Dante e Sol
A mina chamada Felícia falou e falou, me explicou cada detalhe que o cara lá que ela nem sabia pronunciar o bom é direito tinha contado pra ela e eu fiquei com o negócio na cabeça
Eu faria tudo de novo pela minha Sol, fodia com o mundo se necessário, mas nunca que ia deixar a minha menina ser levada por uma quadrilha de traficante de carne. Mermão, minha mulher tava sendo vendida pelo cara que o cara, o que tá se achando vingador do futuro, bate no peito pra falar que tem ou tinha orgulho
Eu não podia voltar no tempo, salvar a irmã da Felícia e nem a amiga e ainda mais, eu não tinha nem como devolver a visão da mina, mas eu podia prestar mais atenção na p***a toda
Já mandei a real pro Killer
Dante – Eu quero saber cada detalhe dessa p***a de organização. Se o cara tá vingando o filho, achando tudo isso muito justo, então não é diferente dele, vive e morre por dinheiro mais do que por amor ao filho. Bora, a gente já tava sabendo que os cara não eram do país e eram mandados por coisa grande. Descobre pra mim de que país são, o que é fazem no detalhezinho e mais ainda, daquele monte de corpo que eu deixei ora trás, quem era o cuzão que esse tal velho chama de filho
Já vi muito dono de comunidade e de morro sucumbiram por achar que o pior já passou e que depois de uma tempestade, sempre vem a calmaria, só que no CDD sempre aconteceu diferente, cuzão que se mete no meu caminho sempre teve determinação, tava na cara que eu não podia deixar a coisa chegar perto da comunidade e muito menos, perto da minha família, ainda amais agora que eu tenho maia boca pra alimentar
O Killer era bom pra aquela ordem e o cara tava com o mesmo pensamento que o meu, o de “não mexe com a minha família senão eu te fodo de cima a baixo”, eu sabia que ele teria todas as informações que eu queria e em pouco tempo
Não tinha como fazer mais nada, só esperar que a mina fosse bem tratada no postinho da comunidade e torcer pra que ela seguisse a sua vida o mais normal possível, só que ei tinha a desconfiança que pra ela, não seria tão fácil assim
Voltei pra casa, eu também tinha que pensar no meu próximo passo, porque pelo visto, aqueles sumiços de ultimamente, tavam clareando explicação
O CDD tava sendo atacado, na surdina, só que eu achei mesmo que era coincidência demais. Uma mina aqui, outra acolá, mas sempre aquelas mais dadas, o que dá pra pensar, não é mesmo? Só que agora, uma delas voltou e sem um olho
No caminho de volta, curtindo a minha solidão dentro do carro, eu fui viajando com os meus pensamentos, viajei no futuro, na loucura do meu inimigo e imaginei até onde ele podia chegar. É sempre impressionante como a gente pode imaginar uma situação todinha, no detalhe na nossa mente, e me preocupei com isso, mas tentei me manter no lugar, afinal, como a minha n**a me diz praticamente todos os dias, cinquenta por cento das coisas que a gente se preocupa, não acontece, ela viu numa reportagem de revista
Parei na frente de casa e fitei a redondeza, os menor tavam tudo na alerta, alguns olha do pro meu carro e outros, olhando no derredor. Entrei na garagem e estacionei direito, depois, fui pra dentro de casa
O lugar tava impecável, nada fora do lugar, nem parecia que tinha criança pequena ali, as únicas coisas que denunciavam eram as mamadeira no escorredor de louça e umas papinhas a mostra no armário
Bebi um copo d’água e subi, queria descansar um pouco, só que quando abri a porta do quarto, vi que a Sol não tava ali. O silêncio imperava, pensei um pouco e me virei pra ir pro quarto do JP. Ela tava lá, com a cabeça jogada pra trás, sentada na poltrona, com o JP no colo, mamando, curtindo o aconchego do meu lugar favorito no corpo da Sol
Tão linda . . . eu sabia que ela tava cansada, mas não parecia que aquilo a incomodava. Cheguei perto e, devagarinho, fiz um carinho, de cima pra baixo, na sua bochecha
Dante – Bom dia linda
Ela sorriu, ainda embalando o JP que mamava
Sol – Bom dia, você demorou . . .
Dante – É
Não teve como, aquela memória da menina com o rosto com sangue seco, desesperada, contando a atrocidade que tinham feito com ela e com a família, voltou na mi há mente e a minha cara fechou
Sol – O que aconteceu?
Dante – Nada que você é meu bacuri precisam se preocupar
Ela levantou com cuidado, colocou o JP no berço que fez um chorando rápido, mas voltou a dormir em questão de segundos, eu de minha direção e passou seus braços na minha cintura
Sol – Olha pra mim e me diz mesmo que está tudo bem
Eu titubeei, aquele olhar sempre me quebra, me obriga a dizer a verdade, mas eu não podia ainda, não até saber o que tava acontecendo
Dante – Tá tudo bem, e mesmo se não tivesse, eu iria mover o mundo pra deixar tu e meu menino seguros. Fica tranquila pequena, eu nunca vou deixar nada acontecer com vocês
Aquele meu sol particular iluminou a tinha vida naquele momento e por um breve instante, eu não tinha mais problema nenhum, só queria ficar ali, com a Sol, naquele abraço e nada mais
Era isso, a minha menina e a vida que ela tinha me dado, que me fazia acreditar que, por eles, eu realmente era f**a, um anjo no mesmo tempo que era demônio e que, por eles, nada nem ninguém ia chegar perto
Beijei ela e voltei pro quarto, com o celular na mão, na escondida. Mandei me sabem pro Killer já avisando que, eu queria saber quem era o meu inimigo e queria o nome dele na minha mesa, o mais rápido possível