Capítulo 6

1713 Words
Duas semanas se passaram e Emily não respondia as mensagens que Guilherme mandava. Visualizava todas, mas não mandava resposta. Ele estava ficando doido com isso. Não achou que a menina fosse ficar tão chateada com o que disse no clube. Até porque também não deu para explicar muito, pois ela saiu furiosa. O loiro saía da faculdade. Andava pela rua sem prestar atenção ao seu redor. Até que alguém entrou na sua frente e ele parou bruscamente. Logo engoliu em seco. Raissa sorria olhando-o com satisfação. — Que difícil encontrar você, hein Guilherme? — Estou estudando bastante... — Hum... Gosto de pessoas dedicadas. — O que você quer? A menina se aproximou rapidamente e deslizou a mão no peito dele. Guilherme ficou tenso. — Você não sabe? — Eu já disse... — Blá, blá, blá. Eu não sou a Emily. Não precisa me tratar como uma virgem. — Eu não estou te tratando como nada. Só não quero ficar com você — disse sério. — Por quê? Você é virgem? — disse sorrindo. — Isso não é da sua conta! — Calma, bonitão. Isso não é problema pra mim, pelo contrário. — Se aproximou. — Posso te ajudar se quiser — sussurrou no ouvido dele. — Olha eu não tenho interesse. Preciso ir. — Tentou passar, mas ela não deixou. — Está com a Emily ainda? Duvido que tenha dormido com ela. Aquilo é tudo fogo de palha. Ela não é de nada. — Me parou na rua pra ofender a Emily? — falou irritado. Raissa ergueu uma sobrancelha. — Está apaixonado? É isso? — Caiu na gargalhada e Guilherme engoliu em seco. — Você é tão gostoso pra ficar só pra ela. — Chega! Não sou obrigado a ouvir isso! — Passou por ela feito um furacão e foi embora pisando duro no chão. O loiro chegou em casa bem rápido. Estava com raiva pelo que ouviu. Sabia que essa menina ia aparecer de novo! Só esperava que não arrumasse mais problemas. Ainda mais que a Emily nem queria ver a cara dele. **** Emily estava sentada na cama encarando a tela do celular. Estava muito difícil para ela não responder as mensagens de Guilherme. Ainda mais que ele pediu várias vezes desculpa pelo que disse no clube. Ela quase respondeu, mas Agatha não deixou. — Deixa ele sofrer mais um pouquinho. — Mas ele pediu desculpa. — E daí? Ele ainda não admitiu nada. — Mas pediu desculpa. Agatha revirou os olhos. — Responda então ué. No momento que ela ia responder, ele mandou mensagem.   Acabei de encontrar a Raissa. Eu disse que ela não ia desistir. Toma cuidado. O que ela fez? Ué... Agora quer falar comigo? Responde Guilherme! Só falou um monte de besteira. Mas tenho a sensação de que não acabou. Desgraçada... Vai falar comigo agora? Estou falando se não percebeu. Engraçadinha! Pode me encontrar? Está bem.   Trocou de roupa e saiu do quarto. Agatha observou a roupa dela e ergueu a sobrancelha. — Já? Assim não vai dar certo. — Vai sim. Vou conversar com ele, mas se não admitir nada, vou falar que estou com uma pessoa. — Hum... e está mesmo? — Não, mas ele não precisa saber. Agatha riu. — Até mais. — Beijou o rosto da mãe e saiu de casa. Caminhou pela rua em passos lentos. Apesar de parecer segura nas coisas que dizia, ela estava com medo e bem nervosa. Tinha uma grande possibilidade de Guilherme continuar dizendo que eram só amigos. Viu o garoto esperando sentado em um dos balanços da praça e sentou no balanço ao lado dele. Nenhum dos dois disse nada. Ficaram olhando a lua, que estava cheia e iluminava uma grande parte da praça e onde eles estavam. — Foi hoje que encontrou ela? — perguntou finalmente. — Sim. Foi agora a pouco. — Ela te seguiu? — Não sei. Só vi quando ela parou na minha frente. Emily mordeu o lábio. — Por que não fica com ela de uma vez? Guilherme olhou na direção da garota e ficou quieto. Ela não tirava os olhos da lua, mas ele notou que estava triste. Se sentia m*l por ter chateado ela, mas... — Porque não quero ela. — Por que não? Não acha ela bonita? — O que isso tem a ver? Não é isso que me interessa. — Beleza? — É. Isso não é nada. — Nada? — Claro que não. — O que você quer então? — Olhou na direção dele. — Quero alguém para amar de verdade. Emily respirou fundo. — Isso é meio difícil hoje em dia, não acha? — Não acho. — Então você já tem um amor? Guilherme desviou o olhar. — Não sei — disse baixo. Emily engoliu em seco. Se ele tem dúvida e descartou ela, não era ela que ele gostava ou tinha suas dúvidas. Sentiu uma enorme vontade de chorar, mas segurou. Não pode obrigar o garoto a gostar dela. Tem que aprender a ver ele como ele a vê. Como amigo. E nada mais. — Bem, acho que comigo ela não mexe mais. Não a vi mais e a gente nunca esteve junto mesmo. — Eu não sei. Ela falou de você comigo. Com raiva. — Não estou preocupada com ela. — Então com o quê?  — Com a gente. Está bravo comigo? — Não fui eu que te ignorei esse tempo todo. Emily fez careta. — Eu sei. Fiquei chateada. — E eu pedi desculpa por isso. — Eu que peço desculpa. Não devia ter feito aquilo. Desculpa por forçar uma coisa que não existe e nunca vai existir. Você tem razão. A gente é só amigo. Guilherme observou o rosto dela. Ela não concordava coisa nenhuma com aquilo e ele viu em seus olhos. Mas o que pode fazer? Estava confuso. — Mas ainda vou ser o príncipe da sua festa? Emily sorriu levemente e ele também. — Não poderia ser outro. **** — E aí falou pra ele? — Não. — Ué... — Não consegui — resmungou. — Mas ele não disse nada? — Não. Agatha revirou os olhos. Que garoto difícil! O que tinha de bonito, tinha de lerdo! Até parece que a Bianca ia fazer algo com ele. Depois de ver que com ele sim a menina não corria risco de gravidez, com certeza ela ia implorar para que namorassem. Os dias pareceram correr e Agatha estava se vendo louca com a festa de aniversário de Emily. Era muita coisa para organizar e ainda tinha Bianca resmungando que ela poderia dançar com outro garoto e não o Guilherme. — Mas que cisma, Bia! — reclamou Laura. Estava com as duas para ajudar a escolher as coisas da festa. — Você não faz ideia do que é ouvir isso todos os dias — Agatha resmungou e recebeu um olhar furioso de Bianca. — Não quero os dois namorando e ponto final! — Não é você que decide isso — disse Laura. — Então você aprova? — falou alto. — Aprovo o que for melhor para eles e não pra mim. Bianca a fuzilou com o olhar. — Não estou pensando em mim! Estou pensando no bem dela. — Só ela pode saber o que faz bem a ela, não você. Bianca rangeu os dentes de raiva e antes que conseguisse avançar em Laura, a campainha tocou. Agatha abriu a porta e pediu para a pessoa entrar. Laura sorriu e correu para abraçar a amiga. — Quanto tempo! Cadê o Nick? — Está na sua casa. Fomos direto pra lá, mas o Guilherme disse que você estava aqui. — Olhou na direção de Bianca. — O que está fazendo seu cabelo ficar branco? Bianca deu um grito histérico e correu para o espelho. As três riram. — Ela está cismada com a Emily e o Guilherme — Agatha explicou. — Mesmo? Por quê? — Porque eu não quero eles namorando e ponto final! — respondeu nervosa. — E eles estão namorando? — Não. Ela fica ameaçando o menino e ele está com medo — disse Agatha. — Se está com medo é porque quer! Vou castrar ele! — falou alto. — Fala sério Bianca! Guilherme é a melhor pessoa que sua neta pode arrumar! Se continuar assim, é bem capaz que ela faça o que você tanto teme, mas vai ser pior ainda. Vai ser com quem você nem conhece e que pouco se importa com ela. Todas ficaram em silêncio depois que Ana falou isso. Laura e Agatha trocaram olhares. Só a Ana mesmo para dar aquela bronca em Bianca. — Mas ele é mais velho do que ela — resmungou. — E daí? O Tiago não é mais velho que você? — Só dois anos. — E ele tem três a mais que a Emily — disse Laura. Bianca revirou os olhos. — Não tem tanta diferença assim — Ana completou a frase de Laura.   Bianca bufou estressada e não respondeu nada. As três riram dela. — Eu aprovo. Não tem pessoa melhor para ser o namorado da Emily — disse Agatha e Laura sorriu. — Mudemos de assunto — Bianca falou nervosa. — Como foi a viagem? — perguntou a Ana. — Foi ótima. Se pudesse viajava para o resto da vida. Ficar à toa é tudo de bom. — E a Bruna? Está bem? — Não podia estar melhor. — Como assim? — Laura perguntou. Ana sorriu e olhou o rosto de cada uma delas. — Assim que eu cheguei, ela já veio toda eufórica me encontrar. — Aconteceu alguma coisa com ela? — disse Laura. — Ela disse que está grávida. — Ah que fofo! — Laura e Agatha falaram juntas. Já Bianca soltou uma gargalhada histérica e fez todos olharem para ela. — Qual a graça? — Ana perguntou. — Avó de novo hein?! Cadê os cabelos brancos agora? — falou irônica. — Você sempre falou m*l da cor do meu cabelo, não é? Pois eu não tenho cabelos brancos — disse satisfeita. — Isso é impossível. — Não é não. Nunca pintei meu cabelo. Bianca se aproximou dela e observou o cabelo bem de perto. — Precisa de óculos? — ironizou. Agatha e Laura riram. Mesmo com o tempo, essas duas não mudavam nunca.
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