— Oi, amor.
— Oi. — não sei se respondi direito ou se sussurrei. Ele se afastou e se pôs ereto, estava de terno e gravata, e não era um desses de lojinha não, ele estava com um terno de marca, bem cortado e bem caro pelo visto, mas tinha alguma coisa de diferente, os cabelos estavam claros.
— Oi Carol. — ele cumprimentou.
— Oi Théo.
As meninas olhavam pra ele com a boca entreaberta, Letícia piscava o olho sem parar, Carol sorrindo deu mais um longo gole de Chopp.
— Amor, por que não me falou que viria pra cá? — sua voz era segura e suave ao mesmo tempo. Me segurou a mão me pondo de pé diante dele. Precisava embarcar na dele!
— Desculpa, pensei que ficaria no trabalho até tarde.
— Não, sai ainda agora, por sorte passei por aqui e te vi.
Théo se inclinou e me deu um selinho.
— Deixa te apresentar minhas amigas! — ele me olhava com um estranho divertimento no olhar, deve ter pensado que agiria como das outras vezes, uma pateta! — Luiza, a noiva do meu irmão, já te falei dela, Letícia, Amélia, Sara e Geovana, Carol você já conhece.
— Boa noite, senhoritas.
Elas só faltaram derreter! Até mesmo Luiza! Também... quem usa “ senhorita”, hoje em dia? O cumprimentaram e antes que começasse a chuva de perguntas nos afastamos delas.
— Você veio! Você veio! — segurei em seu rosto, feliz da vida!
— Claro que vim, você me mandou o endereço, lembra?
-É, mas não achei que viria! Ah! Sei lá o que achei!
— Você tá chapadinha né?!
— Só um pouquinho — indiquei com o dedo.
— Deixa ver se é só um pouquinho mesmo.
Théo me puxou para um abraço apertado e não recuei, passei os braços em torno de seu pescoço e ele abaixou o rosto para me beijar mas não beijou, ficou brincando, me fazendo buscar pelos seus lábios enquanto ele recuava, sorrindo, e me dava acesso e quando avançava, me negava, minha vez de sorrir e ele tocou meu lábios com sua língua, senti um calafrio na espinha. Théo tomou minha boca, deslizando sua língua em meus dentes antes de encontrar a minha e puxa-la nos lábios, meu corpo inteiro entrou em combustão. Depois um beijo de língua normal e uma mordida no meu pescoço logo abaixo do lóbulo de minha orelha. Naquele instante pude ver que as meninas não tiravam os olhos de nós e Letícia ainda estava boquiaberta. Théo continuou brincando com meu pescoço, me arrepiando inteira.
— Agora é um bom momento pra sairmos daqui.
— Também acho. — respondi revirando os olhos.
— Me dá um minuto.
Théo arrumou os cabelos e se afastou para dentro do bar.Enquanto isso fui me arrastando das nuvens até a mesa.
— Débora, quem é esse homem? — Luiza estava se roendo de curiosidade.
— Hmmm... — fiquei fazendo charme.
— Carol não quis contar! — agora era a vez de Geovana se morder de curiosidade.
— É... meu...
Théo me interrompeu puxando pela minha cintura, me fazendo girar em meu eixo e me beijou mais uma vez.
— Meninas, as rodadas anteriores foram por minha conta.
— Ah! Como assim? — Carol olhava espantada.
— Como assim que agora vou levar a minha garota de vocês.Minha garota? Gente, quem fala isso? Minha garota? Me despedi rapidinho com um tchau bobo com a mão apressada e fui praticamente arrastada aos risos e gargalhadas, e como dois amantes apaixonados fomos embora. No estacionamento do Edifício garagem Théo se aproximou do Hyundai Sonata preto e as portas se destravaram.
— Esse carro é seu ou você alugou só pra me buscar?
— É meu. Entra.
— Pra onde a gente vai?
— Para o seu apartamento.
— Ah não... Você me tirou no melhor do Chopp...
— Você já está bem chapadinha, Débora. Precisa se controlar ou pode acabar soltando a língua.
— Você é um chato! Lindo de morrer, mas um chato!
Ele riu mais uma vez de mim! Balançando a cabeça. Não me lembro de muita coisa depois disso, só uns momentos em flash, lembro dele ter aberto minha bolsa, mais beijos, o rosto dele sobre o meu, como se estivesse olhando um anjo descendo do céu. E... e... não lembro.
Acordei com o despertador do celular, abri os olhos com uma preguiça horrível! E uma dor de cabeça de lascar! Aí me dei conta de que estava em casa, estava mesmo em casa, na minha cama, enrolada no lençol feito um casulo, e estava nua! Ai meu Deus! O que aconteceu? Minha roupa estava dobrada em cima da cômoda. Foi espontâneo, passei a mão entre minhas pernas e estava um pouco úmida. Mas que c*****o eu fiz???
Primeira coisa depois do banho e f**a-se que eram seis da manhã! Ligar para o Théo. Mas o filho da p**a deixou o telefone desligado! Desgraçado! Ai, minha cabeça doía tanto! Acho que bebi muito além do que supunha. Encontrei com Carol no elevador do prédio em que trabalhávamos no Centro do Rio, estávamos ambas com um copo de café em punho e óculos escuros pra cobrir a vergonhosa ressaca.— E aí? Deu?
— Bom dia pra você também, Carolina.
— Bom dia é o c*****o, ele te comeu ou não?
— Não... sei.
— Como é? Ouvi direito?
— Não sei, tá legal? Não sei!
— Tá me zuando né?
— Ah antes estivesse... — passei a mão nos cabelos, estava aflita.
— Que perigo, Débora!
Descemos no nosso andar e andamos em silêncio até nossas mesas.
— E você acha que eu não sei? Tô aqui em pânico!! — gritava em sussurro, tentando conter meus maiores medos.
— Esse pessoal pode ter Aids! Gonorreia! Sifilis! HPV... — ela também gritava em um sussurro abafado
— Já entendi Carol! — minha voz saiu um pouco mais alta que o planejado
— Já entendi p***a!
— E a gente nem pensou em pedir um teste desses de DST!
— A gente? Eu, você quer dizer! Além do mais nenhuma de nós duas pensou em mais nada depois que ele entrou lá no meu apartamento!
— Lembra que você disse que ele perguntou se era pra fazer com homem ou mulher? Então... Ai amiga, que merda! Que merda!
— Que cu! Tô fudida! Pior que acordei nua!
— Que merda! Que merda!
— Com a xereca molhada — praticamente fiz mímica pra dizer aquilo.
— Que merda do c*****o! E agora? Já tentou falar com ele?
— Claro! E só escuto aquela vagabunda dizendo que minha chamada será encaminhada para a caixa de mensagens!
— E estará sujeito a cobranças após o sinal... — Carol completou fazendo graça com a minha desgraça — E tá faltando alguma coisa na sua casa?
— Não! Tudo ok. — respirei fundo, apavorada — Não sei o que fazer!
— Liga agora pro laboratório e pede um exame completo de urgência!
— Sem a prescrição médica?
— Alooow!
— Carol mostrou um papel de Atestado de Saúde Ocupacional. Foi exatamente o que fiz, politicamente incorreta, utilizei um dos contratos com um laboratório e fui fazer o exame, próximo ao primeiro local onde nos encontramos, na rua do Ouvidor, confesso que fiquei andando meio que procurando por ele, mas é óbvio
que não o encontrei. Assim que pisei fora do laboratório meu celular tocou. Atendi de imediato.
— Théo!
— Nossa! Bom dia! Quanta saudade... — ele estava sendo sarcástico!
— Théo, pelo amor de Deus o que aconteceu?
— Como assim o que aconteceu? — ele parecia ofendido!
Ai que merda! Ele me comeu e o pior é que eu nem lembro!
— O que aconteceu com.... a gente...
Ele deu um tempo do outro lado, o que me deixou ainda mais nervosa.
— Débora, você usa pílula?
— O que??? — tenho plena consciência de que dei um grito no meio da Avenida Rio Branco
— Perguntei se usa pílula, afinal você está no seu período fértil.
— Como assim eu tô no meu período fértil? Seu maluco! Você... você... er... dentro?
Mentalmente e no meio de toda aquela confusão de pensamentos, fiquei tentando lembrar de uma farmácia próxima! Pílula do dia seguinte! Finalmente ele teve dó e se pôs a rir com vontade!
— Fica calma, é brincadeira.
— Que parte? Foi fora pelo menos? Você usou camisinha? A gente...
— Então... por que... por que...
— Nós temos um acordo comercial, senhorita, não um encontro romântico. — sabe balde de água fria? — Portanto, seria no mínimo ante ético da minha parte usufruir do seu maravilhoso corpo por puro prazer, meu prazer, já que a senhorita estava praticamente morta.
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