Minha mãe tocou a campainha e ficamos alguns minutos esperando até um Deus Grego aparecer, ele sorriu e eu fiquei apenas o encarando.
- boa tarde, viemos aqui desejar boas vindas, muito prazer, meu nome é Estella e essa é minha filha Júlia. - Minha mãe disse e ele deu a mão pra nós duas uma de cada vez, me encarou nos olhos e sorriu.
- muito prazer, Thiago, obrigado pelas boas vindas. - minha mãe entregou a cesta pra ele e ele riu baixo. - nunca recebi uma cesta de frutas, muito gentil da parte de vcs.
- imagine, se quiser conhecer o bairro minha filha irá apresentar, mais pra frente esta nossa Igreja, a casa de Deus, se quiser conhecer será muito bem recebido. - eu apresentar? Muito obrigada dona Estella...ele me olhou.
- seria um prazer conhecer... - sorri forçado.
- ótimo, vou ali em casa Júlia, pode ficsr contando a ele sobre nossas crenças. - minha mãe disse toda orgulhosa e saiu cantarolando, rolei os olhos e me virei pra ele que me encsrava com aqueles olhos verdes.
- crenças? - ele perguntou. - quer dizer que é uma moça fiel da igreja?- eu ri.
- eu pareço ser?
- e por que nao?
- minha mãe é fissurada com isso. Eu SÓ frequento por ela e pelo meu pai. Não que eu não acredite em Deus, só acho que ir a igreja não faz ninguém santo. - ele riu.
- concordo. E quantos anos a mocinha tem?
- 19, mocinha SÓ na idade. - eu disse sorrindo cínica e ele assentiu.
- percebi.
- e você?
- 27
- ainda vai querer conhecer o bairro?
- eu ja conheço.
- mas vc disse que seria um prazer.
- não quis desfazer a bondade da sua mãe.
- ótimo, então ja vou indo.
- espera, quer entrar?
- não, obrigada.
- seria um prazer. - o olhei séria.
- pra mim não...tchau. - eu saí e ouvi sua risada de longe. Ele parecia ser bem debochado, odeio pessoas assim, embora eu seja uma. Mas eu posso.
Entrei em casa e minha mãe me olhou sorrindo.
- temos um novo irmão?
- mãe, para. Ele nem é da nossa religião, e ele é um debochado, a senhora não ia gostar dele.
- ele parece ser um bom rapaz.
- as aparências enganam, eu vou subir ta?- ela suspirou decepcionada, adentrei meu quarto e infelizmente fiquei lembrando daqueles olhos verdes me encarando e a voz rouca falando comigo.
Thiago narrando:
Júlia...nome bonito para uma garota bonita. Pena que é muito novinha e parece ser bem criança, mas que ela era linda, isso era. Serve mais pro Felipe do que pra mim. Espantei esses pensamentos e coloquei a cesta de frutas sobre a mesma, voltei a me concentrar na organização do quarto pra que eu pudesse dormir hoje a noite e ir trabalhar amanhã...
...dia seguinte...
(...)
Cheguei no escritório e adentrei minha cabine minúscula que cabia apenas uma escrivaninha e duas cadeiras, uma de cada lado, uma delas era minha, comecei a teclar no meu computador dando início ao trabalho, o dia foi cansativo, várias pessoas passaram por lá, vários problemas eu resolvi, quando deu 17:00pm, eu fui pra casa. Meu celular começou a tocar.
Ligação on:
- nossa balada ta em pé irmão? - Felipe disse assim que atendi.
- claro, acabei de chegar, que horas vai ser?
- 22:00..
- beleza, vou dar uma dormida. - ele riu.
- isso aí, vamos pegar muitas gatas hoje.
- vc sabe que não sou muito afim.
- as vezes acho que tu é gay.
- pior que não sou. Tchau, até depois. - ele riu e eu desliguei.
Ligação off...
Julia narrando:
...mais tarde...
Eu estava em frente ao espelho finalizando minha maquiagem para a balada, Bruno estava jogado na cama me esperando.
- vai arrasar com essa roupa. - ele disse.
- tem certeza?
- claro, se fosse minha praia eu pegava. - eu ri.
- ta, então liga pra Lúcia logo e diz pra ela vim pegar a gente.
- com certeza. - ele pegou o celular e eu me olhei no espelho mais uma vez.
- ela ta vindo Ju. - ele disse levantando, descemos e ficamos esperando ela em frente a casa, eu sempre evitava encontrar minha mãe depois de me arrumar pra alguma festa, ela jamais me deixava sair se eu tivesse com alguma saia curta, Lúcia chegou, Bruno entrou na frente e eu atrás.
- que demora Lúcia. - Bruno disse.
- foi dificil sair da garagem ta? E não reclama v***o que te deixo aqui mesmo.
- sua grossa, ah e SÓ pra avisar vcs que a Sabrina quer encontrar a gente la.
- que? Sua bicha, vc chamou ela?- Lúcia perguntou nervosa.
- claro que não né p*****a, mas ela ta doida pra ver sua carinha depois de ela pegar seu namorado.
- v***a. - Lúcia rebateu.
- Lu, não da esse gostinho pra ela, vamos nos divertir e esfregar na cara dela que você ta melhor do que estava. - eu disse
- concordo. - Bruno disse passando a mão pelos cabelos.
- ta, vcs venceram, vamos rebolar a raba hoje até o sol amanhecer. - nós gritamos e rimos, logo chegamos na balada, estava lotada, eu conhecia o segurança e bastou apenas uma conversinha pra ele nos deixar passar na frente, entramos e Bruno ja tinha sumido no meio da multidão, Sabrina veio na nossa direção.
- oooi amigas. - ela disse falsa e nós sorrimos.
- oi Sa, tudo bem? - perguntei cínica.
- tudo ótimo, e vc Lúcia? Fiquei sabendo que ta solteira.
- pois é, to bem melhor sabe? Ainda bem que nunca fiz nada com aquele traste pq descobri hoje que ele tem AIDS. - Sabrina arregalou os olhos e eu me segurei pra não rir.
- AIDS? como assim?
- ficou preocupada com ele?
- não, claro que não. - ela sorriu nervosa. - me dêem licença meninas - ela saiu e nós duas nos olhamos e caímos na gargalhada.
Thiago narrando:
Finalmente eu e Felipe conseguimos entrar na tal balada, ele ja havia se mandado pro rumo dele e eu fui até o bar, pedi uma bebiba e tomei, depois saí andando pra ver se encontrava algo interessante la e acabei me batendo com alguém.
- olha por onde anda. - quando vi enxerguei Júlia, eu a olhei e ela estava muito bonita.
- Julia? Que prazer vizinha. - eu disse e ela me olhou e rolou os olhos.
- e olha que minha mãe disse que vc era certinho, e ta numa balada dessas.
- e eu achei que vc fosse uma menina de igreja. - ela riu sarcástica.
- pra vc ver que as aparências enganam.
-pois é. Mas ja que estamos aqui, quer dançar?