ENTREGUE À MORTE

Capítulo 9 - Melanie

Acordo assustada vendo Renzo pular da cama. Ele parece assustado e eu não entendo o motivo.

— O que foi?

— Olha a hora — Ele fala surpreso.

— Oito horas — Olho no relógio — O que tem a hora? — Estou confusa.

— Não me lembro a última vez que dormi tanto — Escutamos alguém bater na porta e Renzo vai abrir.

— Você estava dormindo? — Escuto a voz de Rocco.

— O que foi? — Ele não responde.

— Vocês vão para a Itália daqui quarenta minutos mais ou menos, se adianta aí. Não vou voltar com vocês, vou para Tulum com Luara.

— Beleza — Renzo fecha a porta e volta para dentro do quarto.

— Você está bem? — A expressão que forma no rosto dele é estranha.

— Sim. Vou arrumar as coisas.

— Eu tenho que passar na minha casa e pegar as minhas, não tenho nada aqui.

— Giovanni já cuidou disso, ele pegou o essencial, o restante você compra lá.

— Eu vou ficar com quem na Itália? — Meu medo é ouvir que vai ter que ser com ele.

— Não sei ainda. Se levanta e adianta. — Vejo ele ir para varanda e acender um cigarro.

Faço o que ele mandou, vou ao banheiro e escovo meus dentes com uma escova que tem lá. Tomo um banho morno e quando saio do banheiro já tem roupas minhas dentro de uma mala, provavelmente Giovanni que trouxe, mas cadê ele? Não o vejo desde ontem. Me arrumo e espero ele falar que podemos ir, não quero ir falar com ele, porque percebi que hoje ele já acordou diferente do Renzo de ontem a noite.

— Mel — Luara entra no quarto acompanhada de Rocco e vem me abraçar — Você conseguiu descansar? — Ela passa as mãos pelo meu cabelo e rosto carinhosamente — Está tudo bem com você?

— Oi Lua, está sim, na medida do possível — Ela me abraça mais forte e eu retribuo.

— Vai ficar tudo bem, tá? — Confirmo que sim com a cabeça.

— Melanie, você vai para Itália hoje com Renzo — Rocco me avisa e meu coração fica apertadinho.

— Não vou poder enterrar meu pai? — Um nó se forma na minha garganta ao falar isso. 

— Vai sim, mandarei o corpo dele para lá e faremos um enterro digno, aqui não é seguro no momento.

— Obrigada.

— Mel, eu não vou poder estar lá com você porque vou em uma viagem com o Rocco, mas vou ligar para Alice, ela vai te acolher muito bem. — Lua diz com carinho.

— Tudo bem. — Não sei quem é Alice, mas se ela confia é porque deve ser uma boa pessoa.

— Renzo, Melanie ficará na casa da mamãe até o casamento. — Rocco avisa e vejo Renzo fazer uma cara nada agradável.

— O que? Por que isso? Ela é minha noiva, ficará comigo! — Me surpreendo ao ouvir isso dele, achei que ele quisesse se manter o mais distante possível de mim, assim como eu quero dele.

— Ela é sua noiva e não sua esposa. Isso não está em discussão, ela ficará com a mamãe até daqui quatro meses, enquanto isso Melanie — Ele fala comigo — Você é minha responsabilidade, ok? — Sorrio com essa notícia — Após o casamento você assume seu papel — Renzo continua com uma cara de poucos amigos e eu estou vibrando por dentro, melhor isso do que nada, né? Pelo menos não terei que ficar com meu noivo.

— Se você deseja assim Dom — Ele diz em um tom de deboche.

— Sim, será exatamente assim. Irei viajar e volto daqui uns dias, assume as coisas até lá.

— Ok.

— Vamos Luara — Rocco a chama.

— Tchau Mel, eu volto logo — Acho que ela não está muito feliz com essa viagem, o rostinho dela está com uma expressão triste.

— Tchau Lua, fica bem — Abraço ela e digo baixinho em seu ouvido — Obrigada por tudo! — Eu sei que tem dedo dela nessa decisão dele e agradeço muito por isso.

— Tchau cunhada, boa viagem — Renzo se despede e pude perceber que eles dois têm muito carinho um pelo outro.

— Tchau Renzo.

— Até mais fratello — Rocco se despede do irmão com carinho.

— Até mais. — Ele vai para a varanda fumar, nada satisfeito com a decisão do irmão.

Luara e Rocco vão embora e eu fico no quarto sem saber o que fazer enquanto Renzo fuma seu cigarro, reparei que esse é o maior vicio dele, ele fuma toda hora, um cigarro atrás do outro, não vai demorar muito e vai morrer. Melhor para mim, né? Misericórdia Mel, você não é assim, para com esses pensamentos, me repreendo. 

— Vamos comer alguma coisa dentro do avião mesmo, estamos atrasados. — Ele aparece pegando as malas.

— Tá bom. — Sei que a partir de agora minha vida nunca mais vai ser a mesma.

Só espero que as coisas não sejam tão ruins quanto tenho imaginado. De onde você estiver papai, olhe por mim.