saímos, foi ótimo, dançamos, cantamos e bebemos, f**a foi voltar pra casa sozinha. Fiquei um par de tempo olhando o teto, as sombras ocasionadas eventualmente pelo farol dos carros que passavam. Théo, seria só isso mesmo ou de repente Theodoro? Ou algum nome estranhíssimo? Théo. Adormeci com ele nos pensamentos. E não eram nem oito e meia da manhã de domingo quando resolvi ligar de uma vez. Uma voz
pra lá de sonolenta atendeu, p**a que pariu acordei o cara! Desliguei. Ele retornou. Atendi. Fiquei muda. Senti que ele sorria, dá pra saber quando a pessoa está rindo!
— É você, Débora?
— É. Amm... Oi.
Senti a cor sumir do meu rosto. Micão! Precisava achar um motivo por ligar no domingo cedo!
Ouvi Théo bocejar e se espreguiçar, ele ainda estava rindo, que bom saber que meu constrangimento o divertia!
— Desculpe ligar tão cedo no domingo, tenho certeza de que o acordei, desculpe. — pronto, agora me pus a matraquear... aff... — É que fiquei com uma dúvida, na verdade a gente não acertou nada, mas é que quanto sai... é... quanto custa você?... Digo... — ele estava rindo! Rindo e rindo de mim! — Quanto fica com beijos? — pronto falei!
— Beijos. Que tipo de beijos?
— Como assim que tipo de beijos? — minha mão estava tremendo, Jesus Cristo, que absurdo.
— Ora, Débora, que tipo de beijos? Selinhos, beijos simples de boca aberta e sem língua, beijo de língua... ou... o meu beijo.
— Como assim, seu beijo? Você por acaso tem um beijo?? — agora ele estava tirando uma com a minha cara.
— Patenteado.
— Tá de s*******m comigo?!
— Bem que gostaria de estar...
Fiquei muda e gelada, senti um arrepio estranho, calma Débora, deixa de ser tão carente! Mas a verdade é que estava há quase um ano me contentando com um vibrador de c******s que a essa altura não estava prestando pra p***a nenhuma!— Théo, de quanto é o acréscimo por beijo seja lá qual for? — tentei ser o mais profissional possível, afinal era uma gestora contratual! Como assim que de repente desaprendi a falar com um fornecedor? Ele suspirou
— Não vou cobrar pelos beijos, nenhum deles, entre a ponta dos fios de seu cabelos até o b***o e da ponta dos seus pés até o alto de suas coxas, tá bem assim?
— Tá bem assim, obrigada pela infor’mação e desculpe mais uma vez pela hora.
— Era só isso?
— É. — Mais que merda, c*****o!!! Novamente aquele "É" que mais parece uma desculpa!
— Ai...ai... — ele se recuperava de uma boa risada — E quando vai precisar de mim? Tenho que fazer a agenda do mês.
Agenda do mês? Meu Pai celeste, nunca imaginei que esse pessoal tinha agenda! Ah! Que ignorância! Claro que eles tem agenda, pra saber com quem e quando!
— Semana que vem vou me encontrar com umas amigas na quinta-feira, pra um Chopp, elas são as madrinhas do casamento, a noiva também vai estar lá.
— E o que quer que eu faça?
— Eu... não sei.
— Tá, já vi que é a primeira vez que contrata um serviço desses. Manda uma mensagem com o endereço de onde estiver que eu vejo o que posso fazer por você. Quinta que vem?!... — ouvi uns barulhinhos de gemido, os pelinhos da minha nuca se arrepiaram. Ele continuou com o barulhinho, era algo como hmmm...
— O que... o que você tá fazendo?
— Hmm’anotando. — será que ele pode por favor Senhor, ser menos sensual? — certo Dona Débora. Qualquer coisa me avise. Tchau.
— Tchau.
Ele desligou e corri para minha gaveta de calcinhas, isso estava me deixando fora da realidade, totalmente! Depois de aliviar a tensão daquele homem gostoso gemendo no meu ouvido pelo telefone, fui tomar um banho, frio pra ver se abaixava a temperatura. A verdade é que não estava certa de que ele era o cara ideal pra essa missão, Théo era muito homem, aonde por acaso ia dizer que o conheci?
Não havia pensado nisso! Será que digo que foi na academia? Assim justifica aquele corpo maravilhoso que ele tem... Mas minhas amigas sabiam que eu m*l pisava em uma academia. Que trabalha comigo também não, será que ele sabia falar sobre administração de empresas? Ah! Deveria sim, afinal ele administrava a empresa dele né?! Passei o domingo pensando no assunto, mas nada que me impedisse de viver. Carol e eu fomos ao cinema, adoro ir ao cinema em dia de domingo, infelizmente ou felizmente ela acabou encontrando uma “ ex amiga” da época da faculdade e fiquei meio que sobrando, de vela. A bissexualidade de Carol sempre foi o que mais me orgulho nela, nos conhecíamos desde... sei lá, desde sempre, morávamos no mesmo prédio, brincamos juntas, estudamos juntas, fizemos recuperação juntas, faculdade,
Muita coisa com aquela magricela maluca.Éramos muito amigas e muito parceiras também, fui uma das primeiras a saber que ela estava se interessando também por meninas, na mesma época que ela acobertava minhas saídas pra namorar escondido. Conhecemos Letícia na faculdade, passamos a ser três amigas, até que entrei no banheiro da boate em que estávamos e vi o João, meu ex comendo ela por trás, a saia dela parecia um cinto atado na cintura, ele com a calça jeans pela metade da coxa.Sabe qual foi a pior parte? Já havia bebido todas e mais um pouco, me virei no primeiro vaso que encontrei livre e menos sujo e comecei a vomitar, de cachaça nas ideias, de nojo deles, de raiva, de susto, e quem segurou meu cabelo foi ela, e foi ele quem apoiou meu corpo pra eu não cair de cara no vaso, tamanha minha tontura alcoólica! Fiquei ouvindo os dois se explicarem na semana seguinte, imagina só, ter de ouvir do meu namorado de quase quatro anos que ele e minha amiga estavam apaixonados, ela dizendo que não foi por querer, ele que Letícia era a mulher de sua vida, e ambos me agradecendo por tê-los apresentado.
Deveria ter arrebentado os dois de porrada, deveria ter tocado fogo neles! Mas ouvi tudo calada, sufocando um bolo enorme na garganta, prendendo os lábios nos dentes enquanto meu corpo tremia inteiro de ódio. Fiquei sentada de braços cruzados enquanto eles acabavam comigo. Carol voltava de uma má sucedida campanha amorosa com essa ex dela que encontramos no cinema, e nos acabamos de tanto beber caipirinha. Mas isso tudo aconteceu há muito tempo... mentira, faria um ano naquele mês de junho.
Inferno. Segunda-feira chata, terça-feira ótima, meu chefe resolveu nos presentear com sua ausência,
quarta-feira tediosa e quinta-feira de quebra p*u, sumiu um documento importante, procuramos em tudo quanto foi arquivo e nada, sobrou na pasta somente a cópia, que não tinha validade legal nenhuma! Daria uma enrabação geral, sem dúvida! Mas sabe quando respirei aliviada? Quando dei a primeira golada no
meu Chopp. Tipo, amanhã a gente vê a merda que vai dar. Meu rosto paralisou no meio da segunda rodada quando vi aquela v***a da Leticia chegando com a Luiza, minha cunhada. E a cachorra estava linda, de calça de couro marrom e blusa vermelha. Ai que ódio que me deu por estar de calça social preta e blusa scial branca coberta por um terninho. Carol me olhou preocupada, mas fui super educada. Geovana, Amélia e Sara também me olharam, mas sorri de volta e vi Amélia fazer mímica de “ fica calma”. Não pensei duas vezes em mandar o endereço do barzinho para o Théo.
Não comi nada, não queria ter que mastigar, acho que não suportaria, fiquei bebendo e bebendo e bebendo até ficar entre aquele estágio de estou bêbada mas levemente consciente. Minhas amigas riam muito com as coisas que dizia e estava falando sério e elas rindo, Letícia também ria e fazia a linha de “ não tem nada de errado aqui”, v***a. De repente, elas pararam, ficaram sérias. Carol abriu um sorriso desses que mostra
todos os dentes, e eu lá falando merda atrás de merda. Foi quando senti um par de braços fortes em volta do meu corpo, o perfume Armani e me virei pra olhar, seu rosto já colado ao meu e me beijou, selou nossos lábios e praticamente forçou que abrisse a boca para que me invadisse com sua língua macia sabor hortelã. Não ouvi mais nada. Então me soltou, ainda mantendo a menor distância possível entre nossos rostos.
BOM DIA