Capítulo 5
JADE NARRANDO
Jade - Eu não vou subir nesse negócio, a casa é perto, eu vou andando mesmo . - Falo voltando a andar.
Eu nunca andei de moto, e admito que morro de medo de cair.
Guerreiro - Você que sabe. - Ele fala acelerando a moto e partindo.
Eu vou andando atrás, e depois de alguns minutos chego em casa, assim que eu estava entrando escuto eles conversando.
Guerreiro - Que porrä foi que aconteceu aqui Roni? Você agrediu a sua mulher e a sua filha? Porrä você é fodä né filho da putä, você só tem um dia aqui e já tá fazendo merdä caralhö, eu deixei bem claro pra você que se viesse causar ia ser cobrado da mesma forma que qualquer morador daqui do morro. - O Guerreiro fala então eu abro a porta e recebo logo um olhar mortal do meu pai.
Percebo que a casa está limpa e a minha mãe não está mais da mesma forma de quando eu saí. Ela olha pra mim e só pelo olhar eu já sei o que ela vai fazer, e eu não acredito que ela vai fazer isso de novo.
Roni - Não aconteceu nada aqui Guerreiro, está tudo bem, não é Rubi? - Meu pai pergunta para a minha mãe.
Rubi - Sim, está tudo bem, eu derrubei um copo de vidro e quando eu fui pegar acabei me cortando, a Jade viu e entendeu errado. - Ela fala causando uma enorme tristeza no meu coração.
Guerreiro - E o que aconteceu com ela? Você bateu nela, Roni? - Ele pergunta apontando para mim.
Rubi - Não foi ele, foi eu que bati nela, desculpa Jade, eu sinto muito filha. - Ela fala olhando para mim.
Tento conter as minhas lágrimas, mas é difícil, eu sei que a minha mãe me ama, eu só não entendo porque ela está fazendo isso.
Roni - A Jade é mentirosa, ela foi até você para chamar atenção, provavelmente ela quer dar pra você. - Meu Deus, como o meu próprio pai fala isso de mim.
Rubi - Não fala isso da nossa filha Roni.
Como eu sei que eu perdi essa guerra então eu passo por eles sem dizer nada, eu só quero ir para o meu quarto e me trancar lá.
Mas antes de conseguir sair de vez, sinto alguém segurar o meu braço, então eu me viro e vejo que é o Guerreiro.
Guerreiro - Que essa porrä não se repita cigana, aqui não é brincadeira, tá achando o que caralhö! - Ele fala sério olhando pra mim.
Jade - O meu nome não é cigana, eu já falei para você, o meu nome é Jade. - Falo o encarando.
Eu já estou muito chateada com tudo o que aconteceu, então não vou ficar aguentando desaforo dele.
Guerreiro - Eu não te perguntei porrä nenhuma! E você Roni eu estou de olho se fizer merdä, vai ser poucas ideias! - Ele fala me soltando e voltando a sua atenção para o homem que diz ser o meu pai.
Roni - Pode ficar tranquilo Guerreiro, que comigo você não vai ter problema e eu cuido muito bem da minha família. - Ele fala abraçando a minha mãe, com essa cena eu vou para o meu quarto, eu só não bato a porta, porque o Ravi ainda está dormindo.
Fecho a porta e sento no chão, eu não acredito que a minha mãe ficou do lado do meu pai, fico lembrando da cena e começo a chorar de raiva, o meu pai tem esse poder sobre a minha mãe, eu não sei como ele consegue fazer isso.
Eu estou muito chateada, a minha mãe ficou do lado do meu pai, ao invés do meu, mesmo sabendo que eu estou certa e não ele. E o pior de tudo é que eu só queria defender ela, fico pensativa, quando alguém bate na porta mas eu não abro, eu não quero conversar com ninguém.
Rubi - Sou eu Jade, abre aqui, que eu quero conversar com você. - A minha mãe fala batendo na porta.
Jade - Eu não quero conversar com ninguém mãe, na verdade eu não tenho o que falar, já que eu sou uma mentirosa. - Falo chateada .
Rubi - Me perdoa Jade, eu vou explicar tudo pra você. - Ela fala então eu decido abrir a porta .
Me levanto do chão, destranco a porta e me sento na cama, a minha mãe abre a porta e fica olhando pra mim .
Então eu limpo as lágrimas que rolam no meu rosto, se ela soubesse como eu estou me sentindo .
Pela segunda vez eu fui tachada de algo que eu sou e ainda acabei sendo a errada da história .
Jade - O que a senhora quer? - Pergunto chateada desviando o meu olhar dela .
Rubi - Eu quero te pedir perdão, eu sei que te machuquei ficando do lado do seu pai, mas eu sei o motivo de eu ter feito isso, você pode não entender, mas foi para o seu bem jade . - Ela fala olhando para mim .
Jade - Mais uma vez eu fui tachada de mentirosa mãe, a senhora não sabe como eu estou me sentindo, eu estava tentando ajudar a senhora, o infeliz do seu marido agride nós duas e sou eu que saio como a errada! - Falo além de chateada .
Rubi - Me desculpa por fazer você passar por isso Jade, mas se ele levasse o seu pai, ele não voltaria e você não se perdoaria, eu não quero que você carregue essa culpa . - Ela fala se sentando na cama .
Jade - Ele precisa pagar pelos atos dele, ou então aprender a respeitar nós duas . - Falo olhando para ela .
Roni - Que porrä de respeitar o que, você é uma vagabundä! Olha a roupa que você foi para a boca, eu estava certo quando falei que você só queria chamar atenção dos machos da boca, como se já não bastasse essas roupas ridículas que vocês usam! - Meu pai fala aparecendo na porta do quarto.
Rubi - Sai daqui Roni, me deixa conversar com a nossa filha e não esqueça do que você me prometeu . - A minha mãe fala olhando para ele, que não fala nada e apenas sai pisando duro .
Fico curiosa, o que será que ele prometeu pra minha mãe, uma coisa é certa, o meu pai não é uma pessoa confiável .
Jade - O que ele prometeu mãe? O que a senhora está escondendo de mim? - Pergunto séria .
Rubi - Não é nada querida, toma um banho e se arruma que vamos no mercadinho comprar algumas coisas . - Ela fala levantando da cama .
Jade - Tá bom.
Rubi - O seu pai vai ficar com o seu irmão, já que ele está dormindo . - Ela retorna a falar olhando para o Ravi, e depois ela sai do quarto .
A minha mãe está estranha, eu não vou questionar nada agora, mas eu vou descobrir o que está acontecendo .
Assim que a minha mãe sai do quarto, eu continuo sentada na cama, e sinto um cheio amadeirado, então olho para mim e vejo a camiseta do Guerreiro, eu esqueci de entregar pra ele que merdä . Só de lembrar da cena, eu fico morta de vergonha, aqueles caras viram perfeitamente os meus seiös na camisola transparente, principalmente o Guerreiro que ficou de frente pra mim, aí que vergonha, acho que eu não vou sair de casa. Não foi de propósito o que eu fiz, quando eu saí de casa eu nem sequer lembrei que estava de camisola e ainda transparente, eu só queria ajudar a minha mãe, mas no final não adiantou de nada.
( ... )
Após tomar banho, eu coloco um conjunto cigano, que é uma saia longa rosa com alguns detalhes dourados e uma blusa que mostra um pouco a minha barriga. Passo o pente no meu cabelo e deixo ele solto, coloco um bracelete e coloco uma sandália rasteirinha.
Saio do quarto e dou graças a Deus do meu pai não está na sala, só está a minha mãe, que está sentada no sofá pensativa. Ela está muito estranha.
Jade - Vamos mãe? - Falo chamando a sua atenção.
Rubi - Vamos.
Saímos de casa, e quando estávamos subindo o morro, olho pra minha mãe, será que ela sabe onde é o mercadinho?
Jade - Mãe, por acaso você sabe onde é o mercadinho?
Rubi - Fica tranquila querida, o seu pai falou onde era o mercado, viramos a esquina e chegamos lá.
( ... )
Em alguns minutos chegamos no mercadinho, assim que entramos, recebemos os olhares das pessoas, mas não ligamos.
A minha mãe pega uma cesta e coloca algumas coisas dentro, enquanto eu fico olhando algumas coisas.
Rubi - Jade! - A minha mãe me chama, então eu vou para perto dela.
Percebo que algumas pessoas que estão no local comprando as coisas, estão olhando para nós duas.
Jade - O que foi mãe? - Pergunto ao me aproximar dela.
Rubi - Essas pessoas estão olhando estranho para nós duas, então fica perto de mim . - Ela fala voltando a fazer as compras.
Me sinto bem desconfortável quando vejo as pessoas cochichando.
Jade - Vocês nunca viram duas ciganas fazendo compras? - Pergunto já sem paciência.
Rubi - Jade! - A minha mãe chama a minha atenção.
XXX - Não queremos ladras na nossa comunidade, onde o Guerreiro estava quando essas duas entraram aqui no morro, isso é inaceitável! - Uma mulher fala alto.
Rubi - Não fale nada Jade, já estamos acostumadas com isso. - A minha mãe fala me fazendo olhar para ela.
Jade - Eu odeio essas pessoas preconceituosas, mãe. - Falo chateada .
XXX - Fica de olho, seu João, para elas não roubarem o seu mercado. - Uma outra mulher fala.
XXX - Cala a boca dona Rosa, a senhora é muito língua preta, não liguem para elas não, são duas desempregadas, que não tem o que fazer e ficam falando merdä! - Uma garota que aparenta ter a minha idade fala saindo de um dos corredores do mercado.
XXX - Você é muito mäl educada, onde já se viu falar dessa forma com os mais velhos, no meu tempo não tinha isso, eu vou falar para a sua mãe.
Manu - Mäl educada são vocês, como podem tratar alguém dessa forma só porque são diferentes de vocês? - Ela fala se aproximando de nós duas.
Ela olha para mim e sorri, ela é bem bonita, tem cabelos curtos, um piercing no nariz, e está usando uma blusa curta e uma saia bem curta também.
Manu - Não liguem para essas línguas de cobra - Ela fala me fazendo dar risada.
Jade - Obrigada por nos defender, ninguém nunca tinha feito isso antes.
Manu - Não precisa agradecer, eu me chamo Manuela, mas pode me chamar de Manu, e você?
Jade - O meu nome é jade e o da minha mãe é Rubi.
Manu - Duas pedras preciosas, que legal, você é muito bonita, na verdade vocês duas.
Jade - Obrigada, mas somos normais. - Falo dando de ombros.
Manu - Eu nunca vi uma cigana bonita como você, os seus olhos são lindos. - Ela fala me deixando envergonhada de tanto elogios.
Rosa - Se o senhor não expulsar essas ciganas ladronas daqui, não voltaremos mais nesse estabelecimento seu João.
Manu - Se vocês não pararem com essa perseguição, eu vou até o Guerreiro e falo o que vocês estão fazendo.
XXX - Pode ficar tranquila que eu mesma vou até o Guerreiro falar delas, eu não quero essas ciganas aqui, vamos fazer um abaixo assinado para tirar as duas desse morro ainda hoje. - A mulher fala me tirando do sério.
Jade - Olha aqui sua velha ... - Quando eu ia terminar a frase, alguém me interrompe.
Guerreiro - QUE PORRÄ ESTÁ ACONTECENDO AQUI?