CAPÍTULO 1
ANDREZA SMITH
Minha família extremamente rica é uma das mais poderosas do mundo e toda a nossa fortuna é administrada por meu primo, Ivan Smith, já que o meu irmão, Carlos, não quis nem saber de assumir tamanha responsabilidade. Então, vamos dizer que Ivan não teve muita escolha e papai passou o poder da nossa família para ele, o que o transformou em um homem extremamente chato, frio e arrogante.
Tudo isso piorou ainda mais quando três anos atrás a minha melhor amiga e até então sua noiva o deixou. Tudo porque o i****a não conseguiu manter o p*u dentro das calças e caiu no golpe mais velho que existe no mundo.
E querem saber o motivo por estar contando tudo isso?
É porque o que Stela não previa era que Ivan transformaria minha vida em um verdadeiro inferno.
Ele tem quase certeza de que a ajudei, mas como eu mesma disse, ele tem “quase” certeza.
Claro que Carlos e eu a ajudamos, mas ele não precisa saber disso.
O problema é que Ivan agora me vigia como um gavião, na esperança de que ela entre em contato comigo para rastreá-la. Algo que nunca vai acontecer, porque desde o dia em que ela conseguiu fugir não tivemos mais notícias dela.
Sinto tanta falta da minha amiga...
É como se uma parte de mim, tivesse ido embora com ela.
E, hoje, como parte do meu “castigo” sou obrigada a trabalhar no grupo Smith como assistente de relações públicas.
O que tenho que fazer?
Auxiliar no desenvolvimento de estratégias de comunicação da empresa, transmitindo informações sobre valores, objetivos, ações, produtos e serviços. Isso sem contar, prestar assessoria de imprensa, elaborar releases e notas, além de desenvolver mailing e newsletter.
Mas isso tudo não passa de um monte de besteiras para mim, já que a minha atual “chefe de departamento” não confia em mim, nem sequer para pegar um mero cafezinho.
Ela acha que estou aqui porque sou a filhinha do papai.
Quanta ilusão de sua parte...
Então, posso dizer que tenho muito tempo livre dentro da minha confortável sala.
Fiz questão que Ivan providenciasse um lugar confortável para mim, já que ele estava me obrigando a trabalhar. Quer dizer, trabalhar não, passar o meu tempo aqui. Por isso, se irei ficar aqui, que seja pelo menos com conforto, é o mínimo que mereço.
Sempre gostei muito de festas, bares, boates e casas de show. Em outras palavras, gostava de uma boa farra e sempre terminava a noite me agarrando com algum gatinho que encontrava por aí.
Mas não passava disso.
Quando eles tentavam passar para o outro nível, eu inventava uma desculpa e saía correndo.
Ao contrário do que alguns pensam, eu ainda sou virgem e tenho a doce ilusão de que um dia vou encontrar o cara certo para me entregar a ele de corpo e alma.
Iludida!
Eu sei disso, mas não custa nada tentar.
Não tenho coragem de sair transando por aí com qualquer um.
Já o meu irmão é um Don Juan de carteirinha e se der chance, ele leva duas, ao mesmo tempo, para a cama.
Sei que isso é apenas uma armadura que ele usa para se proteger, afinal meu irmão já teve uma desilusão amorosa muito grande e desde então se transformou no homem mais safado que já conheci. Já no trabalho, ele é muito competente.
Ele pode não querer assumir os negócios da família, mas trabalha no grupo Smith como gerente de operações e faz seu trabalho com excelência e bastante responsabilidade.
Agora, estou aqui no final do expediente esperando pela Olivia, a secretária do meu irmão.
Sempre a achei muito simpática e depois que comecei a trabalhar na empresa, nos aproximamos e nos tornamos amigas.
— Desculpa, Andreza, pela demora, mas seu irmão hoje está pior do que um demônio.
Começo a rir e ela se dá conta de que falou demais.
— Andreza, desculpa, não foi isso que quis dizer. Não quis dizer que seu irmão é um demônio. Ele só...
— Não se preocupe, Olivia, sei que quando Carlos está estressado, ele não é nada fácil. Fica tranquila. Agora, vamos aproveitar a nossa noite de sexta-feira — digo a interrompendo, para tentar acalmar a coitada que já está toda enrolada enquanto a puxo em direção ao meu carro.
Quando passo pela câmera de vigilância do estacionamento da empresa dou língua para ela, porque sei que alguns dos idiotas que trabalham para o meu primo devem estar me vigiando neste exato momento.
Tem sido assim nesses últimos três anos, mas um dia ele vai se cansar de me vigiar.
Não é possível que isso vá durar a vida inteira.
— Para onde estamos indo, Andreza?
— Para uma boate maravilhosa que costumava frequentar alguns anos atrás. Faz um tempo que não vou lá, mas hoje bateu uma saudade. Por isso te chamei para ir comigo. Costumava ir até lá acompanhada da minha amiga, Stela, já te falei dela, mas hoje vou com você, a minha nova amiga.
***
Demoramos quase meia hora para chegar à boate, pois, por ser início da noite o trânsito está pesado, mas eu queria chegar cedo para aproveitar bastante.
Estaciono o carro no estacionamento da boate e seguimos direto para a entrada.
Posso dizer que a fila na frente já está até que bem grande, mas passo direto por ela, um dos privilégios de usar o sobrenome Smith.
Quando me aproximo, o segurança abre passagem.
— Quanto tempo, hein, Andreza? Estava sumida. Resolveu dar um tempo das festas? — ele pergunta abrindo um sorriso grande.
— Foi quase isso, mas resolvi voltar à ativa. — Pisco para ele e entro na boate praticamente arrastando Olivia comigo que não tira os olhos do segurança.
— Ficou interessada no segurança foi? Eu te apresento mais tarde se quiser.
Uma das coisas boas da Olivia é que ela não é doida, mas, também, não é tão santa assim.
Sempre que saímos ela fica com algum gatinho, mas é tão medrosa quanto eu e sempre cai fora quando as coisas começam a esquentar.
— Ele é muito gatinho. Acho que a partir de hoje vamos vir mais vezes aqui, já gostei do lugar logo na entrada. — Sorri e volta a olhar para o segurança, dando uma piscadinha para ele.
— Garota safada! Depois não vai sair correndo, hein?
Ela gargalha e vamos direto para o bar.
Essa boate é um lugar de luxo e muito bem-organizada. Ela tem vários ambientes com diferentes tipos de músicas, inclusive tem algumas salas privadas que são usadas mais por casais que querem dar uma namoradinha. São salas grandes e confortáveis, com sofás e um bar privado muito bem abastecidos com várias bebidas. As paredes são feitas de vidro, porém, quem está do lado de fora, não consegue ver quem está dentro e por isso se chamam privadas.
Poucas vezes, fiquei em salas como essas, pois gosto mais é de estar no meio da multidão dançando e é exatamente isso que vou fazer agora.
— Vou cair na pista de dança, Olivia. Vai vir comigo ou vai ficar aí de olho no segurança?
Ela dá um sorrisinho safado e responde:
— Vou ficar mais um pouquinho aqui de olho no segurança.
— Então fui, te encontro aqui depois — digo indo em direção à pista de dança.
Não demora muito, já estou dançando grudada com um carinha que nem sei de onde saiu.
Depois de um tempo, olho em direção ao bar para procurar por Olivia, mas em vez dela, vejo a última pessoa que esperava encontrar hoje...
Ninguém mais, ninguém menos do que Dylan Parker, uma das pessoas responsáveis pelos três piores anos da minha vida.