Capítulo 9
JADE NARRANDO
Frajola - Você é casada?
Olho pra ele sem entender o motivo dele ter perguntado isso. Mas logo mudo minha atenção para uma moto que para ao lado dele, e vejo que é o Guerreiro, ele está com a cara fechada.
Guerreiro - A minha tia está aí, Manu? - Ele pergunta sem cumprimentar ninguém presente, nem mesmo o irmão.
Parece que eles estão brigados.
Frajola - Tô indo. - O Frajola fala ligando a sua moto e metendo o pé.
Eu nem tive tempo de responder a sua pergunta.
Manu - MÃE, O GUERREIRO QUER FALAR COM VOCÊ! - A Manu grita do lado de fora.
Então ela mora aqui, eu nem sabia, pensei que ela morava um pouco mais embaixo.
Dora - Fala meu filho. Uma senhora que aparenta ter uns 40 anos fala saindo para o lado de fora da casa.
Manu - Vamos Jade, a Simone me deu a chave da casa, acho que você vai gostar. - Ela fala segurando no meu braço.
Dora - Espera aí Manu, essa é a cigana que você falou? Você já almoçou filha e você meu filho? - Ela pergunta para mim e para o sobrinho.
Guerreiro - Não, tia, eu só vim trazer isso aqui para a senhora, mas eu já estou indo. - Ele fala entregando um envelope dobrado para a tia.
Dora - Nada disso, vamos entrar vocês dois, eu fiz bastante comida. - Ela fala então a Manu olha pra mim.
Manu - Vamos Jade, é bom que eu também almoço. - Ela fala me puxando para dentro da casa.
A casa por dentro é bem arrumada, tem uma televisão grandona, uma mesa de seis cadeiras, um sofá retrátil. Tudo muito lindo.
Dora - Pode ficar à vontade, eu vou colocar a comida na mesa. - Ela fala provavelmente indo para a cozinha.
Manu - Senta aí Guerreiro . - A Manu fala apontando para a cadeira.
Eu me sento do seu lado e fico olhando para o nada, para não olhar para o Guerreiro.
Manu - Você já conhece a Jade Guerreiro? Ela não é linda? - A Manu fala me deixando envergonhada.
Ele não responde a pergunta da Manu, fico aliviada com isso, porque eu ainda estou envergonhada pelo que aconteceu na boca e por tudo o que o meu pai falou sobre mim.
Ele olha para a Manu e depois olha para mim, mais uma vez os nossos olhos se cruzam.
Sinto algo diferente no seu olhar, não sei explicar o que é, aquela tristeza foi substituída por algo que eu não sei explicar e nem consigo entender .
Manu - Oiê, alguém me escuta? - A Manu fala chamando a nossa atenção .
Olho para ela que nos encarando, eu não sei explicar o que acabou de acontecer, nós nos perdemos um no olhar do outro .
Jade - Acho melhor eu ir embora, vemos a casa depois . - Falo me levantando da cadeira .
Manu - Nada disso, você vai almoçar primeiro .
Dora - JÁ ESTOU INDO COM O ALMOÇO . - A mãe da Manu grita da cozinha .
Manu - Você está bem, Jade? Você ficou estranha do nada . - A Manu fala olhando para mim .
Jade - Eu Preciso ir mesmo. - Falo me levantando da cadeira .
Vou em direção a porta e quando eu estava com a mão na maçaneta, alguém segura o meu braço. Sinto um choque com o seu toque, me viro para ter a certeza que é o Guerreiro .
Guerreiro - Não precisa ir por minha causa, eu já estou indo cigana . - Ele fala olhando para mim .
Jade - Eu já falei pra você que o meu nome não é cigana e sim Jade, porque você insiste em me chamar assim? - Pergunto o encarando .
Guerreiro - Porque eu gosto e isso já é motivo suficiente, eu chamo do jeito que eu quiser nessa porrä! - Ele fala soltando a meu braço e abrindo a porta .
O Guerreiro sai e fecha a porta, fico sem entender o motivo dele ter feito isso .
Manu - O que está acontecendo entre você e o Guerreiro? - A Manu pergunta vindo até a mim .
Eu ainda estou em pé na porta, tentando entender o que acabou de acontecer .
Jade - Não está acontecendo nada. - Falo olhando para ela.
Manu - Está sim, eu vi a forma que vocês estavam se olhando, foi estranho, parecia que um estava perdido no olhar do outro, eu chamei vocês dois e vocês não me ouviam. - Ela fala estreitando os olhos.
Jade - Não está acontecendo nada, sério mesmo Manu, eu ia embora e ele pensou que era por causa dele, então ele decidiu ir. - Falo dando de ombro.
Manu - Vou fingir que acredito. Ela fala voltando para a sala, então eu acompanho a mesma.
Quando voltamos para a sala, encontro uma garota parecida com a Manu, a única diferença é que o cabelo dela é grande.
Ema - Você deve ser a cigana que o morro todo está comentando. - Ela fala olhando para mim.
Manu - Cala a boca, Ema, não liga pra ela Jade.
Jade - Eu não imaginava que você tinha uma irmã gêmea.
Manu - Eu esqueci de falar. - Ela fala dando de ombro.
Dora - Onde está o primo de vocês? - A mãe das meninas pergunta com uma panela na mão.
Manu - Ele já foi.
Dora - Filho de uma mãe, nem para, ficar para almoçar com a gente. - Ela fala colocando a panela em cima da mesa.
Ela vai na cozinha novamente e em seguida volta com alguns pratos e talheres na mão. Quando a mãe da Manu abre a panela, sobe um cheiro muito bom, ela coloca feijoada no meu prato.
Jade - A comida da senhora é muito boa. - Falo olhando para o meu prato.
Dora - Você ainda nem comeu. - Ela fala olhando para mim.
Manu - Já comeu sim, mãe, a comida que o Alex pediu para a senhora fazer foi para ela . - A Manu fala então a irmã dela olha para mim.
Dora - Porque o Alex fez isso? - Ela pergunta ainda me olhando.
Jade - Chegamos tarde e não tinha lugar nenhum aberto, devido ao horário, e eu tenho um irmão pequeno, acho que foi por isso que ele pediu pra senhora fazer a comida, peço desculpa pelo incômodo. - Falo olhando para ela.
Dora - Tudo bem querida, o meu Alex tem um bom coração. - Ela fala com um sorriso nos lábios.
Jade - E o Guerreiro? - Pergunto então elas olham pra mim.
Dora - O Alessandro é um bom rapaz, ele só não teve sorte na vida, ele sofreu muito, desde criança e isso fez o coração dele se fechar, mas eu sei que ele também tem um bom coração, ele só precisa encontrar alguém qua mostre pra ele, que ele é amado, que ele merece ser amado. - Ela fala com os pensamentos distantes.
Alessandro, então esse é o nome dele, misterioso igual a ele, eu nunca imaginaria qua esse seria o seu nome. Eu não o conheço, mas pelo seu olhar, eu sinto que o mesmo já sofreu muito nessa vida e que ele carrega uma ferida do passado que não cicatrizou ainda.
( ... )
Almoçamos, e depois do almoço, a Manu foi comigo na casa que fica bem perto da dela, eu gostei, a casa é pequena, mas arrumando ela, da para morar.
Jade - Eu vou esperar o retorno do meu irmão, qualquer coisa eu falo com e você fala com a dona da casa. - Falo animada.
Manu - O seu irmão vai alugar essa casa para você? - Ela pergunta olhando para mim.
Jade - Vai ... mas ele vai morar aqui comigo. - Falo feliz.
Manu - Sério, agora eu quero conhecer o seu irmão, você e a sua mãe são lindas, imagina o seu irmão, ele tem namorada? - Ela pergunta empolgada.
Jade - Acho que não, o meu irmão não é de namorar, então eu não quero que você se iluda com ele. Falo olhando para ela.
Manu - Pode ficar tranquila que eu também não quero namorar, só quero saber como é a pegada de um cigano. - Ela fala rindo.
Jade - Acho que eu não conseguiria ser assim.
Manu - Como? Tipo se relacionar com mais de um homem? - Ela pergunta olhando pra mim.
Jade - Sim, eu estou me guardando para o meu marido, e ele será o único homem na minha vida.
Manu - Eu acho isso legal em você, você tem uma certa pureza, inocência admirável, acho que é por isso que você chamou a atenção do meu primo, aliás dos meus dois primos na verdade . - A Manu fala me fazendo olhar para ela.
Jade - Isso não é verdade, eu não chamei a atenção de ninguém. - É estranho ouvir ela falar isso, eu sempre me mantive distante dos rapazes, nunca namorei e nem beijei, eu sei que quando isso acontecer, será mágico.
Manu - O Frajola não ia levar comida atoa para você, e você já viu a forma que o Guerreiro olha pra você? Acho que você enfeitiçou os dois irmãos. - Ela fala olhando para mim.
Isso não é verdade, não tem nem uma semana que eu estou aqui para eles estarem dessa forma, a Manu está enganada.
Jade - É impressão sua Manu, o seu primo Guerreiro não me suporta e o Alex, como a sua mãe falou, ele tem um bom coração. - Falo tentando convencê-la.
Manu - Isso é porque você não viu como ele ficou quando você estava falando com o seu irmão, ele pensou que você era casada. - A Manu fala do Alex, não estou gostando muito do rumo que está indo essa conversa, então eu me despeço dela e vou para casa.
( ... )
Chego em casa e encontro a minha mãe com o Ravi.
Rubi - Onde você estava Jade? - A minha mãe pergunta quando me ver.
Jade - Eu estava na casa da Manu, a garota que conhecemos no mercado, a mãe dela me chamou para almoçar. - Falo me jogando no sofá.
Rubi - Porque você está com essa cara?
Jade - Tem como uma pessoa gostar da outra à primeira vista? - Pergunto pensando no que a Manu falou.
Rubi - Com o seu pai foi dessa forma, eu me apaixonei à primeira vista. - Ela fala pensativa.
Jade - Eu que não quero que isso aconteça comigo, Deus me livre me apaixonar por alguém igual ao meu pai!