Decisões pós partida

3605 Words
Que domingo intenso! Quando acordara naquele dia, Gabriel esperava ficar nervoso por conta das partidas oficiais que disputaria pela primeira vez. No entanto, o universo parece ter conspirado para que o jogo fosse o menor de seus problemas. Admitia que estava gostando de Theodore, principalmente depois do encontro secreto após a primeira partida. Odiava ter Nicolas sempre tocando o ômega loiro, criando uma defesa para repudiar sua aproximação. Justamente ele que se encontrava necessitado de sentir aquela sensação mais uma vez. A forma como abordara o loiro fora completamente desesperadora, porém eficaz. Enfim tivera a resposta de Theodore sobre o que achava dele, se o desejava. Seu coração quase pulara fora do peito tamanha a sua felicidade. E o cheiro de Theodore? Pelos céus, que viciante! Depois de sair do vestiário, Gabriel tinha certeza de uma coisa apenas. Deveria ver Theodore. Queria saber o que seriam daqueles dois após aquele conturbado domingo. Iriam ficar juntos? O que esperavam um do outro? Seria a primeira vez que o alfa pensava seriamente em alguém, e isso o deixava ansioso em demasia. Correndo pelos corredores alcançando a saída, seus olhos buscavam a cabeleira loira a encontrando sozinho perto de algumas árvores. Um sorriso brotara nos lábios de Gabriel, que correra em direção de Theodore, ansiando por vê-lo. Quando sua presença fora sentida, o ômega virou a cabeça em sua direção com surpresa. — Gabriel, por que estava correndo? — Já está indo embora? Theodore arqueava a sobrancelha ajeitando a bolsa sobre os ombros. — Minha mãe vai demorar um pouco inda, e estou esperando Nico... Por quê? — Podemos conversar? — Claro. Gabriel segurou a mão de Theodore e o puxara para o jardim do ginásio. As árvores folhosas e os arbustos arranjados para criar uma paisagem bonita para turistas servira como um excelente esconderijo para aqueles dois garotos. Theodore parecera receoso em estar longe dos olhos curiosos, por isso Gabriel esboçara um sorriso terno para lhe acalmar. Não faria nenhum m*l à ele, apenas queria privacidade para um assunto que dizia à respeito somente a eles. Ninguém mais teria o direito de escutar. — Eu queria entender o que aconteceu na segunda partida. — Theodore franzira a testa em confusão, tendo Gabriel respirar fundo para ser mais preciso — Quando olhei pro banco me deu a impressão de que você estava... Com o Nicolas... Imediatamente as bochechas de Theodore ficaram vermelhas, seus olhos esbugalharam em vergonha. — Mas é claro que não! Por que raios eu faria aquilo no meio de todo mundo? — E-Eu não sei, por isso fiquei surpreso. Deu a impressão. — Nico estava te provocando porque eu contei que a gente ficou. Eu te disse mais cedo. Gabriel calou-se limitando a concordar com a cabeça. Não tinha como contra argumentar, de fato os dois amigos tinham sido claro que era apenas uma provocação. Só que o calção de seu capitão estava todo bagunçado, e ele fizera questão de fazer parecer que algo havia ocorrido. Só de lembrar Gabriel sentia a raiva crescer. — Mas estava acontecendo alguma coisa ali, não estava? Theodore fizera uma careta soltando a mão de Gabriel para deixá-las no bolso da própria calça. O súbito rompimento daquele toque deixara o alfa com a sensação de vazio. — É, até que tava rolando. Talvez Nico estivesse provocando Milles também? Não me olhe desse jeito! — Estou tentando entender o que está dizendo, Theodore. Digo, você realmente estava com a mão... Lá? — Quase lá. A descrença de Gabriel ficara nítida em sua fisionomia. Como assim quase lá? Teria perdido alguma informação que o fizesse interpretar erroneamente? Só poderia! — Theodore, você tocou o Nicolas no meio de um ginásio e na minha frente? E ainda diz que foi apenas uma provocação? — Que tipo de pensamento você está tendo? Eu já disse que não fiz aquilo, eu apenas coloquei o maldito adesivo debaixo do calção dele! — Adesivo? Gabriel espreitava os olhos percebendo que Theodore se arrependera de dizer aquela palavra. O ômega comprimia os lábios e fechava os olhos afastando-se do alfa, lhe dando as costas como se precisasse respirar fundo antes de encará-lo. Gabriel dera a volta para ficar de frente ao ômega, segurando suas mãos novamente. — O que estava acontecendo? Não quero me sentir enciumado desse jeito de novo. Theodore descera os olhos para suas mãos junto a de Gabriel. O alfa não o segurava com força, era cauteloso para deixá-lo confortável. A última coisa que desejava era Theodore escapar de si por causa de mau entendido. Ele parecera ponderar em silêncio, então suspirara alto. — Olha, isso é algo que diz respeito ao meu melhor amigo e eu não irei contar à ninguém sem a sua permissão. Se você acredita ou não no que eu digo, irá depender do quanto confia em mim. Estaria forçando a barra naquele assunto então? Theodore estava sendo leal ao seu amigo, e isso era admirável. Confiava naquele ômega, e esse seria o momento ideal para mostrá-lo. Meneando a cabeça, Gabriel aproximou-se de Theodore segurando sua mão de maneira que seus dedos pudessem ficar entrelaçados. Erguendo os olhos para encará-lo, o alfa pudera contemplar aquele ômega tentando se manter sério mesmo que suas orelhas ficassem vermelhas. Que adorável. — Tudo bem, eu entendo. — Era isso que precisava saber? Mordendo o lábio, Gabriel negara com a cabeça. Como deveria abordar aquele assunto? Até mesmo em seus pensamentos tudo parecia desorganizado. Theodore não havia se afastado, e reagia aos seus toques. Mesmo que segurasse sua mão, sentia a mesma ficar gelada em sinal de nervosismo, tampouco ousara desfazer o toque. Mantinha a distância entre eles e o olhava corajosamente. Ele havia dito que Milles estava certo sobre uma coisa. Que Theodore estava gostando de Gabriel. Apesar de ter confirmado aquilo quando seus desejos estavam prestes a explodir necessitando o toque de Theodore, ainda era uma afirmação. Deveria reafirmar então? Não... Se ele negasse por sentir vergonha, Gabriel ficaria decepcionado. Ele fugiria de si, e o alfa não poderia permitir tal coisa. — Sendo muito sincero, essa é a primeira vez que sinto algo assim. — Admitia o alfa quando tomara coragem para enfrentar aquelas pérolas azuladas que pareciam analisar sua alma. — Ainda mais por outro cara. É muito intenso e difícil de controlar, eu realmente não estou conseguindo resistir a nós dois. — O que você espera de mim? Seja sincero Gabriel. Gosta de mim? Seria por isso que fica irritado quando estou com Nicolas? Engolindo em seco, Gabriel se obrigava a organizar seus sentimentos. Sim, ele preferia Theodore consigo do que com Nicolas. Não gostava quando o ômega era tocado por outra pessoa, e até mesmo a garota de mais cedo lhe irritava. Porque simplesmente parecia que Theodore vivia feliz em um mundo onde Gabriel não estava presente. Seu peito apertava só de admitir aquilo. Isso seria gostar de alguém? Milles disse que estava claro que era esse o caso. Comparando com qualquer outro tipo de relacionamento que já tivera, Gabriel tinha de ser sincero que ninguém lhe deixava daquela maneira? Enciumado, possessivo, desejando alguém ardentemente. Veja só naquele mesmo momento, precisava segurar as mãos de Theodore, se não se sentiria vazio. Segurar as mãos! Algo tão simplório que parecia pesar toneladas. Até mesmo no almoço ficara preocupado que o ômega compreendesse errado aquele cenário com Sadie. E de fato ele pareceu chateado. Por que iria se preocupar que Theodore ficasse chateado se não gostasse dele? Era óbvia a resposta. Só não havia tido coragem para admitir. — É... Estou gostando de você Theodore. — Os dedos de Theodore apertavam os de Gabriel, também prendera a respiração sem piscar para o alfa sustentando seus olhos. O moreno, então, dera um passo estando mais perto do loiro. — Eu quero ficar com você, mais e mais. — Se ficar comigo, a escola irá te tratar de uma maneira diferente. Como fazem comigo. — Não me importo. — Seus amigos poderão se afastar por te considerar nojento. — Saberei quem são os verdadeiros amigos aqueles que ficarem ao meu lado. Theodore respirara fundo finalmente, fugindo o olhar ao virar a cabeça. Gabriel o olhava atentamente se sentindo cada vez mais nervoso. Observava os detalhes daqueles brincos e dos cabelos loiros que formavam cachos perto de sua orelha. Mais uma vez prestava atenção em Theodore por inteiro, e só conseguia pensar que o ômega estava muito bonito daquele jeito. Descolado e atraente. Poderia se passar por alfa facilmente e atrairia a atenção de todos. Ainda mais com aqueles olhos azuis. Queria beijar seu lóbulo. Poderia descer seus lábios por sua mandíbula demarcada, chegando até o pescoço onde queria morder. Ali onde poderia sentir o seu cheiro. — Tudo bem. Então... Não vai ser mais uma mera curiosidade sua, não é? — Não. Eu realmente quero ficar contigo. Você quer? Theodore abrira seu largo sorriso mostrando as presas pontiagudas. Ah, como adorava aquele sorriso. Se perderia nele por horas. — Eu quero. O próprio Gabriel não escondera sua felicidade e alívio em ter uma resposta. Se Theodore continuasse a manter a distância entre eles, seria sufocante. Teria de encontrar outra maneira de lidar com a situação. No entanto agora não seria mais necessário. Eles ficariam. E para celebrar aquele começo tão desejado, Gabriel soltara uma mão de Theodore para tocar-lhe as bochechas quentes e beijá-lo ternamente. Diferente de antes onde estava carregado de desejo e pensamentos eufóricos, o alfa se continha. Pois beijar aquele ômega era o suficiente. Sentir seu gosto e sentir seu toque, era o suficiente. Quando se afastaram, os dois rapazes sorriam envergonhados sem saberem muito o que fazer em seguida. Tendo o momento entre eles ofuscado pela ligação da mãe de Theodore avisando terem chegado, o casal teve de sair do pequeno esconderijo para irem até o estacionamento. Sem darem as mãos em meio a tanta gente, Gabriel tinha de se contentar em estar do lado do ômega loiro. Parecendo inquieto olhando para todos os lados, Theodore resmungava ajeitando a bolsa no ombro. — O que foi? Está procurando sua mãe? — Não, Nico está demorando. — Ele vai embora com você? — Vai dormir lá em casa. — Respondera naturalmente, olhando imediatamente para o alfa apontando o dedo — Não pense besteiras! Erguendo as mãos em rendição, Gabriel sorria ladino. — Nem ousei. Pediu que eu confiasse em ti, e é o que pretendo fazer. Mais uma vez aquele largo sorriso fora direcionado para si, obrigando seu coração a se virar para sobreviver. Theodore tinha noção de que aquele sorriso era uma arma letal? Deveria avisar pelo seu bem, não é? Os dois conversariam mais um pouco quando um baixinho escondido no capuz do seu moletom passara por eles tempestuosamente. — Vamos embora, Theo. Puxando o ômega pelo pulso e indo em direção do carro estacionado atrás do ônibus da escola, Gabriel assistia os dois amigos entrarem apressadamente. O que teria dado naquele baixinho marrento, pra sair tão eufórico? Gabriel estranhara. — Veja só como ele parece um rato escapando da armadilha. Virando a cabeça sobre o ombro, percebia Milles com um largo sorriso se aproximando de si. Teria saído do ginásio agora? Sendo que ele fora o primeiro a se banhar? — Tá sabendo de alguma coisa? — Questionava Gabriel, recebendo o olhar repleto de significados escondidos. Cruzando os braços o alfa virou-se de frente pro amigo — O que aprontou dessa vez? — Eu disse que o capitão não me escapava. — Milles dera alguns tapinhas no ombro do amigo e seguira em direção contrária a do ônibus — To indo embora com meu velho. Te vejo amanhã na escola. Mesmo depois de Gabriel subir no ônibus para voltar à escola e ir para casa, o alfa imaginava que aquela semana seria diferente.   「 • • • 」 Na segunda-feira a escola estava em polvorosa pela vitória do time de vôlei em suas primeiras partidas. No instante em que Milles pisara no pátio e se sentara na fonte, fora cercado pelos demais estudantes que o parabenizavam e faziam convites para festas. E é claro, não faltaram as garotas passarem cantadas descaradas elogiando o bom desempenho do atleta. Seria um alvoroço corriqueiro para o alfa, da qual responderia com suas brincadeiras e piadas. No entanto ele não conseguia se sentir confortável em estar tão envolvido com cheiros diferentes. Era enjoativo. Para não levantar suspeitas, vestira a máscara do atleta em ascensão dando atenção para os seus colegas. — Votarei em ti para ganhar o concurso, Milles! — Opa! Eu agradeço, seria de grande ajuda pra galera da minha sala tentar não me matar. — Você e sua irmã deveriam ganhar, duvido muito que alguém tente competir com vocês. — Que isso, o nosso time também tem seu representante bonitão. — Aaaah é verdade! Ele é tão gentil, tem um sorriso bonito. — Aquele garoto alto, não é? Ele me ajudou a carregar os meus livros um dia desses. — Mas ele não está namorando a Sadie? — Eles ficaram na festa da Fabi, foi o que postaram no orkut. — É, Milles, parece que você vai perder a coroa pro teu futuro cunhado. O alfa loiro escutava a conversa tentando ao máximo não transparecer o desconforto. Lembrava-se da conversa que tivera com o seu amigo na noite passada, onde Gabriel contava que realmente estava com Theodore. Quando Gabriel disse ter ficado com Theodore, Milles já esperava que eles continuassem com a relação. Era nítido desde o começo do ano que eles se gostavam. Até acharia engraçado a situação de seu amigo estar interessado em outro cara, se isso não fosse o seu caso também. Milles era a única pessoa que poderia compreender Gabriel. Além de ser o único culpado por aqueles estudantes acharem que Gabriel e Sadie teriam algum lance. Ora, fora Milles quem lançara o desafio naquela noite. Teria de assumir a responsabilidade sobe aquilo? Ou deveria deixar com Gabriel pra lidar com aquela situação. — Sadie não tá afim daquele cara — Alfinetava Thunder com sua carranca enciumada. — Eu já perguntei pra ela, e ela disse que não era bem assim. — Até parece que ela seria caruda de dizer o contrário. É natural uma mulher se fazer de difícil. — Natural meu ovo. — Chega vocês dois — Reclamava Milles, intercedendo na pequena discussão. — Isso diz respeito à minha irmã, por isso não metam o bedelho. Ao invés disso, votem em mim que sou um pobre coitado com sua coroa em risco de cair na cabeça de outra pessoa. Conseguindo reverter o assunto na grande roda, Milles tornava a se sentar na fonte onde encontrara uma brecha para a tabebuia já sem flores. Sentado no gramado estava Theodore como sempre fazia, porém ao seu lado estava o baixinho que roubara a atenção daquele alfa naquele ano. Escondido em seu moletom, parecendo dormir escorado nos próprios joelhos estava Nicolas. Oh, então ele teria vindo... Pelo andar da carruagem imaginava que Nicolas faltaria a escola só pra fugir de si. Levando em consideração a personalidade do seu capitão, parecia bem incoerente. Nicolas jamais baixaria a cabeça para Milles. Era por isso que o alfa sorria satisfeito. — O assunto chegou! Eaí Gabriel! — Quanta gente... Como estão? Thunder abraçara os ombros de Gabriel, abrindo um sorriso falso. O alfa moreno não transparecera ter percebido, apenas usava sua gentileza costumeira para não ser mau educado. Milles deveria aprender com ele a fingir daquela maneira? — Graças à você estamos conseguindo votos para tirar o rei do seu trono. — Thunder olhara de canto para Milles, que apenas erguera o dedo do meio o fazendo rir. — Graças a mim? Não fiz nada... — Como não, o jogo de ontem foi muito intenso. A segunda partida então... Gabriel coçara a nuca ficando envergonhado com a legítima felicidade da garota beta que comentara sobre a partida. — Pra ser sincero eu fui um mero coadjuvante ontem. Nosso capitão foi o melhor... — Sem os seus levantamentos, ele não teria sido tudo aquilo. Então não fode, aceite a coroa. O sinal tocara dispersando o grupo de estudantes ao redor da fonte. Restando apenas os dois alfas, o loiro percebera que seu amigo não parecia ter percebido o sinal tocando. — O que foi, Biel? Gabriel respirou fundo acenando para alguém. Seguindo seu olhar Milles percebia que seu amigo estava mais interessado no ômega do que em si. Ficando atrás esperando seu amigo acordar para a vida, Milles acabara por observar Nicolas que o fuzilava como um morto. Que estranho. Era comum o seu capitão parecer um zumbi após as partidas, mas suas olheiras pareciam maiores do habitual. O encarava com tamanha raiva que tudo o que Milles fizera fora sorrir ladino. Ora essa, seria necessário mais que uma carinha enfezada para Milles desistir de sua mais nova ambição. Abraçando o ombro de Gabriel, o puxara para dentro da escola independente de seus resmungos. — Qual foi, Milles? — Eu sei que tu quer ficar de grude com teu cara, mas não tô afim de ficar de vela. Gabriel franzira a testa para o amigo, se afastando do alfa para caminhar direito ao seu lado. — Sei... Vou passar o intervalo com o Theodore, então não precisa ficar de vela. Recebendo um cutucão em sua costela, Gabriel se despedira do amigo e entrara em sua sala. Milles seguira o corredor para ir até a classe do terceiro ano, suspirando pesado antes de entrar. Precisava sorrir e acenar, naturalmente como sempre fazia. Mesmo que durante as primeiras aulas sua mente divagasse recordando daquele baixinho o olhando completamente entregue com a boca úmida de saliva, Milles precisava manter a sua naturalidade. Vez ou outra um papel era jogado em sua mesa, seus amigos queriam brincar como sempre faziam, ou falar sobre alguma garota que tentaria a sorte com o alfa. Só que isso não era mais interessante. Para não parecer desanimado, usara as eliminatórias como desculpa. Sorte a sua que os garotas eram tapados e aceitaram sem discutir. Dando por encerrado aquela discussão, Milles poderia voltar a relembrar aquele momento no vestiário. Seus dedos compridos tocavam sua boca sendo possível ainda sentir Nicolas retribuir ao seu beijo. Um sorriso escapara de seus lábios. Aquele capitão era a pessoa mais interessante naquele momento. Queria vê-lo novamente. Se Gabriel fosse passar o intervalo com Theodore, isso significaria que Nicolas estaria sozinho? Geralmente ele não se dava bem com outras pessoas, sem desgrudar do seu melhor amigo. Nesse caso Gabriel estaria lhe fazendo um favor em dar uma brecha. O sorriso só aumentara junto com a ansiedade em chegar o intervalo. Quanto mais esperava o tempo passar, maior era a sua lentidão. Milles balançava a perna impaciente debaixo da carteira, olhando de um lado para outro sem o menor interesse em prestar atenção na aula. Tentara rabiscar seu caderno, mexer no celular, dormir, mas nada era capaz de fazer o maldito tempo passar. Uma verdadeira tortura quando se queria ver aquele baixinho miserável. No instante em que o sinal tocara e os alunos deixaram a sala de aula, Milles dispensou os convites para lancharem em grupo. Jogara a desculpa de tirar um cochilo já que estava morto de cansaço da partida. Mais uma vez seus amigos aceitaram a desculpa esfarrapada do alfa sem questionar. Esperando a sala de aula e o corredor ficarem vazios, o alfa caminhava com as mãos no bolso de sua calça social escura olhando em volta tentando não ser visto por conhecidos. Não queria ir para o pátio, e pela janela pudera ver Theodore conversar com Nicolas em um canto isolado. Droga, onde estava Gabriel? Não havia dito que passaria o intervalo com Theodore? Espionando pela janela, o alfa cruzava os braços bufando irritado que sua tentativa de abordar o seu capitão tivesse sido furada. Theodore erguia a mão encostando na testa de Nicolas, roubando a atenção de Milles. O ômega olhava para o seu amigo parecendo preocupado, deixando o alfa cada vez mais em alerta. — O que está fazendo aí? Milles olhara para Gabriel, cerrando as sobrancelhas prestes a xingar o seu amigo. — Não tinha dito que ia passar o intervalo com Theodore? — Ah... Vim procurar a enfermaria. — Milles erguera os ombros no mesmo instante. — Theodore disse que Nicolas não parecia bem, então me dispus a ver se tinha alguém na enfermaria... — Nico! A voz abafada de Theodore fora escutada pelos dois alfas que se viraram para a janela. O ômega loiro segurava o amigo de uma maneira estranha, o chamando e olhando em volta desesperado. Imediatamente os dois alfas correram em busca da saída para alcançarem aqueles dois. Milles sentia seu coração se despedaçar na medida em que podia ver os olhos de Nicolas fechados e a tez pálida. Daquela maneira ele parecia tão frágil quanto um pedaço de papel que seria rasgado por qualquer toque. Assim que os dois chegaram, Milles fora incapaz de dizer qualquer coisa. Só conseguia encarar o baixinho escondido em seu moletom suando frio. Um calafrio passara por seu corpo, transformando o mundo em sua volta lento demais pra compreender. — O que aconteceu? — Questionava Gabriel indo ao lado do ômega o ajudar a segurar Nicolas. Milles se aproximou tocando o rosto de Nicolas, sentindo a quentura em sua pele. Enrugando a testa também ajudara os dois a segurarem o baixinho, jogando o peso dele sobre seus braços. — A gente tava conversando e de repente ele desmaiou. Temos que levá-lo até... Theodore não terminara sua fala, pois Milles aproveitara a discussão entre os amantes para pegar Nicolas no colo e correr para dentro da escola.
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