Caminho sem volta

3704 Words
Gabriel não se considerava alguém ansioso. Não até aquele momento. Após o pedido curioso feito por ele à Theodore, imaginara que o mundo seria c***l consigo. O tempo se arrastara de tal maneira, alimentando a ansiedade para ir treinar. Durante as aulas, mexia no celular despreocupadamente até se deparar a foto tirada de Theodore dormindo na biblioteca. Havia fotografado por impulso, pois achava o loiro muito bonito enquanto dormia. Só que não fazia sentido algum manter aquela foto, quem teria a foto do amigo dormindo em seu celular? Entretanto não queria apagar, queria mantê-la ali para admirar secretamente. Espiando pelo canto dos olhos, via Theodore usar fones de ouvido enquanto estudava. Parecia calmo e concentrado como sempre. Não ficava ansioso assim como ele? Bem, não era ele quem estava curioso sobre como era beijar outros garotos... Apoiando os cotovelos sobre a mesa, Gabriel fechava os olhos desistindo de suas fugas incessantes. Quem estaria enganando? Nas últimas páginas do seu caderno estavam colados todos os bilhetes que trocara com Theodore desde que se conheceram. E agora havia tirado uma foto dele dormindo. Até quando mentiria para si mesmo? Não queria saber como era beijar outro garoto. Queria saber como era beijar Theodore. Precisava fazer aquilo. Desde o momento em que quase o fizera, Gabriel não conseguia não se perguntar como seria. Qual sabor teriam os lábios de Theodore? Será que ele gostaria do seu beijo? Certo... Uma vez que ficassem, as dúvidas seriam sanadas e suas vidas poderiam seguir o rumo normal. Um beijo e tudo voltaria ao normal. Afinal, só queria saber como era o beijo de Theodore. Então não precisaria de mais, não é mesmo? Continuariam a ser amigos, conversariam sobre os jogos e estudariam juntos. Nada para se preocupar. — O que foi, Gabi? Parece estranho. Piscando algumas vezes, Gabriel abrira seu costumeiro sorriso para a garota ômega parada na frente de sua carteira. — Nada demais, e então o que estava falando mesmo? Sadie arreganhava a boca em um sorriso, puxando a cadeira da frente para se sentar. — Fiquei sabendo que foi escolhido para representar o time no concurso. Meus parabéns. Vou te ajudar a vencer o meu irmão. Coçando a nuca estando envergonhado, Gabriel havia se esquecido por completo o concurso. Nem fora até o comitê pra saber os detalhes daquela história toda. Muito menos queria participar seriamente. Só que todos pareciam bem mais empolgados por ele. — Não quero vencer, só estou participando por livre e espontânea pressão do time. — Deixa de ser bobo, você tem grandes chances de vencer. Além disso não vai precisar desfilar em uma passarela. Empertigado, o alfa cruzava os braços sobre a mesa. — Ah é? Como sabe? — Não sabia? Sou a presidente do comitê, a ideia do concurso foi minha. — Sua? — Rindo baixo, Gabriel chegava a conclusão que fazia sentido a ideia ter vindo de uma garota como Sadie. — Mas por que um concurso de beleza? Os meninos do time falaram que não se importam com esse tipo de atividade. — Eu sei que não se importam, na verdade nossa escola nunca promoveu eventos desse tipo. Mas eu precisava dar uma ideia inovadora, o corpo docente queria algo pra fazer o time ficar... Como posso dizer... motivado? — Eles ficaram é desesperados. — Ora essa, não seja pessimista. Vai ser divertido. Além disso... Esse será o último campeonato colegial de Milles, quero que seja inesquecível pra ele. O olhar sereno e familiar de Sadie era uma âncora que fazia Gabriel se lembrar de que ela era apenas uma garota. Mesmo que tentasse seguir tendências como qualquer outra, ou que agisse como uma patricinha de filmes adolescente, não deixava de ser uma garota. Se bem que tendo Milles no time, sempre haverão garotas que aparecerão nos ginásios para torcer pelo time. Mesmo que vão para perto dele apenas para ver o alfa loiro. Contudo, Gabriel não reclamaria dos esforços de Sadie em emocionar o próprio irmão. Nesses momentos ele enxergava uma face doce nela. Estendendo a mão para afagar sua cabeça, o rapaz sorria para Sadie fazendo suas bochechas ganharem um tom rosado. — Seu irmão irá adorar esse presente. Com o sinal findando o intervalo os estudantes retornavam para seus lugares quando o professor entrara em sala de aula. Percebendo o vazio na carteira ao seu lado, Gabriel atentou-se na ausência de Theodore. Checou as horas no celular um tempo depois, concluindo que o ômega estaria, de fato, cabulando uma aula. Varrendo a sala com os olhos, também encontrara a carteira do seu capitão vazia. Os dois estariam cabulando aula juntos? Por quê? O que estariam fazendo então? Cerrando os dedos em punho, Gabriel fechava os olhos quando aquele sentimento tão estranho e inquietante se alastrava dentro de si. Detestava se sentir daquele jeito, como se tivesse força o suficiente para destruir o mundo. Isso sempre acontecia quando aqueles dois estavam juntos de alguma forma. Por que se incomodava tanto? Por que sentia raiva em saber, ou ver, que Theodore e Nicolas estavam juntos? Teria Theodore contado sobre o seu pedido para o capitão? Se tivesse feito, Nicolas iria impedi-los? Não poderia, certo? Não era de sua conta, afinal. À menos que estivesse gostando de Theodore. A sensação estranha aumentara, trazendo um gosto amargo em sua boca. Passara toda a aula imaginando onde raios aqueles dois estariam, e o que poderiam estar fazendo. Nenhuma ideia fora boa o suficiente, pois saber que estão juntos já lhe irritava. Ficara ainda mais irritado quando os dois culpados entraram na sala de aula depois. Gabriel espreitara os olhos acompanhando o ômega ir até sua carteira. Theodore parecia cansado e até mesmo bocejava. Quando se sentou na carteira, tratou de deitar a cabeça parecendo ir dormir. Ora essa... Se os dois estivessem juntos romanticamente, Theodore estaria mais animado, não é mesmo? Ou então Nicolas não era nada estimulante... Observando o capitão do time também deitar a cabeça e dormir, Gabriel formava um leve bico nos lábios. Como poderiam aqueles dois estarem tão sonolentos assim? Se bem que era esperado de Nicolas, mas não diria o mesmo de Theodore. De toda forma era um verdadeiro alívio ter o ômega em seu campo de visão. Mesmo que dormindo. Somente dessa maneira Gabriel pudera se acalmar e voltar a estudar. Com o final das aulas, Gabriel mau tivera tempo de tentar falar com Theodore. Esperando na porta da sua sala estava Milles e Thunder, que o arrastaram para a quadra esportiva onde almoçariam e iniciariam o treino do dia. Sendo abraçado por Milles, percebia que seu novo amigo parecia ter voltado ao humor rotineiro, fazendo suas brincadeiras e distribuindo sorrisos para as garotas. No dia anterior o alfa deixara estampado em seu rosto o quão desconfortável estava com Nicolas. Uma boa noite de sono poderia ter resolvido os seus problemas? Não, Gabriel realmente não sentia que seu amigo deixasse aquele assunto de lado. Mesmo enquanto faziam o primeiro treino, não notara nada de estranho no seu amigo. Até o momento em que o capitão pisara na quadra ofegante. Imediatamente o semblante de Milles se tornara sério sem deixar de fuzilar o baixinho. — Você está bem, Milles? — Algo me incomoda nele. Gabriel ajeitava a barra da camisa dentro do calção escuro enquanto observava o capitão seguir para o vestiário. — O quê? Ele me parece normal, até passou as últimas aulas dormindo como sempre. — Não tem como eu ter me sentido daquele jeito com um beijo de um beta. — Murmurava Milles girando a bola em suas mãos. — Ele é um beta? — Alfa que não é. Milles empurrara a bola contra o peito de Gabriel e lhe dera as costas para entrar na quadra. Nunca havia sentido algum cheiro vindo de Nicolas, o que fazia sentido pensar que sua classe seria beta. Mas poderia um beta se interessar por um ômega? Percebendo o rumo que suas preocupações seguiam, Gabriel olhara em volta sem notar a presença de um certo ômega loiro. E mesmo durante o treino e o almoço, não vira Theodore no ginásio. Desde que trocaram bilhetes nas primeiras aulas o loiro simplesmente desaparecera da sua vista. Teria ficado assustado com o seu pedido? Mas ele havia aceitado o ajudar. Será que se sentira pressionado a dizer sim só pela amizade, ele dissera que gostava da amizade que tinham. Não... Theodore não era o tipo de pessoa que aceitaria fazer algo por pressão. Ele sabia dizer não. Além disso, ele saberia que Gabriel entenderia a sua recusa. Afinal, fora um pedido de ajuda inesperado. Sendo assim, por que não havia olhado para si desde então? Parecendo sempre longe. Como se fugisse... Será que Theodore não estaria no lugar marcado? O nervosismo e ansiedade retornaram com força. Gabriel contava as horas para o treino acabar, recebendo a sorte de o técnico finalizar antes do tempo apenas para explicar sobre o campeonato das eliminatórias que fora decidido. Mesmo recebendo o novo uniforme e a novidade de que seria um titular do time Gabriel não se empolgara. Quer dizer, estava feliz, é claro, mas não se comparava a sua vontade de correr para um certo lugar onde esperaria por um certo alguém. — Saibam que seremos a segunda partida do dia, onde jogaremos contra dois times. Por isso descansem bastante, nada de dormirem até tarde e peçam para suas famílias virem assistir para torcer por nós. — Nos encontraremos aqui na escola? — Sim, já reservamos um ônibus pra nos levar até o ginásio onde acontecerá a partida. Ah, e antes que me esqueça, uma partida será de manhã enquanto a segunda será mais à tarde. Passaremos o dia fora então — O técnico olhara em volta coçando a cabeça — Conversarei com o Moss para planejarmos a dieta de vocês, nada de coca-cola e salgadinhos. — Não quero comer a comida feita por ele, professor! — Então fique com fome, não estamos obrigando a nada — Retalhava Nicolas. — Sempre pronto pra defender a esposa... Nicolas lançara um olhar afiado para Thunder, que se encolhera na direção de Milles e Gabriel. Cutucando o braço do alfa loiro, aproximou-se para sussurrar. — Vai falar nada não? — Por que eu deveria? Empertigado, Thunder choramingava. — Qual é, você não perderia a chance de falar a mesma coisa. — Não fode, Thunder. — Já terminaram de discutir a relação? — Retalhava o técnico ao cruzar os braços já ficando irritado. — Se não quer comer a dieta específica para atletas, então peça para os seus pais prepararem. Os olheiros de times oficiais vão levar em conta esse péssimo hábito seu. Estamos entendidos? Onde está Moss? Precisamos decidir isso logo... — Pode deixar que eu falo com ele depois — Avisava Nicolas. — Deixo contigo, capitão. Descansem molecada. Os jogadores se espreguiçavam e seguiam para o vestiário, Gabriel checava as horas sorrindo satisfeito por estar adiantado para o seu pequeno compromisso. Seguira os seus colegas de time para o vestiário, porém não trocara de roupa. Apenas pegara sua mochila e saíra de fininho antes que notassem sua presença. Esgueirando-se pela escola, encontrara o lugar dito no bilhete. Afastado da bagunça dos atletas no portão da escola, silencioso e fora do alcance das câmeras de segurança. Gabriel olhara em volta questionando o motivo de Theodore conhecer aquele lugar. Havia combinado com Theodore que se veriam depois do treino, e como ele não fora ao ginásio provavelmente não saberia que Gabriel saíra mais cedo. Encostando-se na parede, o alfa suspirava olhando para o céu sentindo o coração batendo acelerado. Quando o visse, como agiria? Começaria conversando pra quebrar o gelo? Ou já deveria ir direto ao que interessa? Não, isso faria o ômega pensar que estava ansioso para fazê-lo. Bagunçando os próprios cabelos, Gabriel suspirava fechando os olhos. Na medida em que a hora marcada se aproximava, mais ele ficava nervoso. Sua barriga estava engraçada também, não chegava a se sentir enjoado... Seriam as famigeradas borboletas? Que desconfortável! Abrindo os olhos lentamente, ficara a encarar o chão buscando amenizar aquelas sensações ansiosas. O horário marcado finalmente chegara, e nada de Theodore. Vez ou outra esticava o pescoço tentando procurar o loiro, sem sucesso algum. Será que ele viria? Ora essa, Theodore poderia fugir ou apenas ter se esquecido. Gabriel seria o único a levar à sério sua curiosidade desrespeitosa. Pelos céus, ficaria frustrado se o ômega não viesse? Não... Ficaria triste. E quando o vento carregara um doce aroma, Gabriel olhara em direção do motivo de seu nervosismo. Ali, parado o encarando com seus belos olhos azulados, estava Theodore. Erguera a mão em um aceno, sorrindo genuinamente feliz por ver o ômega ali. — Você veio! Já estava imaginando que levaria um bolo. Theodore se aproximava de Gabriel lhe dirigindo um sorriso serenos, que fora capaz de relaxar o alfa. Nada mais importava uma vez que ele estava ali. Ele viera, e isso era o suficiente. — Como foi o treino? O alívio que sentira em perceber que Theodore estava normal consigo era, simplesmente, inexplicável. Durante toda a manhã e tarde ficara imaginando que seu amigo teria fugido de si, o evitando e dentre tantas outras coisas. Mas não... Ele estava ali na sua frente dirigindo o seu costumeiro sorriso. — Anunciaram as chaves das partidas e me deram o novo uniforme do time. Então... Estou nervoso. — Agora está nervoso? Uau, pensei que nunca ficaria desse jeito. Ah o riso de Theodore aumentava a alegria de Gabriel. Se outrora estivesse nervoso, ela não existiria mais graças ao ômega. Como se conversassem normalmente, em uma atmosfera gostosa e livre, Gabriel se aproximava do rapaz loiro. — Falar de competir é uma coisa, mas ter uma data definida torna tudo muito real. Mas por que não veio à quadra hoje? Tá tudo bem? A curiosidade falara mais alto do que a razão. Faltara uma aula, dormira na sala e não aparecera no treino. Gabriel estranhara tais comportamentos do ômega. Theodore demorara em responder, parecendo evasivo demais. — Bem, dormi demais. — Está bem mesmo? Difícil te ver dormindo na sala. — Eu sobrevivo. Evasivo novamente, estranhava Gabriel. Definitivamente Theodore parecia escapar de seus dedos. Estava escondendo alguma coisa? Espreitando os olhos, o alfa analisava o ômega sem dizer uma palavra. A única coisa que lhe passava em mente é que se desse um passo errado, aquele loiro fugiria de si. Sem perceber liberara do próprio cheiro para obrigá-lo a ficar ali. Seus instintos estariam conectados com seus pensamentos, mas fora do seu controle. Seus pés se arrastaram para aproximar-se de Theodore, olhando-o nos olhos para que uma conexão fosse realizada. Precisava agir. — Obrigado por vir. Eu sei que pedi algo... Estranho. Mas é importante para mim. Gabriel aproximou-se lentamente de Theodore, como um predador enganado sua presa para garantir sua captura. Todo cuidado era necessário para deixar o ômega confortável, e tornar a situação o menos constrangedora o possível. Todo seu esforço fora por água a baixo quando reconhecera o próprio toque de celular. Sem demonstrar a frustração que sentira, mas considerando a oportunidade ideal para voltar a respirar normalmente, Gabriel fora até a mochila largada pegar o dito aparelho. Agachado perto da parede olhando o aparelho, Gabriel se surpreendia com a mensagem de Milles.   “Te dei cobertura, fica me devendo ;)”   Como assim dera cobertura? Cerrando as sobrancelhas, Gabriel fitava a tela do celular em plena confusão. Um estalo causara uma onda de arrepios em sua espinha. Não haveria chance alguma de Milles saber o que ele estava prestes a fazer com Theodore... Ou saberia? Se estava dando cobertura, isso quer dizer que alguém do time estaria o procurando? Quem? Por quê? Pelos céus, a intenção era ninguém descobrir... Preso em seus próprios pensamentos, Gabriel fora incapaz de perceber um certo ômega se aproximar. Só notara sua presença quando o intenso cheiro adocicado começara a lhe roubar a atenção. Um cheiro gostoso e viciante, da qual Gabriel imediatamente reconhecera pertencer a Theodore. Mal tivera tempo de reagir, pois Theodore já estava ali agachado na sua frente segurando sua nuca com força e unindo seus lábios em um selar demorado. A surpresa mesclava com as sensações viciantes do cheiro do ômega, e Gabriel não conseguia organizar seus pensamentos naques míseros segundos. Muita informação. Muitas sensações. Seu corpo começava a reagir, pedindo por mais. E então o toque se findou, Theodore afastou-se mantendo uma distância emocional entre eles. — Espero que seja o suficiente pra te ajudar. Theodore levantou e se afastou de Gabriel, o fazendo pensar em uma única coisa. Ainda não. Não queria que ele fosse embora. Aquele selar não era o suficiente. Infelizmente havia um alfa entorpecido por um cheiro delicioso, necessitando dominar um ômega que ganhara sua atenção desde o primeiro dia em que se viram em frente à loja de uniformes. Um alfa que precisava de mais do que um simples selar, pois já não aguentava mais ser reprimido. Levantando-se apressadamente, Gabriel segurara o pulso de Theodore o impedindo de ir embora. — Espera, Theodore. — O que foi? Como ele poderia parecer tão calmo? Como poderia Theodore não sentir o que Gabriel sentia? Estava um caos! O alfa sequer era capaz de manter suas necessidades escondidas, o desejo transbordava de seus olhos e seu coração batia desenfreado. Havia sido beijado por Theodore, logicamente era o que pedira em seu bilhete mais cedo. A história terminaria ali mesmo, se não fosse pela maldita necessidade. Necessidade de querer mais. Gabriel já não era capaz de pensar logicamente. Não naquele momento. Não enquanto Theodore estava na sua frente. Talvez fosse por isso que seus instintos tomaram as rédeas para manter um ômega sob seu controle. O segundo beijo fora dado por Gabriel, e diferente de antes não permitira que Theodore tivesse quaisquer chances de fugir. Mostraria a ele o que tanto precisava naquele momento. Mantivera um toque gentil para conquistá-lo, e dera certo quando sentira os lábios de Theodore dançarem sobre os seus retribuindo o beijo. A sintonia com que compartilhavam era viciante, Gabriel conseguia sentir muito mais do que já sentira antes. Havia ficado com várias garotas, desde betas até alfas. Em nenhum momento fora capaz de sentir o coração delas pulsarem com tanta transparência. Muito menos de seu cheiro envolver a outra parte para mantê-lo sob seu controle. Ou então de sentir necessidade em tocar sua pele para senti-lo ali consigo. Apenas sentia tudo isso naquele momento com Theodore. Seus dedos precisavam sentir a quentura da pele do ômega. Seu corpo chamava por ele, implorando para que se mantivessem unidos. O beijo ganhava força na medida em que os desejos cresciam. O doce momento fora atrapalhado pela segunda vez graças a um celular. Dessa vez, era de Theodore. Ouvindo sua voz falar com a pessoa do outro lado da linha trouxera a consciência de volta para o alfa. Gabriel não fora capaz de se despedir de Theodore, não quando o nome de uma garota saíra da boca dele. Entorpecido pelo beijo e pelo ciúme, Gabriel via o loiro lhe dar as costas e ir embora.   「 • • • 」   “Milles diz: Teve a resposta que queria?   Gabriel diz: Como assim?   Milles diz: Não tente me fazer de b***a. Sabe muito bem do que estou falando.   Gabriel diz: Como tu sabia?   Milles diz: Acabei seguindo o baixinho quando ele seguia a loira do banheiro. Quando vi que tu tava perto, arrastei ele pra longe.”   Gabriel se encostava na cadeira em frente ao computador, suspirando pesadamente. Não se sentia confiante em conversar sobre o assunto com Milles, já que era ele quem provocava Theodore. Ao mesmo tempo era o único que poderia conversar, já que ele fora beijado por Nicolas e fora sincero consigo no dia anterior. Precisava conversar com alguém ao mesmo tempo que queria refletir mais sobre suas emoções. Ajeitando-se na cadeira, o alfa tornara a digitar no chat.   “Gabriel diz: Não sei dizer se tive a resposta que eu queria Mas acho que te entendo agora   Milles está digitando...   Milles diz: Faço a mesmo pergunta que me fez, então Como foi ser beijado por outro garoto?”   O alfa encarava o monitor lembrando-se de mais cedo. Theodore tinha razão quando dizia que não era diferente de beijar uma garota, mas ao mesmo tempo existia uma grande diferença baseada no mísero detalhe. Um detalhe que Gabriel admitira rapidamente apesar de seu espanto. Ele desejava Theodore. Ou ao menos, desejava beijá-lo outra vez. Theodore tinha lábios doces que se encaixaram perfeitamente aos seus. Permitira ser dominado por Gabriel, tornando o momento simplesmente inesquecível. Mesmo depois do ômega ter ido embora, o alfa não conseguia apaziguar seu corpo. Ele simplesmente pegara fogo. Gabriel fora incapaz de ir para casa logo depois daquele encontro secreto. Seu sangue pulsava em um pedido gritante para mais. Precisava de mais, muito mais. Sentia nas pontas dos dedos a maciez da pele de Theodore e suas veias pulsantes. Sentia em suas bochechas a respiração quente e levemente afobada que ele tivera quando retribuíra ao seu beijo. Seus lábios memorizaram cada movimento, assim como sua língua guardara seu gosto. Percebendo o rumo de seus pensamentos, Gabriel correra para o vestiário a fim de tomar uma ducha para se acalmar. Se continuasse daquele jeito seria impossível chegar em casa sem uma ereção, e seus pais poderiam já estar em casa. Mas quando a porta do box se fechou, o chuveiro fora ligado e seus se fecharam, as memórias não só mantiveram as sensações daquela tarde como resgatara o momento em que abraçara o corpo de Theodore pela primeira vez. O castigo fora tanto que a ereção crescia de acordo com o seu desejo, e Gabriel se tornara fraco. Masturbara-se abraçado às memórias de sensações, sendo guiado pelo beijo de mais cedo imaginando como seria dominar aquele ômega. Não contivera seus gemidos e muito menos deixara de chamar o nome de um certo rapaz loiro. Tocou-se prazerosamente entregue. Agora que lembrava-se disso, Gabriel tinha muito mais dúvidas do que antes. Balançando a cabeça para afastar o constrangimento, tornou a digitar respondendo o seu amigo.   “Gabriel diz: Um caminho sem volta   Milles está digitando... Milles está digitando...   Milles diz: Somos dois”
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