Capítulo 27 - Atrevimento

1563 Words
Era impressionante aquele rapaz conseguir segurar uma caixa tão pesada com uma única mão e ainda impedir que Lucian caísse. A força humana era realmente algo incrível dentro de uma história fictícia. — Você está bem? Espero que a caixa não esteja pesada demais para você. Lucian piscou algumas vezes e então olhou para a caixa, concordando com a cabeça. — Está um pouco pesadinha… O rapaz deu uma risada leve e soltou a cintura de Lucian para erguer a caixa e deixá-la no chão. Lucian suspirou de alívio por estar livre, e ao olhar para o lado ele encontrou um par de olhos carmesins o encarando friamente. Um arrepio subiu pela sua espinha como se tivesse sido pego fazendo algo muito errado. — Magnus, a carruagem já está pronta? — Sim. A resposta curta e grossa fez Lucian engolir em seco sem saber ao certo como reagir. Ora, ele não fez nada de errado, mas por que se sentia culpado? — Oh… o Grão-duque aqui no templo? — O rapaz perguntava depois de empilhar as caixas no chão — Você está o acompanhando? — Sim… — Ele é o meu noivo — Dizia Magnus ao marchar na direção dos dois rapazes, e encarar o beta com aquela frieza e inexpressividade costumava dar às pessoas…. como se questionasse o motivo delas estarem respirando o mesmo ar que ele. — E você é um sacerdote, pelo visto. — Isso mesmo — O rapaz virou-se para Lucian, ignorando a presença de Magnus — Se você está acompanhando um nobre como o Grão-duque, então você também deve ser um, não é? — Que piada de m*l gosto. Vocês se gabam de serem leais ao Imperador, mas não reconhecem o oitavo príncipe? — Questionava Magnus engrossando a sua voz em irritação. — O príncipe? O rapaz voltou a encarar Lucian, dessa vez com extrema surpresa. Foi um pouco desconfortável quando o sacerdote inclinou na direção do príncipe e o observou de perto, virando a cabeça de um lado para outro buscando vários ângulos de Lucian. — Ham… com licença…? — Ah, me desculpe, apenas tenho a sensação de que já nos conhecemos antes. Aliás, me chamo Skyler. — Ninguém aqui perguntou o seu nome. — Magnus! — Lucian o repreendeu com o olhar, tendo o ômega apenas cruzado os braços. — Hahaha, está tudo bem, Vossa Alteza. Não espero nenhuma simpatia vinda de um Grimwood. — Ao menos é esperto. O que raios estava acontecendo? Sério que justo naquele momento ele podia ver o seu vilão fazendo aquela carinha de poucos amigos? Lucian precisou de alguns segundos para se recompor e não ficar encarando o Grão-duque feito um… pervertido (?), e voltar a conversar com o sacerdote. — Então, Skyler… receio que eu nunca tenha te visto antes. — Eu apenas senti que já te conhecia de algum lugar. Por acaso você costuma passear pelo bairro dos plebeus? — Não, não sou alguém que se aventura muito para fora do palácio. — Isso é estranho — Resmungava o sacerdote, cruzando os braços parecendo indignado — Eu tenho uma forte impressão que já te vi de algum lugar. E também sinto algo vindo de você… — Chega dessas besteiras — Explodiu Magnus, puxando o braço de Lucian — Vamos embora, que a carruagem já está pronta. — Ei, espera Magnus! Magnus não esperou coisíssima nenhuma, ele arrastou o príncipe pelas escadas e marchou direto para a carruagem com o símbolo da família Grimwood que os aguardava. Aquele comportamento era tão estranho e inesperado que Lucian achou engraçado. Era a primeira vez que via Magnus ser tão impaciente com outra pessoa que não o próprio príncipe. Quando os dois entraram na carruagem novamente, Lucian sorria feito um completo i****a. Magnus nem lhe deu atenção, apenas encarava a janela e mantinha os braços cruzados ainda irritado com a situação. — Tire esse sorriso da cara. — Por que eu deveria? Estou feliz e por isso estou sorrindo. — Está feliz por ter aquele beta m*l educado te olhando daquele jeito? Aquela pergunta fez o sorriso de Lucian aumentar. — Por acaso está com ciúmes? Já está apaixonado por mim? Franzindo a testa, Magnus parecia desgostoso com a ideia. — Quanta besteira. Por que eu estaria? — Está com ciúmes de um sacerdote? Não precisa se sentir inseguro. Tudo bem que ele é mais alto que você, e parece ser mais fácil de conversar, mas eu continuo preferindo você. — Eu não perguntei quem você preferia — Magnus virou a cabeça, deixando de dar atenção ao príncipe. Lucian riu graciosamente estando realmente feliz em ver uma reação tão inédita do Grão-duque. Era óbvio que Magnus ainda não caiu de amores por ele, só que aquela birra era um claro sinal do quão… territorialista o ômega era. Já estava tratando Lucian como "seu". A ideia de pertencer a alguém realmente não era algo que Lucian gostava, soava como um relacionamento tóxico. Só que ele se viu gostando de ser alvo dos ciúmes de Magnus. Quer dizer, alguma vez ele imaginou que Magnus Grimwood iria gostar dele ao ponto de sentir ciúmes? Nunca! Então tudo bem Lucian aproveitar aquela sensação, certo? Também poderia provocar um pouco mais o seu vilão. — Imagino que o meu beijo deva ser muito bom para te conquistar tão rápido assim. — Não é grandes coisas. — Ora, não seja tímido. Você gostou. — Você fica melhor de boca fechada, seu rato. — Se eu o beijasse novamente, você me beijaria de volta, não? Magnus ficou em silêncio e de braços cruzados, sendo incapaz de olhar na mesma direção de Lucian. Uma resposta silenciosa que apenas deixou o oitavo príncipe ainda mais animado com a ideia. Cruzando as pernas, e apoiando os braços em seus joelhos, Lucian inclinou-se levemente para frente e sorriu docemente para Magnus. — Não precisa ficar envergonhado. Já que estamos comprometidos, talvez devêssemos tirar melhor proveito um do outro, não é mesmo? — Para um príncipe que vive preso no próprio castelo, você tem algumas ideias bem pervertidas. — É apenas natural entre um casal que se beijem e tenham mais i********e. Magnus suspirou baixo e olhou para Lucian. A sua mão enluvada se estendeu para tocar algumas mechas dos longos cabelos loiros do príncipe. Segurando aquela fina mecha, os olhos carmesins do Grão-duque não desviaram dos diamantes de Lucian, e seus finos lábios apenas sussurraram em resposta. — Por acaso você é um alfa desesperado para marcar um ômega? — Pareço ser alguém desesperado? — Sim. Um bastardo que faz o impensável só para conseguir a minha atenção — Magnus esfregou as pontas dos dedos nos cabelos loiros de Lucian, observando o brilho peculiar daquela mecha — Me pergunto o que aconteceria se eu te desse o que tanto deseja. O coração de Lucian começou a acelerar ao sentir a respiração quente de Magnus tão de perto. Estando com os rostos tão próximos, ele podia ver cada detalhe daquele lindo ômega. Os seus cílios compridos e escuros, a forma como os seus olhos brilhavam como dois belos rubis. Até mesmo podia ver a pintinha em sua pele de porcelana. Mesmo que se sentisse ligeiramente envergonhado, Lucian não hesitaria naquele jogo de palavras. — Oh, está me convidando para a sua cama? — Eu estou. Claro que Lucian tinha apenas perguntado com a intenção de provocar Magnus, esperando por uma reação um pouco tímida escondida nas palavras espinhosas. Contudo, o Grão-duque abriu um sorriso que continha uma certa malícia, como se estivesse se divertindo com aquela conversa. Ah, o seu pobre coração não aguentaria daquele jeito. Lucian queria beijá-lo agora mesmo… A carruagem parou bruscamente fazendo Lucian cair nos braços de Magnus, que o segurou prontamente e o apertou para evitar que caísse. Os cavalos relincharam no lado de fora, parecendo que algo acontecia perto deles. — O que foi isso? — Questionava Lucian preocupado. Magnus inclinou na janela e observou uma meia dúzia de pessoas apontando suas espadas para a carruagem. O príncipe cedeu à curiosidade, dando uma breve espiada e observando aquelas pessoas com trajes baratos e cheios de retalhos. — Ladrões mercenários, tsk. — Magnus soltou Lucian e ergueu o assento da carruagem onde tirou uma espada — Fique aqui. — Ei, como assim… — Fique aí — Repetiu o ômega com autoridade. Lucian não teve o que dizer depois daquela ordem, e apenas pode assistir Magnus deixar a carruagem para enfrentar os bandidos. Os grunhidos que vinham do lado de fora fez o coração do príncipe acelerar e suas pernas tremerem. Apoiando-se no assento, Lucian se inclinou para espiar a janela novamente, percebendo Magnus enfrentar cinco deles ao mesmo tempo que tentava proteger o velho cocheiro. Magnus se movia com tamanha leveza conseguindo bloquear os golpes, apesar dos mercenários aproveitarem a vantagem numérica para tentar acertar os pontos cegos do Grão-duque. Ainda que o ômega conseguisse evitar feridas maiores, eles conseguiram manter Magnus ocupado. E então, repentinamente, um rosto surgiu na frente da janela. Lucian deu um pulo assustado e recuou caindo no chão, reparando que um dos ladrões chutava a porta da carruagem. Deveria gritar por ajuda? Mas Magnus já estava enfrentando cinco deles! Mesmo que gritasse, o ômega não chegaria a tempo e até mesmo poderia ser ferido. A porta da carruagem foi quebrada e o mercenário entrou segurando o tornozelo de Lucian. — Você vem comigo, principezinho.
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