— Você está bem? Ele te machucou...? Você está tremendo muito... Onde você mora? Qual é o seu nome? — Pergunto preocupado pois a garota não parece bem, ela está em choque.
— Eu... Clara... — Diz antes de perder os sentidos desmaiando em meus braços me deixando apavorado.
— Ei...? Não faz isso! Espera Clara...? Caramba o que eu faço? — A encaro apreensivo pegando ela colo e levo-a para o meu carro.
Coloco ela no banco ainda pensando no que fazer, dou a volta no mesmo e entro dando a partida tomando a decisão de levá-la para o hospital, não sei onde ela mora nem sei o seu sobrenome, ela está sem bolsa não tem nada que possa identificá-la.
Porra ela é tão linda, parece um anjo inocente que acabou de sofrer um ataque do d***o. Me concentro na pista e em alguns poucos minuto estou estacionando na entrada de emergência do hospital, entro com ela no colo já pedindo ajuda e logo aparece um médico e uma enfermeira perguntando o que houve, decido falar a verdade pois não sei se ela foi ou não violentada, e se foi, vai precisar de cuidados.
Eles a levam para o atendimento e pedem para eu aguardar, e assim eu faço, fico na sala de espera me lembrando daquele rostinho lindo que me parece tão familiar, no estacionamento não deu para ver direito pois estava escuro, mas quando entrei com ela aqui na recepção do hospital eu consegui vê-la com mais clareza, e ela é ainda mais linda do que imaginei.
Depois de alguns minutos vejo o mesmo médico entrar na sala de espera e eu me levanto, indo na sua direção com um olhar sério.
— E então doutor? Ela está bem? Ela foi violentada? Eu posso vê-la? — Pergunto ansioso para saber daquela mulher linda.
— Sim, ela está bem, graças a você ela não foi violentada mas o emocional dela está muito abalado... Como se chama rapaz...? Você disse que foi o namorado dela quem tentou violentá-la? Você a conhece de onde? Vocês estavam juntos? — Pergunta curioso como se estivesse me sondado.
— Eu me chamo Gabriel Bittencourt, e sim, foi o namorado dela quem fez isso porque ele disse que ela era mulher dele... Eu não estava com eles, eu nunca os vi antes, eu estava em um supermercado comprando algumas coisas, e enquanto eu guardava as compras na mala do carro eu ouvi gritos de pedido de socorro, não pensei duas vezes e fui ajudar... Ela estava gritando, chorando muito, ela estava apavorada e eu tive que dar uma lição naquele verme miserável...! Provavelmente está com algumas costelas quebradas mas eu não me preocupei em ajudá-lo. — O encaro sério ao me lembrar daquele canalha, playboyzinho de merda!
— Eu agradeço por salvá-la meu jovem, meu nome é Patrick e eu sou amigo da família dessa moça, eu até já liguei para os pais dela e eles já estão a caminho... O pai dela pediu para você esperar por ele, ele quer conversar com você, agradecer por salvar a filha dele... Bom, ela está no quarto 308 no segundo andar, acho que ela vai gostar de te ver quando acordar. — Diz ele me guiando para fora da sala de espera e me indica o elevador.
— Obrigado Dr. Patrick, eu só quero me certificar de que ela esteja mesmo bem, ela estava muito nervosa e assustada e vê-la desmaiar nos meus braços me deixou apavorado... Eu vou vê la. — Cumprimento-o mais uma vez e entro no elevador, subindo para o segundo andar.
Não me interessa receber agradecimentos por salvar uma mulher de uma agressão, só o que me interessa é saber se ela está bem e se o susto já passou.
Entro no quarto indicado pelo médico e a vejo dormindo, como essa garota consegue ser tão linda? Porque eu tenho a sensação de já tê-la visto antes? De onde eu a conheço?
Ela se mexe na cama e aos poucos abre os olhos se acostumando com a claridade do quarto, me aproximo mais da cama sentindo o meu coração acelerar, ela me encara surpresa e olha para os lados a procura de algo, ou alguém.
— Você está bem...? Como está se sentindo? — Pergunto sem conseguir tirar os meus olhos dela.
— Eu estou bem... Obrigada por me ajudar, eu pensei que já tivesse ido embora. — Ela se ajeita na cama e eu me aproximo um pouco mais admirando o seu rosto de perto, tentando me lembrar de onde eu a conheço.
— Eu não podia ir embora sem saber se você estava bem, já nos vimos antes...? Eu tenho a sensação de já ter te visto em algum lugar. — Sorrio de lado e ela cora.
— É sério isso...? Você me salvou de um estupro a minutos atrás e já está me cantando? — Pergunta me deixando totalmente sem graça.
— Me desculpe mas eu não estou te cantando, eu realmente acho que já nos vimos antes... Seu olhar é muito familiar. — Me defendo embasbacado, encantado com tamanha beleza, e mesmo que tenha sido sem querer mas eu a cantei sim.
— Pensei que iria encontrar os meus pais aqui quando acordasse, pois com certeza o tio Patrick já deve ter avisado a eles... Eu estou ferrada, se o meu pai não me matar ele vai me colocar de castigo pelo resto da vida. — Ela esfrega as mãos no rosto e de repente a porta se abre abruptamente e um homem completamente desesperado entra correndo.
— Filha...! Meu Deus filha como você está? Me diz Ana Clara quem fez isso com você? Onde você estava quando isso aconteceu? Porque os seguranças não estavam com você Ana Clara? — Pergunta o homem abraçando a filha apertando-a em seus braços, mas me surpreendo ao saber que na verdade ela se chama Ana Clara.
Não pode ser a mesma Ana Clara que eu estou pensando, seria coincidência demais depois de tanto tempo longe e sem notícias.
— Me desculpe papai, eu saí um minuto para conversar com Joshua mas eu não sabia que ele iria me tirar da festa... Eu não esperava que ele fosse fazer isso comigo. — Explica começando a chorar e vejo uma mulher em pé no meio do quarto com um olhar espantado ao ouvir tal coisa.
Ela se aproxima devagar com lágrimas nos olhos e sem dizer nada abraça a filha, eu conheço essa mulher, ela é amiga da minha mãe ela... Ela é Carolina Fontinelli Colliman.
— Clarinha...! — Sussurro constatando as minhas suspeitas.
É ela, a minha Ana Clara, meu Deus é ela mesmo. A encaro surpreso me lembrando daquela cena terrível daquele cara tentando estuprá-la, o meu sangue ferve de ódio no mesmo instante.
— Você se lembra da nossa conversa de mais cedo, Ana Clara? Se lembra da promessa que eu te fiz filha? — Pergunta ele em um tom manso mas sei que ele está se controlando para não explodir. Christian Colliman, agora eu me lembro dele!
— Sim papai... Eu me lembro e não vou ficar contra você por causa disso... Eu aceito tudo que você decidir... Me desculpa...? Por favor me desculpa? — Diz entre lágrimas se encolhendo na cama e o pai a abraça beijando o alto da sua cabeça.
— Isso não vai ficar assim, esse moleque miserável vai pagar caro pelo que fez! — Avisa em um tom mais irritado e se solta de Ana Clara andando pelo quarto, até que nota a minha presença. — E você quem é? O que faz no quarto da minha filha? — Pergunta vindo na minha direção feito uma águia e eu dou um passo na sua direção, mostrando firmeza no meu olhar.
— Eu sou o cara que salvou a sua filha e a trouxe para o hospital... Vai querer me bater ou me expulsar por isso Sr. Colliman? Não está se lembrando de mim? — Dou mais um passo na sua direção e ele para me encarando surpreso.
— Então foi você quem salvou a minha filha...? Obrigado pelo seu ato de compaixão, eu quero te dar uma recompensa por... — Diz ele esfregando as mãos no rosto e vejo claramente o quanto também está abalado, mas o interrompo.
— Me desculpe mas assim o senhor me ofende! Eu jamais aceitaria qualquer tipo de recompensa por salvar a vida de alguém... Eu só espero que se algum dia eu precisar, alguém também tenha compaixão de mim, só isso já me basta... Eu vou deixar vocês a sós, mas eu gostaria de recomendar mais cuidado com Ana Clara, o tal Joshua prometeu se vingar pela surra que eu dei nele, graças a mim ele não conseguiu o que queria então ele pode querer tentar de novo. — O encaro sério, encaro Ana Clara antes de ir em direção a porta.
— Espera...! Mais uma vez obrigada por me salvar... Qual é o seu nome? — Pergunta Ana Clara abraçada a mãe que chora ao seu lado.
— Gabriel...! Eu me chamo Gabriel Bettencourt, filho de Nicolas e Mirella Bettencourt. — Encaro fixamente os olhos surpresos de Ana Clara, a mesma Clarinha que eu conheci e me apaixonei a anos atrás.
— Gabriel...! — Ela sussurra deixando uma lágrima cair.
— Então você é o filho da Mirella...? Já tem um tempo que não falo com ela mas, eu não sabia que você estava na cidade. — A Sra. Colliman me encara surpresa e se solta da filha se aproximando de mim.
— Fico feliz em saber que não foi um completo estranho quem salvou a minha filha, quero conversar melhor com você depois Gabriel, vá a minha casa amanhã porque agora eu preciso ir atrás daquele delinquente que a minha filha escolheu como namorado... Eu vou pagar a conta do hospital e pedi ao Kenay para levá-las em casa... Você vai ficar bem querida? Já se sente melhor para ir embora? — Ele diz meio alterado mas se aproxima da filha a encarando ainda preocupado.
— Sim papai, eu estou, não precisa ir atrás daquele canalha hoje... Gabriel já cuidou dele. — Ela diz sem tirar os olhos de mim, mas volta a sua atenção ao pai. — Não precisa dizer que me avisou papai, você tinha razão e eu peço desculpas por não ouvir os seus conselhos... Mas agora eu só quero ir embora com a minha família, pode ser? — Ana Clara volta a abraçar o pai que mesmo chateado, não deixa de ser carinhoso com ela.
— Bom, já que Ana Clara está bem eu vou indo, apesar do acontecido foi muito bom revê-los... Tenham uma boa noite. — Me despeço para sair mas a Sra. Colliman me chama.
— Gabriel! Você está de passagem na cidade querido? Seus pais estão com você...? Eu gostaria muito de rever a sua mãe. — Pergunta novamente se aproximando de mim com um sorriso gentil, mesmo ainda abalada.
— Eu estou na cidade para estudar, meus pais estão trabalhando muito mas, prometeram vir passar uns dias comigo logo... Eu digo a eles que os vi. — Divido a minha atenção entre ela e a garota linda na cama, me encarando ainda com os olhos inchados de chorar.
— Está na cidade para estudar? Então você vai morar aqui, certo...? Está estudando o quê rapaz? — Pergunta o Sr. Colliman atento a mim, mas sem soltar a filha dos seus braços.
— Estou fazendo administração, meu pai quer que eu assuma a vice presidência da empresa junto com ele e eu quero dar esse orgulho ao meu coroa, ele merece. — Conto todo orgulhoso ao falar do meu pai, aquele homem é o meu motivo de orgulho e inspiração.
— Olha só, estou impressionado... Seu pai deve estar muito orgulhoso de você rapaz. — Sr. Colliman me encara surpreso e não posso deixar de sorrir ao me lembrar da minha família.
— Sim, ele está orgulhoso, ele sempre faz questão de me dizer isso... Bom, não quero incomodá-los mais, vou deixar vocês irem descansar... Espero que você fique bem Clara. — Mais uma vez me despeço para ir embora, mas o Sr. Colliman vem até a mim me abraçando pelos ombros, me guiando para fora do quarto.
— Muito obrigado pelo que você fez pela minha filha, Gabriel, eu serei eternamente grato a você por defender a honra da minha menina... Bom, você já deve estar cansado de estar aqui, então vá para casa descansar mas amanhã eu quero que você vá jantar lá em casa, está bem...? Você está trabalhando no tempo livre da faculdade? A propósito, em que faculdade você está estudando? — Pergunta caminhando comigo pelo corredor e confesso que estou surpreso com o seu interesse em saber mais sobre mim.
Conversamos brevemente e eu fiz um resumo da minha vida vendo ele me encarar atento, ele me dá alguns conselhos sobre a faculdade e a carreira que eu pretendo seguir, disse mais uma vez estar orgulhoso de mim e isso me deixou satisfeito.
— Eu cheguei em Chicago a duas semanas e ainda estou correndo atrás de algo para fazer, não quero ficar dependendo apenas do dinheiro dos meus pais, então eu preciso arrumar algo para fazer logo. — Conto pensativo e mais uma vez ele me surpreende.
— Bom, por mim você pode parar de procurar algo para fazer rapaz, isso se você aceitar o que eu tenho para te oferecer... Quero que venha estagiar na minha empresa, traga para mim amanhã no meu escritório os seus documentos, currículo e tudo que você tiver, você será admitido imediatamente... Essa será a minha forma de te agradecer pelo que você fez hoje pela minha filha. — Diz me entregando um cartão com os números e o endereço da sua empresa, ele me encara orgulhoso assim como meu pai faz, e isso me surpreende.
— Muito obrigado Sr. Colliman, agora sou eu quem tem que agradecer pela oportunidade de estagiar em uma empresa com a sua... Vou deixar que o senhor mesmo dê essa notícia ao meu pai, ele vai ficar muito feliz por isso mas vai ficar ainda mais contente de falar pessoalmente com o senhor. — Digo empolgado com um largo sorriso no rosto.
— Eu ligo para o seu pai amanhã, já tem um tempo que não falo com ele e vai ser bom ligar para falar justo de você... E não me agradeça ainda Gabriel, eu quero ver o seu desempenho na prática... Bom, agora eu preciso levar a minha filha para casa, nos vemos amanhã. — Ele se despede com um abraço amistoso antes de me entregar um novo cartão com os seus números pessoais.
— Estarei lá com certeza, senhor... Tenha uma boa noite. — Confirmo a minha presença na mansão Colliman antes de me virar saindo dali.
Desço até a recepção do hospital e saio do mesmo entrando no meu carro em seguida, ainda não estou acreditando que era a Ana Clara naquele carro quase sendo violentada pelo namorado, pelo visto ela me esqueceu mesmo pois nem se lembrou de mim até eu dizer o meu sobrenome.
Na época em que nos falávamos pelo telefone eu jurava que ela estava apaixonada por mim, nos conhecemos em uma viagem de comemoração do aniversário de casamento dos nossos pais, no primeiro instante em que a vi eu me encantei por aquela loirinha marretinha e ela parecia ter gostado de me conhecer, eu percebi o ciúmes do pai dela em nos ver conversando mas eu pensei que seria fácil manter uma amizade a distância, e justo quando eu disse que estava gostando dela o seu pai nos proíbe de nos falarmos.
Ainda tentei procurar por ela na Internet, consegui o número dela com a minha mãe que conseguiu com a mãe dela, mas depois de uma conversa com o próprio Sr. Colliman eu fui obrigado a desistir dela, a nossa conversa não foi uma ameaça a mim, mas sim a ela, o ciúmes da filha era tão grande que ele ameaçou interná-la em um reformatório e eu não queria me sentir culpado por isso, então mesmo sofrendo por perder o contato com ela eu me afastei, mas eu nunca a esqueci, nunca deixei de gostar dela e agora descubro que ela tem um namorado, e o infeliz ainda tentou estuprá-la, só não entendi o porquê aquele i****a fez isso se tinha aquele mulherão todinho só para ele, é um i****a mesmo.
Sigo para o meu apartamento ainda com os meus pensamentos em Ana Clara, não consigo tirar da minha mente a imagem dela sendo atacada por aquele covarde, ainda não consigo acreditar que era a minha Clarinha naquele carro com aquele infeliz, eu não esperava reencontrá-la tão cedo, e muito menos naquelas condições.
Quando falei que queria estudar fora meu pai rapidamente comprou um apartamento aqui na cidade e me deu de presente, caso um dia eu queira fixar residência por aqui, mas acho que isso não vai rolar, quando terminar os meus estudos pretendo voltar para o Brasil e fazer o que o meu pai tanto quer, não faço isso só por ele mas por mim também, é algo na qual eu vou poder me orgulha no futuro, dirigir uma empresa de grande porte ao lado do meu pai, é algo impagável para mim.
Depois de alguns minutos eu chego no meu apartamento e vou direto para cozinha guardar as comprar que estavam na mala do carro, penso em fazer algo para comer mas perco a fome por pensar tanto naquela loirinha linda na qual senti tanta saudade. Será que em algum momento ela sentiu saudades de conversar comigo? Será que ela sentiu a mesma angústia que eu ao sermos proibidos de nos falarmos? Não vou pensar tanto nisso pois agora ela é de outro, bom, depois do que aquele infeliz fez eu duvido muito que ela volte para ele, mas provavelmente ela nem vai mais me olhar como antes, um olhar de carinho.
Lá no hospital quando percebeu quem eu era, Ana Clara não parecia apenas surpresa em me ver, ela parecia decepcionada também e isso fez eu me sentir m*l, eu a salvei do próprio namorado e depois de descobrir quem eu era, pensei que pelo menos ela quisesse saber mais sobre mim, bom, é compreensível depois do momento tenso que ela teve com o namorado.
Eu também tive algumas namoradas e até cheguei a gostar de uma delas, mas não deu certo, o meu objetivo é me focar nos estudos e ela não aceitou que eu viesse estudar fora, obviamente tivemos que terminar o nosso namoro mesmo eu não querendo isso, mas foi uma decisão dela terminar, foi ela quem quis assim e eu tive que aceitar, não vou obrigar ninguém a ficar comigo.
Vou para o meu quarto e tomo um banho antes de me jogar na cama, preciso relaxar um pouco pois estou nervoso com a ideia de trabalhar para Christian Colliman, meu pai e meu avô falam muito dele, eles até estão pensando em trazer uma filial da nossa empresa para Chicago, e pelas conversas que ouviu, Christian Colliman entraria nesse empreendimento junto com eles, não sei como ficou esse assunto mas agora eu só quero me focar na faculdade e mais nada.
Comecei a cursar no Brasil mas pedi transferência para Chicago e em um ano estarei formado, pronto para ajudar a ampliar mais os negócios da família.