Capítulo 4
JADE NARRANDO
Continuo observando o homem pela fresta da porta até que minha mãe fala:
Rubi - Acho melhor você não abrir a porta Jade, vamos esperar o seu pai voltar. - A minha mãe fala me fazendo olhar para ela.
Jade - Mas não sabemos nem para onde ele foi e nem se ele vai voltar agora - Falo decidida abrir a porta de vez.
Rubi - Eu achei os homens daqui muito estranhos. - Ela fala com receio.
Jade - Fica aqui que eu vou ver o que ele quer. - Falo abrindo a porta.
Quando eu abro a porta, o homem olha pra mim, da mesma forma que ele olhou quando chegamos.
Jade - O que você quer? O meu pai não está. - Falo sem me aproximar muito olhando para ele.
XXX - Eu vim trazer isso aqui, provavelmente vocês estão com fome e não tem nenhum lugar aberto uma hora dessa. - Ele fala ainda me como se estivesse me analisando.
Olhando bem, ele parece com o tal Guerreiro, o que será que eles são? Irmãos? Primos ... Já que eu me lembro eles falando que meu pai era primo deles.
Como eu escutei chamando ele mesmo?
Lembrei!
Frajola!
Frajola - Pega, não precisa ter medo de mim. - Ele fala estendendo uma sacola na minha direção.
Jade - Como não? Você apontou uma arma para mim e para a minha família e ainda nos ameaçou de morte. - Falo seria o encarando.
Frajola - Eu só cumpro ordens, mas eu não ia fazer nada com vocês e nem ia deixar o Guerreiro fazer. - Ele fala parecendo ser sincero.
Então eu decido me aproximar dele e pego a sacola da mão dele.
Jade - O que é isso? - Pergunto apalpando a sacola.
Frajola - Eu pedi pra minha tia fazer alguma coisa para você e a sua família comerem. - Ele fala e eu levanto a minha cabeça para olhar pra ele.
Jade - Porque você fez isso? Deve ter acordado a sua tia. - Falo tentando entender o motivo dele ter feito isso.
Frajola - A minha tia dorme tarde, agora eu vou indo, acabou o meu plantão. - Ele fala ligando a moto.
Jade - Obrigada. - Falo então ele me olha de cima a baixo e vai embora.
Entro em casa e a minha mãe está sentada no sofá, ela olha para mim e para a sacola na minha mão.
Rubi - O que é isso? - Ela pergunta se levantando.
Jade - Eu não sei exatamente, parece ser algo para comer, o primo do meu pai que trouxe, ele disse que foi a tia dele que fez.
Coloco a sacola no sofá e tiro de dentro duas marmitas.
Rubi - Será que foi o seu pai que mandou ele trazer essas marmitas? - Ela pergunta toda feliz, até parece que ela não conhece o marido que tem.
Às vezes tenho pena dela, pela forma que o meu pai a trata, por isso eu vou trabalhar, me formar e quando eu estiver trabalhando na minha área, vou juntar um bom dinheiro para tirar a minha mãe das garras do meu pai.
Ela parece ter uma certa dependência emocional dele, mesmo ele tratando ela mäl, ela continua com ele, ela tem esperança dele mudar, mas eu acho que isso nunca vai acontecer.
Jade - Até parece que a senhora não conhece o próprio marido. - Falo abrindo uma das marmitas.
Vejo que tem bife, macarrão, salada e purê, na mesma hora abro um sorriso enorme, porque tem muito tempo que comemos esse carne . Acordo o Ravi que estava pegando no sono no sofá e dou comida pra ele. Começamos a comer e logo comemos quase tudo, só a minha mãe que separou o dela, mas ainda não comeu.
Jade - A senhora não está com fome, mãe? - Pergunto olhando para ela.
Rubi - Eu vou deixar para o seu pai, ele deve estar com fome também. - Ela fala tampando a marmita.
Não sei como a minha mãe ainda consegue ter um bom coração, mesmo com tudo o que ela passa nas mãos do meu pai, ela não deixa de ser uma pessoa boa.
Jade - Bom, a senhora que sabe. Agora eu vou tomar banho e dormir. - Prefiro não ficar falando nada para ela, deixo ela na sala, pego o Ravi e vou para o quarto, coloco ele na cama e vou tomar banho.
Depois de alguns minutos termino meu banho, pego uma camisola de seda longa, me visto e vou deitar. Assim que deito na cama e fecho os olhos, me vem à mente aqueles olhos tristes do tal Guerreiro, então eu sinto um aperto no meu peito, porque ele está na minha mente e porque eu senti essa dor quando pensei nisso?
Isso é muito estranho, nunca tinha acontecido isso antes, eu preciso conversar com a minha mãe sobre isso, ou então com a minha prima, acho que é melhor falar com ela, porque a minha mãe não vai entender. Acabo pegando no sono, com o olhar dele na minha mente.
( ... )
Estava dormindo quando fui acordada com barulho de coisas sendo jogadas no chão.
Jade - O que está acontecendo? - Me pergunto, levantando rapidamente da cama. Vou imediatamente para a sala e vejo o meu pai jogando os copos que arrumamos na estante no chão.
Roni - VOCÊ É UMA MALDIÇÃO NA MINHA VIDA! - O meu pai fala gritando .
A minha mãe está chorando no chão, vou até ela e vejo que ela está sangrando .
Jade - O que ele fez com a senhora mãe? - Pergunto vendo a mão dela sangrando .
Rubi - Não aconteceu nada Jade, volta para o quarto. - Ela fala engolindo o choro .
Olho para o meu pai que está alterado, e sinto uma raiva imensa por ele ter machucado a minha mãe, então eu me levanto do chão .
Jade - O que você fez com a minha mãe, seu louco, você que foi uma maldição na vida dela, se não fosse você, a minha mãe estaria casada com um cigano bom e com muito dinheiro, ele estaria dando uma vida digna para ela, e não seria como você que é um imprestável! - Falo o encarando com raiva .
Roni - CALA A BOCA SUA VAGABUNDÄ! Você é IGUAL A SUA MÃE, DUAS MALDIÇÕES NA MINHA VIDA! - Ele fala dando um tapa com força no meu rosto, e na mesma hora sinto o gosto metálico de sangue na minha boca, então olho para ele com raiva .
Rubi - Não bate na minha filha Roni. - A minha mãe fala passando na minha frente .
Roni - Sai da minha frente, que eu vou arrebentar essa garota, para ela aprender me respeitar e não bater de frente comigo! - Ele fala tirando a minha mãe da minha frente e empurrando ela, que acaba caindo no meio dos vidros, vejo a pele dela ser rasgada por ele e ela solta um gemido de dor e isso corta o meu coração .
Jade - Eu não vou deixar isso assim, você vai pagar por ter machucado a minha mãe! - Falo indo em direção a porta, abro ela e saio com os olhos cheios de lágrimas, é muito doloroso ver a minha mãe sofrendo desse jeito .
Roni - VOCÊ FOI UMA MALDIÇÃO NA MINHA VIDA, EU VOU TE MATAR ! - O meu pai fala nervoso e gritando, se eu não tomar uma atitude agora, ele vai acabar matando ela.
Roni - Volta aqui Jade, se você fizer alguma coisa sua vagabundä, eu não sei o que sou capaz de fazer com você. - O meu pai fala mas eu o ignoro.
Eu não sei onde é a boca, então eu vou subindo praticamente correndo o morro e vejo alguns homens fortemente armados sentados na frente de tipo um casarão. Quando eles me veem, eles se colocam de pé e ficam olhando pra mim, mas eu não ligo, eu só quero acabar com isso.
XXX - O que você quer aqui ciganinha? - Um deles fala com um sorriso maliciosö no rosto.
XXX - Não mexe com essa cigana não viu, eu soube que elas são igual às bruxas, elas colocam feitiço. - O outro fala fazendo todos rirem.
Jade - Eu quero falar com o patrão de vocês. - Falo ignorando os comentários maldosos, porque eu já estou acostumada com isso, aqui não é diferente de onde eu morava antes.
XXX - Mäl chegou e já vai dá para o patrão ... - Um dos caras fala olhando pra mim.
Guerreiro - Cala a boca Fofão. - Escuto a voz do Guerreiro atrás de mim, então me viro para olhar.
Fofão - Desculpa patrão.
Guerreiro - O que você quer comigo cigana?
Ele pergunta, os nossos olhos se encontram e eu sinto novamente aquela mesma sensação estranha, sinto uma dor no peito. Observo bem ele e vejo no seu rosto uma cicatriz, eu não tinha visto na primeira vez. E por um momento eu me perco em seu olhar.
Guerreiro - Vai falar ou não? Eu tenho mais o que fazer cigana.
Jade - O meu nome não é cigana, é Jade, e eu preciso da sua ajuda, aliás a minha mãe precisa. - Falo abaixando a minha cabeça.
Sem eu esperar, ele coloca a mão no meu queixo e levanta o meu rosto.
Guerreiro - Quem fez isso com você? Foi o seu pai? - Ele pergunta então desce o olhar para os meus seiös - Caralhö cigana, como é que você sai assim de casa? Por isso, esses filhos da putä tão quase te devorando. - Quando ele fala isso, eu olho para onde ele está olhando e lembro o quanto é transparente essa camisola e fico morta de vergonha.
Jade - Meu Deus, eu saí tão nervosa de casa que esqueci que estava usando essa camisola. - Falo cruzando os meus braços em cima dos meus seiös, tentando tampar eles.
Guerreiro - Veste isso aqui e vamos lá na sua casa, vou resolver essa porrä . - Ele fala me entregando uma camiseta, e eu visto rapidamente.
Fofão - Quer que vamos com você, patrão? - O rapaz pergunta e na mesma hora o Guerreiro olha para ele com raiva.
Guerreiro - Se eu quisesse que você viesse comigo eu teria te chamado, então fica na tua. - Ele fala indo até uma moto. Ele sobe nela e fica esperando alguma coisa, começo andar na direção dele, mas passo direto sentido a minha casa, eu espero que o meu pai não tenha feito mais nada com a minha mãe.
Guerreiro. - Sobe aqui cigana. - Ele me chama e eu me viro para ele.
Jade - O que?
Guerreiro - Sobe aqui, eu levo você.