Capítulo 26 - Pedido do Sumo Sacerdote

1829 Words
Quando os dois rapazes se reencontraram com o Imperador e o Consorte, eles notaram uma grande mudança em suas expressões. — Sacerdote, poderia me ajudar aqui rapidinho? — Com licença. Assim que o sacerdote se afastou para ajudar um estudante alguns metros à frente, Cassander abriu um sutil sorriso ao comentar em um sussurro. — Ora ora, parece que vocês tiveram um bom tempo juntos. Lucian corou intensamente. Como ele sabia?! O cabelo de nenhum deles estava desarrumado, nem suas roupas amassadas. Dando uma espiada em seu noivo, o príncipe se surpreendia com a falta de discrição naquela arrogância. — Eu apenas consolei um pouco a Sua Alteza, já que ele parecia incomodado com algo. — Já pedi que fossem discretos — Murmurava o Imperador, não parecendo gostar muito das palavras do Grão-duque. O sacerdote logo voltou, continuando a guiar os quatro pelo templo e subirem uma longa escadaria. No caminho, Lucian aproveitou a distância de todos e inclinou-se para Magnus. — Como eles sabem? — Humpf. Você tentou me cobrir com o seu cheiro, i****a. Ele tinha feito aquilo? Mas nem percebeu que tinha liberado os feromônios durante o beijo! Lucian ficava surpreso com o seu corpo agindo por conta própria de novo, isso só aumentou a sua vergonha por imaginar que qualquer híbrido capaz de sentir feromônios saberia o que aconteceu entre ele e Magnus. A sua vergonha só encontrou paz quando finalmente chegaram no escritório do Sumo Sacerdote. O Sumo Sacerdote tratava-se de um velho senhor com uma barba longa e branca, que parecia mais a figura do papai noel do mundo moderno do que uma figura sacerdotal. O Sumo Sacerdote se apoiou em sua mesa para levantar, dando uma leve impressão de que seus braços tremiam, m*l tendo forças para se sustentar. Ainda assim ele curvou a cabeça com a mão sobre o peito e sorriu para o Imperador. — Eu humildemente cumprimento a Família Imperial e desejo as mais boas vindas ao nosso Templo. — Há quanto tempo, Sumo Sacerdote! — Cassander cumprimentava o Sumo Sacerdote, que segurou a sua mão e deu uma risada asmática. — Continua com esse sorriso carinhoso, Vossa Majestade. Fico feliz em vê-lo novamente depois de retornar da minha peregrinação. — O senhor deveria considerar descansar ao invés de fazer uma peregrinação. — Farei isso quando o meu sucessor deixar de me deixar com os cabelos brancos — Brincava o velho senhor, dando leves tapinhas nas mãos de Cassander antes de soltá-lo — Ou quando a Santa for encontrada. — Ainda espera pela Santa? Lucian ergueu a sobrancelha levemente ao ouvir algo que, mais uma vez, não fazia parte da história original. Caramba, se não fosse pelo beijo que teve com Magnus, era provável que sua cabeça estivesse prestes a explodir com tanta informação nova. Ele deveria considerar o seu vilão a sua terapia? — A esperança é a última que morre, Vossa Majestade. Ah, esses devem ser os apaixonados em questão. Lucian reprimiu o riso e olhou discretamente para Magnus, jurando ter visto uma ruga surgir na sua testa apesar dele tentar se manter inexpressivo. — É uma honra conhecer o Sumo Sacerdote. — Digo o mesmo, Vossa Alteza — O velho senhor virou-se então para o Magnus — Vossa Graça… — Sumo sacerdote… — Jamais imaginei que o veria em nosso templo, parece que vivi muito para este dia. — Eu diria que você já passou do tempo, mas estou aqui apenas por causa da tradição da família imperial, então fingirei que sou educado. — Hahaha, hostil como sempre. Sentem-se, fiquem à vontade. Caramba, ele realmente disse aquelas palavras para um velhinho que cuidava do Templo? Assim que todos estavam acomodados, o Imperador tomou a iniciativa da conversa antes que Magnus ofendesse o pobre senhor. — Espero que não tenha nenhum problema sobre o casamento do oitavo príncipe imperial e o Grão-duque. — Não há problema algum… desde que a família Grimwood concorde em fazer o casamento aqui no templo. — Ha… eu deveria imaginar. Lucian erguia a sobrancelha de surpresa por Magnus, mais uma vez, mostrar a sua hostilidade. Sem entender o motivo de tamanha desavença, o príncipe perguntou: — Isso seria um problema? — Não para nós — Sorria o Sumo Sacerdote. Magnus soltou um rosnado e apertou a mão de Lucian em seu braço. Havia algum problema entre o templo e Magnus? Não lembrava de algo do tipo dentro da história original. Até porque o Templo das Almas não aparecia muito na história, sendo apenas mencionado quando Maverick se reunia com Cadec para fazerem as investigações sobre o contrabando dos rebeldes. Nas linhas da história, era perceptível que o Templo tinha uma função política. No entanto, somente quando ouviu do próprio Imperador o quanto eles eram importantes que Lucian se deu conta de que havia todo um universo que ia além das palavras escritas pelo autor. Universo esse que ele estava vivendo agora. Tal estranheza começava a ter que ver o Imperador e o Consorte com tanta frequência. Assim como o inverso também ocorria, Lucian malemá via Stephen e Maverick, que eram os protagonistas de . Só que uma coisa não mudava: não importa o quanto Lucian tentasse se refugiar sob o nome de Magnus, ele continuava a ser visto como a marionete perfeita. O segundo vilão daquela história provavelmente já estaria tentando planejar algo para ele, talvez tivesse conexões com o Templo, não? Eles se dizem neutros, mas até que ponto? — Parece que você planeja fazer alguma coisa junto do casamento deles. — De fato, Vossa Majestade. Presumo que já tenham escolhido uma data para a cerimônia. — Apenas desejamos nos casar o quanto antes — Magnus respondeu friamente. — Hm? Há algum motivo para tamanha pressa? — O senhor teria um problema cardíaco se soubesse. Lucian deu uma leve cutucada na costela de Magnus, que apenas bufou e virou o rosto. Já estava ficando nítido demais a rusga entre os dois, apesar do Sumo Sacerdote não parecer incomodado e apenas rir. Antes que o seu querido vilão atirasse outro espinho naquele velho senhor, Lucian tomou as rédeas da conversa. — Há algum motivo específico para que o casamento seja feito no templo? — Na verdade, trata-se de uma tradição que os membros da família imperial façam os seus casamentos no templo, para mostrar ao povo que a deusa abençoa a coroa. Além disso, não seria bom vocês passarem pela purificação para iniciarem a vida conjugal limpos dos pecados dos seus passados? — Ah… Não é algo tão r**m, ao que parece — Lucian disse olhando para Magnus, que apenas respondeu com um resmungo. — Lavar o pecado para continuar cometendo pecados, isso não faz o menor sentido — Resmungava o Grão-duque. — Apesar de vocês acreditarem nisso ou não, é como o Sumo Sacerdote disse. Trata-se de uma tradição que os membros da família imperial devem fazer — O Imperador contestou, fazendo questão que a sua presença como governante fizesse os dois rapazes ouvi-lo atentamente — As tradições devem ser mantidas. — Certo, certo, não precisamos nos apegar aos detalhes. Isso significa que o templo aprova a união dos rapazes, não é mesmo? — Isso mesmo, Vossa Majestade — Sorria o Sumo Sacerdote. — Sei que os Grimwood nunca se deram bem com o Templo, mas considerando que é a primeira vez na história que um integrante do Grão-ducado se une à família imperial, espero que você possa fazer certas concessões. Ou, se preferir, pode considerar um favor para recompensar o pequeno acidente entre vocês dois. Lucian sentiu um arrepio subir pela espinha, e pelo aperto em sua mão, Magnus também deve ter sentido. Aquilo foi uma ameaça, uma bem clara: "por terem desonrado um ao outro, vocês não têm direito a reclamar". Pelo restante da tarde, o Sumo Sacerdote explicou a todos como funcionava tal ritual. A benção que os dois deveriam receber seguia uma série de regras e protocolos que tanto a família imperial quanto o templo tinham. Com toda aquela conversa, Lucian apenas entendeu que teria que passar alguns dias no templo apenas para "purificado". Mas ele só precisava enxergar aquilo como… um algo a mais para o seu casamento. — Parece que a Sua Majestade tem alguns assuntos a tratar com o Sumo Sacerdote, e é provável que isso leve algum tempo — Disse Cassander ao fim daquela extensa reunião. — Eu posso levar Lucian de volta ao palácio na minha carruagem. Cassander olhou para Magnus, em seguida para Lucian, e então abriu um sorriso amigável. Lucian teve a ligeira impressão que o pai do oitavo príncipe estava tendo uma ideia errada da situação. — Tudo bem, se divirtam. Sem se despedir, Lucian seguiu o ômega e desceu aquelas longas escadas, refazendo todo o trajeto de antes até chegarem na entrada. No percurso, o príncipe refletia sobre como resolveria o dilema do Consorte. Ele ainda se sentia estranho com Cassander, um pouco de arrependimento por ter sido grosseiro ao mesmo tempo que ainda se sentia irritado com a situação geral do oitavo príncipe. Só que ele ainda não queria resolver aquilo agora. Assim que os dois chegaram na frente do templo, Magnus se virou para Lucian. — Espere aqui, irei chamar pela carruagem. — Tudo bem. Por fim, Lucian ficou sozinho. Que coisa estranha. Ele se sentia exausto pela conversa com o Imperador e também pela reunião sobre o casamento. Tudo isso apenas para Lucian sair do palácio e viver com o seu querido vilão arrogante e fugir do radar do segundo vilão. Deveria ele dar um jeito de ser visto com Magnus em uma situação comprometedora, para que fosse antecipado o casamento? Não… isso faria o Imperador surtar por ele manchar a reputação da família imperial. Apesar da ideia continuar sendo muito tentadora… Contudo ele poderia escrever uma carta comprometedora… não, isso também não funcionaria. — Argh! Lucian caía no chão depois de trombar em alguém. Aliás, como teria trombado se ele estava parado? Olhando em volta, o alfa notava duas caixas caídas e um rapaz alto com uma túnica branca sentado no chão. — Caramba! Essa doeu, hm…? — Você está bem? — Lucian perguntou, se levantando rapidamente e estendendo a mão para o outro rapaz. O rapaz segurou a mão de Lucian e se levantou do chão, em seguida ele limpou a sua túnica das folhas de grama. — Obrigado. Minha nossa, isso foi perigoso. — Me desculpe por ter trombado, ah, me deixe ajudá-lo com as caixas. Lucian rapidamente pegou a caixa mais próxima dele, mas não esperava que estivesse tão pesada ao ponto de fazê-lo perder o equilíbrio. Antes que ele também caísse, um braço segurou a sua cintura e um peitoral apoiou as suas costas. Uma mão segurou a caixa como se fosse a coisa mais leve que existia no mundo. — Opa, cuidado, hehe — Lucian inclinou a cabeça para trás, percebendo o rapaz de cabelos castanhos e rosto fino — Parece que já devolvi o favor, não é mesmo?
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