CAPÍTULO 5

1505 Words
ANDREZA SMITH Meu primo está sentado em sua cadeira que mais parece um trono, feito um rei, e o meu pesadelo está sentado no sofá confortavelmente. Dylan Parker, o motivo da minha noite maldormida. Em um primeiro momento, Ivan não me olha com a cara muito boa por ter invadido seu escritório sem nem ao menos bater à porta. Mas assim que percebe a pasta em minhas mãos sua fisionomia muda, se dando conta de que estou aqui para entregar a pasta a ele. Ivan faz um sinal com a cabeça e me aproximo dele que logo se levanta e vem até mim. — Ivan, Carlos me pediu para entregar a pasta pessoalmente em suas mãos. Ele não está se sentindo muito bem hoje e não vai poder vir trabalhar. Ivan pega a pasta das minhas mãos, me abraça e dá um beijo no topo da minha cabeça. Apesar de ser bruto e grosso, de vez em quando, ele demostra carinho por mim. — Não vai cumprimentar o Dylan? — pergunta assim que desfaz o abraço. Fala sério! Por mim, ignoraria totalmente a sua presença, mas como quero aproveitar o bom humor do meu primo para tentar convencê-lo a me tirar desse castigo interminável, resolvo fazer o que diz. Porém, do meu jeito, é claro. Eu me viro encarando o grande i****a e o cumprimento em grande estilo. — Olá, tracker dog (cão rastreador), como vai? Pela sua cara vejo que não está muito bem já que não consegue nem mesmo encontrar uma inocente noiva fujona, Acho que deveria tirar a palavra rastreamento da sua empresa, já que não consegue encontrar nada... Dylan me olha com uma cara de assassino. Acho que se Ivan não estivesse presente, ele me mataria. Quando vejo que ele vai abrir a boca para rebater o que disse, escuto a voz do meu primo. — ANDREZA, chega disso! Se só veio aqui para me entregar a pasta, já pode se retirar. — Não, Ivan, quero falar de um outro assunto com você, a sós de preferência. — Se for o assunto de sempre, nem adianta começar. — Ivan, você não... — Eu já vou indo, Ivan, depois terminamos a nossa conversa. Pode ficar à vontade com a sua prima — Dylan diz, me interrompendo e se levanta para sair da sala. Assim que a porta se fecha, começo a falar novamente: — Ivan, até quando você vai me manter sob a vigilância desse cachorro? — Andreza, olha o respeito com as pessoas! Esse seu comportamento não vai te levar a lugar nenhum. É sério que ele está falando do meu comportamento? O dele é muito pior do que do meu com essa teimosia sem fim. Eu já estou no meu limite. — Ivan, não venha me falar de comportamento que você não tem moral para isso. Até quando vai continuar me castigando pela fuga da Stela? Você tem que superar, Ivan, já se passaram três anos e ela pode nunca mais voltar. Eu não vou continuar pagando pelos seus erros. Nesse momento, Ivan se levanta furioso e joga um peso de papel com toda força na parede. — Nunca mais repita uma besteira dessas. Eu não tenho culpa do que aconteceu e você sabe muito bem disso. — Você tem culpa sim, Ivan. Eu te avisei, mas você simplesmente não me deu ouvido. Eu disse para manter Caroline longe de você e da Stela, mas você não fez isso e agora está sofrendo as consequências. Não posso passar o resto da minha vida sendo vigiada dia e noite pelo seu cachorro particular, Stela nunca entrou em contato comigo nesses três anos e nunca vai entrar, você sabe muito bem disso. Ivan vem se fazendo de surdo durante esses anos e simplesmente ignora a possibilidade de que talvez Stela nunca mais volte. Ele me olha com raiva nos olhos. — Para o seu bem é melhor que ela volte, Andreza, ou vai acontecer justamente o que você tem mais medo. Eu sei que você a ajudou, mas infelizmente não tenho como provar isso. Agora saia da minha sala e não volte mais aqui sem que eu mande chamar você. — Isso não vai ficar assim, Ivan. Vou conversar com o papai. Você não pode continuar fazendo isso comigo, tenho tanto direito quanto você aos bens da família. Nesse momento, ele me olha e dá um sorriso debochado. — Vamos ver se tenho ou não o direito de fazer com você o que bem entender, querida prima. "Se não fosse por mim, a nossa família já teria ido à falência porque nenhum dos meus queridos primos quiseram assumir a responsabilidade dos negócios da família quando titio não pôde mais trabalhar. "Ele mais do que ninguém sabe disso." Ele se aproxima e segura forte meu queixo, fazendo com que olhe bem dentro dos seus olhos. — Eu tripliquei a fortuna da família e você, garota mimada, está reclamando de barriga cheia. Então, pense muito bem antes de colocar o meu tio contra mim, porque ele melhor do que ninguém conhece a filha que tem. Ivan me solta de uma vez, fazendo com que eu sinta um pouco de dor no lugar em que ele estava apertando. — Agora saia de uma vez daqui antes que perca o pingo de paciência que ainda tenho com você. — Volta a se sentar na sua mesa e abre a pasta que trouxe para ele. Como não consigo segurar a língua dentro da boca, antes de sair de uma vez da sala dele, volto a falar mais uma coisa que tenho certeza que vai piorar ainda mais a minha situação. Mas, simplesmente não consigo segurar, afinal sempre falo demais quando estou com raiva. — Espero que a Stela nunca mais volte, só para ter o prazer de ver você sofrer dia após dia longe dela. Espero ainda que ela, onde estiver, arrume um homem muito melhor do que você para recomeçar a vida. Ivan se levanta de uma vez, vindo na minha direção e como não sou b***a, nem nada, saio correndo da sala batendo a porta. Não sou nem louca de ficar para ver o que ele vai fazer comigo, mas algo me diz que vou me arrepender muito de ter falado isso para ele. Quando saio da sala, a secretária não está em sua mesa, o que é muito estranho, mas também não é da minha conta. Furioso como Ivan está, se chamar a mulher e ela não responder, é capaz de ser demitida. Sigo para o elevador privado, entro e aperto o botão do térreo. Assim que as portas estão fechando alguém coloca as mãos no vão, voltando a abrir novamente. Por um momento chego a pensar que é Ivan, pois somente ele e meu irmão usam esse elevador, mas quando levanto as vistas, vejo o quão enganada estou. Antes que eu tenha qualquer reação as portas se fecham. — O que ainda está fazendo aqui, Parker? Esse é o elevador privado da presidência, então saia agora mesmo. Que besteira a minha, é claro que ele não vai sair, já que também usa esse elevador quando vem ver o meu primo. — Cala essa boca, garota, estava esperando você sair da sala do Ivan. — Mexe no celular ridiculamente lindo e de última geração que eu daria qualquer coisa para ter um igual. De repente, o elevador para e ele dá um sorrisinho satisfeito que me deixa muito nervosa. — O que você fez? Por que o elevador parou? — pergunto com o coração acelerado. — Você vai se desculpar comigo pelo que falou naquela sala e não vamos sair daqui até ouvir suas desculpas sinceras. — Você ficou louco, Dylan? O Ivan pode precisar do elevador e ele já está bem furioso para perder tempo com essa sua brincadeira. — Então é melhor você se desculpar logo para que possamos sair daqui o mais rápido possível. — Dylan, isso não tem graça nenhuma. Para com isso e libere o elevador. Você não tem que trabalhar não? Por algum acaso a sua empresa decretou falência para que tenha tanto tempo livre assim? — Não se preocupe com a minha empresa, ela está indo muito bem e posso trabalhar de qualquer lugar usando apenas isso. — Mostra o seu lindo aparelho celular. Com um aparelho desse também faria muitas coisas interessantes. — Dylan Parker, libere esse elevador agora mesmo! Não estou para brincadeiras hoje e odeio você demais para conseguir ficar no mesmo ambiente por muito tempo. Ele começa a rir do que digo e se aproxima, me fazendo encostar na parede do elevador. — Só vamos sair daqui quando escutar o que quero, então ou você se desculpa comigo ou se prepara para ficar aqui o dia inteiro. Ele está muito perto, perto até demais, tão perto que consigo sentir seu perfume. Meu coração acelera e volto a sentir as mesmas sensações que senti ontem na boate. Não entendo o que esse homem quer de mim, para de repente começar a se aproximar assim.
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