Como tiveram que voltar das férias por causa de Ethan, Hermione decidiu voltar a trabalhar. Draco também, não queria, mas voltou.
O loiro estava em sua sala fazendo seu trabalho como normalmente. Jenny entrou e ele fingiu que ela nem existia.
— Bom dia.
Draco não respondeu.
— O que meu chefinho precisa hoje?
— Que você suma e nunca mais apareça.
A mulher riu.
— Quanta raiva nesse coração, senhor Malfoy. Eu não sou uma pessoa que some fácil...
Draco a olhou finalmente. Estava apoiada na mesa dele de um jeito oferecido.
— Não seja por isso eu te ajudo a sumir. Conheço um ótimo jeito.
— É mesmo? E qual é? — Se aproximou bastante.
Draco levantou da cadeira e se afastou dela.
— Te mando pro inferno! — disse feroz.
— Hum... Só vou se você for comigo.
— Sai daqui antes que eu não me controle mais!
— Então não se controle... — Chegou perto e o segurou pela blusa.
Draco agarrou os pulsos dela segurando com força.
— Nunca mais ouse me encostar! Você ouviu?
— Ai...
— Ouviu? — Apertou mais.
— Tá bom.
O loiro soltou os pulsos dela com arrogância e se sentou de novo. Não a olhou e continuou seu trabalho.
A mulher ficou o olhando com a mão no pulso. Adorava quando ele era bruto...
Saiu da sala para pegar uns papéis que Draco precisava. No caminho encontrou Caleb que carregava uma caixa.
— O Malfoy voltou a trabalhar?
— Sim. Voltou hoje.
— Hum...
— Por quê?
— Só queria saber.
— Até parece! Sei que você teve um... Rolo com a mulher dele.
O homem a olhou surpreso.
— Como sabe disso?
— Tenho meus contatos...
Caleb franziu a testa.
— E o que mais você sabe?
— Sei que está com raiva dele. Dá pra ver na sua cara.
— Isso não te interessa!
A mulher sorriu de lado.
— Eu sei que está e fique sabendo que posso te ajudar a fazer ele pagar.
— Como?
— Se a gente conseguir separar os dois, ele vai sofrer bastante.
— Isso não é sofrimento pra mim.
— O que é então?
— Algo que doa mais.
— Entendo, mas essa dor é bem melhor do que a física, não acha? A física cura com um tempo, mas essa ele vai sentir pra sempre...
Caleb ficou pensativo. Talvez ela tenha razão afinal.
— E por que você quer separá-los?
— Quero ele pra mim.
— Faça bom proveito.
— Vai querer minha ajuda?
— Sim.
A mulher sorriu satisfeita.
— Eu soube de uma coisa e tive uma grande ideia...
— O que você soube?
— Que um cara veio aqui e quis pegar a esposa dele, mas ela não quis.
— Que cara?
— Um tal de Vitor Krum.
— Hum... E qual seu plano?
— É simples...
***
Hermione estava em sua sala, mas nesse momento não mexia nos papéis. Estava pensativa. Lembrava de tudo que passou nos últimos dias e se perguntava se fez o certo voltando para casa.
Clara disse que Draco tinha se arrependido e que não a trairia mais... Mas se traísse? Ela contaria?
Hermione suspirou. Queria mesmo confiar em Draco, mas estava difícil.
Alguém bateu na porta cortando seus pensamentos.
— Entra.
A porta se abriu e Caleb estava ali.
— Desculpe atrapalhar.
— O que você quer?
O homem se aproximou e entregou um envelope a ela. Hermione franziu a testa e abriu. Dizia ali que a partir de agora Caleb seria o novo ajudante dela. Ela ficou de boca aberta com o que leu.
— Mas...
— Eu não tive culpa de nada.
— Só pode ser piada...
— Está assinado pelo Ministro.
Hermione olhou o fim do papel. Estava mesmo.
— Tudo bem, mas que fique claro que só falo com você por causa do trabalho. Nada mais.
— Está tudo bem. Amanhã eu estou aqui no horário.
— Ok.
O homem saiu da sala e Hermione suspirou. Que azar! Tanta gente para trabalhar junto e tinha que ser logo ele?
Ao terminar tudo, saiu da sala. Draco a esperava ali. Sorriu quando o viu. O loiro se aproximou e a beijou levemente nos lábios.
— E aí como foi seu dia?
— Bom... Estranho na verdade.
— Por quê?
— Chatices do trabalho.
— Sei...
— Vamos? — Deu um beijo no rosto dele.
— Vamos.
Assim que chegaram em casa, foram recebidos por Ethan que abraçou os dois e perguntou se Hermione não mudou de ideia quanto a voltar para casa.
— Filho eu já disse que não.
— Que bom. Quero morar com vocês juntos e nunca mais ter que ir embora.
— Você nunca foi embora, Ethan.
— Mas não quero ficar dormindo na vovó.
— Qual o problema em dormir na casa da sua avó? — perguntou de braços cruzados.
— Nenhum. Eu prefiro ficar aqui com vocês. Só isso.
— Tá bom.
O menino saiu de perto deles e correu para o seu quarto.
— Está tudo bem com você?
— Por quê?
— Estou te achando estranha... Está me escondendo algo?
Os dois ficaram em silêncio se olhando.
— Não surta...
Draco já logo ficou tenso.
— Colocaram o Caleb para trabalhar comigo.
Silêncio. O loiro a olhava completamente sério enquanto Hermione esperava ele dar um ataque.
— Você e o imbecil... Trabalhando juntos?
— Sim.
— Que p***a é essa? Isso já está decidido? — gritou.
— Sim. — Entregou o mesmo papel que Caleb a entregou.
Draco abriu com fúria e leu tudo, amassando quando terminou.
— Vai ficar tudo bem. Ele não pode fazer nada comigo lá dentro.
— Mas se tentar eu faço! Não importa se estamos lá dentro ou em qualquer outro lugar! Mato esse filho da p**a se chegar perto de você! — disse feroz.
Hermione se aproximou e o beijou.
— Adoro quando você fica assim nervoso e ameaçador...
Draco sorriu de lado.
— Então espero que você esteja lá no quarto em cinco minutos. Senão eu não respondo por mim...
Hermione riu e subiu as escadas. Draco foi atrás.
***
— Sua i****a! — Agnes falou alto.
— Não precisa agradecer por eu ter apagado o fogo!
— Ninguém pediu sua ajuda!
— Dá próxima espero que queime até a morte.
Todos ficaram em silêncio ao ver o olhar de fúria de Clara ao dizer isso.
— Posso saber o que se passa aqui? — finalmente a menina parou de encarar a outra e balançou a cabeça, confusa.
— Ela estava pegando fogo, diretora. Do nada... — Enrico explicou.
— Convenhamos que deve ter uma explicação para isso.
— Não tinha nada para isso acontecer.
Minerva ficou em silêncio olhando a menina.
— Deve ter sido algum engraçadinho. Espero que ninguém mais tente fazer magia fora das aulas! Eu descubro quem foi.
Os alunos ficaram em silêncio.
— Vamos, vamos! — Bateu palmas. — Sente-se e comam. E você vá se limpar.
Agnes encarou Clara antes de sair andando rápido do salão.
Clara sentou em seu lugar à mesa e ficou parada pensando sobre o que aconteceu. Nem conseguiu comer, estava assustada.
— Que foi?
— Nada.
— Então por que não come?
— Estou sem fome.
— Eu sei que está mentindo, Clara.
A menina o olhou. Estava encarando seu prato o tempo todo.
— Eu explico depois, Alex. Com calma.
— Tudo bem, mas come alguma coisa.
— Vou tentar.
O dia passou e Clara estava totalmente avoada. Não prestava atenção em nada ao seu redor. Nem mesmo em Agnes que não perdia a oportunidade de tentar irritá-la.
Estava indo agora até a sala de Minerva. Nem chamou Alyce. Queria que o dia terminasse logo. A menina suspirou e bateu na porta da diretora.
— Entre.
Clara obedeceu.
— Com licença.
— Fique à vontade, querida.
— Obrigada.
— Resolveu vir sozinha?
— Sim.
— Percebo que está chateada...
— Eu não queria ter colocado fogo nela...
Minerva ficou surpresa. Não tinha pensado que Clara fez aquilo.
— Você colocou fogo nela?
— Eu acho que sim...
— Ficou com raiva de alguma coisa?
— Sim.
— Hum... Raiva dela?
— Sim — respondeu olhando o chão.
— Não se preocupe, isso vai passar quando controlar seus poderes.
— E como vou fazer isso?
— Vou te passar exercícios.
— Como assim?
— Podemos começar com o sentimento que tem pela senhorita Thompson.
Clara ficou em silêncio observando a diretora.
— O que sente ao pensar nela?
Clara lembrou de tudo que aconteceu nos últimos dias. Tudo que ouviu de Agnes e o que ela colocou na cabeça de Enrico.
A menina trincou os dentes com as lembranças.
— Respire fundo, querida...
Clara se assustou quando Minerva falou isso bem próximo ao ouvido dela.
— Agora pense em coisas que te acalmam. Como naquele dia que te vi...
Clara respirou fundo e fechou os olhos. Ela fez o que Minerva aconselhou. Em pouco tempo se sentiu mais leve.
— Melhorou?
A menina abriu os olhos ao ouvir a pergunta. Minerva estava parada na frente dela a olhando sem esboçar nenhuma reação.
— Sim.
— Você foi muito bem. Parabéns! Pegou de primeira — disse sorrindo.
Clara olhou ao redor e viu alguns objetos jogados no chão.
— Isso não foi nada. Achei que seria pior. — Deu uma risadinha.
— Pior?
— Você sabe que coisas acontecem quando está irritada.
— Sei...
— Mas não se preocupe. Faça o que eu falei agora e vai controlar isso.
— E se eu não conseguir?
— Bem... Você tem que ser forte e tentar relaxar. Você tem uma paz enorme dentro de si. É uma pessoa muito calma. Isso é muito bom e é uma vantagem pra você. Se controlar sua raiva agora, vai ser fácil.
— Você fica falando isso de agora... O que quer dizer?
Minerva ficou em silêncio por uns segundos olhando Clara.
— Como eu disse antes, você é extremamente forte. E seus poderes são diferentes. Precisam ser controlados para que nada de r**m aconteça. Leia o livro que você vai entender.
Clara suspirou. Por que ela não explicava de uma vez? Que coisa!
— Lembre-se de se manter a calma que vai dar tudo certo.
— Ok.
— Pode ir.
— Obrigada.
A menina saiu da sala e seguiu para o salão comunal. Alyce e Alex a esperavam sentados no sofá. Clara se aproximou e sentou entre os dois.
— E aí? — Alex perguntou.
— Ela está me ajudando a controlar a raiva e essas coisas...
— Como assim?
Clara explicou o que aconteceu na sala de Minerva.
— Eu acho super legal ela estar te ajudando sabia? Assim você não fica perdida — disse Alyce.
— É verdade. E parece que ela sabe o que está fazendo.
— Esse é o problema. Ela não me explica muita coisa. Só diz para ler o livro que peguei.
— Ela sabe que pegou o livro? — os dois falaram juntos.
Clara deu uma risadinha.
— Sabe.
— E não brigou com você? — Alyce perguntou com os olhos arregalados.
— Não. E ainda disse para ler.
— Eu acho que ela tem problemas... — disse Alex.
— Acho que está querendo ajudar.
— Ou esconde alguma coisa...
Alex e Alyce trocaram olhares.
— Bem... Eu vou dormir. — Alyce levantou do sofá e saiu antes que alguém falasse alguma coisa.
Os dois ficaram em silêncio. Clara olhava o chão para não olhar o Alex e ele olhava para o lado oposto ao que ela estava.
— Bem... Vou dormir também... — Levantou.
Alex segurou o pulso dela. Clara engoliu em seco.
— Desculpa pelo que aconteceu...
— Também tenho que me desculpar... Eu deixei acontecer.
Alex ficou em silêncio olhando Clara. Estava de cabeça baixa.
— E por que deixou?
Clara suspirou.
— Estava bastante abalada no momento, Alex. Quando percebi já tinha feito.
— Entendi.
— Desculpa.
— Está tudo bem.
— Espero que isso não abale nossa amizade.
— Não vai.
— Que bom.
— A menos que... — Levantou do sofá e ficou de frente pra ela. Agora Clara o olhava fixamente. — Você aceite que não sejamos mais amigos.
— Como assim?
— Que sejamos mais do que amigos... — Se aproximou dela.
— Alex você tem namorada...
— Eu sei, mas eu posso terminar para ficar com você.
— Isso não é legal.
— Você sabe que eu queria você.
Clara desviou o olhar.
— Mas como não tinha chance...
— Por que agora acha que tem?
— Porque você me beijou.
Droga! Pensou nervosa.
— Alex eu...
Ele colocou um dedo na boca dela, a impedindo de falar.
— Não responde agora. Pensa sobre o assunto. Posso tentar fazer você esquecer aquele cara.
Os dois ficaram em silêncio se olhando.
— Tá bom.
— Até amanhã então. — Deu um beijo no rosto dela e seguiu seu caminho.
Merlin! Que situação! Mas será que isso é uma boa ideia?