Mudança

2031 Words
Depois que as aulas acabaram, Clara foi procurar Enrico. Ele tinha saído da turma sem falar com ela. — Você está sabendo? — Alyce perguntou afobada. — De que? — O Alex está namorando. Clara paralisou por uns segundos. — Rápido assim? — Por quê? Está com ciúmes? A menina revirou os olhos. — Claro que não, Alyce! Só que eu nem sabia que ele estava gostando de alguém. — Sabia sim e era de você, mas como não quis nada com ele... Resolveu dar uma chance para outra garota. — Quem? — Shelby Chang. — Hum... Eu preciso ir. Depois a gente se fala. — Ok. Clara saiu de perto dela e continuou procurando Enrico. Ela andava pelos corredores lentamente olhando cada canto. Então decidiu ir até o jardim, pois eles gostavam de ficar juntos ali. Assim que chegou, sentiu uma fraqueza nas pernas e se apoiou em uma árvore. Sua visão ficou embaçada e ela se sentiu extremamente pesada. Em pouco tempo estava caída no chão. Enrico estava mesmo no jardim. Olhava a água do lago com o rosto sério. Por que diabos Clara defendia tanto aquele ruivo i****a? O que ela sentia por ele afinal? Porque o sentimento dele, ele tinha certeza do que era, mas e o dela? — Ei, Agnelo. — O loiro olhou para trás. Uma garota de olhos puxados chamava. — O que? — Sua namorada está passando m*l ali, olha... — Apontou na direção que Clara estava caída. Várias pessoas estavam em volta dela nesse momento. Enrico levantou em um salto e correu na direção dela. Ao chegar, empurrou as pessoas e ajoelhou no chão perto de Clara. Estava pálida e ainda desacordada. — Clara fala comigo! — pediu preocupado. — Melhor levá-la a ala hospitalar... O loiro a pegou no colo e seguiu em disparada para lá. No caminho Alyce o viu com Clara nos braços e arregalou os olhos. — O que aconteceu? — Foi atrás dele desesperada. — Não sei... Os dois continuaram andando rápido em direção a ala hospitalar e quando chegaram, a enfermeira pediu para colocar a menina em uma das camas. A mulher expulsou os dois dali e fechou as portas. Enrico tinha os braços cruzados e batia o pé. Estava nervoso com o que aconteceu. Já Alyce roía as unhas. — Você viu quando ela desmaiou? — Não. — O que será que aconteceu? — Eu também não sei. Alex chegou correndo e parou perto de Alyce. — O que aconteceu? Enrico revirou os olhos. — Eu não sei, ela estava desmaiada... — respondeu Alyce. — Droga... O loiro ficou observando sem falar nada. O ruivo estava tenso. Um bom tempo depois a porta abriu e a enfermeira apareceu. — Entrem. — Ela está bem? — Enrico perguntou. Os três seguiram a mulher. — Me parece bem agora. — Como assim agora? — Foi a vez de Alex questionar. — Ela estava desmaiada, ué. — E por que ela desmaiou? — Não sei. — Como não sabe? — Alyce perguntou histérica. — Ela não tem nada. Não sei porque desmaiou. Se quer tem a pressão baixa. Alyce e Alex trocaram olhares. Eles se aproximaram da cama que Clara estava. A menina estava sentada e parecia realmente bem. — O que aconteceu hein? — Alex perguntou, mas Clara olhava Enrico. A menina engoliu em seco e seus olhos se encheram de lágrimas. — Algum problema? — Se aproximou e segurou a mão dela. Clara apertou mão dele. — Não. — Tem certeza? — Fez carinho no rosto dela. Clara concordou. — O que aconteceu? — Eu não sei. Estava te procurando e quando cheguei no jardim me senti tonta... — Você comeu algo diferente? — Alyce perguntou. — Não. — Que estranho... — disse Enrico. — Eu estou bem. — Tem certeza? — Sim. Alex a observava em silêncio. Tinha certeza que estava mentido. — Posso saber o que aconteceu? Os quatro olharam para o lado e ficaram surpresos ao ver a diretora ali. — Ela desmaiou... — Alyce respondeu. — Hum... Poderiam me deixar a sós com a senhorita Malfoy? Os três trocaram olhares. — Claro — falou Alex. — Depois eu venho te ver — Enrico deu um beijo no rosto de Clara. Os três saíram. — O que aconteceu, querida? — Eu não sei. Me senti tonta e cai — disse olhando suas mãos. Macgonagall sentou no fim da cama. — Sei que tem mais coisa nessa história. Gostaria que me contasse. — Por quê? — Como eu disse antes, Clara, você está na idade que precisa controlar seus poderes. Se aconteceu algo que foi diferente, é melhor me dizer. Clara ficou em silêncio olhando a mulher a sua frente. — Eu não contarei a ninguém, só quero te ajudar. — Eu tive uma visão. — Isso é normal, não é? — Eu nunca tinha tido uma acordada. Sempre foi dormindo. — Hum... Então algo mudou. — Acho que sim... — Vamos começar a trabalhar isso. Com o tempo você controlará e não desmaiará mais. — Como assim? Eu só vejo quando estou dormindo. — Mas verá acordada e sem desmaiar. Basta trabalhar isso. Clara a olhou de boca aberta. Como sabia dessas coisas? — Será? — Tenho certeza — disse sorrindo. Será que ela sabe de mais coisas? — Eu tenho que ir. Está se sentindo bem? — Sim. — Ótimo! Depois combino com você como começaremos seu treinamento. Clara franziu a testa. — Tudo bem... A mulher saiu dali em passos lentos. Que cena sinistra! Teve que passar o dia deitada naquela cama, pois não a deixaram sair. Teria que ficar em observação. O caso foi muito esquisito. Clara olhava o teto do lugar enquanto lágrimas desciam pelo seu rosto. A menina fechou os olhos e as lembranças da visão voltaram em sua mente. Ela estava indo à biblioteca junto com o Alex, os dois debaixo da capa de Harry. Chegaram finalmente e quando Alex ia tirar a capa, escutou um barulho. Os dois ficaram em silêncio esperando. — Você tem certeza? — Absoluta. Alex e Clara trocaram olhares. As vozes eram bem conhecidas... De repente a visão ficou cortada e já pulou para outra parte. Era Enrico e Agnes que conversavam antes, mas agora estavam aos beijos encostados em uma estante. A única coisa que aconteceu foi Alex colocar as mãos na boca de Clara para ela não revelar que eles estavam ali. Clara abriu os olhos e se deparou com o loiro a olhando. — Está sentindo alguma coisa? — Não. — Por que está chorando? — Fez carinho no rosto dela. — Você ficaria com outra pessoa? — Como assim? — Beijaria outra pessoa? — Por que está perguntando isso? — Responde... — Não. Estou com você. — Mas você já beijou várias aqui. Os dois ficaram em silêncio se olhando. Enrico engoliu em seco. — Agora estou com você. — E isso te impediria? — Você está tão esquisita... — Eu sou esquisita. E você já sabia disso. — O que deu em você hein? — Enrico franziu a testa. Clara suspirou. Não podia falar assim com ele, afinal, ele ainda não fez nada... — Desculpa. Acho que não estou muito bem... Enrico sentou na cama ao lado dela. — Vai ficar boa. — Beijou a testa dela. — Vamos ver... Ficou com ele até que a enfermeira apareceu e disse que poderia sair. Isso só à noite. Cada um seguiu seu caminho e quando Clara entrou no salão, viu Alex sentado no sofá. — Você melhorou? — Sim. — Que bom. — É. — Mas é melhor deixarmos para ir outro dia na biblioteca, né? — Não. Vamos hoje. — Mas... — Quero descobrir logo. Acho que a diretora sabe de alguma coisa... — Por quê? Clara contou a ele a cena da ala hospitalar. — Que estranho. — É... Vamos deitar, te espero aqui as 2hrs da manhã. Não demora! — Ok. Cada um foi para o seu dormitório. Clara deitou em sua cama e virou de frente para a parede. Além de querer saber coisas sobre o garoto, ela também queria ter certeza que aquela visão estava certa. Na hora marcada, os dois se encontraram e seguiram para a biblioteca. Debaixo da capa, Alex respirava rápido por conta da proximidade que os dois estavam. — Você tem que me acompanhar, Alex! — Você está correndo por que? Não tem como ninguém ver a gente aqui debaixo. — Não estou correndo. — Eu que sou lento, desculpe — disse cínico. Clara revirou os olhos. Finalmente eles chegaram onde queriam. A menina engoliu em seco. Essa parte parecia familiar. Clara começou a falar bem baixinho a mesma frase. "Que esteja errada, que esteja errada!". Os dois continuaram indo em frente e quando Alex ameaçou tirar a capa, eles escutaram um barulho. Clara sentiu um embrulho no estômago e ficou paralisada. — Você tem certeza? — Absoluta. Alex e Clara trocaram olhares. Que d***a! Por que ela não podia errar pelo menos uma vez? — Vamos entrar Alex... — cochichou. — Mas é o... — Eu sei. Por favor, vamos. — Ok. Os dois continuaram em frente e entraram na área reservada. Quando estavam bem distante da vista dos dois, Alex tirou a capa. — Será que eles não vão nos ver? — Acredito que estarão ocupados... — respondeu sentindo enjoos. — Como assim? — Não importa. Vamos procurar... — Ok. Ficaram um tempo revirando os livros daquela área. Livros sinistros por sinal... — Olha aqui... — Alex chamou. Clara foi até ele. — Família Moore. Os dois trocaram olhares. — Será que fala dele? — Não sei, mas de seus antepassados deve. — Vamos levar. — Tudo bem, mas eu achei outro. — Qual? — Os dons da emoção... É um nome esquisito, mas fala de poderes comandados pelas emoções e esse cara tinha isso, não é? — É. Vamos levar também. — Acho que não deve ter mais nada. — Vamos levar esses e ler. Se não tiver nada voltamos e procuramos mais. Está tarde. — Vamos embora. — Pegou a capa e cobriu os dois. Ao passar pelo lugar de antes, Clara estremeceu dos pés à cabeça. Enrico estava agarrado com a menina mesmo. Ele encostado na estante de livros e ela com uma das mãos no ombro dele e a outra em seu cabelo. Alex apertou os olhos com raiva ao ver isso e quando percebeu que Clara ia se mexer, colocou as mãos na boca dela. — Melhor não fazer isso... — sussurrou. — Vamos embora... — falou com voz embargada pelo choro que queria sair. Alex a levou dali. Assim que chegaram ao salão comunal, Alex tirou a capa de cima deles e observou Clara. Chorava baixinho e não o olhava de jeito nenhum. — Você viu aquilo antes de acontecer, não foi? Clara o olhou surpresa. — Por que está perguntando isso? — Seu desmaio... Você não tinha nada. Os dois ficaram em silêncio por uns segundos. — Vi. — Então por que quis ir lá hoje se sabia que ia ver isso? — Eu só queria ter certeza... — respondeu derramando lágrimas. Alex respirou fundo e se aproximou dela. O ruivo a abraçou enquanto ela chorou com a cabeça apoiada no peito dele. — Ele não te merece, Clara. — Estou vendo... — Apertou o braço dele. — Não fica assim... Eu estou com você. Clara levantou um pouco a cabeça para olhar o rosto dele, com isso ficaram muito próximos. Alex engoliu em seco. Esse olhar estava deixando-o agoniado. Ia pegar aquele loiro azedo de jeito! Ah se ia... O ruivo fez carinho no rosto dela ainda a olhando nos olhos. Sem perceber, os dois começaram a se aproximar e em pouco tempo trocaram um beijo. Quando se afastaram, Clara colocou as mãos na boca com os olhos arregalados. Antes que Alex conseguisse falar algo, ela subiu correndo para o dormitório. Droga! Não podia ter deixado isso acontecer! Mas ela o beijou de volta... O que isso queria dizer afinal de contas? Será que foi só pelo momento e por que ela estava abalada? Ou ela realmente quis isso?
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