Capítulo 12 - Pedido de casamento

1720 Words
Ah, a calmaria. Se havia algo naquele mundo fantástico que Lucian tirava proveito era a calmaria. Sem carros buzinando, vizinhos usando vassouras para bater no teto, contas para pagar e nem chefes irritantes batendo na sua mesa pedindo para refazer relatórios. Lucian podia degustar a xícara de chá e observar a bela paisagem que tinha da sua janela e tudo ficaria bem. Era a paz que ele precisava depois de ter enfrentado um m*l estar e tonturas depois da festa do Conde Barangon… Uma paz… Até ele ouvir passos apressados vindo do corredor. Ainda que ouvisse aqueles passos, Lucian se manteve calmo observando a paisagem pela janela e a beber mais um gole do chá medicinal. Mesmo quando a porta do seu quarto foi aberta repentinamente e mostrasse a figura desesperada de Argus, Lucian se mantinha calmo. — Vossa Alteza! E-Ele veio! Ele está aqui. Virando a cabeça lentamente, Lucian ergueu a sobrancelha. — Respire fundo e diga com calma. Quem está aqui? O criado beta respirou fundo três vezes e então se aproximou do oitavo príncipe. — Vossa Alteza, você tem uma visita. O Grão-duque Grimwood está o esperando na sala de visitas. — Eu tenho uma sala de visitas? — Vossa Alteza! — Certo, certo, eu entendi. — Lucian deixou a xícara meia vazia sobre a mesa de café da manhã e se levantou — Estou apresentável? — Espera um pouco. Argus rapidamente deu a volta na mesa, se aproximou do príncipe e arrumou a gravata impecavelmente. Não havia o que arrumar, na verdade, mas Argus estava mais nervoso do que seu mestre. — Pronto, Vossa Alteza. — Obrigado, Argus. Me leve até a sala de visitas, por favor. — Claro. O palácio do oitavo príncipe era o menor palácio. Naquele imenso terreno, que caberia cerca de quatro vilarejos, haviam vários palácios menores que pertenciam aos príncipes e princesas imperiais. Somente o maior palácio, aquele que poderia ser visto de longe mesmo do topo de uma montanha, pertencia ao Imperador, o restante era de seus filhos. Lucian tinha um palácio pequeno justamente por ser o filho que menos recebia atenção. Ele nunca explorou o palácio depois de ter desperto naquele mundo, até porque não havia o que ver naquele lugar tão descuidado. Os poucos corredores que ele estava acostumado a caminhar careciam de decorações nas paredes, e até mesmo as cortinas eram simplórias. A sala de visitas ficava no térreo do palácio. Quando Lucian abriu a porta, ele teve a impressão de que o oitavo príncipe talvez fosse minimalista… certo, isso era uma piada interna sua. Era nítido o descaso do oitavo príncipe. Não haviam muitos móveis, apenas uma lareira, estante de livros decorativos, uma mesa de centro e um sofá. E ainda havia espaço de sobra. — Minha nossa… — Lucian suspirou e então viu perto da janela a figura de costas. Antes que o Grão-duque notasse a sua presença, Lucian se virou para Argus atrás de si — Traga chá e alguns aperitivos… se tivermos. — Sim, Vossa Alteza. Com licença. Assim que Argus deixou o cômodo, Lucian pigarreou e finalmente ele pôde ver os olhos vermelhos carmesins virando para si. — Eu cumprimento a Vossa Alteza Imperial. — É bom revê-lo, Grimwood — Lucian encostou a porta e se sentou em um dos sofás — Sente-se, por favor. — Obrigado. Impecável e frio como sempre, tão lindo. Lucian tinha um sorriso satisfeito ao notar que Magnus usava gola alta - talvez para esconder certas marcas no seu corpo. Bem, faziam apenas três dias desde a fatídica noite em que os dois dormiram juntos, e tudo o que Lucian precisou fazer foi esperar. Até onde conhecia o seu personagem preferido, apesar de sua ambição e ganancia ele jamais seria um homem desonrado em certos assuntos. Para outros ele pouco se importaria em sujar suas adoráveis mãos. Lá estava ele bem na sua frente, o encarando como se odiasse estar lá. — A que devo a honra da visita do ocupado Grão-duque? — Você sabe bem. Temos algumas… pendências. — Temos? — Lucian inclinava a cabeça e abriu um sorriso inocente — Ora essa, creio que fiz tudo direitinho na outra noite. Magnus franziu a testa e respirou fundo parecendo se conter para não xingar. — O que você quer de mim, Vossa Alteza? Por acaso está tentando se vingar de mim por tê-lo chamado de rato pelas suas costas? — Não sou tão malvado assim, Magnus. Sou apenas um pobre príncipe que, por acaso, viu algo que não deveria. Nunca imaginei que você adoçaria uma bebida para o filho do Conde Baragnon. Cruzando os braços, Magnus rosnou baixo. — Você bebeu aquilo intencionalmente, Vossa Alteza. — Ora essa, vamos ser justos aqui. Já aconteceu, não adianta chorar pelo leite derramado. Nada mudará o fato de que eu e você tivemos um bom momento juntos na festa do Conde. Inclusive, eu deveria enviar um presente de agradecimento ao Conde. Magnus realmente se irritava com o jeito descontraído e despreocupado de Lucian. Era nítido pelo batuque do seu indicador em seu braço, batendo como se ele estivesse contando internamente para não gritar com o príncipe. A porta da sala de visitas foi aberta e Argus adentrou trazendo a bandeja de chá e os aperitivos. Enquanto o criado arrumava a mesa de centro, o silêncio permaneceu entre os dois rapazes. Somente quando foram deixados a sós é que Magnus retomou a conversa. — Você tem razão, não há nada que possamos fazer depois do que aconteceu. Neste caso, o que você quer de mim? Por acaso deseja que eu jure lealdade a você? Quer que eu faça algum tipo de serviço? Lucian se inclinou para pegar uma das xícaras de chá, e bebeu um gole suspirando satisfeito - o que provavelmente irritou ainda mais Magnus. — Não tem porque você me jurar lealdade, não estou disputando pelo trono. Tampouco preciso de serviços, sou um príncipe silencioso que não chama a atenção de ninguém e que tampouco deseja chamar atenção. — Então o que você quer? — Quero me casar com você. — Ha…. Hahahaha! Isso está fora de cogitação. — Então contarei ao Imperador sobre como o seu nobre vassalo, o Grão-duque, usou uma droga no pobre e inútil oitavo príncipe. — Não me ameace, Vossa Alteza — Rosnava Magnus cerrando os punhos. — Ora ora, não fique tão irritado. Deseja se sentir melhor? Com certeza há algo que você não percebeu até hoje. — E o que é? Lucian sorriu levemente, durante os últimos dias ele tem tentado treinar liberar os seus feromônios, apesar de ser uma tarefa difícil. Bem, não é como se ele soubesse exatamente controlar uma natureza dos híbridos, mas se ele conseguisse liberar pelo menos uma certa quantia dos feromônios já era uma vitória. E naquela sala de visitas ele conseguiu liberar, apesar de uma quantidade infíma. O cheiro amadeirado exalou timidamente do oitavo príncipe, alcançando o Grão-duque que hesitou por um momento. Assim que Magnus reconheceu o cheiro de Lucian, ele cobriu o nariz. — O que está fazendo, Vossa Alteza? — Magnus rosnava, mas então ele arregalou os olhos — Espera um pouco… está mais fraco do que aquela noite… Lucian baixou os olhos para a xícara de chá e bebeu um gole, optando por se manter em silêncio. Magnus então baixou a mão e arregalou os olhos vermelhos carmesins para o oitavo príncipe. — Você… você liberou feromônios mais fortes naquela noite, não foi? — Provavelmente, por causa da droga. — Mas mesmo assim eu reagi facilmente…. por acaso você…? O sorriso se alargou. Lucian inclinou a cabeça levemente. Sim, Magnus acabava de descobrir que o oitavo príncipe também colocou algo em sua bebida. O oitavo príncipe, o rato que se esconde, o inútil príncipe renegado… fez algo com a bebida do Grão-duque depois dele mesmo trocar as taças. — Por que…. por que você faria algo assim? — Veja, você não é o único culpado por algo. Agora você também sabe que eu cometi um crime. Nós dois temos algo para ameaçar um ao outro, não? Magnus encarou Lucian por alguns instantes, e foi necessária uma força sobre humana para o príncipe não hesitar e nem desviar o olhar. Quer dizer, Magnus o encarava tão intensamente que poderia criar um buraco na testa de Lucian. Estava bravo? Estava duvidando de Lucian? Independente de qual fosse a sua reação, fato era que ele era lindo e Lucian estava tendo pequenos surtos internos por receber atenção do seu personagem preferido. Isso que ainda não havia superado o fato deles dois terem dormido juntos. — Haa… Apenas me responda uma coisa, Vossa Alteza. Por acaso eu fui o seu primeiro ômega? Agora a pergunta pegou Lucian desprevenido. Ele não fazia a menor ideia da vida particular do verdadeiro oitavo príncipe antes da vinda de Luciano. Apesar que ao mesmo tempo a resposta parecia óbvia, dado que Lucian vivia escondido no seu palácio. Bem, não seria mentira, certo? — Eu diria que você foi, definitivamente, o meu primeiro. — Merda… — Magnus suspirou e Lucian queria fazer uma dança da vitória por adicionar mais pressão nos ombros do seu vilão — Haa… você realmente é um incômodo muito grande, sabia disso? — Fiz o meu melhor para ser o pior dos seus incômodos. — Como se não bastasse o imperador me pressionando para casar, agora vem você… que seja. Vamos fazer isso. Erguendo os olhos claros, Lucian inclinava a cabeça. — Ora, isso foi rápido. Posso saber o motivo de ter aceitado sem ter ameaçado o meu pescoço? — Está reclamando por eu aceitar a sua proposta? — De maneira alguma, estou tão emocionado que poderia morrer engasgado em minhas próprias lágrimas. — Você realmente tem um dom inadequado com as palavras — Murmurava Magnus, vendo que Lucian estava calmo e inocente sem nem um pingo de emoção — Preciso me casar para poder ficar livre desses alfas irritantes que insistem em me seguir. Considerando as minhas opções… você seria a menos irritante. Além disso, talvez eu possa fazer uso do seu status como príncipe. — Isso foi um elogio, certo? Cruzando as pernas, Magnus encarava friamente o oitavo príncipe. — Muito bem, por termos dormido juntos e por termos cometido um crime juntos, eu pedirei a sua mão em casamento para o Imperador.
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