Capítulo 32 - Não se sentindo bem

1793 Words
Depois que Cassander foi embora para cumprir com a sua agenda de tarefas, Lucian permaneceu sentado na mesa de café da manhã com o olhar perdido. Uma memória do oitavo príncipe foi revelada, e parecia tão nítida como se tivesse acontecido apenas alguns minutos atrás. Só que a sensação era que o oitavo príncipe era apenas uma criança. Aquilo confundiu ainda mais Lucian, pois ele se sentiu ainda mais culpado por ter sido tão distante de Cassander. Se eles eram realmente muito próximos antes, então deve ter acontecido algo que obrigou Cassander a não procurar mais pelo filho e deixá-lo em seu castelo abandonado. Ou talvez tenha sido decisão do próprio príncipe. — Ah, que confusão! — Reclamava o rapaz, bagunçando os próprios cabelos. — Algum problema, Vossa Alteza? — Não — Lucian respondeu automaticamente, ao erguer a cabeça percebeu que o seu criado pessoal carregava alguns livros — Oh… vejo que encontrou bastante coisa. Argus se aproximou de uma bancada e deixou a pilha de livros ali. Em seguida, ele se aproximou da mesa de café da manhã e começou a limpá-la. — O seu pedido foi específico demais, Vossa Alteza. Não encontrei nenhum livro que falasse exatamente sobre almas, mas a biblioteca do Imperador tem muitos livros que falam sobre a Deusa Kronosis. — Sobre a deusa? — Lucian segurou a vontade de fazer uma careta, limitando-se apenas a franzir a testa — Por que escolheu tais livros? — Porque é a deusa que guia as almas dos mortos…? O que raios se passava na cabeça do autor daquela história para deixar uma deusa da morte como protetora de um Império? Lucian realmente não entendia, mas pelo menos teria algo para passar o tempo. Talvez fosse por causa do incidente dos mercenários, Lucian estava com a cabeça pesada e o corpo reagindo estranho demais. — Haa… que seja. Traga os livros. Depois que a mesa foi limpa, Argus ajeitou os livros na mesa. Lucian pegou um deles e começou a ler, sem esperar nada grandioso. Faz dias que ele não pesquisava sobre o motivo de sua vinda àquele mundo, e graças à sua condição como paciente que precisa de repouso, Lucian tinha tempo de sobra para ler algo. Infelizmente a sua própria biblioteca tinha mais espaços vazios do que livros, o obrigando a usar o "passe livre" no Palácio do Sol para conseguir algo. Óbvio que Lucian não foi até a biblioteca do Imperador, afinal ele apanharia do médico, do Consorte e de Argus por estar se esforçando desnecessariamente. O seu criado pessoal ficou encarregado de fazer tal busca, principalmente para manter a discrição e não ser visto por ninguém. Absolutamente ninguém, além de Argus, deveria saber o que Lucian procurava. Além disso, o palácio do Imperador estava agitado por causa da ordem de caça aos rebeldes. O primeiro príncipe, Cadec, liderava uma equipe de busca e apreensão daqueles que se rebeleram contra o Imperador. Vários bairros plebeus eram alvos de sua busca, e os nobres estavam agitados por causa disso. O melhor era Lucian permanecer no seu pequeno palácio em repouso. E… Não foi uma má escolha. — "A deusa da alma é a figura que acalenta a alma dos vivos que lamentam a perda dos seus entes queridos. As suas primeiras histórias não tem uma data definida, mas sabe-se que surgiram antes da fundação do Império." … Hm, então ela é antiga. — Murmurava Lucian consigo mesmo — Acho que isso não muda, independente se é fantasia ou não. As páginas seguintes contavam diversos mitos sobre a tal deusa. Lucian lembrou da estátua que viu no templo, e de como teve uma sensação estranha ao vê-la. Um ar misterioso e sombrio que causava desconforto, principalmente por ver o Imperador e o Consorte serem tão fieis a ela. Aquilo foi inesperado e surpreendente. Era como estar preso numa história de terror ao invés de um romance. — "Muitos rituais descritos em antigos documentos foram adotados pelo templo depois que milagres foram testemunhados. Rituais estes que eram feitos para garantir ao falecido a paz em seu descanso, uma boa reencarnação ou até mesmo tentar trazê-lo de volta à vida". Uau, isso é realmente bizarro. Mas não me lembro do original mencionar algo do tipo… Lucian tentou se lembrar do plot de , que de maneira alguma tomava um ritmo tão misterioso e fantasioso. O foco era inteiramente em investigar o mercado clandestino e a briga pelo trono. Era uma história focada no romance e política do que na religião. Com certeza ele iria ignorar aqueles livros por não responderem nenhuma pergunta que Lucian tinha, no entanto havia uma palavra que chamou a sua atenção. Reencarnação. Era o tema que mais se aproximava das hipóteses que Lucian tinha sobre a sua vinda para dentro da sua história predileta. Sendo a sua única pista no momento, ele procurou pelo tema nos demais livros que Argus trouxe, e anotou as suas ideias nos papéis que o criado trouxe mais tarde. No entanto, era angustiante imaginar que tal seria a sua situação, pois significava que Luciano havia morrido de alguma maneira. Lucian ficou tão compenetrado em sua pesquisa que tampouco notou quando Argus saiu da sala, em contrapartida a sua atenção foi roubada quando ele sentiu o cheiro de vinho o seduzir. Erguendo a cabeça de imediato, Lucian ficou surpreso ao ver aqueles olhos vermelhos o encarando. — Minha nossa, Magnus! — Lucian levou a mão ao peito e fez uma leve careta pelo incômodo em sua garganta — Quando você chegou? — Agora mesmo. O que está fazendo a ponto de ficar tão concentrado e não receber o seu noivo? Magnus inclinou-se sobre o ombro de Lucian e tentou ler o que tinha naquelas folhas de papél espalhadas sobre a mesa. Deparando-se com aquela simbologia estranha e sem sentido novamente, ele recorreu aos livros e ficou surpreso. — Está se tornando um devoto? — Não, só estava procurando uma coisa. — Por acaso seria esse tipo de livro que procurava? — Magnus deu a volta na mesa e se sentou na cadeira ao lado de Lucian, empurrando os livros com o cotovelo para ter espaço — No outro dia, você mencionou que queria acesso à minha biblioteca pessoal quando nos casássemos. — Não é exatamente por isso, mas talvez algo parecido. Não ligue para tais detalhes — Lucian fechou os livros e sorriu para Magnus sentindo o seu cheiro cada vez mais intenso. O alfa apertou os dedos discretamente e sorriu inocentemente para esconder o súbito m*l estar — O que devo a honra da sua visita? — Apenas checar se você está melhor. Oh, que fofo. Lucian nem escondeu o sorriso e o leve rubor em suas bochechas por aquela mísera frase que poderia facilmente ser uma mentira. Quer dizer, poderia ser… mas não é. Magnus o visitou quando recobrou a consciência e lhe fez companhia quando foi examinado pelo médico real. Apesar de Magnus não demonstrar afeição, ele ainda estava cuidando de Lucian à sua maneira. Eram migalhas? Eram. Lucian estava dando importância demais? Estava. Mas e daí? Não é todo dia que você pode receber tais migalhas do seu crush literário. — Eu estou bem, apenas um pouco rouco, mas nada que atrapalhe. E você não ficou ferido, certo? — Com quem você acha que está falando? — Magnus cruzava os braços e erguia o queixo em uma pose prepotente — Por acaso acredita que eu sou do tipo que perderia uma luta? — Nunca te vi lutando, então tenho o direito de fazer essa pergunta. — É uma preocupação desnecessária, eu estou bem. De qualquer forma, queria te perguntar uma coisa. — Oh, e eu pensando que você só veio me visitar por pura preocupação — Reclamava o alfa, fazendo um bico nos lábios — Mas sou um noivo gentil, então fique a vontade para perguntar. Magnus franziu a testa, e provavelmente resmungou em deboche, mas ele logo questionou: — Você sabia que alguém estava atrás de você. Eu quero saber quem é essa pessoa e que me conte o que está acontecendo. Sim, Lucian sabia muito bem o que estava acontecendo. Isso graças às informações como um leitor voraz. Contudo, lembrar desses detalhes era problemático. Depois de ter conhecido Magnus, Lucian não conseguia lembrar dos detalhes minuciosos como antes, apenas de eventos aleatórios que poderiam ocorrer a qualquer momento. Quando ele se obrigava a lembrar de algo, a sua cabeça começava a doer e sua mente parecia coberta por uma névoa. Imaginou que estava tão estressado lidando com Cassander e os demais personagens secundários que isso o impedia de realmente lembrar. Abrindo um sorriso franco, Lucian balançou a cabeça. — Eu não sei, Magnus. Não posso ser hipócrita e dizer que cada coisa que acontece comigo é por causa da briga pelo trono. — Tem razão, mas eu ainda quero saber qual dos seus irmãos seria e******o de tentar atacar a minha carruagem. Lucian estremeceu com aquele olhar austero e presença intensa. As histórias sempre retrataram os ômegas como inofensivos, submissos, fofos e adoráveis. Só que na frente dele estava um ômega que o olhava tão friamente que chegava a ser sexy. Aqueles braços e pernas cruzadas, a expressão fria que parecia avaliar a alma do príncipe… Lindo. Magnus Grimwood era lindo quando assustava alguém. O coração do príncipe acelerou e ele sentiu algo dentro dele se romper aos poucos. Aquele m*l estar se intensificava na medida em que Lucian sentia o cheiro de vinho doce vindo de Magnus. — Você poderia perguntar ao Cadec, não? Afinal, ele está envolvido na batalha pelo trono. — Ele não seria i****a de me atacar sendo meu amigo. O que resta a três dos seus irmãos. — Já que reduziu a sua lista de suspeitos, você pode investigar por conta própria — Lucian se levantou da cadeira, ansiando pela cama para dormir um pouco antes que ele perdesse o controle de alguma coisa. Que sensação mais desconfortável! Magnus apenas ficou o observando silenciosamente, o que aumentou a pressão em Lucian. A última coisa que ele queria era desmaiar de novo na sua frente. Já não basta o incidente da carruagem para mostrar o quão inofensivo e deplorável ele era como homem alfa, agora teria que passar m*l? Nunca! Lucian obrigou as suas pernas trêmulas a se arrastarem pelo chão frio e caminhar até a sua cama, que estava a nem um metro de distância. Só que ele parou ao sentir algo tocar as suas costas. Só poderia haver três opções: Uma, algum assassino entrou pela janela do quarto e iria matar Lucian. Duas, era apenas uma má impressão. Três, Magnus estava atrás dele. Engolindo em seco, Lucian cerrava os punhos sentindo o cheiro de vinho. — Você… está no cio?
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