"Olá, meus amores. Estamos iniciando uma nova história, a história de Léo e Marina, casal que vimos no livro: O Contrato-A vingança do CEO. Não é necessário lê-lo para acompanhar este, mas se quiserem, estejam à vontade para deixar feliz essa autora que vos escreve.
Um grande beijo no ♡ e tenha uma viagem maravilhosa em mais essa história."
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Onze anos antes…
MARINA GONÇALVES
— Eu quero que você seja forte, corajosa e que nunca desista dos seus sonhos. Me prometa que você será forte e muito feliz! — Essas foram as últimas palavras que minha mãe disse, com sua voz fraca e sussurrada, pouco antes de fechar os olhos para sempre.
Eu sei que naquele momento eu prometi ser forte e corajosa e nunca desistir dos meus sonhos, e também prometi que eu seria feliz. Mas, está sendo tão difícil cumprir essa promessa. Às vezes eu fico comparando aquela garota de doze anos que lutou bravamente junto com a mãe. Que tomou para si responsabilidades que muitas vezes pesavam até para adultos, mas, a garota assumiu e deu conta de todas brilhantemente. Aquela garota era realmente corajosa e não tinha medo. Eu sinto vergonha quando eu a comparo comigo, porque, hoje, eu não sou mais assim.
Eu me chamo Marina Gonçalves, cresci na Rocinha, a maior favela aqui do Rio de Janeiro. Não era nada fácil a nossa vida. Éramos só nós duas, eu e minha mãe, o doador de esperma que deveria ser o meu pai a abandonou grávida e então ela teve que se virar para criar uma filha sozinha na comunidade. Nós estávamos vivendo bem, a minha mãe tinha muitas faxinas e os trocados que ganhava eram suficientes para nos manter com o básico. Mas aí veio a maldita doença. Um tumor no fígado que ela descobriu já em estágio dois. Ela até tentou, lutou muito, mas no final perdeu a batalha, quando chegou no estágio quatro não teve muito o que fazer, então, aos trinta e nove anos, Amália Gonçalves de Souza, faleceu, deixando órfã, uma filha de doze anos.
Eu fiquei desesperada, não sabia o que ia acontecer comigo, mas no final foi até melhor do que eu esperava. No abrigo Santa Teresa, era esse o nome do lugar para onde me enviaram, não era bom, mas também não era tão terrível. Foram dois longos anos vivendo lá, até ser adotada pela Roseli Santorini, que agora é minha mãe.
Foi uma mudança inacreditável. Eu, uma menina órfã que nasceu numa favela, de repente, tem uma reviravolta incrível na vida e passa a morar no Leblon. Quando eu vi a casa, me senti em um conto de fadas. É tudo tão incrível que nem parece ser real.
— Chegamos! — ela diz com um sorriso terno.
— Uau! — minha boca tem um enorme formato de "O" enquanto olho a mansão à minha frente, é enorme, parece com as das novelas.
— Você gostou? É aqui que você vai morar a partir de hoje, Marina. Tenho certeza que você vai gostar, a escola não fica longe do condomínio, você terá muitas amigas, nós somos muito respeitados, então você será muito bem recebida onde for. E ainda tem o Léo, o seu irmão, ele é só dois anos mais velho que você, então vocês podem fazer programas de adolescentes juntos, ele vai te apresentar aos amigos… — ela não para de falar um minuto enquanto me leva para entrar na casa, que é um verdadeiro espetáculo.
A porta parece que foi feita para o gigante da história do João e o pé de feijão de tão grande que é. Na sala, dos lustres ao grande carpete no chão, é tudo muito chique e caro. Assim que ela deixa as chaves em um móvel, que fica próximo à porta, chega uma mulher de uniforme preto, é uma funcionária da casa, pois chama minha nova mãe de senhora. Elas se cumprimentam e a mulher passa os olhos em mim.
— Então essa é a Marina — diz com um sorriso contido — bem-vinda, menina. Eu me chamo Laura, qualquer coisa que precisar pode me pedir.
— Muito obrigada, Laura. Eu peço sim. — Respondi também sorrindo. Gostei dela, parece ser legal.
— O meu marido já chegou da empresa? — a mulher n**a com a cabeça — e o Leonardo, está em casa?
— Estava, mas saiu depois de receber uma ligação.
Ela suspira e agradece a Laura, que retorna para a porta por onde entrou, deve ser a cozinha, pois tem um cheirinho delicioso de comida vindo de lá.
— Bom, então vamos conhecer o seu quarto, você conhece o restante da família depois — sorri, mas sua cara mostra puro desgosto. Acho que ela esperava uma recepção mais calorosa para a nova filha que ela trouxe, mas parece que os outros não foram avisados disso e eu estou bastante grata por isso, ainda não sei como agir perto dessas pessoas.
Quando eu conheci a senhora Roseli Santorini, que gosta de ser chamada apenas por Rose, eu sabia que ela tinha dinheiro, as roupas dela eram todas muito chiques e o perfume tem cheiro de caro, mas eu não imaginei que fossem tão ricos assim. A Rose me conheceu no abrigo em que ela é madrinha, ela gostou de mim logo de cara e ao longo desses dois anos que estamos convivendo por lá, criamos uma amizade linda, que só se fortaleceu quando eu a salvei de um acidente.
Há seis meses, ela decidiu que queria me adotar, falou que sempre quis ter uma filha e que agora tinha ganhado uma que o destino colocou em seu caminho. Eu fiquei feliz, claro, morar em um abrigo para crianças abandonadas não é nada agradável, apesar de sermos bem tratados somos sempre olhados com pena pelos outros, e também não temos nada nosso, tudo tem que ser dividido com mais de quarenta crianças, isso inclui roupas, calçados e principalmente comida. Quando eu soube da sua decisão, fiquei muito feliz e muito, muito ansiosa também, finalmente eu teria uma casa minha para morar novamente. Mas eu também fiquei com medo quando soube que ela é casada e tem um filho que acabei de saber que é dois anos mais velho que eu.
— Esse é o seu quarto, eu que decorei, mas você pode mudar tudo se quiser — ela abre a porta e novamente eu fico boquiaberta. O quarto parece ser de uma princesa. — Fique à vontade, eu vou deixar você descansar e venho te chamar quando seu pai e irmão chegarem.
— Tudo bem, muito obrigada de verdade, Rose.
— Mãe, eu sou sua mãe agora, Marina, pode me chamar assim.
— Obrigada, mãe — digo ainda tímida.
Às sete horas em ponto sou chamada para ir comer, a Laura me aguarda na porta e com seu sorriso contido, que parece ser sua marca registrada, me guia até a sala de jantar.
— Já estão todos lá esperando por você — diz animada e eu sinto minhas mãos suando de tão nervosa que estou. Tenho medo que o marido e filho da Rose não sejam tão simpáticos quanto ela é.
A sala é ampla. A mesa, como tudo por aqui, também é enorme e a quantidade de comidas espalhadas no centro dela é digna daqueles banquetes que vejo na tv. Minhas pernas tremem e o suor das minhas mãos aumentam quando vejo os dois homens sentados lá, ambos de costas para a porta, onde estou.
— Você ficou linda neste vestido. — a Rose diz, vindo até mim. — E serviu perfeitamente. — Eu estou com um vestido verde, comprimento abaixo do joelho e com uma a******a que vai até metade da coxa, é muito chique e me fez parecer menos brega do que eu geralmente sou quando uso meus shorts jeans rasgados. — Venha, vou te apresentar o resto da família — me arrasta até o homem enorme sentado na primeira cadeira, é muito bonito e tem uma aura dominadora e fria, mas sorri quando me aproximo — esse é o Natan Santorini, é seu pai.
— É… um prazer conhecê-lo — minha voz vacila de tanta vergonha.
— Bem-vinda à família, Marina — ele levanta e me dá um abraço rápido.
— E esse é o Leonardo Santorini, seu irmão — eu perco o fôlego quando o cara, que permanece sentado, me encara. Ele é lindo! Parece o Liam Hemsworth, o ator do pôster que tinha colado na parede lá no quarto do abrigo, só que mais bonito. — Não vai falar um "oi" com sua irmã, Leonardo?
— Oi. — É só o que ele fala com sua voz firme, enquanto continua me encarando.
— O-Oi — com muita dificuldade e, minha voz arrastada, eu respondi estendendo a mão, que ele aperta rapidamente, rir ao senti-la gelada e úmida. Eu devo estar ridícula, mas eu não consigo tirar os olhos dele e nem sair do lugar, fora o meu coração que parece querer sair para fora do peito.