Influência de Milles

4668 Words
Nicolas entrelaçava seus dedos aos de Theodore mantendo-as debaixo de seu moletom. Seu sorriso débil alargara quando o seu time perdera um ponto sem que o bloqueio parecesse atento ao ataque. — Ei seus moleques, foca no maldito jogo! — Gritava o técnico irritado. Os dois alfas estavam completamente desestabilizados por prestarem atenção no que Nicolas fazia com a mão de Theodore. Não seria necessário fingir estar sendo masturbado, apenas a mão de seu amigo em um lugar não visível seria o suficiente para provocar. Milles encarava o capitão respirando fortemente mesmo estando na rede. O alfa não liderou o time como deveria fazer, deixando seus colegas completamente perdidos e por conta na quadra. Nicolas arqueava a sobrancelha saboreando cada vez mais o prazer de ver Milles furioso. Mesmo que não soubesse o motivo de sua fúria. — Nico o que está fazendo? O capitão não parecera escutar seu melhor amigo, já que não desgrudava os olhos de Milles e Gabriel os provocando. Fazendo uma carícia na mão de Theodore, queria que o seu moletom se movimentasse de um jeito estranho. Ah, como era saboroso ver aquela expressão de surpresa e repugnância naqueles dois. Definitivamente era a melhor coisa. Sua movimentação causara desconforto nítido nos dois na quadra. Eles se embananavam na quadra na tentativa frustrada de prestar atenção no maldito jogo, sendo que seus olhos sempre voltavam para o que acontecia no banco. Era como se não quisessem perder um detalhe entre os dois ômegas. Na medida em que Nicolas via o público reagir a sua pequena peça de teatro, maior era sua ganância em arrancar mais do que já tinha conquistado. — Ei Theo, meu cheiro já diminuiu? Theodore franzia a testa aproximando do amigo para cheirá-lo. Sem sentir nada de longe, encostara a ponta do nariz em seu pescoço aspirando seu cheiro. Como poderiam aqueles adesivos serem tão eficazes em questão de segundos? Theodore estava genuinamente surpreso. — Diminuiu, está sentindo alguma coisa? Nicolas negara com a cabeça no mesmo instante em que o árbitro apitara o final do primeiro set. Os jogadores deixaram a quadra indo para os bancos, sendo que Gabriel vinha em direção dos dois ômegas com o rosto fechado furiosamente. Diferente de Milles que permanecera na quadra com os olhos envidraçados na direção do banco. Oh até que ponto o garoto novo iria manter a máscara de bom moço? Nicolas sabia que seu melhor amigo estava sendo sincero com seus sentimentos, mas não diria o mesmo de Gabriel. Ainda suspeitava de suas intenções, por isso o provocaria por mais tempo. Os demais jogadores se aglomeraram em volta do técnico para beberem água e enxugar o suor, descansando ouvindo os resmungos do técnico. Gabriel parou diante de Nicolas o fitando com aquele olhar gélido, sem dizer absolutamente nada. — O que foi? Há algum problema? — Questionava Nicolas com seu sorriso debochado para o alfa. — O que pensa que está fazendo? Nicolas olhara em volta fingindo inocência quando voltara a encarar o jogador. — Sentado no banco assistindo a sua jogada patética. O que mais poderia estar fazendo? — Solte ele. — Rosnava Gabriel entredentes. — Me obrigue. A segunda presença de um alfa chegara por trás de Gabriel. Só de sentir sua proximidade o corpo todo de Nicolas tremera, e Theodore olhara para o amigo disfarçadamente apertando sua mão debaixo do moletom. Adesivos, cumpram a sua missão. De forma alguma Nicolas queria sentir daquela maneira só de saber que Milles estaria por perto. Alma gêmea? Declarar aquele alfa como seu? Só por cima do seu cadáver! Por que jogaria para o alto o prazer de ver aquele mauricinho tão despedaçado por causa de uma f**a? Nicolas não estava disposto a abrir mão do seu jogo, que era mais valioso naquele momento. Milles tinha uma expressão similar a de Gabriel, causando arrepios na espinha do capitão baixinho. Mesmo que seu corpo reagisse, Nicolas mantinha a expressão inocente em seu rosto sustentando o olhar gélido daqueles dois. De maneira alguma iria dar para trás. — Ei Mckenzie! Deveria estar focado no time, que vergonha foi aquela na quadra? Era pra isso que queria ser o capitão? — Ralhava o técnico sem receber atenção de volta. Bufando irritadiço, o técnico deixava as mão sobre a cintura. — Howard, entre na quadra e vire o jogo. — Sim senhor. — Respondia o baixinho sem desviar os olhos dos alfas. Exatamente! Nicolas era alguém indispensável não importasse o assunto. Aqueles dois não se livrariam facilmente dele. Só entregaria seu amigo quando tivesse certeza de que a felicidade lhe seria concedida, do contrário o manteria debaixo de suas asas. E quando ao alfa loiro... Bem, era outra história. Enquanto o time escutava atentamente as instruções do seu técnico, os dois alfas se mantiveram na frente dos ômegas fitando o maldito moletom. Queriam tirar para saber o que estava acontecendo? Nicolas apostava que sim. Não faziam a menor ideia do que acontecia debaixo daquele moletom, mas era o suficiente para deixá-los naquele estado de fúria. Oh céus, alguém segura Nicolas Howard, porque ele queria aumentar o problema. — Por que estão parados aqui? Deveriam estar junto com os demais. A alfinetada do capitão fora como uma faca nos ouvidos de Milles, que dera um passo ameaçador em sua direção. — Está tirando com a minha cara seu tampinha descarado? Quem você pensa que é pra me provocar? — Te provocar? — Nicolas soltara um riso debochado — Recolha-se na sua insignificância, estou provocando outra pessoa. Nicolas inclinou a cabeça na direção de Gabriel, que engolira em seco soltando um suspiro alto. Theodore assistia aquela discussão sem ousar dizer uma palavra, porém teve de soltar a mão de seu amigo e retirá-la do moletom pegando o mesmo para dobrá-lo depois de ouvir o chamado do técnico. Gabriel e Milles arregalavam os olhos ao notarem o mísero detalhe do calção de Nicolas estar desarrumado. O capitão seguira os olhos dos dois sorrindo ao se levantar e ajeitar a camisa dentro do calção, escondendo seus adesivos. Estavam realmente pensando que os dois ômegas estariam fazendo aquilo em um lugar como aquele? — Agora estou mais calmo, valeu Theo. — Vê se vira esse placar. A indiferença do ômega loiro emputecera Gabriel, que revirou os olhos bufando alto antes de encarar o rapaz loiro. — Mais calmo? Que merda é essa, Theodore? Gabriel espreitava os olhos com mágoa para o ômega loiro, e a situação entre os dois poderia ficar abalada. Isso deixaria Theodore magoado, claro que o baixinho sabia disso. Por esse motivo ele peitara Gabriel mesmo com a enorme diferença de suas alturas, agarrando sua regata o obrigando a se abaixar. Até que ponto Gabriel estava disposto a ir por Theodore? — Pode ter ficado com o meu amigo, mas eu não vou entregar Theo para gente como você. Porque você já tem alguém que alimente a sua fome. — Com todo respeito, capitão, isso não é da sua conta. — Ooh, isso quer dizer que irá assumir que gosta dele? Você teria essa coragem? Baseado no que vi no almoço, duvido muito que você tenha culhão. Gabriel umedecia os lábios com a língua irritado. Então ele perderia sua pose de garoto gentil? Sua intuição estaria certa em avisar que o aluno novo era podre? Imaginava que sim. No entanto o alfa moreno o forçara soltar sua blusa e fora se sentar ao lado de Theodore pegando sua água para beber. — Não há nada entre mim e Sadie, já disse isso mil vezes. Abrindo um sorriso ladino, Nicolas arqueava a sobrancelha em uma postura prepotente. — Esse não é o momento pra discutir sobre isso. — Pontuava Theodore, olhando para Gabriel com toda sua doçura — Não se deixe ser provocado por Nico, ele está irritado por causa da torcida. Milles virara a cabeça para as arquibancadas tendo diversos pares de olhos sobre seus ombros atentamente. Deixando as mãos sobre a cintura o alfa baixava a cabeça soltando um suspiro cansado. O árbitro retomava seu lugar e logo chamara os jogadores para a quadra. Nicolas avisava da substituição e se posicionara quando Milles aproximou de si segurando seu pulso. — Qual é a sua, nanico? Provocando o Gabriel desse jeito só por ciúmes? — Sou um cara bem ciumento principalmente quando não confio no cara novo. — Gabriel está sendo sério com o seu amigo. Não atrapalhe ele. — Irei atrapalhar qualquer um que não seja digno de minha confiança. Ou será que você esqueceu que o inferno que Theodore vive foi causado por sua família? — Se tem problemas comigo resolva comigo, capitão. Todo o semblante de Nicolas se tornara obscuro e frio, puxando seu braço para se livrar de Milles. — Muito bem. Já que quer tanto a minha atenção, a darei pra você. A discussão não continuou por muito, o árbitro logo apitava dando início ao segundo set. — Howard, lembre que eles estão mirando em você. — Gritava o técnico dos bancos. A bola fora erguida e o rally dera início. Estando na sua posição de capitão, Nicolas liderava os demais jogadores sem desgrudar o foco daquela esfera. A defesa do time conseguia fazer um bom trabalho evitando que a bola tocasse o chão marcando pontos. Nicolas, por outro lado, fizera uso de sua altura para criar uma finta e marcar o primeiro ponto. — Mantenham o maldito foco! A bola fora sacada para o outro lado e outro rally começara. Os rapazes na rede erguiam os braços criando o bloqueio tentando ler os movimentos do adversário. Milles esticara o braço para o lado impedindo que a sua a******a fosse usada pelo atacante. O bloqueio fora bem sucedido e assim o segundo ponto fora garantido. O segundo set trouxera sorte para o time de Nicolas, que conseguira garantir um placar avantajado sem dar brechas ao adversário. E assim como haviam imaginado no primeiro set, eles começaram a jogar com mais garra por Nicolas estar em quadra. Nicolas suava com seus cabelos grudados no rosto, completamente focado nas jogadas. Quando finalmente o rodízio o colocara na rede, usara e abusara de seu ataque rápido tendo de trabalhar junto com Gabriel. O ponto positivo era que o alfa moreno deixara sua briga para fora da quadra, cooperando com seu capitão pacientemente. Usando tanta energia em quadra para pular além de sua altura, Nicolas já estava ofegando cansado na metade da partida. Enxugava o suor com o dorso da mão, sentindo sua pele ser pinicada pelos adesivos que injetavam os feromônios em seu corpo. Estaria esgotado antes do tempo por causa dos adesivo? Os jogadores faziam a sua melhor performance para manter a vitória do segundo set. No entanto, apenas Milles percebia à tempo quando os adversários miravam em Nicolas. Seus ataques rápidos começaram a ficar mais lentos na medida em que o set chegava ao seu final. Sem que o capitão notasse, Milles o acobertava lançando olhares para os demais jogadores os instruindo em campo. Todo o time funcionou como uma engrenagem que protegia seu capitão e o impediam de correr pela quadra com seus ataques rápidos. Os poucos segundos que tinha de descanso era o suficiente para Nicolas respirar fundo e garantir a energia necessária para marcar pontos. Já o time adversário não conseguia ler os jogadores como fizeram no primeiro set. Faltava apenas um ponto para encerrar. Fora Thunder quem fizera o ponto da vitória, celebrando junto dos demais com o apito do árbitro. Nicolas fora o único a ficar de fora apoiando-se nos próprios joelhos. Seu corpo estava lento pedindo por descanso, e tudo o que poderia fazer era direcionar um olhar para o seu melhor amigo. A troca de olhares entre eles fora significativa, Theodore fora a seu encontro o arrastar até os bancos o forçando a se sentar. Deu-lhe a toalha e a água, aproveitando para massagear suas panturrilhas. — O que está acontecendo? Por que ficou mais lento? — Os adesivos, deve ser efeito. — Ofegava Nicolas depois de beber um grande gole da água. — Não vai ser nada bom se eles perceberem isso. — Não perceberam, Milles te encobriu. — O quê? Theodore mirou as pérolas azuladas ao amigo e sorriu para si. Um sorriso que obrigara o capitão a lembrar de sua conversa no almoço, o fazendo franzir o nariz em uma careta. A última coisa que gostaria de lembrar era de ter admitido aquilo. — De qualquer forma, se os adesivos estão fazendo efeito agora, então irá prejudicar seu jogo. Isso nunca aconteceu antes. Claro que nunca havia acontecido antes, porque seu corpo já não era o mesmo desde o momento em que beijara Milles. Agora nem mesmo os adesivos seriam capazes de conter seus instintos de ômega. Se ele estava cansado daquele jeito, logo seu cheiro escaparia e sua consciência estaria perdida. — Culpa daquele maldito! — Resmungava Nicolas jogando a garrafa no chão, bagunçando seus cabelos irritado. Gabriel se sentou ao lado de Nicolas ofegando de cansaço. Percebendo que o capitão não parecia feliz como os demais colegas de time, lançara um olhar inquisidor para Theodore, que por sua vez apenas negara com a cabeça. Não seria o momento ideal para discutirem qualquer assunto que não fosse a partida. — Tá sentindo as pernas dormentes ainda? — Eu to bem. — Sabe que o técnico pode te substituir. — É o terceiro set que irá decidir quem vai vai para a próxima rodada. Se perdermos seremos desclassificados. — Olha, eu posso não ser de sua confiança, da mesma forma que eu detesto quando está perto do Theodore — Confessava Gabriel baixinho, encarando seu capitão sem tremer com seus olhos cansados e furiosos — Mas dentro da quadra você tem o meu apoio. — Tá querendo me motivar é? — Você é o capitão. Se quiser me dar uma lição de moral sobre alguma coisa, terá de vencer essa partida contando com cada jogador do seu time. Gabriel deixara alguns tapinhas no ombro de Nicolas e se levantara indo até os seus colegas, não deixando de passar por Theodore afagando-lhe os cabelos loiros. Percebendo que seu amigo ficara completamente avermelhado, e o sorriso bobo nascia em seu rosto, Nicolas soltara um riso. — Veja só como fica todo feliz por causa de um bosta como ele. — Olha a boca Nico. — Ria Theodore continuando com a massagem na panturrilha do amigo. — Agora sabe que ele é uma boa pessoa. Para o último set decisivo, Nicolas retornara à quadra respirando fundo. Fechava os olhos por um instante sentindo cada músculo de seu corpo. Nenhum doía, estavam em bom estado. Conseguia mover suas pernas e braços, mas sua cabeça parecia pesada demais. Havia o desejo de deitar e dormir por longas horas. Seus olhos pesavam toneladas querendo permanecer fechados. O peso de sua cabeça era tanto que ela tombava para trás, se escorando em alguma coisa dura. Não estava na quadra? Então de onde era aquela parede? Teriam suas pernas caminhado para algum canto sem que percebesse? Não, impossível. O estranhamento se fora quando um cheiro forte lhe envolvera. Um aroma gostoso e viciante que Nicolas costumava sentir quando entrava no vestiário da escola. O cheiro de um alfa. Mais precisamente, de Milles. Prestes a erguer a cabeça e abrir os olhos, sentira uma mão quente cobrir seus olhos impedindo seu afastamento. — O que pensa estar fazendo, grandalhão? — Como sabe que sou eu se estava com os olhos fechados? A voz de Milles era brincalhona e baixa, como se sussurrasse apenas para si. O corpo de Nicolas reagira fazendo seu sangue pulsar cada vez mais rápido, tendo seus pulmões puxando o ar para sentir aquele cheiro profundamente. — Teu cheiro. — Admitira baixinho sem perceber. Milles arregalava os olhos para o capitão, engolindo em seco tentando manter sua própria sanidade. Seu corpo esquentava só de ter a cabeça do capitão apoiada em sua barriga, e sua mão tocando seu rosto. Era o mais próximo que conseguia estar em um momento daqueles. — Consegue jogar nesse estado? Apenas responda sim ou não. Nicolas ponderou e não respondeu. Diria sim se ele não tivesse lhe envolvido com o cheiro, sendo uma certeza que se esvaíra em segundos. Mas quem queria enganar? Theodore dissera que Milles o acobertara no set anterior, isso significa que ele percebeu sua lentidão. Seria questão de tempo que o outro time também notasse. — Não. — Era o que eu precisava saber. Tirando a mão do rosto de Nicolas, vira seu capitão ajeitar a postura e olhá-lo desconfiado. — Por que queria saber isso? — Pra vencer, é claro. Os jogadores se posicionavam na quadra mais uma vez, e o apito para o terceiro set iniciara. Nicolas se mantinha calmamente na quadra respirando fundo esperando sua hora de agir. Quando finalmente correra pela quadra, suas pernas responderam além do esperado. Seus músculos pareciam mais leves e ágeis. Conseguira saltar ainda mais alto na hora de fazer seu corte e garantir o primeiro ponto. A leveza mesclara com a velocidade, e até mesmo seus colegas de time pareciam embasbacados. E a mesma proeza parecera se repetir ao longo do set, que seguia empatado. Nicolas percebia que seu corpo reagia diferente desde o momento em que sentira o cheiro de Milles antes da partida. Opa... Farejando o ar Nicolas se dava conta. Milles estava sempre por perto de Nicolas, fazendo seu cheiro cercar apenas o ômega. A influência daquele alfa ficava intenso nos momentos em que o capitão atacava para marcar pontos, como se abrisse espaço para o seu momento de brilhar. O que mais surpreendia Nicolas era que seu corpo aceitara aquilo com naturalidade. Reagia exatamente como aquele alfa queria. Se Milles tivesse mordido Nicolas e gerado a conexão entre eles, o efeito seria bastante similar. Um influenciaria o outro com sua conexão. Mas eles não tinham esse tipo de relação, então como aquele alfa era capaz de mexer tanto com ele? Apesar de ser algo confuso e enjoativo para Nicolas, não reclamara. Continuou a fazer o seu jogo na quadra abusando da leveza em suas pernas para aumentar sua velocidade habitual para marcar pontos e garantir dois pontos na frente do placar geral. Gabriel recebera a bola do líbero e levantara para Nicolas. O capitão encarava o bloqueio que o seguia ritmicamente sem desgrudar. Mudando a forma como seus pés se apoiavam no chão, o capitão conseguira saltar o mais alto que conseguia e aproveitar o ponto alto da bola para cortar. O seu salto fora tão esplendoroso que mais uma vez ele ganhava atenção. Depois de longos minutos de uma partida acirrada, Nicolas garantira a vitória e a classificação de sua escola. 「 • • • 」 Enquanto o time usava os vestiários para se banharem e se prepararem para retornar ao ônibus, Nicolas fora o único que permanecera no lado de fora esperando. Os adesivos já não faziam mais efeito. — É melhor voltar comigo, se não poderá dar problemas no ônibus. — Tem razão. Pode avisar ao técnico por mim? — Que desculpa devo dar? — A de sempre, que o cansaço me deixou mau humorado e quero dormir. Theodore rira do amigo lhe dando um afago nos ombros. — Vou ligar pra minha mãe e te encontro lá na frente. Assentindo para o seu melhor amigo, Nicolas acenara para ele. Pouco tempo depois da saída do ômega, Gabriel saíra do vestiário com seu moletom escuro e a bolsa esportiva. Os dois se entreolhavam sem dizer uma palavra, gerando uma tensão entre eles. O dia tinha sido corrido e cheio de emoções para aqueles quatro híbridos, e Nicolas já estava com preguiça de tocar no assunto. — Eu queria pedir desculpas. — Começara Gabriel, surpreendendo o seu capitão que o olhara com seus olhos cansados — Pelo o que disse antes. Eu sei que é preocupado com Theodore pelo o que aconteceu ano passado. — Ele te contou? Sobre Jake? Nicolas espreitara os olhos ao ver a careta de Gabriel quando o nome do outro alfa fora mencionado. — Não muitos detalhes, mas sei por cima. É compreensível que seja arisco, mas não consigo controlar. Precisaria tocar naquele assunto novamente? Já estava ficando repetitivo. Mesmo tendo avisado Theodore dos problemas que poderia ter só por gostar de Gabriel, ele continuou sendo fiel ao que sentia e até ficou com o alfa. Não adiantaria dizer mais nada quando seu melhor amigo parecia decidido sobre o caminho que queria seguir. Só deveria estar do seu lado. — Não vou impedir Theodore de ficar com você. Mas se eu souber que o fez chorar, farei questão de fazê-lo cuspir sangue na frente do mundo. — É justo. — Sorria Gabriel — Não tenho nenhuma intenção de zombar de Theodore. Não sou esse tipo de pessoa. — Seus amigos são, e são eles que me preocupam. Farei a mesma pergunta que fiz à Theodore... — Nicolas se desencostou da parede olhando diretamente para o alfa. — Se alguém descobrir sobre vocês o que pretendem fazer? — Eu ainda estou tentando entender o que estou sentindo... Queria xingá-lo e ser debochado, fazer aquele garoto ficar longe de Theodore. Como poderia ele ter beijado seu amigo sem ter ideia do que sentia? Era algum tipo de brincadeira? Mas havia combinado consigo mesmo que não iria impedi-los mais. Mesmo que isso o irritasse. — Que seja. Theodore foi lá pra frente, avise ele que logo chego. Virando as costas para Gabriel, o capitão entrara no vestiário quando ninguém mais saiu de lá. Imaginara que todos os jogadores já teriam ido para o ônibus, e o silêncio no local corroborava. Escolhendo um armário para guardar seus pertences em última hora, Nicolas se despira retirando os adesivos e enrolando a toalha em sua cintura. Fora para uma ducha livre e trancara a porta conseguindo se banhar calmamente. Com a água quente batendo em seu corpo, todos os músculos relaxaram e então começaram a doer. O cheiro de Milles no último set o esforçara além de suas capacidades, não sendo estranho seu corpo reclamar daquela maneira. Ainda assim era incomodo sentir dores. Enrolara-se no banho dando tempo para seu amigo aproveitar o seu ficante. De qualquer forma a água quente era o melhor lugar para um corpo dolorido como seu, e Nicolas queria aproveitar bem. Mas depois de longos minutos, precisou sair do box enrolado na toalha. Quando vestira a boxer e a calça de moletom, Nicolas fora surpreendido por uma voz vinda atrás de si. — Que marcas são essas, capitão? Virando-se bruscamente contra os armários, puxando a blusa para cobrir seu corpo desnudo, Nicolas fitava Milles encostado de braços cruzados com um sorriso ladino. — Que p***a é essa, Milles? Quer me matar do coração? — Não sentiu minha presença? Normalmente você é bem arisco. Franzindo a testa, Nicolas se repreendia em mente por não ter notado sua presença. Teriam os adesivos afetado até seus sentidos? O capitão se desencostou do armário prestando atenção em sua camisa a vestindo. — Deveria estar junto com os outros para ir no ônibus, o que faz aqui me seguindo? — Eu estava indo, mas senti um cheiro bom que tive de seguir. Mais uma vez o corpo de Nicolas enrijecera. Cheiro? Bom? Para um alfa sentir um cheiro bom seria de um ômega, certo? Isso significa que seu cheiro estava escapando? — Suas cocotinhas estão lá fora, não aqui dentro. — Não são delas. — Milles desencostara da parede aproximando do capitão farejando o ar — Está vindo de você. Nicolas engolira em seco sem coragem de olhar o alfa. Propositalmente Milles exalava seu típico aroma para sobrejulgar um ômega. Os instintos outrora calados ressurgiam berrando desesperados na mente de Nicolas, desejando puxar aquele alfa. Queria ir contra seus desejos insanos. Bastasse pegar suas coisas e sair daquele maldito lugar. No entanto estava cansado demais, não tinha forças para mais nada. Queria apenas dormir por horas à fio. Seu corpo doía. A mão fina e comprida fora até a camisa do alfa, fechando os dedos ali. No instante em que sentira o tecido grosso, Nicolas se dava conta de que sua fraqueza estava dando a******a para seus instintos. E Milles sorria como um verdadeiro vencedor daquele pequeno embate. Antes que fosse descoberto, empurrara Milles o obrigando a dar alguns passos para trás. — Vaza, não to com paciência pra suas brincadeiras. Seu pulso fora segurado por Milles, que o prendera contra os armários segurando firme seu corpo. Nicolas erguera os olhos escuros para o rosto do alfa que estava tão perto de si, farejando o ar. Droga, não queria ser descoberto daquela forma, muito menos por aquela pessoa. — Você se sentiu bem naquela hora, não é? — Sussurrava um alfa com suas pupilas dilatadas na medida em que sentia mais daquele aroma vindo de Nicolas. — Seu corpo reagiu bem ao meu cheiro, não é capitão? — Não viaja, Milles. — Eu consigo sentir na ponta dos meus dedos o seu sangue pulsando forte nesse momento. A ponta do nariz de Milles fora de encontro à curva do pescoço de Nicolas, onde aspirou profundamente o aroma. Aquele cheiro doce vinha dele, não tinha erro. Nicolas fechava os olhos em desespero pra manter seus instintos no lugar. Não cederia. Não era ele. Milles não era sua alma gêmea. De maneira alguma seria ele! “Seu ômega”. Calado! “É o ômega desse alfa”. — Gosto desse cheiro, por acaso está me desejando capitão? — Cala a boca. — Está dizendo isso com essa cara? — Ria Milles segurando a cintura de Nicolas encostando seus corpos por completo. — Se não está me desejando, então abra os olhos e me diga na cara. Fora difícil de abrir os olhos quando se sabe que os instintos estão querendo aquele alfa. Mas Nicolas não queria ser visto como fraco, e muito menos ser descoberto. Seu orgulho o fizera abrir os olhos e encarar as pupilas dilatas do alfa. — Bom garoto. A risada maliciosa de Milles irritara Nicolas, tentando o empurrar para afastar o alfa. A distância não mudara, e muito menos a força fora reduzida. Nem o desejo de um ômega e de um alfa. — Eu não sinto nada por você, Milles. Apesar das palavras espinhosas de Nicolas, o alfa não se abalara. O cheiro do ômega se intensificara quando os dedos de Milles se afundaram em sua carne o puxando fortemente, tendo seus lábios roçados um no outro. Naquele mísero e infame contato, ambos perderam suas consciências. Apenas instintos de um alfa e de um ômega controlavam seus corpos. Se restava algum pudor neles, fora belamente ignorado quando Milles beijara a boca de Nicolas com sede. Seus lábios ansiavam desesperadamente os do seu capitão, movendo-se agressivamente. Principalmente quando Nicolas retribuíra ao beijo. Milles passeara a ponta da língua por entre os lábios de Nicolas, e a a******a dada fora o suficiente para aprofundar o ósculo. A boca do seu capitão era quente e úmida, um tanto quanto pequenina, mas deliciosa. Na medida em que suas línguas travavam uma árdua batalha, arrepios passavam pela espinha de Milles. O ômega mau sabia como reagir ao imenso mar de sensações que seu corpo experimentava. Aquele alfa parecia mais experiente fazendo questão de lhe guiar naquela brincadeira maldosa. As mãos se agarravam à camisa branca do alfa, sem saber se o afastaria ou se puxava para mais perto. Sentira as mãos quentes de Milles tocarem a suas costas por debaixo da camisa recém vestida. Seu corpo estava quente e com os dígitos do alfa parecia pegar fogo. Nicolas estava perdido naquelas sensações tão gostosas, mesmo quando Milles desfizera do beijo afastando-se para olhá-lo com um sorriso largo no rosto. Uma das mãos deixara o corpo quente do ômega para tocar-lhe a face. O polegar deslizara sobre o lábio inferior úmido e inchado, limpando a saliva. — Se fizer essa carinha, capitão, não conseguirei me conter. Mesmo sem forças para retrucar, Nicolas chegara a uma conclusão. Milles era um demônio.
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