Capítulo 50 - Missão infiltração

1773 Words
O cavalo preto corria em sua máxima velocidade. O vento que batia contra o rosto jogando os cabelos de carvão para trás não se abatia com a rapidez de quem avançava os quilômetros. Os trajetos sinuosos entre as árvores e a grama molhada eram preenchidos por galopes ansiosos. Apesar do seu ferimento ainda limitar e deixar seus movimentos mais lentos, Magnus Grimwood sacou a sua espada e a ergueu sem errar o alvo quando alcançado. O cavalo relinchou furiosamente quando o mercenário caiu no chão. Magnus olhou sobre o ombro e franziu a testa erguendo a voz autoritariamente. — Peguem-no! Os demais cavaleiros fardados puxavam as rédeas dos seus cavalos e encurralaram o mercenário atingido. Erguendo o braço ao alto, o comandante do exército ordenava que a segunda equipe o seguisse, e assim os cavalos voltaram a perseguir os mercenários. Nada impediria Magnus Grimwood de pegar aquele grupo. Quando a distância foi vencida, o ômega voltou a balançar sua espada e atingir as pernas dos mercenários os impedindo de fugir do seu alcance. O urro de dor que os capangas davam denunciavam suas posições para os demais cavaleiros, que se apressaram em amarrá-los e prendê-los, enquanto esperavam pela carruagem que transporta os presos. — Senhor, prendemos cinco deles, o que devemos fazer? Os olhos carmesins de Magnus brilhavam junto com o pôr-do-sol quando ele verificou o clima. Apesar do céu sem nuvens e o sol que trouxe um pouco de calor para os cidadãos de Roveaven, o vento estava gélido avisando a chegada do inverno. Logo iria escurecer. — Verifiquem o perímetro e se certifiquem de que a área está limpa. Se encontrarem alguém suspeito, prendam imediatamente. Absolutamente ninguém deve escapar. — Sim, senhor! Dispensando os cavaleiros para a varredura, Magnus marchou até a clareira onde os mercenários capturados estavam. Ele agachou-se na frente de um deles e sem nenhum aviso prévio ou contenção, começou a inspecionar seus corpos. — Ei! — Cala a boca — Rosnou o ômega para o mercenário — Ou corto a sua língua fora. Intimidador, era a imagem que Magnus tinha quando estava trabalhando nas buscas a mando do Imperador. Ignorando completamente as reclamações e os chutes do mercenário, Magnus tirou cada arma pequena escondida, drogas e até mesmo papéis. Lendo o que havia escrito naquele pedaço de papel, Magnus franziu a testa. "O pássaro está enjaulado". Cerrando o punho enluvado, Magnus tentava manter o controle de suas emoções. Para a sua sorte, sabia bem o que significava o codinome "pássaro", e por causa do último atentado, o Imperador não permitiu Lucian sair sem uma escolta. E até onde sabia, aquele rato vivia em seu próprio palácio sem abrir a sua porta. Então só poderia significar que eles pretendiam invadir o seu palácio. — Humpf, vocês realmente não cansam. Em quantos vocês são? O mercenário se rebateu e cerrou os dentes se recusando a falar. Magnus o puxou pela camisa e repetiu. — É melhor você abrir essa merda de boca ou farei questão de te torturar. Em quantos vocês são? — Prefiro morrer. A resposta foi tão simples que Magnus respirou fundo para não enlouquecer. Pegando a própria adaga que havia tirado do cinto daquele mercenário, Magnus mergulhou a lâmina na coxa do homem. — Vamos lá, enquanto você agoniza para morrer, pode me dizer o que eu quero saber — Magnus girou a lâmina, fazendo o mercenário gritar de dor — Em quantos vocês são? — Ha… acha mesmo que vou abrir a boca? Vai precisar bem mais do que isso, comandante. Já percebeu que aquele era dos mais difíceis. Bem, isso serviria de lição para os demais presos. Magnus não se importou em torturar aquele mercenário na frente dos demais presos ou até mesmo dos seus cavaleiros. Ele continuou usando a lâmina da adaga para fazer cortes profundos em sua pele, e até mesmo atingir nervos específicos em seus membros. A floresta, alguns quilômetros longe da entrada da capital, foi preenchida pelos gritos de dor daquele mercenário. Os demais presos foram amordaçados para não atrapalharem enquanto assistiam ao espetáculo horrendo que o Grão-duque apresentava. — Então? Está com vontade de me responder agora? O mercenário já tinha a sua consciência oscilando. O sangue era absorvido pela terra, apesar de expor as suas feridas para possíveis infecções, não que Magnus se importasse. Ofegante, o mercenário pendia a cabeça ao murmurar. — Três…. assassi… E então ele perdeu a consciência. Foi a melhor resposta que poderia obter. Satisfeito, Magnus jogou a adaga para o seu subcomandante. — Levem eles primeiro. Eu irei verificar a informação deste bilhete. — Mas, senhor, e se for uma armadilha? — Eles não são idiotas o suficiente para criar uma armadilha dentro do Palácio Imperial. Ao menos sem ajuda de alguém de dentro. Montando em seu cavalo novamente, Magnus voltou a sentir o vento em seu rosto quando puxou as rédeas e voltou a correr. Agora ele precisava cobrir toda aquela distância novamente e chegar o mais rápido o possível no Palácio Imperial. Faz dias que ele estava encarregado de investigar os mercenários que atacaram ele e Lucian, e ainda não havia tido uma resposta sobre o material da espada que os mercenários usavam. Ao que parecia, nenhum ferreiro da capital reconheceu o estilo de trabalho. Magnus precisou aumentar a área de procura para fora da capital, o que levaria ainda mais tempo. A sua sorte era que desde então, não houve nenhum outro atentado a Lucian. Principalmente depois que o primeiro príncipe começou a caça pelos rebeldes. Se havia alguém querendo o oitavo príncipe ao ponto de se envolver com mercenários, agora era o momento de se esconder antes que fosse pego. Ainda assim, o ômega não baixou a guarda. Apertando os nós dos dedos nas rédeas, e as coxas no tronco do cavalo, Magnus tentava ir o mais rápido que podia. Já era noite quando ele finalmente alcançou os portões sul do Palácio Imperial. Como esperado, havia cavaleiros fardados guardando a entrada. Se realmente tivesse alguém dentro do palácio tentando se aproximar de Lucian, então Magnus não poderia passar pelos portões, isso denunciaria a sua presença e os invasores poderiam fugir. Deixando o seu cavalo escondido na floresta, Magnus se preparou para subir o muro do palácio e invadir. Não foi uma tarefa difícil. Estava acostumado a escalar aqueles muros quando precisava ser discreto. O problema era que suas feridas ainda incomodavam, não havia cicatrizado direito. Ainda assim, o ômega se obrigou a escalar o muro e chegar no seu topo, para então pular e se esgueirar atrás de árvores, ocultando a sua presença. Merda! Aquilo doía como um inferno. m*l tinha feito algo que prestasse e já estava ofegando feito um porco selvagem. Evitando as rondas de cavaleiros próximo ao palácio de Lucian, Magnus se escondia nas sombras furtivamente. Ele foi cauteloso em cada passo dado, garantindo não ser ouvido e tampouco sua presença ser sentida. Para ter uma visão melhor dos arredores, Magnus escalou uma grandiosa árvore e se camuflou entre as folhagens. — Hm? O que foi isso? — Um cavaleiro questionou, olhando em volta da árvore. — Deve ser o vento, relaxa — Respondia outro cavaleiro, alguns metros a distância. Por pouco ele não foi pego, apesar do lapso dos guardas irritá-lo. Droga… o ferimento em sua coxa realmente atrapalhava. Ainda assim, Magnus se manteve calmo e imóvel naquele galho da árvore. Erguendo a cabeça, ele percebeu ter a visão de dentro do palácio. Parecia ser o primeiro andar que m*l estava iluminado. Como sempre, aquele lugar parecia assombrado do jeito que Magnus gostava. Pelo o que ele percebeu, não havia ninguém suspeito por ali. Deveria verificar o outro lado? Antes que Magnus pudesse descer do galho em que estava, ele percebeu um movimento. O ômega se segurou no galho acima de sua cabeça e voltou a ficar imóvel enquanto os seus olhos carmesins não desgrudaram da janela. A sombra que surgia daquele pequeno espaço do seu campo de visão o deixou em estado de alerta. Magnus permaneceu imóvel observando aquela sombra crescer e uma figura suspeita surgir imediatamente. Apesar do sujeito usar uma capa, ele foi descuidado ao estender a mão para abrir a porta, revelando a braçadeira com o emblema dos mercenários. Aquilo foi o suficiente para Magnus pular do galho da árvore e passar pela janela rapidamente. Mesmo que seus movimentos fossem desajeitados, o ômega conseguiu chutar as costas do mercenário e prendê-lo contra o chão. Tirando o facão do cinto do mercenário, Magnus usou a lâmina contra o pescoço do invasor. — Hah…. vocês realmente são patéticos demais para um bando de vagabundos Para impedir que o mercenário tentasse um contragolpe, Magnus rapidamente usou o cabo do facão contra a nuca do sujeito para deixá-lo desacordado. Agora ele poderia revistar ele e então… Click! Virando a cabeça, Magnus se surpreendeu ao ver uma mulher arrastando duas pessoas pelo chão. Ela usava uma capa e não trajava nada que remetesse aos mercenários. E assim como o ômega, ela pareceu surpresa em ver ele ali. — Ah… merda — Disse ela baixinho. Estreitando os olhos, Magnus empunhou a adaga se preparando para lutar, quando um beta uniformizado se intrometeu. — Espera, espera! — Hm? — Magnus se reteve e reconheceu o criado pessoal de Lucian — O que pensa que está fazendo? — Vossa Graça, não a machuque. Ela não é alguém r**m. — Isso, isso. Até peguei duas lagartixas que tava esgueirando pelo corredor. — Identifique-se, mulher — Rosnou Magnus, ainda desconfiado. — Ora, você não precisa saber quem sou, certo? Além disso, você também está invadindo. — Eu posso, você não. Diga logo quem é ou então acabo com você. Manchas de sangue ficaram aparentes nas roupas de Magnus, principalmente quando ele empunhou o facão mostrando a sua hostilidade e suspeita. A mulher ergueu a sobrancelha e suspirou baixo ao baixar o capuz. — Ethera, sou a líder da guilda Nightshade. Ah, aquilo soou tão suspeito. Magnus se levantou ainda apontando o facão para a mulher, e ainda levou a outra mão para o próprio cinto onde estava a sua espada. Ele se mantinha cauteloso e preparado para lutar, assim como não pretendia deixar aquela mulher escapar dele. — O que raios está fazendo dentro do palácio do oitavo príncipe? — V-Vossa Graça, a S-Sua Alteza deu a ela permissão para estar aqui! — Disse Argus desesperado, tentando intervir entre os dois, apesar de não querer ser alvo daquele facão. — O que disse? — Magnus virou-se surpreso para o beta. — Isso mesmo, Grão-duque — A mulher sorriu vitoriosa — Estou aqui justamente para fazer negócios com o seu querido noivo.
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