Ana Clara - Duologia Amor Perfeito Livro 2

5- Ana Clara

Era ele mesmo, era o Gabriel aqui na minha frente e eu não o reconheci de imediato, apenas quando ele disse o seu nome eu senti o meu coração acelerar, ele está tão lindo, escureceu a cor dos cabelos e parece mais forte. Ele está na cidade e não me procurou, não quis saber de mim, mas eu estava namorado e provavelmente ele nem conseguiria se aproximar de mim, meu pai nos separou a anos e com certeza nos separaria novamente se ele não tive me salvado. Meu Deus que vergonha, o Gabriel depois de anos me encontrar em uma situação como aquela?

Ainda não acredito que Joshua foi capaz de cometer tal ato contra mim, a mulher que ele dizia amar quando na verdade ele só queria me usar, queria t*****r comigo e provavelmente depois sairia falando de mim como os seus colegas fazem com as outras garotas, é difícil admitir mas o meu pai tinha razão, Joshua nunca me mereceu e depois de tudo isso, eu nunca mais quero olhar na cara daquele canalha miserável.

Para o bem dele eu espero que o meu pai não o encontre, ou nunca mais ele vai andar na vida dele, Gabriel deu uma boa surra naquele infeliz e eu achei bem feito, ele mereceu mas tive medo de Gabriel o matar e acabar se prejudicando.

Saí do hospital achando que o meu pai falaria um monte no meu ouvido, mas ele está muito calado e isso não é normal, ele só ficar assim tão quieto quando está planejando alguma coisa e sei que tem a ver com Joshua, não quero que o meu pai faça alguma besteira por mim culpa mas também sei que nada o impedirá de fazer o que ele quer.

Minha mãe apenas me abraça e diz palavras de consolo chorando junto comigo, ela me apoiou tanto, até brigou com o meu pai para defender o meu namoro com Joshua, e agora acontece isso? Sei o quanto ele está decepcionado comigo e com razão, eu não tenho sido a filha que ele merece e temo perder de vez a sua confiança.

Ele me encara sério atrás do retrovisor, atento as minhas lágrimas descendo silenciosamente, mas o seu celular toca e ele coloca no viva voz do carro.

— Fala Kenay! Alguma novidade? — Pergunta em um tom mais sério que o normal.

— Sim senhor, encontramos o garoto na festa onde Daniel e Fred deixaram Ana Clara, ele está bêbado e ao que tudo indica, também está drogado... Parece que alguém se divertiu com ele porque o garoto está bem machucado. — Diz o chefe de segurança do meu pai o fazendo respirar fundo.

— Estou gostando um pouco mais do Gabriel depois de saber disso... Kenay! Faça o combinado e depois me dê notícias, quanto ao Pedro e Fred, eu quero esses dois fora da equipe... Eles não servem para fazerem a segurança da minha família, e por favor! Contrate um pessoal mais competente ou o seu cargo também estará vago em breve, estamos entendidos? — Diz em um tom firme apertando com força o volante, me fazendo engolir a seco.

— Sim senhor, eu prometo ser mais severo na contratação de novos funcionários, esse erro não vai mais se repetir, eu garanto! Ligarei assim que tiver mais notícias, senhor! — Diz Kenay também no seu tom profissional então meu pai encerrar a ligação.

Eu não queria que os seguranças fossem demitidos, mas se eles não tivessem me impedido de falar com Joshua na festa nada daquilo teria aconteceu, eu não teria saído da festa e Joshua não teria me levado para aquele estacionamento escuro e deserto, e com certeza eu não teria reencontrado Gabriel.

Porque ele não me procurou quando chegou na cidade? Ele podia pelo menos ter pedido a mãe dele para avisar a minha mãe que ele estava vindo para cá, o que me interessa isso agora? Eu estava namorando e com certeza ele também tem alguém deve estar feliz e com certeza já me esqueceu a anos. Quando ele disse que gostava de mim eu já estava apaixonada por ele, estava pronta para aceitar um namoro a distância se assim ele quisesse, mas eu fui obrigada a me afastar, eu tinha que ter imaginado que meu pai jamais me deixaria namorar com ele.

E só tinha treze anos na época, ele me surpreendeu em uma chamada de vídeo com Gabriel onde ele dizia gostar de mim, isso foi o suficiente para o meu pai mover meio mundo para nós separar, e agora ele está aqui, tão perto de mim e me encontrou em uma situação tão vergonhosa como aquela, talvez a gente se afaste de novo, ou talvez nos tornemos amigos, isso se o meu pai não o afastar de novo, isso se ele ainda quiser se aproximar de mim.

Porque reencontrá-lo me abalou tanto? Porque senti o meu coração acelerar quando descobri quem ele era? Talvez pelo tempo que ficamos sem notícias um do outro, eu amava Joshua, mas porque eu não sentia com a sua presença o que senti quando descobri que era o Gabriel ali na minha frente? Porque fiquei tensa daquele jeito se com Joshua essa tensão não era assim tão grande? Mais uma vez, tem que ser pelo tempo de distância um do outro, o que senti por Gabriel era paixão de adolescente, isso acabou, ficou no passado depois que nós afastamos, será mesmo que acabou ou apenas adormeceu dentro de mim? Que sentimento era aquele que começava a crescer em meu coração?

Tento deixar de lado toda essa confusão na minha mente e entro em casa abraçada a minha mãe, meu pai vem logo atrás ainda em silêncio e isso me preocupada, o normal de um homem furioso é gritar, xingar e quebrar tudo a sua volta, diferente do homem que me encara severamente esperando eu dizer alguma coisa.

—Talvez hoje eu tenha perdido de vez a sua confiança, talvez você esteja me odiando desejando que meus irmãos sejam filhos melhores que eu... Eu não tiro a sua razão... Estou envergonhada pelo que aconteceu pois fui avisada que isso não era o melhor para mim, e eu não dei ouvidos... Eu... Eu sinto muito por te decepcionar tanto... Talvez você se envergonhe de mim, por isso tome a decisão que tomar, eu vou aceitar sem questionar... Espero um dia conseguir reconquistar a sua confiança e... Por favor não deixe de me amar...? Porque eu te amo papai... Me desculpa? — Me emociono encarando fixamente os seus olhos para ele ver a verdade das minhas palavras, e vejo os seus olhos marejados.

— Eu não quero o seu pedido de desculpas... Eu só quero um abraço seu, filha... Deus Ana Clara, eu jamais vou deixar de te amar minha princesa... Você errou muito me desobedecendo, mas isso jamais a fará perder o meu amor... Eu sou pai e só quero proteger a minha família, quero o melhor para todos vocês querida. — Ele abre os braços para mim e rapidamente vou ao seu encontro chorando ainda mais, recebendo em seus braços o amor e o carinho que eu sempre tive. — Quando conversamos mais cedo, eu disse a você o que faria se você me decepcionasse mais uma vez, e você também sabe que eu sempre cumpro as minhas promessa filha... Então eu sugiro que você se despeça de todas as suas amigas, porque a partir de amanhã você não coloca mais os pés naquela faculdade, vou exigir a sua transferência para outra faculdade e não me deixa desconfiar que você está falando novamente com aquele sujeito, ou serei obrigado a ser ainda mais severo no seu castigo... Eu entendo que você não é mais uma criança, mas as suas atitudes não são de uma mulher adulta e responsável, e isso me obriga a ser com você mais severo do que deveria. — Diz se soltando de mim me encarando sério, e eu apenas ouço calada sem questiona-lo. — Também não quero mais você falando com aquelas suas amigas, pois sei que elas estavam te acobertando para se encontrar com aquele delinquente, se elas fossem suas amigas de verdade elas também saberiam respeitar as minhas decisões em relação a você, mas não se preocupe, sei que fará novos amigos na nova faculdade e agora mais do que nunca, não quero ouvir você falando em namorado, estamos entendidos Ana Clara...? Você está proibida de sair de casa sozinha, só saíra com algum de nós e os seguranças... Agora vá para o seu quarto descansar, e reflita sobre tudo que aconteceu hoje e pensa em tudo que eu faço para te proteger, pense se eu estou errado ou exagerando em preservar a sua segurança. — Ele me encara sério e eu não consigo dizer nada, apenas choro me lembrando dos ataques de Joshua.

— Amor você não acha que está sendo muito radical? Eu não acho necessário ela deixar as amizades dela por causa daquele cretino miserável... Você não pode isolar a nossa filha desse jeito ela já é... — Mamãe me abraça tentando interceder por mim mas meu pai finalmente se explode interrompendo-a.

— NÃO CAROLINA! JÁ CHEGA...! Não adianta interceder por ela agora, eu já estou farto de ver você, Alexia e Lívia acobertando as maluquices de Ana Clara, veja só as consequências de tudo isso! A nossa filha quase teve a sua hora tirada de uma maneira tão bruta, por aquele delinquente que vocês insistiam que eu permitisse que namorasse a nossa filha, e veja só o que aconteceu? Você está satisfeita com isso? Ainda acha que eu sou antiquado? Acha que estou exagerando? Eu só faço isso pelo bem da nossa filha e não vou mudar para agradar ninguém! Não é só com ela que eu me preocupo, não é só por ela que eu faço tudo isso é por vocês também, é pela minha família mas vocês não entendem isso caramba...! Porque é tão difícil vocês aceitarem as minhas decisões? Eu não vou mais tolerar... — Esbraveja o meu pai me deixando assustada pois nunca o vi tão zangado como agora, mamãe o interrompe.

— Você está mesmo me culpando pelo que aconteceu com a nossa filha, Christian...? Você acha que eu queria que aquele infeliz fizesse o que fez com Ana Clara? É isso mesmo...? Eu só queria que a nossa filha tivesse uma vida como todo mundo, eu queria que ela tivesse nessa vida as mesmas chances as mesmas emoções que nós tivemos, mas está claro como água que você não pensa assim... Em todos esses anos de casados você nunca me ofendeu tanto como você fez hoje... Assim como você sugeriu a nossa filha, eu também quero que você pense e reflita sobre tudo que você acabou de me dizer... Eu vou dormir com as minhas filhas hoje, com licença... Vamos filha! —Minha mãe o confronta com lágrimas nos olhos, magoada como nunca vi antes e isso faz eu me sentir ainda mais culpada.

— Não mamãe? Por favor eu não quero ver você e o meu pai brigados por minha culpa... Não façam isso? A única culpada por isso tudo sou eu. — Peço abraçada a ela que deixa as suas lágrimas caírem silenciosamente, me deixando com um terrível aperto no peito.

— Carolina me desculpe? Amor eu estou nervoso e... — Meu pai se aproxima dela se desculpando mas ela se afasta o interrompendo.

— Eu sempre te apoiei, sempre estive ao seu lado e mesmo nervoso você nunca me tratou assim antes... Não quero mais conversar com você por hoje, amanhã ou depois nós conversaremos com mais calma... Tenha uma boa noite, Christian, vamos filha! Ou o seu pai vai acabar te culpando por ele estar sendo tão arrogante comigo. — Diz o encarando magoada e me arrasta em direção às escadas sem me dá chances para contestar.

— Carolina não faz isso? Vamos conversar por favor...? Mas que merda! — Ouço papai chamar por ela mas mamãe está decepcionada demais para ouvi-lo.

Subimos e fomos direto para o meu quarto, tento convencê-la a conversar com o meu pai para se entenderem mas a sua decisão e irrevogável, ela se senta na minha cama pensativa enquanto eu ando de um lado para o outro, nervosa com essa situação, ela chora em silêncio e eu não aguento mais vê-la assim.

— Mamãe me perdoa...? Por favor me perdoa eu não queria te causar todos esses problemas, se o papai quiser me colocar em um internato ou seja lá onde ele quiser me prender, eu não vou questionar, eu só não quero ver vocês brigado por minha culpa... Me perdoa? — Peço entre lágrimas me ajoelhando diante dela, abraço a sua cintura deitando a minha cabeça em seu colo.

— Não diga bobagens filha, você tem todo o direito de ter a viva que você quiser, o seu pai está errado em pôr você de castigo como se fosse uma criança, te proibir de ter amigos ou namorar, isso é um absurdo...! Mas nós já sabíamos o quão difícil seria conseguir que seu pai fosse mais liberal, mais compreensivo... Você não tem que me pedir perdão querida, não foi você quem me decepcionou... Foi o seu pai, justo ele que prometeu não fazer isso. — Diz em um tom emocionado e eu tento não encarar o seu rosto para não me sentir ainda mais culpada.

Sei que logo eles vão estar bem outra vez porque eles se amam muito, mas não gosto quando eles brigam, muito menos por minha causa pois isso me deixa muito m*l.

Conversamos um pouco mais sobre essa situação mas minha mãe está mais preocupada com o meu estado emocional, está preocupada com o que o Joshua fez comigo e o que o meu pai pode fazer com ele, Joshua merece ser castigado pelo que me fez, por ser um canalha mentiroso mas também não quero que o meu pai se prejudique por causa dele.

Meu tio Patrick tomou a iniciativa de fazer o exame de corpo de delito caso eu queira prestar queixa contra Joshua, e sei que o meu pai vai me obrigar a fazer isso amanhã bem cedo, mas é óbvio que Gabriel terá que testemunhar pois foi ele quem me salvou das garras daquele cretino infeliz.

A sua presença mexeu muito comigo mas meu pai não pode nem sonhar com isso, ou ele vai expulsar Gabriel do país e eu preciso saber dele o porquê ele nunca me procurou antes, eu quero saber como ele está, se está feliz como eu imagino que está, mas não posso fazer isso agora, não em um momento como esse que estou vivendo com os meus pais brigados por minha culpa, e esse quase estupro que me deixou em choque pois quem tentou me violentar foi o homem que amo, o homem que pensei que me amava.

Minha mãe foi até o seu quarto se trocar para dormir comigo enquanto eu vou tomar um banho, para tirar o cheiro daquele infeliz do Joshua do meu corpo, foi impossível não chorar mais uma vez imaginando que ele quase me estuprou, e ainda disse na minha cara que sexo era a única coisa que ele queria comigo esse tempo todo, as minhas intuições não estavam erradas, eu não me sentia pronta para me entregar a ele por algum motivo e agora eu sei qual era, Joshua não era o cara certo para mim, ainda estou me perguntando se eu realmente o amo ou se apenas gosto dele por ele se arriscar para ficar comigo, mas depois de tudo que aconteceu hoje tudo que eu sinto por ele é nojo, uma mágoa sem tamanho e por isso não estou me importando com a ideia de mudar de faculdade. Não queria perder as minhas amizades e isso eu vou tentar recuperar, os meus amigos não podem pagar pelos erros daquele cretino do Joshua e eu vou convencer o meu pai disso.

Depois de alguns minutos mamãe volta dizendo que o papai não está em casa, que provavelmente ele foi atrás de Joshua e isso nos preocupou, mas estamos rezando para que ele não faça nenhuma estupidez que possa o prejudicar.

Mamãe chamou minha irmã para ficar com a gente, e ao me ver chorando Wendy veio correndo para os meus braços com aquele seu jeitinho carinhoso, enchi ela de beijos e nos acomodamos todas na minha cama, abraçadas tentando nos distrair falando do aniversário de Benjamin que está chegando, mas dessa vez ele não quer festa, ele quer viajar com alguns amigos e meu pai nem o questionou por ser homem, mas comigo ele m*l me deixa respirar e isso é muito injusto, porque os filhos homens sempre tem mais direitos que as filhas mulheres? Porque os pais têm que ser tão ciumentos com as filhas?

Me acomodo nos braços da minha mãe chorando em silêncio por toda essa confusão, ela tenta me confortar mas ela está tão triste quando eu, então tento me acalmar para não deixá-la ainda mais preocupada. Faço carinho nos cabelos da minha irmã e logo ela se enfia entre nós, se agarrando na mamãe bocejando pelo sono.

Me entrego aos meus pensamentos repassando na minha mente tudo que aconteceu hoje, tudo que o meu pai disse e tudo que Joshua fez comigo, tudo que ele disse sobre ter ficado comigo apenas para conseguir o que queria, agora eu tenho certeza de que ele me traía, que me enganava porque ele não iria ficar comigo esse tempo todo sem sexo, aquele canalha só estava me usando e eu como uma i****a me iludindo, amando quem não me ama.

Mas tudo isso acabou, amanhã é um novo dia e sei que a minha vida não será mais a mesma, terei que mudar de faculdade e provavelmente perderei todos os meus amigos, mas eu não vou me conformar com isso, eu posso até esquecer o assunto namorado por um tempo, mas não quero perder as amizades boas que conquistei até hoje, mas também sei que não vai ser uma tarefa fácil convencer o meu pai a permitir isso.

Em poucos minutos eu pego no sono abraçada a minha mãe e minha irmã, durmo primeiro que a dona Carolina pois eu não sou a única com a cabeça cheia por aqui, amanhã vou conversar com o meu pai, vou tentar fazer esses dois se entenderem de um jeito ou de outro mas eles não vão ficar brigados por minha culpa.