5 - Axel

1022 Words
— Esse menino será tão r**m quanto você é, Paolo — minha mãe diz enquanto assiste o que meu pai me fez fazer. Aos meus pés está a mais nova “p**a” do meu pai, como ele próprio diz, “seus passatempos”, ela atentou contra a vida do meu pai na última noite e esse foi o seu erro, meu pai nunca deixaria algo assim passar. Eu tinha dez anos, mas me sentia muito mais velho que isso. — Pare de reclamar, Veka, você sabe que o menino foi feito para isso. — Somente quando você confessou depois do casamento quem realmente era — ela quase cuspe na face do meu pai, apenas não faz, porque sabe que sempre haverá uma retaliação. Mamãe era uma mulher tão bonita, hoje apenas vejo-a amarga e andando pelos cantos da casa falando sozinha. Ela nunca me tratou de forma r**m, sempre foi gentil e amorosa, entretanto, isso começou a mudar há alguns anos quando meu pai começou a me inserir nesse mundo, acho que ela não queria ver o que eu iria me tornar. — Você não me disse que iria me casar com o d***o! — Pare de reclamar, mulher! Senão vou te mandar para o seu quarto! — deixo de assistir o embate dos dois e olhos para a mulher na minha frente, presa na cadeira e sem vida. Eu realmente não queria fazer isso. Meu estomago embrulha e minha boca começa a salivar com a ânsia de vômito, tento me controlar o máximo possível e não deixar isso transparecer para meu pai. Se vomitasse, ele faria com que eu lambasse o vômito do chão, já aprendi essa lição na primeira vez, mas até então, nunca havia sido uma mulher na minha frente. Quando ele me chamou para o porão da casa, a sua amante já estava em uma situação deplorável, os dedos estavam para todos os lados, menos retos, os lábios estavam divididos ao meio e seu olho esquerdo quase saia do globo ocular. — Esta é a p**a que tentou me matar enquanto estávamos fodendo — ele disse e a mulher começou a chorar cada vez mais alto, ela olha para mim, pedindo ajuda, mas ela não entendia que eu não tinha o poder para fazer algo — E você vai aprender que não pode confiar nelas. Hoje estou te dando a chance de me fazer orgulhoso, Axel Devenuto — meu coração começa a bater mais rápido, não quero fazer isso! — Termine com o sofrimento da p**a. Ele colocou em minhas mãos um pedaço de arame farpado grande o suficiente para envolver em voltar do pescoço da sua amante e instintivamente minhas mãos começam a tremer. A próxima coisa que senti foi um tapa em meu rosto que me fez bambear em meu lugar e sentir o gosto de sangue na minha boca. — Seu merdinha! Por que está tremendo? Você não vai me fazer passar vergonha! Acabe logo com isso! Sua amante começa a tremer e vejo a urina descer por suas pernas, ela sabia que não iria sair viva disso. Parei atrás da cadeira, envolvi o pedaço de arame farpado em seu pescoço e apertei até que a vida deslizasse completamente de seu corpo, fiz isso firme e sem deixar minhas mãos tremerem. Meu pai assistiu à cena com tremendo gosto, feliz por “seu menino” ter realizado o trabalho sujo. — Sabe Paolo, é melhor ir para o meu quarto mesmo, melhor do que ficar aqui e ver isso — desperto das minhas lembranças quando minha mãe me lança um último olhar triste. O que minha mãe não viu, foram minhas mãos trêmulas atrás das minhas costas. Reúno todo o meu controle e com uma última olhada para o bar, sigo para casa. Foram anos para reunir controle sobre meu corpo e principalmente sobre minhas mãos, não seria uma mulher que irá tirar isso de mim. Não esperava me lembrar daquele momento em específico, aos 10 anos, quando matei uma mulher. A primeira mulher. A amante de meu pai. Não sentia minhas mãos trêmulas há mais de 14 anos, não sei o que aconteceu essa noite. Seria a falta de controle que senti ao vê-la conversando com outro homem? Ou a pureza que senti ali? Estaria Vladimir correto e seria eu que iria corrompê-la? Eu ouvi o meu pai fez com a minha mãe, se casou sobre falsos pretextos, não lhe disse quem realmente era e não lhe deu uma escolha, e minha mãe completamente apaixonada, ignorou as pequenas coisas que denunciavam que meu pai não era a pessoa certa. Quando finalmente nasci, meu pai disse que seu dever estava cumprido e então minha mãe passou a ser o fantasma que habitava aquela casa, até que morreu três anos antes de meu pai, ela simplesmente definhou em casa. Apesar de nunca ser próximo dela como queria, ela mesma não permitia essa proximidade, então junto do meu pai, assisti Veka Devenuto desvanecer, não havia mais nada que pudesse fazer, se ela realmente não queria viver. No final, acabou morrendo de desgosto. Pelo meu pai. Por mim. Pela vida que estava fadada a viver. Por isso se casavam com as mulheres do mesmo ramo, da máfia, justamente para evitar essas complicações. Meu pai fez o contrário e se casou com uma mulher normal e olha o fim que ela teve. O que me alegra é que meu pai está pagando por tudo o que fez a ela. Jamais traria uma mulher para o meu lado sobre falsos pretextos, a amarrando a uma vida indesejada. E nunca, jamais, trataria a mulher que escolhesse passar a vida da forma como meu pai tratou minha mãe, como um animal conveniente. Estaciono o carro na garagem e saio, respirando o ar puro do condomínio que é completamente arborizado e privado, com poucas casas e grande espaçamento entre elas. Tiro meu terno e a blusa social, deixo as peças no chão e começo uma corrida para extravasar essa energia que a raiva produziu e principalmente para esquecer as memórias do passado, que é onde elas precisam ficar eternamente guardadas.
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