— Posso entrar? — Ela pergunta.
— Pode.
Ela entra e sentamos na beirada da minha cama.
— Eu sei que é difícil Mel, já passei por isso, mas não tem jeito, você vai ter que encarar. — Diz coma voz serena.
— Eu não quero me casar com esse homem — Não consigo evitar que as lágrimas escorram em meus olhos — Me ajuda a fugir? — Peço desesperada — Você já passou por isso e sabe como estou me sentindo, por favor me ajuda.
— Eu não posso fazer isso, estaria colocando nossa vida em risco e também a vida do seu pai, ele deu a palavra dele, terá que cumprir, infelizmente. — Ela tem razão, eu sei disso.
— Eu gosto de outra pessoa — Confesso — Eu não quero me casar com esse homem, ele é super velho — Ela ri achando graça do que eu falei.
— Ele não é velho Mel.
— É sim, meu pai disse que ele tem 36, mas logo vai fazer 37 e eu tenho 17 anos, ele é velho e deve ser horroroso.
— Eu também fui prometida para um homem 20 anos mais velho e pensava exatamente como você, mas ele não é velho — Presto atenção no que ela fala — O Renzo que é o seu noivo, ele é bonito, sei que beleza não é tudo, mas pelo menos ajuda, né? Se fosse um velho barrigudo seria horrível — Nós duas começamos a rir, ela tem razão, se fosse um velho barrigudo seria bem pior — Mas ele não é, ele é bonito, tem cara de bravo, mas ele não é tão r**m quanto aparenta ser. — Eu sei que ela está tentando me tranquilizar, mas não está funcionando.
— Não sei como papai pode acabar com minha vida dessa forma, ele se justifica falando que está quase partindo, eu preferia ficar sozinho no mundo.
— Seu pai deve ter as razões dele, se não fosse o Renzo, poderia ser outro e talvez muito pior, vamos tentar pensar pelo lado bom.
— Que lado bom? — Parece até piada — Não tem lado bom nessa droga. Essa vida na máfia é uma merda.
— Penso exatamente como você. — Sinto verdade nas palavras dela.
— Está falando sério?
— Sim.
— Mas você é casada com o Dom. — Eu pensei que ela gostava dessa vida.
— Mel, nem tudo que parece é, nos casamentos recentemente e eu sou prometida para ele desde que nasci, não foi uma escolha minha, estamos no mesmo barco. Só que entendi que não tem como lutar contra isso, então tenho que jogar com as armas que tenho.
— E quais seriam essas armas? — Pergunto curiosa.
— Aceitar. Eu faço meu melhor papel de esposa e consigo viver em paz — Essa vida é triste demais. É exatamente assim que eu vou viver.
— Isso não parece nada bom.
— Não parece — Ela ri da minha expressão — Mas é o melhor que temos. Você precisar descer e concretizar esse noivado, quanto antes você descer, mais cedo ele vai embora, entende? Se você ficar relutando, você só vai deixar ele mais nervoso e vai acabar sobrando para seu pai.
Ela tem razão, estou agindo com raiva e não estou pensando nas consequências.
— Você tem razão — Enxugo minhas lágrimas — O que não tem remédio, remediado está né?
— Exatamente.
— Obrigada por ter vindo falar comigo Lua — Percebo que chamei ela por um apelido — Posso te chamar assim, né? — Pergunto sem graça.
— Claro, eu te chamo de Mel, seremos da mesma família — Ela sorri amigável.
— Acho que vai ser a única coisa boa desse relacionamento, já que não tenho amigas.
— Então seremos amigas — Ela fala me surpreendendo — Agora vai se ajeitar para descer, eu vou descer na frente e te espero lá embaixo, tá ok?
— Tudo bem.
— Vem cá me dá um abraço — Pede e eu a abraço — Sinto muito por você, por mim, por nós e por tantas outras que passam pela mesma situação.
— Eu também sinto Lua — Eu sinto muito mesmo.
— Estou te esperando então — Ela sai do quarto e eu vou me ajeitar.
É hora de encarar essas pessoas e fazer minha melhor encenação de boa menina. Você é forte Melanie, bora garota! Digo me encorajando.