ENTREGUE À MORTE

Capítulo 7 - Renzo

Quando eu vi Melanie descendo as escadas eu entendi o motivo pelo qual o pai dela a escondia. Ela é linda, ruiva natural, cabelos compridos e olhos claros, com a pele branquinha cheia de sardas, linda demais.

Estamos chegando ao hotel e ela não parou de chorar um minuto se quer. O que ela viu foi uma cena muito pesada, o pai sendo assassinado na sua frente, confesso que fiquei com dó dela e ela que isso é uma coisa muito rara, aliás, nem me lembro a última vez que senti dó de alguém.

Entramos no meu quarto e ela se senta no chão, ela está visivelmente abalada, Luara entra e se ajoelha na frente dela a abraçando.

— Lua, eu estou sozinha nesse mundo, meu pai me deixou, eu estou sozinha — A ruivinha fala em meio aos soluços.

— Você não está sozinha, eu estou aqui tá? Eu vou cuidar de você, eu prometo — Luara chora junto com ela.

Elas ficam por um tempo abraçadas e chorando juntas, enquanto eu, Rocco e Giovanni ficamos apenas olhando. É f**a. Porque não sei lidar com essa coisa de choro e sentimentos.

— Luara vamos tomar um banho, você está toda suja e Melanie também precisa de um banho — Rocco chama minha cunhada.

Eles saem do quarto e eu dispenso Giovanni.

— Pode ir embora. — Aviso.

— Mas e ela? É minha função cuidar dela — Ele argumenta.

— Essa função passou a ser minha.

— Ok. — Ele se retira.

Não me passou despercebido que a ruivinha tem interesse por esse prego. Espanto esses pensamentos que me deixam com ódio e me abaixo para falar com ela, procura ficar o mais tranquilo possível e falar o mais gentil que eu consigo, não quero ser rude com ela nesse momento, mas eu nem sei falar com as pessoas sem ser ignorante, é f**a, vou tentar.

— Vem comigo, você precisa de um banho — Ela me encara com os olhos vermelhos de tanto chorar. A menina é linda, tá doido.

— Eu quero o meu pai, eu preciso do meu pai — Consigo ver o desespero em seus olhos.

— Seu pai não vai voltar ruivinha, nesse momento tudo que você tem sou eu, sei que não é uma coisa boa, mas é o que tem. Prometo pegar leve com você — Ela sorri fraco — Mas só dessa vez. — Esclareço — Vem, você precisa tomar um banho.

Encho a banheira com água morna para ela poder tomar um banho, tirar todo o sangue que está impregnado em seu corpo e cabelo.

— Vou ficar te esperando lá fora, qualquer coisa me chama.

— Tá.

— Não tranca a porta, tá? — Ela confirma com a cabeça.

Saiu do banheiro e deixo ela ter o momento dela. Pedi para ela não fechar a porta porque fico com medo, ela não está em um bom momento, talvez possa fazer alguma besteira.

Eu não sou um cara carinhoso, não sou romântico, nem nada dessas coisas, não sei ser nem simpático, mas hoje vou me esforçar, a menina está em uma situação f**a. Não tem família, não tem amigos, só tem aquele i****a que faz a segurança dela, mas esse cara não me desce, tem algo de errado com ele e eu vou descobrir o que é.

Vou até a varanda e acendo um cigarro, p***a, muito tempo sem fumar, já estava ficando louco. Fumo meu cigarro tranquilamente para dar um tempo a ela, mas percebo que ela está demorando muito, decido ir até lá para ver o que está acontecendo.

Tento escutar algum barulho pela porta e não consigo ouvir nada, p***a, será que essa menina fez alguma merda? Entro no banheiro e fico paralisado vendo ela só de toalha com os cabelos molhados na minha frente.

— Eu já estava saindo — Diz com a voz serena.

— Eu acabei ficando preocupado com a sua demora e entrei.

Ficamos nos encarando por um tempo e eu desperto do meu transe. Saiu do banheiro e ela vem atrás de mim. O maldito do meu p*u dá sinal de vida. Que c*****o, agora estou de p*u duro por causa de uma criança, uma menina de dezessete anos.

— Eu poderia usar sua camisa? — Arqueio uma sobrancelha — É que não trouxe roupa e a minha está suja de sangue. — Se explica.

— Pega aí dentro da mala — Volto para varanda para fumar mais um cigarro — Tenta descansar beleza — Ela confirma com a cabeça.

Estou tentando ser o mais gentil possível com ele, sei que esse momento é difícil, perder alguém que amamos é complicado e ela é apenas uma garota, uma garota que agora está sozinha no mundo, não deve ser fácil processar tudo isso.