Capítulo 8 - Melanie

894 Words
Me surpreendi com toda gentileza do Renzo, ele está tentando ser gentil, do jeito dele, mas está tentando e nesse momento é o que eu preciso, gentileza, carinho e muito afeto, infelizmente tenho que me contentar só com a tentativa dele em ser gentil. Visto a camisa dele, até que não ficou muito grande, ele é um homem alto, mas eu não sou baixinha, então está ótimo. Ele perguntou se eu queria comer, mas neguei, estou sem fome. A tristeza é tão grande que nem quero fazer a coisa que mais gosto, que é comer. Vou sentir falta do meu pai brincando comigo sobre eu ser comilona. Tudo me faz lembrar ele. Não sei o que vai ser da minha vida sem a presença do homem mais forte, corajoso e amoroso que eu já conheci. Para muitas pessoas ele foi o Capo José, mas para mim, ele foi meu pai e meu amigo. Ele nunca me tratou m*l, nunca foi um mafioso comigo, dentro de casa ele se dedicava apenas a ser um super pai. Deito na cama e tento dormir, mas não consigo, quando fecho meus olhos consigo reviver a cena do meu pai morrendo na minha frente. Já chorei tanto que sinto minha cabeça doer. Me levanto e vou até a varanda, onde ele está sentado, sem camisa e fumando um cigarro. Reparo nas tatuagens dele, são muitas e ficam lindas nele. Ele é um homem bonito, mesmo com essa cara de bravo. — Achei que estava dormindo — Ele fala quando me vê. — Não consigo. — Pensando no que viu? — Ele solta a fumaça que tragou do cigarro. — Sim. — Senta aí — Ele aponta para uma espreguiçadeira ao lado da dele. — Suas tatuagens são legais — Digo para puxar assunto, mas realmente elas ficam bonitas nele. — Também gosto. Ele é um cara complicado, não me dá espaço para conversar, sempre com poucas palavras e com a expressão fechada. Fico sem jeito quando estou perto dele, não sei como agir ou o que falar. Sinto um pouco de medo dele. — Consigo ver a fumaça saindo na sua cabeça. — Como assim? — Pergunto confusa. — Você está pensativa e pela sua cara não é nada relacionado ao seu pai. — Você é observador, né? — Isso é outra coisa que reparei nele. — Sou bom em ler as pessoas. — O que vai acontecer comigo agora? — Pergunto com medo da resposta dele, mas no momento só consigo pensar que eu estou sozinha no mundo. — Não sei. Você ainda não tem idade para se casar, vou ver com o Rocco amanhã. — Vou poder continuar no México? — Eu sei que não, mas só quero ter certeza para não criar nenhuma esperança. — Acredito que não. Você agora passou a ser nossa responsabilidade, não vamos te deixar para trás. — Entendi. — Porque você não tenta descansar? — Eu não estou conseguindo. — Ele não respondo e voltamos a ficar em silêncio. — Seu pai te escondeu muito bem de todo mundo. — Ele fala e me surpreendo por ele estar puxando assunto. — Sim, ele sempre fez questão de me manter fora dos assuntos da máfia. Não entendi porque ele fez esse acordo, eu sei que ele estava com a doença muito avançada, mas não pensei que ele fosse fazer isso. — Ele tinha os motivos dele. — Você está conformado com isso? — Com o casamento? — Confirmo — Tenho que cumprir com minhas obrigações na máfia — Então isso que eu sou, um compromisso da máfia. — Entendo. — Mas ainda tem um tempo até isso acontecer. Você faz dezoito quando? — Daqui quatro meses. — Falta pouco então. — Sim — Sinto um pouco de frio e passo as mãos no braço. — Está com frio? — Sim. — Quer entrar? — Estou com medo de ficar sozinha — Confesso. — Vão lá, vou ficar com você até você dormir. — Quem é esse homem e o que ele fez com o Renzo malvado?  — Sério? — Pergunto empolgada. — Não se acostume, estou abrindo uma exceção hoje. — E o Renzo malvado volta. — Por mim está ótimo. Ele apaga o cigarro, o que já percebi ser um vicio e entra comigo. Eu realmente estou assustada e com medo de ficar sozinha. Sei que ele não é a melhor opção, mas no momento é tudo que eu tenho e já que ele está sendo bonzinho, vou aproveitar. Ele veste uma camisa e deita na cama. — Vai, deita aí, não vou sair daqui enquanto você não dormir. — Você não vai dormir? — Me deito ao lado dele. — Estou sem sono. — É acostumado a dormir tarde? — Quase nem durmo. — Nossa, que r**m — Ele apaga a luz e eu fico com medo. — Eu estou com medo, Renzo. — Calma ruivinha, está tudo bem, só estamos nós dois aqui. — Eu gosto quando ele me chama de ruivinha. Me aproximo dele e deito minha cabeça em seu peito, espero ele pedir para que eu saia, mas ele não faz isso. Me sinto melhor assim, fecho meus olhos e me lembro do meu pai, já estou sentindo tanto a falta dele, acabo pegando no sono dessa forma, deitada com a cabeça no peito do meu noivo.
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