Capítulo 25 - Encontro inesperado em segredo

1886 Words
Ele jamais imaginou que ouviria aquelas palavras serem ditas da boca do Imperador. Claro que Lucian se sentia desconfortável desde o dia em que tomou chá com o consorte, afinal ele praticamente deixou a sua verdadeira personalidade sair através daquelas duras palavras. Era natural tomar o lado do oitavo príncipe, cujo corpo ele possuiu, mas não esperava que fosse tomar as suas dores também. Agora ele acaba de descobrir que Cassander é o pai biológico de Lucian. Ah, como a sua cabeça latejava. — Parece que cheguei em um momento inadequado. — Não… — Respondia Lucian, massageando a própria têmpora e então virando-se para Magnus — Era apenas… uma conversa normal. — Ha, baseado na cara que está fazendo agora, isso soa como uma terrível piada. — Poderia me dizer que cara estou fazendo? — A de que ouviu algo que não gostou — Magnus cruzou os braços — Que seja, por que ainda estamos aqui fora? — Parece que o Sumo Sacerdote está ocupado no momento. — Ha… essas pombas realmente gostam de nos fazer perder tempo. Lucian ergueu as sobrancelhas de surpresa com a forma como Magnus se referiu aos sacerdotes do templo. Ele parecia realmente incomodado em estar ali, não se importando em falar baixo ao chamá-los de maneira tão grosseira. — Por acaso você não acredita nesta Deusa? — E por que eu perderia meu tempo acreditando em um ser imaginário? — Uau, agora estou curioso para saber se você vai pegar fogo ou receber um raio na cabeça se pisar dentro do templo. Deveríamos tentar? — Engraçadinho você, hm? Lucian soltou um riso baixo. Parece que agora Magnus conversava confortavelmente consigo, apesar dele provocá-lo vez ou outra o chamando de rato. Comparado com o começo turbulento daquele noivado, esperava que Magnus o tratasse com mais frieza ou até mesmo o menosprezasse. Era realmente um alívio. — Por que está sorrindo desse jeito? — Magnus, você não acha que agora podemos nos considerar, ao menos, bons amigos? — Minha nossa, não diga isso! — Respondeu o Grão-duque com uma careta. Magnus deu as costas a Lucian, descendo os degraus indo para o jardim em frente ao templo. Abrindo um sorriso divertido, Lucian o seguiu com as mãos nas costas, encontrando uma forma de fugir das suas preocupações e de ficar ao lado do seu personagem preferido. — Por que não? Nós nos damos bem, apesar do nosso compromisso e tudo o que aconteceu. — Justamente por isso que te acho estupidamente irritante. — Oh, isso é novidade. Não sabia que me via assim, Magnus. O ômega virou-se com a testa franzida para o príncipe, o encarando com clara irritação. — Acha que não esqueci que você me enganou? — Eu te enganei? — Lucian o olhou surpreso — Como eu poderia fazer isso com o Grão-duque? — Você me drogou naquela noite. — Assim como você também me drogou, foi chumbo trocado e isso não dói. — Não era pra você… haaa — Suspirava Magnus, cobrindo o rosto tentando não perder a compostura diante do sorriso inocente e vitorioso de Lucian — De qualquer forma, nós não somos amigos. — Hm… então somos, de fato, dois amantes. Minha nossa, não fazia ideia de que você era tão evoluído assim. — Também não somos amantes! — Gritava Magnus ainda mais irritado, atraindo olhares de alguns estudantes e sacerdotes que estavam no jardim. Lucian soltou um riso baixo, como era divertido provocar o seu vilão. Ele não esconderia os seus pensamentos de ninguém. E mesmo que a sua opinião pudesse ferir o ego da pessoa, Magnus diria sem problema algum, justamente por não se importar com a pessoa em questão. Seria um sinal de que Magnus realmente não o odiava por completo, certo? Pelo menos poderia confiar nele, já que Magnus não pretendia feri-lo. — Você fica melhor sorrindo do que fazendo aquela cara de preocupado. As palavras dele foram sussurradas ao vento, que balançou os cabelos compridos de Lucian enquanto os seus olhos de diamante se erguiam para o Grão-duque. Magnus agia como se não fosse nada demais aquelas palavras, olhando para as flores desabrochadas e sem esperar por uma resposta de Lucian. Como não gostar dele? Um homem tão nobre e bonito dizendo coisas como aquelas… Era reconfortante para Lucian. — Obrigado. Para ser sincero, estou surpreso que você realmente esteja levando tudo isso a sério. Me refiro ao nosso noivado. — É sério que você está questionando isso depois de ameaçar contar tudo ao Imperador? — Bem, é que eu esperava mais resistência da sua parte, sabe? Magnus o encarou e suspirou baixo antes de desviar o olhar novamente. — Estou fazendo isso pelo bem do meu sobrenome, e para não ter a espada do Imperador cortando a minha cabeça. — Ora, não sabia que era tão covarde assim. — Não há pessoa que seja mais forte que o seu pai, você deveria saber disso. Lucian soltou um riso envergonhado como resposta. Sim, ele sabia que Magnus só estava casando com ele por conveniência e também por Lucian ser filho do Imperador. Só que se o Grão-duque realmente não quisesse aquele casamento, com certeza ele arranjaria uma forma de escapar daquele problema, independente de quantas ameaças Lucian fizesse. Talvez o título de príncipe realmente fosse algo que Magnus queria. — Poderia me responder uma pergunta com sinceridade? — O que? — Você pretendia cortejar o Maverick, não é mesmo? Torná-lo o seu consorte. Magnus baixou os olhos e franziu levemente a testa, demorando um pouco para realmente responder. Isso deixou Lucian um pouco ansioso pela resposta, já que ainda havia aquele receio de que Magnus continuasse a desejar o protagonista da história. Na verdade, não havia necessidade de Lucian fazer aquela pergunta. Toda a história de girava em torno de Magnus tentar, a todo custo, fazer Maverick se apaixonar por ele. É claro que pretendia torná-lo o seu consorte. Só que… talvez algo tenha mudado e Lucian esperava por uma resposta diferente. — Eu pretendia. Ele é um bom cavaleiro, a sua esgrima é impecável, além de ser um alfa que não age feito um animal selvagem. Se Maverick fosse o meu marido, com certeza ele receberia o apoio da minha família para tirar os Sageclaw da ruína, e ainda teria liberdade para continuar sendo um cavaleiro do exército imperial. Para ele o futuro seria brilhante. Lucian abaixou a cabeça estando levemente decepcionado de ouvir algo que ele sabia. Casar com um Grão-duque era realmente como ganhar na loteria, traria muitos benefícios para qualquer um que estivesse nos níveis mais baixos da nobreza. — Como imaginei… Magnus o olhou de canto e então desviou o olhar parecendo incomodado com a reação cabisbaixa do príncipe. — Eu já te disse, você será a minha prioridade mesmo que não sejamos um casal apaixonado. Não pretendo ter amantes ou coisa do tipo. — Eu sei. — A maioria das famílias nobres são compostas por casamento político. — Eu sei. — … Poderia, então, parar de fazer essa cara como se descobrisse que não é amado? Lucian piscou algumas vezes e então sorriu levemente. — Por acaso você estava tentando me confortar? — Não é conforto, é apenas uma forma de evitar que pensamentos inúteis surjam em sua cabeça. Que adorável! Lucian se aproximou de Magnus e inclinou-se levemente em sua direção, deixando os seus rostos bem próximos um do outro. — Você pode até não me amar agora, Magnus, mas temos muito tempo pela frente. Quem sabe o que pode surgir futuramente, não é mesmo? Os olhos carmesins do ômega se ergueram para o alfa no instante que ele sentiu o sutil aroma dos seus feromônios, tão leve que m*l fazia efeito nele. — Está convencido de que realmente pode me fazer ter um sentimento tão fútil? — Estou convencido que posso te fazer sentir vários deles — Lucian sussurrou, aproximando do ouvido de Magnus mantendo o contato visual — Um deles você já sentiu. — Ha! Graças a um afrodisíaco, devo lembrá-lo. Parece que os ratos têm a memória curta — Esnobava Magnus, abrindo o sorriso mais prepotente que possuía — Aprenda o seu lugar, seu rato de coroa. É você quem sente em excesso. Magnus não perdeu tempo. Antes que Lucian pudesse rebater as suas palavras, o ômega o beijou forçando a sua língua a se encontrar com a de Lucian. Ouvindo um ofego escapar daqueles lábios, Magnus segurou a cintura do alfa e o manteve em seu abraço o impedindo de fugir de si. Era nítida a indecisão de Lucian em tentar empurrar os seus ombros ou puxá-lo para mais perto. Provocando-o mais um pouco, Magnus manteve o beijo lento e calma, movimentando os seus lábios suavemente sobre os de Lucian, dando leve sugadas em seu lábio inferior. Ah, aquele com certeza foi um passo decisivo. O príncipe apertou os dedos no casaco de Magnus, passando a mover os seus lábios também. Ele correspondeu ao beijo de Magnus, aprofundando o ósculo tornando tudo ainda mais íntimo. Além disso, os feromônios sutis de Lucian se tornaram presentes. Todo alfa libera os seus feromônios quando desejam um ômega. E só com um simples beijo, Magnus já tinha provado o seu ponto. Ainda mais com Lucian puxando os seus ombros, impaciente para ter mais do que um simples beijo. — Com licença, Suas Altezas… A voz de um sacerdote interrompeu o beijo. Imediatamente Lucian empurrou Magnus, cobrindo com a sua boca com a mão enluvada enquanto as suas bochechas denunciavam o seu estado caótico. Obviamente o príncipe não tinha coragem de encarar o sacerdote, ao contrário de Magnus que tinha a cara de p*u de abrir um sorriso arrogante ao encarar o sacerdote. — O que foi? — O Sumo Sacerdote os aguarda. — Estamos indo. Magnus ajeitou o seu paletó preto e percebeu que o príncipe se recusava a encará-lo de volta. Lucian queria sumir de tanta vergonha por estar fazendo algo tão desrespeitoso em um templo! E ainda ser pego por um sacerdote! Se o maldito não tivesse chegado, Lucian poderia ter tido algo ainda a mais para se envergonhar. Um leve pigarro chamou a atenção do príncipe, notando que o Grão-duque estendia o braço para ele. — Vamos, pequeno rato? O alfa o encarou silenciosamente por meros segundos e depois espiou o sacerdote, que aguardava ambos para mostrar o caminho. Sem muita escolha a não ser vestir a vergonha, Lucian segurou o antebraço de Magnus, tendo que aguentar o sorriso vitorioso do seu vilão. Durante o trajeto, Lucian percebia que o templo realmente era um lugar muito grande e com um fluxo considerável de visitantes, apesar de ainda assim ser um lugar quieto. Até mesmo os sacerdotes que passavam por eles e os cumprimentavam tinham um tom de voz baixo e calmo, como se aquele lugar fosse um paraíso. Toda a decoração do templo era modesta e em tons brancos. Mesmo passando pelos corredores era possível sentir o vento e o cheiro das flores. Claro, havia vitrais que davam um pouco de cor aos corredores branco, ou algumas pinturas penduradas em uma ou outra parede. Só que ainda assim nada ostentativo. Agora Lucian compreendia o motivo de muitas pessoas buscarem por aquele lugar, era um excelente refúgio. Ou… um excelente lugar para dar uns amassos no vilão da sua história preferida.
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