Capítulo 5

1784 Words
— O que foi? — a menina perguntou. — Sai daí agora! — Por quê? — Não pergunta e anda logo! Não quer que eu te tire daí, quer? A menina revirou os olhos e se afastou de Guilherme. Ele nem respirava nesse momento. Ficou olhando a menina se afastar e depois sair da piscina pela escada. Vários meninos olharam na direção dela nesse momento e Guilherme franziu a testa. Emily tinha um corpo lindo e parecia ter a mesma idade que ele, mas não tinha! Era muito nova. Ainda mais para esse bando de babões! Observou as duas discutindo enquanto se afastavam da piscina e suspirou. Bianca furiosa não era nada bom... Mas ele não fez nada! Pelo menos não hoje. E ela não precisa saber daquele dia em especial... — Não quero você agarrada no Guilherme! — Eu não estava agarrada nele! — Estava sim! Fica longe dele! — Não vou ficar longe coisa nenhuma! A gente não fez nada demais! — Até você arrumar um filho também! — disse histérica. — Eu não quero um filho! — Sua mãe também não queria e olha você aqui! — Eu não sou a minha mãe! — falou alto. Bianca sentiu vontade de esganar a garota e só não fez isso porque Agatha se meteu na briga. — Mas que merda está acontecendo? — Ela quer se meter na minha vida. — Não estou me metendo, estou dizendo como vai ser feito! Emily revirou os olhos e se afastou de Bianca. — Você não manda em mim! — Saiu de perto pisando forte no chão. — Mas que merda... o que você disse a ela? — Agatha perguntou. — Falei pra ela se afastar do Guilherme. Eles estão muito grudadinhos para o meu gosto. Daqui a pouco aparece grávida! — Mãe, eles são amigos. Pelo amor de Deus! Já conversamos sobre isso. Não adianta falar pra ela se afastar. — Ela gosta dele. — É claro que gosta. Estão juntos desde pequenos. — Não. Estou falando como homem e mulher. Agatha ficou em silêncio olhando a mãe com as sobrancelhas levantadas. — De onde tirou isso? — É só olhar pra ela. E essa fúria toda só porque pedi pra se afastar, confirma tudo. — Mas e se for também? Qual o problema? O Guilherme é um ótimo garoto. Bianca ferveu de raiva ao ouvir isso. — Não interessa se é ótimo! Não quero eles juntos! Vão acabar me arrumando bisnetos! Agatha caiu na gargalhada e Bianca xingou. — Relaxa, mãe. Ela pode até ser atiradinha, mas o Guilherme nunca engravidaria ela. Não nessa idade. Bianca soltou um grunhido de ódio e saiu de perto da filha. Agatha balançou a cabeça em negação. Para falar a verdade, até preferia que a menina namorasse Guilherme. Ele sim a colocaria no eixo. **** Guilherme procurava Emily pelo clube. Agatha o encontrou e pediu ajuda. Disse que ela tinha discutido com a avó e sumiu. O loiro procurava perto dos brinquedos das crianças. Nesse espaço era gramado e tinha algumas árvores em volta e claro, os brinquedos. Ele observou todo o local e viu a menina sentada na grama atrás de uma árvore. Ela estava com os joelhos próximo ao peito e os braços em volta das pernas. Resmungava sozinha. O loiro se aproximou e sentou ao lado dela sem pedir permissão. Emily parou de resmungar e ficou quieta. — Sua mãe está te procurando. — Não ligo — resmungou. — O que aconteceu? — Minha avó querendo mandar em mim de novo. — Ela só quer o seu bem. — Não. Ela quer me perturbar! Até porque não faz sentido o que ela pediu. — E o que ela pediu? — Pra eu me afastar de você. O menino ficou em silêncio com a resposta. Teve a impressão de que Bianca não gostou do que viu na piscina. Seja o que for que ela tenha visto, pois não tinha nada acontecendo, mas vindo da Bianca, tudo era possível. — Tenta entender o lado dela, Mily. Ela tem medo que você faça como a sua mãe. — Eu não sou a minha mãe! Já falei mil vezes. Estou cansada disso. — Olha, ela só tem medo, pois sua mãe deve ter passado maus bocados. Isso por ter ficado grávida muito nova. — Eu sei e isso entendo, mas não entendo porque quer me afastar de você. Você nem ao menos me vê como mulher e sim uma menina ou irmã. Então nada disso que ela pensa vai acontecer. Guilherme ficou em silêncio olhando as crianças no balanço. Não sabia nem o que responder. Qualquer palavra errada e colocava tudo a perder. Via sim o mulherão que ela era, mas não podia dizer nada. Até porque Bianca deixou bem claro: te castro se souber de algo! Mas isso não era o principal motivo e sim o medo de perder a garota caso não desse certo. — Ela só se preocupa com você e não quer que passe pelo mesmo que sua mãe. — Hum... — resmungou. — Isso vai passar. Espera ela se acalmar um pouco. — Ela está sempre estressada... — Parece até alguém que eu conheço — disse rindo. Emily o empurrou para o lado e os dois riram. Logo foram parando de rir e ficaram se olhando sem dizer nada. — Por que você desvia das coisas que eu falo? É só confirmar se for o caso. — Por que você tem que ser tão direta? Emily sorriu. — Eu gosto de deixar tudo bem esclarecido. Guilherme ficou quieto e ela revirou os olhos. Maldita mania de não responder! — É só falar “sim, Emily, você tem razão” ou “não, Emily, você está errada”. É tão difícil assim? — Calma. — Estou calma. — Percebe-se — disse irônico. A garota respirou fundo e segurou a camisa do menino, apertando com força. Ela o puxou com arrogância e colou seus lábios nos dele. Guilherme arregalou os olhos e segurou um dos pulsos dela. Como ele tentou sair, ela pulou para o colo dele apoiando os joelhos na grama em volta do garoto. Guilherme segurou a cintura dela e tentou tirá-la, mas ela agarrou os cabelos dele e puxou com força. O loiro soltou um grunhido de aprovação e assim ela se aproximou mais do corpo dele. Com isso Guilherme virou o rosto e empurrou ela levemente para que se afastasse. Os dois ficaram se olhando e respirando rápido. — Sua maluca — brigou. Emily sorriu. — Eu acho que você gostou.... — Tentou se aproximar de novo, mas ele se esquivou. — Emily para com isso! — Por quê? Você não gosta? — Você acabou de brigar com a sua avó por causa disso! — Então não quer ficar comigo por causa dela? Guilherme passou a mão no cabelo com nervosismo. — Nós somos amigos. A menina ficou em silêncio olhando-o sem piscar. — Somente amigos. — Entendi. — Saiu de cima dele. — Desculpa então. — Levantou do chão e se afastou. — Emily... Ela não deu ideia e continuou se afastando. Guilherme respirou fundo e esfregou as têmporas. Que coisa difícil! Na verdade, é impossível, pois não pode negar que gostou do beijo da garota e que sentia uma certa raiva ao ver os garotos olhando para ela, mas não podem ficar juntos. Não quer ser castrado! E muito menos perder a menina, pois se o relacionamento ou o que quer que seja que ela queira não der certo, podem acabar se afastando e ele não quer isso. Mas como explicar para uma pessoa irritada como a Emily? **** — Finalmente! Onde você estava? — disse Bianca. — Vamos embora. — Começou a pegar suas coisas e guardar na mochila. — O que aconteceu? — Agatha perguntou. — Nada — respondeu m*l-humorada. Bianca e Agatha trocaram olhares. As três pegaram suas coisas e foram embora. Assim que as duas chegaram em casa, Agatha perguntou o que tinha acontecido para a menina estar tão irritada daquele jeito. — Já disse que não foi nada. — Se fosse assim não ia ter tanta inquietação. Desembucha logo! — Só estou irritada com a minha avó! Ela não tem nada que ficar falando com quem devo andar e o que devo fazer. Minha mãe é você! — Ela cismou com o Guilherme. Não sei porquê. Emily comprimiu os lábios ao ouvir o nome. — Eu sinceramente super aprovaria se vocês resolvessem ter um relacionamento. — Jura? — É claro. Ele é ótimo. E lindo, não é? — disse sorrindo. Emily respirou fundo e abraçou o próprio corpo. Encarava a parede atrás de Agatha. — Ele não quer. Agatha sorriu largamente. — Então você tentou. — Ele disse que somos amigos. Somente amigos. Achei que ele sentisse pelo menos uma atração por mim, mas acho que me enganei. — Eu acho que ele está com medo. — De que? — Da minha mãe e que possa dar algo errado. Emily aquele menino te adora. Desde que ele ainda era um toquinho de gente. Sempre ficava perto de você. Até mesmo quando ainda estava na minha barriga. — É? — Sim. Ficava no meu colo e fazia carinho na barriga o tempo todo — disse sorrindo. — E você não está brava por eu ter.... tentado? — Você beijou ele? Emily comprimiu os lábios. — Entendi. Não estou brava. Até porque ele é de confiança. Tanto que te deu um toco para não ter problemas depois. — Mãe! Agatha riu. — Escute o que ele tem a dizer. — Ele nunca diz — resmungou. — Ele é muito fechado e você sabe disso. Tenha paciência. — Nunca vamos ficar juntos. — Quem disse? — As circunstâncias dizem. Ele não tomaria a iniciativa nunca. Eu tomei e não adiantou. É óbvio que não vai dar em nada. — Quem sabe? Ele pode ficar bem m*l por ter te negado hoje. — Duvido. — Vamos ver então — disse sorrindo. — Mas pelo amor de Deus usem camisinha quando ficarem juntos. — Mãe! Nem me beijar ele quer! Quanto mais isso. — E você quer? — Não estou pronta pra isso — murmurou. Agatha suspirou aliviada. Menos m*l. — O que eu faço? — Hum... Vamos testar ele. — Como assim? — Não responda as mensagens dele e se possível finja que está com alguém. — Pra ver se fica com ciúmes? — Isso. Assim a gente vê se ele está com medo ou realmente só te vê como amiga. Emily ficou pensativa. Talvez funcionasse, mas será que consegue ficar sem falar com ele? Sempre se falavam todos os dias por mensagem... Vai ter que se esforçar.
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