Lipe Narrando
Carälho! A postura dela diante do que aconteceu me deixou orgulhoso. A mina já era decidida com apenas 17 anos, e voltou um mulherão da porrä. Fiquei de longe, junto com os cria, só de olho na filha da putä dançando e balançando aquela rabetä linda.
Lipão — Qual foi esse surto mesmo, irmão? A mina m*l chegou e tu já foi sufocar — falo direto para ele, que nem deixou a mina subir no camarote direito.
Avalanche — Tu sabe o quanto esperei por esse dia? — ele fala encarando ela.
Lipão — E você não tinha nada com ela quando saiu daqui. Agora, imagina eu, que tinha a Sofia praticamente nas mãos, só faltava ela na cama. Não tive as mora de me aproximar, nem fazer o papelão que tu fez — solto, provocando ele, que me mostra o dedo do meio.
Avalanche — Tá bom, tá bom, já entendi. Sei que fiz besteira, já era. Mas pensa numa boca gostosa — ele fala, passando a mão no rosto, coloca mais whisky no copo e vira para dentro.
Lipão — Já vi que tu foi além da conversa. Dá pra perceber que as minas não são mais adolescentes. Quer um conselho? — ele faz cara de quem não quer ouvir, solta um ar fazendo barulho com a boca e abre os braços, sabendo que vou dar o conselho mesmo assim.
Mateo — Já vi que o assunto não vai ser só desse baile, mas de alguns dias aqui no Tuiuti. Só espero que não tenha neguinho folgado, porque, senão, vai conhecer a mão pesada do irmão delas — ele fala, olhando para o Avalanche, que só balança a cabeça.
Avalanche — p**a que pariu, mano! Boa noite Cinderela? É pra fudër. As minas nunca foram de dar ousadia pra macho, só pode ter sido um filho da putä escroto do carälho — ele diz, olhando pra Samira.
Lipão — Mano, fala não, que já subiu um ódio daqueles. Tô doido pra chegar nelas e saber quem fez isso. Olha que nem foi com a minha Sofia, e eu já tô querendo ir atrás — o Mateo me olha e depois olha pro coroa dele.
Mateo — Fala não, pô. Tô possesso com isso que a Sofia falou. Já mandei até um dos nossos, que tá em Roma, sondar algo por lá. Quando isso cair no ouvido do meu coroa, prepara, que a guerra tá traçada nessa porrä — ele fala, olhando pras duas.
XXX — Não acredito que esse tanto de homem gostoso vai ficar assim num bailão desse? — Mônica se aproxima, passa a mão nos braços do Avalanche, olha pra mim e já vai se encostando no Mateo.
Avalanche — Se eu fosse tu, tu me errava hoje — ele corta logo.
Lipão — Nem sabia que tava liberado assim pra geral subir no camarote — tiro uma onda de leve.
Mateo — Tu falou que não ia causar, então fica na tua e vai curtir. Se alguém tiver afim de ficar contigo, arrocha. Agora dá licença — ele dá um chega pra lá nela.
Mônica — Já vi que tá geral de greve de mulher? — pelo jeito que ele mexeu o maxilar, ela só levantou a mão e se afastou.
Mateo — Tu fala do Avalanche, mas não para de olhar pra Sofia. Cês são um bando de arrombado mesmo — ele acende um baseado e dá uma marola, olhando para uma pequena discussão que começou na mesa de um dos aliados.
Lipão — Só de vir no Tuiuti já me fazia lembrar muito dela. Saber que ela tá aqui faz a porrä da mente apertar — falo, mudando meu foco.
Não tive nem vontade de pegar outra mina, tô aqui há horas marolando nela, perdido na p***a dos meus pensamentos. Quando a Fabiana jogou real que ela tava voltando, p**a que pariu, mano, quase não acreditei. O coração faltou sair pela boca. Eu já não aguentava mais de saudade, já não aguentava mais saber como ela estava. Tudo que sabíamos era por alto, através do Mateo ou das meninas. O Master e a Barbie, sempre fechados, não explanavam muita coisa sobre as duas que estavam fora do Brasil.
Mas, pra ser sincero, eu nem tinha coragem de perguntar. A mina preferia ver o capeta a me ver na frente dela. Ainda mais depois de tudo que fiz. Me apaixonei pela minha loira quando ela tinha só 10 anos de idade, mas, quando ela fez 17, eu fui muito filho da p**a. Não segurei a porrä do paü dentro das calças e acabei pegando a mina depois de encher a cara de álcool e erva.
Sou filho do Marlon, vulgo Galego, e da Elaine Cristina, a loira mais linda da Mangueira. Minha mãe nasceu e cresceu no Tuiuti, e meu pai é herdeiro do morro da Mangueira. A história de amor deles é linda. Minha mãe sempre foi apaixonada pelo Galego, mas ele sempre foi putão. Eu dizia, quando era moleque, que não ia seguir os passos dele. Quando lembro o que fiz com a Sofia, percebo que fui pior que ele. Pelo menos ele não assumiu compromisso nenhum com a loira dele antes de aprontar.
Meu nome é Felipe, mais conhecido por Lipe ou Lipão que acabou virando meu vulgo, tenho 30 anos, 1,90 m de altura, olho claro, cabelo claro e pele clara. Quem olha nem pensa que eu não sou filho legítimo do Galego, mas não sou, não. Perdi meus pais quando tinha 7 anos. Minha mãe era alcoólatra e colocou fogo na casa. Tive meu corpo praticamente todo queimado. Foi assim que conheci meu coroa. Por causa das burradas que ele andou fazendo, a patroa do Tuiuti, a Barbie, decidiu dar um corretivo nele. Em vez de levar madeirada ou ser destituído do cargo na gestão do morro, ele prestou serviço social no hospital, ajudando com as crianças.
E assim nasceu uma linda história. O cara, que já era maior de idade, mas ainda era um molecão, virou homem com responsabilidade. Pediu a mão da gata dele em casamento e, junto com ela, me adotaram, me ensinaram tudo que sei hoje sobre correr e andar pelo certo.
Hoje, junto com ele, estou à frente do Morro da Mangueira. Conto com a ajuda da Marcela e da Fabiana, principalmente na administração. O resto vou levando junto com meu coroa, o MC e os outros que sempre fecharam com nós.
Se arrependimento matasse, eu teria morrido um dia depois de ter ficado com a Jaque. A mina apertou minha mente de um jeito, e acabou apertando a cabeça de baixo. Eu enfiei o paü no buraco errado e perdi minha gata.
Lipão — Seja bem-vinda, gostosa — digo pra ela assim que ela se aproxima, ajeitando o cabelo.
Sossô — Obrigado, Felipe — ela fala seca, mas tem um sorrisinho no canto da boca que deixa ela ainda mais linda.
Lipão — E aí, tá curtindo o baile? Dá nem pra falar dos BO, né? Porque BO sempre tem, então baile que segue — ela só concorda com a cabeça.
Sossô — Estranhando você, Mateo e Vinícius... — ela fala, apoiando os braços na grade e me olhando de cima a baixo.
Lipão — Estamos aqui curtindo um baile de boa, não podemos? — falo, e a Samira diz algo no ouvido dela.
Sassá — Fala aí, Felipe, beleza? — ela fala, levantando a mão. Bato na mão dela, e ela fecha o punho, fazendo um toque.
Lipão — Tô de boa. A verdade, melhor agora — falo, olhando pra Sofia, que segura a mão da Samira e as duas vão descendo do camarote.
Marrento — Pelo jeito, elas voltaram mais frias que a geleira, né? — Murilo apoia os braços na grade, falando enquanto segue elas com os olhos.
Lipão — Depois do recado do Imperador, as minas nem chegam perto, olha lá — digo, olhando de longe enquanto as meninas passam, mas sem me aproximar.
Marrento — Tô descendo pra manter a ordem e esses paü no cü tudo de olho nas minhas primas — ele fala, com o punho fechado, toca meu ombro e desce.
Lipão — As gurias já eram gatas, agora, filhão, papo reto, são dois mulherões da porrä.
Fabiana — Tá falando sozinho, irmão? — ela ri, e eu balanço a cabeça, negando.
Lipão — Desistir eu não vou, mas preciso ser cauteloso. Não posso ser precipitado igual ao Vinícius.....