Quatro anos depois
Hermione se apressava em arrumar Ethan, seu filho mais novo. O menino tinha quatro anos de idade, era loiro e tinha olhos claros, assim como o pai.
— Draco pega aquela blusa pra mim?
Em pouco tempo a roupa veio voando em direção a Hermione.
— Eu disse pegar!
— Eu peguei.
Hermione revirou os olhos.
— Levanta logo, Draco!
— Que coisa chata! Toda vez é a mesma coisa, pra que a pressa? — perguntou irritado.
— Então fica ai! — disse alto e saiu do quarto levando o menino.
Draco respirou fundo.
Hermione desceu as escadas da casa e seguiu até a sala. Clara estava lá sentada no sofá esperando.
— Cadê meu pai?
— O que você acha? — perguntou nervosa.
A menina revirou os olhos.
— Não precisa se estressar! Vamos chegar a tempo.
Hermione suspirou.
Era o aniversário do filho de Rony e Hermione estava histérica, pois eles precisavam chegar antes do menino. Era surpresa e ela não queria estragar tudo.
Minutos depois Draco apareceu. Estava de cara amarrada. Além de ter que ir de encontro ao Weasley, Hermione ainda ficava apressando-o, coisa que ele odiava.
— Vamos logo! — disse seco.
Clara suspirou e Hermione ficou séria.
— Vamos pelo menos fingir que está tudo bem? — perguntou a menina.
— Vamos.
Em pouco tempo chegaram à toca. Depois de todos esses anos, Draco virou amigo de Harry e Gina, ainda mais por tudo que eles ajudaram quando ele precisou. E claro, Hermione nunca o deixava esquecer disso. Até com os pais de Gina ele se dava bem, mas com Rony ele não conseguia, pois sabia que um dia, no passado, ele tinha beijado a mulher dele!
— Que bom que chegaram! — disse Molly abraçando todos.
— Chegamos a tempo, né?
— Sim. Ele ainda vai demorar um pouquinho.
Clara olhou a mãe com as sobrancelhas levantadas.
— Você precisa aprender a acreditar em mim...
— Eu acredito, minha filha, mas fiquei com medo de estragar a surpresa.
— Mas eu disse que ia dar tempo, mãe.
— Tudo bem. Desculpa...
— Agora vai lá fazer as pazes com meu pai — disse pegando o irmão dos braços da mãe.
— Agora não. — Saiu de perto dela e foi conversar com a Gina.
Clara respirou fundo.
— Mamãe boba — disse o pequeno.
— Concordo.
Hermione se aproximou de Gina, que a olhou de cima para baixo.
— Você não cansa de brigar com seu marido?
— Quem disse que briguei com ele? — perguntou cruzando os braços.
— Sua cara amarrada e a dele falam muito por vocês — disse rindo.
— Vai a m***a, Gina!
— Sério, não sei como vocês não explodiram aquela casa ainda.
— Agora eu sei pra que ele comprou uma casa tão grande...
— Pra que?
— Para cada um ficar de um lado quando brigamos.
Gina explodiu em gargalhadas enquanto Hermione a encarou com fúria.
— É uma bela razão.
— Chega de falar disso! — disse alto.
Quando Gina ia soltar mais uma piadinha, Rony apareceu e falou para todos ficarem em silêncio, pois o menino estava chegando. Todos os convidados pararam de falar no mesmo instante. Aquela pequena casa estava bastante cheia, devido a todos terem que ficar ali dentro escondidos.
Em pouco tempo a porta abriu e todos gritaram surpresa. O menino arregalou os olhos e logo em seguida sorriu.
Alex era um garoto muito bonito. Tinha olhos verde claro e era ruivo com o pai, o jeito de ser era bem parecido também.
Todos cumprimentaram o menino e finalmente puderam sair da toca, a festa ia ser ao lado de fora porque assim caberiam todos e não ficariam como sardinhas enlatadas.
Draco ficou a maior parte da festa com cara amarrada e longe de todos. Odiava quando brigava com Hermione, ainda mais por coisas idiotas como a de hoje. Mas ela era teimosa e não dava o braço a torcer para pedir desculpas. E isso sempre fazia os dois ficarem distantes, pois ele também não pedia nada.
Clara, Alex e Alyce — filha de Harry e Gina — estavam em um lugar separado dos adultos. Ethan estava junto com eles e brincava com Alyce.
— Acho que esse ano arrumo uma namorada — disse olhando Clara.
— Boa sorte. Pra alguém ficar com você, tem que ser realmente retardada...
Alyce deu uma risadinha e Alex ficou sério.
— Pois eu vou te provar que vai ser fácil.
— Tudo bem.
— Não se esqueça que ela sabe do futuro, Alex. Pode saber que você não vai encontrar nada e falou isso.
O ruivo encarou sua prima com fúria.
— Não me interessa o que ela sabe de futuro! Eu posso mudá-lo.
— Então mude — disse Clara. — E Alyce, ele vai arrumar sim. Só que não a que ele está pensando — disse olhando os olhos dele.
Alex desviou o olhar. Não gostava quando ela falava assim, pois parecia que sabia da sua paixonite por ela.
Óbvio que ele queria namorar com a Clara, ela era a menina mais bonita de Hogwarts na opinião dele. Mas ela parecia não dar chance a ninguém daquele castelo.
— E você Clara... Vai arrumar alguém esse ano?
Clara ficou vermelha na mesma hora.
— Isso não te interessa!
— Deve dar uma chance ao Connor, o que acha? — perguntou rindo. Connor era o filho de Neville e Luna.
— Você é um grande b****a, sabia?! O Connor é um amor.
— Então fique com ele!
— Vai a m***a garoto!
Saiu de perto andando rápido. Alyce deu uma risadinha e Alex a olhou.
— Se você quer conquistá-la, deveria parar de irritá-la.
Alex saiu de perto da prima para não ter discussão. Já tinha falado mil vezes para não falar nesse assunto assim, pois ela poderia ouvir. Mas sua prima era teimosa e sempre soltava umas piadinhas sem graça sobre esse assunto.
Clara andava rápido pelo lugar. Alex a tirava do sério com seu jeito imaturo de ser. Ela viu seu pai sentado em uma das mesas sozinho e se aproximou.
— Está tudo bem?
— Sim.
— Mesmo?
— Sim.
— Sabe que quando você só responde "sim", é porque é não, não é?
Draco ficou em silêncio.
— Não liga pra mamãe, pai. Sabe que ela é histérica com algumas coisas.
— Sim e você sabe que eu não tenho muita paciência...
Clara engoliu em seco.
— Posso falar uma coisa?
— Pode. — Olhou sua filha finalmente. Estava olhando o nada enquanto falava com ela.
— Se você fizer o que tem em mente... Vai sofrer bastante.
Draco ficou em silêncio. Como essa menina sabia o que ele estava pensando?
— Como sabe o que penso? Achei que só via o futuro...
— E só vejo mesmo.
— E o que você vê para me falar isso?
Clara suspirou.
— Tem dois futuros para você. Mas eu não sei qual vai se realizar.
Os dois ficaram em silêncio por uns segundos se olhando.
— E são ruins?
— Um deles sim. Como eu disse, você vai sofrer bastante.
— Me conte.
— Não posso...
— Por quê?
— Você quem tem que decidir, pai. Não posso ficar interferindo na vida das pessoas com minhas visões.
— Está certa.
— Mas pensa bem.
— Vou pensar.
Clara se aproximou e o abraçou. Draco beijou a cabeça dela. Os dois ficaram em silêncio na mesma posição. Em pouco tempo Draco olhou para o lado ao sentir alguém puxar sua calça. O loiro pegou seu filho no colo.
— Estava sozinho?
O menino acenou. Draco olhou Clara com o rosto sério.
— Ele estava com a Alyce! — Se defendeu antes de receber um sermão.
— Lyce disse que o Alec gosta da Clara...
Clara arregalou os olhos quando o menino disse isso batendo palmas. Draco olhou para a frente com um olhar de fúria.
— Ele gosta da sua irmã?
— Pai não liga pro que ele diz. Ele não sabe o que está falando.
— Aquele filhote de Weasley já te falou alguma coisa, Clara? — perguntou visivelmente nervoso.
— Não, pai.
— O que mais eles falaram, Ethan?
— Que ele tem que conquistar ela.
Draco levantou da mesa com fúria.
— Pai, por favor! — pediu, mas ele não escutou e entregou o pequeno a ela. Logo estava indo em direção ao Alex.
— Seu linguarudo! — falou com o pequeno, que deu língua para ela. A menina seguiu seu pai em passos rápidos.
Assim que Draco se aproximou, colocou Alex contra a parede. O garoto levou susto e nem reagiu, só ficou o olhando assustado.
— Escuta uma coisa moleque! Não se atreva a dar em cima da minha filha está me entendendo? Se te ver em cima dela, te capo! — disse furioso.
— Pai... Solta ele, por favor... — Clara pediu nervosa.
Ethan estava no colo dela agarrado em seu pescoço. Estava assustado com o jeito do pai.
— O que você está fazendo? — Hermione se aproximou e tirou as mãos dele de Alex.
— Só estou dando um aviso.
— Ficou louco? — falou alto.
— Estou muito normal! E o recado foi dado! — Virou as costas e saiu de perto.
Todos na festa olhavam a cena. Hermione pediu desculpa a todos e foi atrás de Draco.
— O que deu em você?
— Não quero aquele garoto dando em cima da minha filha!
— Draco não é você que escolhe os namorados dela sabia?
— Namorados? Tem mais? — perguntou alto. Hermione suspirou.
— Não tem, Draco, mas quem vai escolher é ela e não você.
— Aquele garoto não! — gritou.
— Por que não?
— Porque eu não quero!
— Você não tem que querer nada! É a Clara que escolhe! — falou alto.
— Mas eu não deixo e ponto final!
— Você não pode mandar no coração da sua filha. Se ela se apaixonar, vai ficar com quem quiser.
— Não enquanto eu estiver vivo!
— Deixa de ser ridículo, Draco! — falou alto. — Quando você era mais novo traçava todas as meninas de Hogwarts e sua filha não pode namorar um garoto?
— Não pode!
Hermione passou a mão no rosto com raiva.
— Acho melhor irmos embora.
— Concordo!
Hermione saiu de perto dele andando rápido e em pouco tempo voltou com Ethan nos braços. Clara vinha logo atrás.
— Vamos — disse seca.
Assim que chegaram em casa, Clara seguiu para o seu quarto sem falar com ninguém. Hermione deixou Ethan no quarto dele e voltou para sala, onde Draco estava andando de um lado para o outro feito louco.
— Draco você precisa...
— Eu não quero discutir agora! — cortou com arrogância.
— Mas você não pode...
— Eu disse que não quero discutir! — falou alto.
— Ok. — Virou as costas. Draco respirou fundo.
— Hermione...
— Não quer discutir, esqueceu? — Subiu as escadas.
— m***a! — falou sozinho.
Draco passou a noite em outro quarto. Sempre que discutiam ele dormia sozinho. Sentia falta de quando eles brigavam e faziam as pazes na cama... Por que aquilo mudou? O que ele estava fazendo de errado? Era tudo tão gostoso e agora...
E por que diabos a Clara falou aquilo para ele? Agora não sabia o que fazer. Ainda mais que um dos futuros não era bom.
— Porcaria! — reclamou sozinho.
No dia seguinte nem levantou da cama. Ficou pensando o que faria para resolver essas coisas que estava passando com Hermione.
Hermione escutou um grito seguido por um choro e levantou da cama com pressa. Assim que Draco escutou, também levantou. Os dois correram para o quarto de Clara.
A menina se contorcia em cima da cama e chorava, mas estava dormindo.
— Clara... Filha acorda... — pediu Hermione sentando na cama.
Draco se aproximou e ajoelhou em frente a menina. Clara abriu os olhos e suspirou aliviada.
— O que foi, filha?
— Não foi nada...
— Como não foi nada, Clara? — Hermione perguntou preocupada. — Você estava gritando! O que você viu agora?
Clara engoliu em seco enquanto os dois a encaravam sérios.
— Eu não posso dizer.
— Quem disse que não pode? — Draco perguntou.
— Eu estou dizendo.
— Pois eu quero saber — disse Hermione.
— Não.
— Clara...
— Mãe eu não vou dizer!
— Só diga se é r**m ou bom... — Hermione olhou Draco, que estava a olhando.
— Depende do que você deseja — disse olhando o pai.
O loiro engoliu em seco.