Capítulo 8
JADE NARRANDO
Vou direto para o meu quarto, eu nem quero ficar no mesmo lugar que o meu pai, se eu tivesse para onde ir, eu iria embora.
Roni - Para onde você está indo, venha aqui garota. - Ele fala porém eu ignoro ele.
Rubi - Deixa a Jade em paz Roni. - Eu escuto a minha mãe falar, então eu entro no quarto e fecho a porta.
Eu arrumo a minha cama e me deito pegando o meu celular. Ele está cheio de mensagens e ligações, porque desde o dia que eu cheguei aqui que eu não mexo nele.
Vejo uma mensagem do Calin e ligações perdidas, fomos pegas de surpresa quando o meu pai falou que íamos embora, eu não tive tempo de avisar pra ninguém. Ligo para o Calin, no terceiro toquei ele atende.
Jade - Oi Calin. - Falo com uma tristeza na voz.
Eu não queria ter que me afastar do meu irmão, apesar de não termos sido criados juntos, eu amo ele muito.
Calin - O que aconteceu? Porque você está com essa voz e porque você não me respondeu? - Ele pergunta preocupado.
Calin - Não estamos morando mais aí perto de você. - Falo sem delongas.
Calin - Como assim? Onde você está e a nossa mãe?
Uma coisa que eu admiro nele é que ele não guarda mágoa da nossa mãe, ele só não procura ela, porque a nossa avó não permite.
Jade - Fomos embora, estamos morando agora no morro do Dendê, o nosso pai tomou essa decisão sem nem nos avisar, mas eu sei o motivo, ele fez alguma merdä no morro que morávamos Calin, certeza. - Só de lembrar disso eu fico com raiva, porque ele colocou a culpa em mim.
Calin - Mas você está bem Jade? Ele não fez nada com você não né?
Jade - Eu não suporto mais ele Calin, ele machucou a nossa mãe e me deu um tapa no rosto, mas mesmo assim a nossa mãe ficou do lado dele. - Falo tentando segurar as lágrimas.
Calin - Me passa o endereço certinho que eu estou indo aí .
Jade - Você está falando sério, Calin? Não sei se o meu pai vai aceitar você aqui. - Falo com receio.
Eu não sei porque, mas o meu pai nunca quis saber do Calin, a minha mãe chegou ver ele depois de grande, mas o Roni nunca quis conhecê-lo.
Calin - Eu vou pra morar, Jade, e você vai morar comigo, procura uma casa que esteja alugando que vou arrumar as minhas malas. - Percebo que ele realmente está falando sério.
O Calin encerra a ligação então eu me levanto da cama e começo a pular de alegria.
Rubi - O que aconteceu Jade ? - A minha mãe pergunta abrindo a porta do quarto.
Jade - Mãe, senta aqui que eu preciso te falar algo. - Falo olhando pra ela.
A minha mãe entra e senta na cama, e eu me preparo para falar com ela.
Jade - Mãe, eu sei que a senhora não queria que eu tivesse contato com a nossa família cigana, por medo de eu ser rejeitada, mas a senhora sabe o meu desejo de viver com o meu povo. - Falo olhando para ela.
Rubi - O problema não sou Jade, é o seu pai, sempre foi ele, antes mesmo de você nascer ele amaldiçoou a minha família por ter humilhado ele, quando ele foi até os meus pais pedi a minha mão, por esse motivo ele deserdou o seu irmão, porque ele foi criado pelos meus pais. - Ela fala com um olhar triste.
Jade - Porque mãe, com tantos homens no mundo, a senhora foi se envolver logo com o meu pai? - Pergunto olhando pra ela.
Rubi - Você não vai entender minha filha, mas eu me apaixonei pelo seu pai, e infelizmente não escolhemos quem o coração vai amar, eu espero que não aconteça da mesma forma com você. - Ela fala olhando para mim.
Jade - Não vai mãe, eu vou me casar com um cigano, sem amar ele e com o tempo eu vou passar a amar, agora eu só preciso encontrar um pretendente. - Falo fazendo a minha mãe sorrir.
Rubi - Você é tão inocente Jade ... mas agora fala o que você ia falar, eu preciso terminar o almoço antes do seu pai chegar. - Ela fala mudando a sua expressão novamente.
Jade - Ainda bem que ele saiu, porque o que eu vou falar é sobre a nossa família cigana, eu tenho contato com a minha prima Eika e com o meu irmão Calin. - Falo então ela olha para mim surpresa e preocupada.
Rubi - O seu pai não pode saber disso, Jade, mas me fala, como está o seu irmão? Ele me odeia? - Ela pergunta com lágrimas nos olhos.
Jade - Claro que não mãe, ele entende o motivo da senhora ter deixado ele com a nossa vó.
Rubi - Eu sinto tanto por ter deixado ele com os meus pais.
Jade - Mãe, eu tenho outra coisa para falar, o Calin está vindo pra cá, ele vai morar aqui no morro, ele mandou eu procurar uma casa pra mim morar com ele.
Roni - Você não vai sair dessa casa Jade. - O meu pai fala aparecendo na porta do quarto, estávamos tão distraídas na conversa, que nem notamos a presença dele.
Jade - Eu vou sim, você não manda em mim e eu já sou maior. - Falo me levantando.
Roni - Eu quero ver você sair dessa casa. - Ele fala saindo.
Rubi - Por favor, Jade, eu te peço, não enfrenta o seu pai. - A minha mãe fala me fazendo olhar para ela negandö.
Ela sempre fica do lado dele.
Jade - Mas eu não suporto o meu pai mãe, ele acha que eu sou uma criança e que pode mandar em mim, eu já tenho dezoito anos. - Minha mãe não fala nada e sai do quarto.
Pego o número que a Manu me deu, salvo no meu celular e mando mensagem pra ela. Como ela mora aqui então ela deve saber se tem alguma casa para alugar. Com esse pensamento, decido ligar pra ela, e ela atende no primeiro toque.
Manu - Quem é?
Jade - Oi Manu, é a Jade.
Manu - Oi Jade.
Jade - Manu, você sabe de alguma casa pra alugar aqui no morro? - Pergunto me deitando na cama.
Manu - Tem uma casa aqui perto de casa, porém é um pouco perto da boca.
Jade - Tenho interesse. - Falo animada, tudo o que eu quero é ficar longe do meu pai.
Manu - Se você quiser eu falo com a dona, e peço a chave pra ela, para você dar uma olhada.
Jade - Pode ser agora?
Manu - Pode sim, me encontra em uma casa azul que fica perto da boca, eu vou estar na frente dela.
Jade - Tá bom, estou indo. - Falo saindo do quarto e encontro o meu pai no sofá bebendo, enquanto a minha mãe está na cozinha com o Ravi. Quando eu estava saindo, o meu pai me chama.
Roni - Para onde você está indo dona Jade?
Jade - Vou ver uma amiga. - Falo abrindo a porta.
Roni - Que ver amiga, o que, você acabou de chegar no morro e já tem amiga? Até parece! Você vai dar para alguma marginal. - Fecho a porta da casa quando escuto o meu pai falar isso. Toda vez que ele bebe, ele fala essas coisas de mim, machuca, mas eu já estou acostumada.
( ... )
Quando eu estava andando em direção a casa que a Manu falou, um homem para a moto ao meu lado, seguro a minha bolsa quando acho que ele vai me assaltar.
XXX - Para onde você está indo? Quer uma carona? - Respiro aliviada quando escuto a voz e reconheço de quem é.
Jade - Eu pensei que era alguém que ia me assaltar. - Falo olhando pra ele.
Frajola - Fica tranquila que aqui não tem esses tipos de coisas, porque todos que tentaram estão sem as mãos.
Jade - Você falou se eu queria carona, eu não quero não, obrigada. - Falo mudando de assunto e voltando a andar. Percebo que ele me acompanha na moto, paro então ele para.
Jade - Porque você está me seguindo?
Frajola - Você tem um cheiro muito bom.
Fico sem saber o que fazer, então eu me viro e volto a andar. Porque ele falou que eu tenho um cheiro bom, eu nem cheguei perto dele. Eu aumento os meus passos, em alguns minutos chego na casa que a Manu falou e já vejo ela na frente da casa. Quando eu me aproximo dela, o tal Frajola, para e vem na nossa direção.
Frajola - Vocês se conhecem? - Ele pergunta olhando para a Manu.
Manu - Sim, eu vou levar ela na casa da Simone, para ver a casa que está alugando.
O meu celular começa a tocar na minha bolsa, pego ele e vejo que é o Calin.
Jade - Oi Calin, eu vou ver agora a casa, eu estou muito feliz que vamos morar juntos, eu já estava triste porque eu pensei que iria ficar longe de você. - Falo ao atender a ligação.
[ Calin ⚠️ ] - Eu não sei o dia exato que eu vou chegar, mas pode organizar tudo que eu vou mandar o dinheiro.
Jade - Tá bom, eu vou ver aqui e falo com você, tchau, te amo. - Falo encerrando a ligação.
Frajola - Você é casada?