Poderes e mais poderes...

2137 Words
Clara e Enrico estavam sentados na grama. Ela o encarava com as sobrancelhas levantadas e braços cruzados. O loiro tinha a cara amarrada e não tirava os olhos dela. — Ficou louco? — Não. Só não quero que você fale com ele! — Mas eu falo com quem eu quiser! — Só que eu não gosto disso! Será que pode me respeitar? — Respeitar? Você não está me respeitando pedindo isso! — Que é hein? Não quer deixar de falar com ele, é isso? — perguntou feroz. — Não quero. Enrico a olhou de boca aberta. — Por quê? — disse histérico. — Porque você não manda em mim! — Mas ele gosta de você e está em cima o tempo todo! — E daí, Enrico? Que d***a! Quantas vezes eu vou ter que falar que estou com você? — Mas se você se afastasse dele eu ficaria melhor. — Eu não vou fazer isso. — Tudo bem. Então escolha... Ou ele ou eu — disse sério. Clara o olhou indignada. — Não acredito que você está falando isso! — Escolha. — Você é um i****a! — Levantou do chão e saiu dali andando rápido. Enrico levantou também e chutou a árvore com raiva. Clara correu pelos corredores furiosa. Queria ficar sozinha e sabia que se fosse para o salão comunal, iam encher ela de perguntas. Seguiu para a biblioteca. Assim como sua mãe, ela gostava de ficar ali com o nariz enfiado em um livro. Procurou algo para ler e se sentou em uma mesa. A mesa mais afastada de tudo e de todos. Começou a ler. No livro falava sobre um garoto que tinha um poder muito antigo e forte. Dizia ali que a mil anos atrás, ouve uma grande guerra no mundo bruxo e que o garoto tinha sido o motivo dela ter começado. Na verdade, seus poderes. Clara ficou extremamente interessada no livro e continuou lendo. O garoto era especial e seus dons causavam inveja em todos os outros bruxos "comuns". Os fascinados por magia n***a, eram os que mais invejavam o menino. Queriam ser como ele e fazer o que ele fazia. Clara não conseguia parar de ler o livro. Ela o pegou por acaso, estava nervosa e só queria ler qualquer coisa e se acalmar. Mas aquele livro era legal. Ao ver quais eram os dons do garoto, Clara ficou extremamente pálida. Eram idênticos aos que ela tinha. — Clara? Ela se assustou e fechou o livro. — Ei, está tudo bem? — Sim. — Você está pálida! Tem certeza? — Se aproximou dela. Clara colocou a capa de seu uniforme por cima do livro. — Eu estou bem, Alex. — Não parece. — Só preciso descansar. — Seu namorado veio falar comigo. — Falar o que? — Disse pra eu não me aproximar de você se não quiser ser azarado. Clara respirou fundo. Ela pegou o livro disfarçadamente e o escondeu em suas vestes. — Não liga pra isso, vou dar um jeito. — Esse menino se acha. — Alex... Por favor! — Tudo bem — disse com as mãos para o ar. — Obrigada. Agora eu preciso ir. — Ok. Clara saiu de perto dele, que ficou olhando ela ir embora. Tinha algo errado com ela... Sabia quando estava escondendo algo. Os dois sempre faziam artes juntos e ele sabia exatamente quando estava nervosa e mentindo. Mas o que será que ela escondia? Clara seguiu para o dormitório e sentou no chão ao lado de sua cama. Ela dormia na última e era próxima a parede. Então encostou na cama e ficou sentada de frente para a parede, de forma que quem entrasse, não a visse ali. Abriu o livro e continuou a leitura. ..... Na época, o garoto não sabia a proporção de seus poderes. Mas percebia que mexia com as emoções. Não sabia porque os outros eram diferentes dele. E nunca quis saber. Mas um dia um grande bruxo maligno descobriu o garoto e o enganou. Disse que ele era um dos maiores bruxos existentes e que seu poder se igualava ao de Merlin. Encantado com o que ouviu, o menino começou a se achar o mais poderoso e como ouvia os conselhos do bruxo, fazia tudo o que ele falava, inclusive m*l as pessoas que entravam em seu caminho. Com o tempo, o ódio e rancor tomaram conta de seu coração. E como seus poderes eram comandados pela emoção, tudo ficou pior. O bruxo que o tinha corrompido, armou uma cilada para ele. Queria lhe roubar o poder e faria qualquer coisa para isso. E como tinha a confiança dele. Seria mais fácil. Alguém abriu a porta e Clara fechou o livro em suas mãos. Respirava ofegante e estava bem assustada. Será que era um livro de história real ou alguém imaginou aquilo? E se fosse real, por que estaria assim tão fácil o acesso? Tantas dúvidas... — O que faz aí? Clara deu um pulo e olhou para cima. Alyce estava deitada na cama dela a olhando. — Estou pensando... — Precisa sentar no chão para fazer isso? — Esses meninos estão me deixando louca! Alyce deu uma gargalhada. — Deveria estar feliz. Ao menos tem dois querendo você... Clara a olhou pensativa. — Você gosta de alguém, Alyce? — Eu não — respondeu rápido. — Tem certeza? — Absoluta! — respondeu sem olhá-la. — Hum... Ok. Se você diz... — O que vai dar de natal para o seu namorado? — Nem sei se tenho um namorado... — Suspirou. Enrico era um grande i****a, mas ela gostava dele. — Vocês terminaram? Clara contou a ela o que Enrico disse. — Que i****a! — Sim. — O que você vai fazer? — O certo a ser feito. — E o que é o certo pra você? — Vai descobrir depois. — Levantou do chão. — Quanto mistério... — Levantou da cama. Assim que Clara a viu de costas, escondeu o livro rapidamente debaixo do colchão. Clara saiu do salão comunal e foi procurar Enrico. Perguntou a alguns alunos se tinham o visto e ninguém sabia onde ele estava. Continuou andando pelos corredores e viu o loiro conversando com a menina que fez dupla com ele na aula. Se aproximou lentamente e quando chegou perto, os dois pararam de falar. — Posso falar com você? — Sim. — Até mais. — A menina se aproximou e deu um beijo no rosto de Enrico. Depois lançou um olhar de desprezo a Clara e foi embora. — Por que pararam de falar quando eu cheguei? — Não sei. — Deu de ombros. — Estavam falando de mim? — Por que estaríamos? — Eu não sei, mas quando a gente está falando de alguém e esse alguém chega, geralmente paramos de falar — disse irritada. — Então é isso que você faz quando conversa com o Weasley e eu chego? — Ai Enrico não tem nada ver! Isso nunca aconteceu! — Mas você vive com esse garoto. Quem me garante que não tem nada com ele? — Eu já entendi... — O que? — Essa garota está fazendo sua cabeça com essas coisas idiotas. — Não... — Não tenta me enganar, Enrico! Eu sei que ela colocou essas coisas na sua cabeça! Mas já que você gosta tanto de ouvi-la, por que não fica com ela? — perguntou furiosa. — O que quer dizer com isso? — disse sério. — Que você está livre para ela. — Está terminando comigo? — perguntou alto. — Você falou para escolher, não é? Eu escolho quem não me cobra com quem devo ou não falar. Os dois ficaram em silêncio se olhando. Apesar de estar séria e decidida, Clara sentia seu peito apertado em estar fazendo isso. m*l tinha começado o namoro e já estavam terminando... Enrico a olhava furioso. Ela escolheu o Weasley! Não podia acreditar em tal coisa. — Achei que gostava de ficar comigo. — E eu gosto. — Então por que está escolhendo ele, Clara? — Porque não se deve fazer o que você fez! Eu não gosto dessa sua amiguinha, mas nunca pediria pra você escolher entre mim e ela! — Se você pedisse ia escolher você. — Mas eu nunca faria isso. Você fala com quem você quiser. E acredita em quem quiser também... Os dois ficaram em silêncio. Apesar de estar com raiva, ele não queria perdê-la. — Eu preciso ir. Tenho que arrumar minhas coisas... — Eu também. — Feliz natal para você. — Feliz natal... Clara virou as costas para ele. Assim que fez isso, soltou as lágrimas que estava prendendo. Ela começou a andar para longe dele lentamente. Não queria chegar chorando ao salão. Tinha que ser forte! Enrico a colocou contra a parede antes que conseguisse ir embora. Segurava sua cintura com força. Os dois ficaram se olhando em silêncio. Ambos respiravam rápido. — Eu quero você... — sussurrou. — Você me quer só pra você Enrico, isso não é certo. — Eu... Eu só morro de ciúmes porque ele te conhece há muito tempo e seus pais são amigos dos dele... Devem aprovar você ficar com ele... Clara riu um pouco. Se ele soubesse o ódio que seu pai tem de Alex e do Rony. — Não fala besteira. Isso não tem nada a ver. Minha mãe apoia eu ficar com quem eu gosto. — E seu pai? — Meu pai não quer que eu namore até completar 50 anos. Os dois riram. — Mas ele tem chances com você? — Se tivesse já tinha ficado com ele, não acha? — É... Mas você jura que nunca beijou ele? — Você precisa começar a acreditar no que eu digo. — Desculpa. — Eu nunca beijei o Alex, Enrico. Nunca. Até porque eu... — Olhou o chão. — Nunca tinha beijado ninguém até você me agarrar... O loiro ficou paralisado. Clara não desviava os olhos do chão. Minha nossa! Ela nunca tinha beijado? Era possível alguém com um beijo tão bom nunca ter beijado? — Agora eu entendi porque você beija tão bem... — E por que é? — Porque eu ensinei. — Sorriu convencido. Clara revirou os olhos. — Eu preciso ir. — Vamos ficar assim mesmo? — Se aproximou bastante e fez ela prender a respiração. — Você pediu para escolher e eu escolhi. — d***a Clara! Não quero ficar sem você. — Então vamos fazer o seguinte: você vai pra sua casa e eu pra minha. E aí você reflete sobre o assunto. Quando voltarmos as aulas, resolvemos isso. O que acha? — Não vou te ver nesse tempo? — perguntou a apertando. — Melhor não. Use ele para pensar. — Tudo bem. Clara deu um abraço apertado nele e depois seguiu para o dormitório para arrumar suas coisas. Depois de tudo pronto, todos os alunos seguiram para casa. Ao chegar no terminal, viu seu pai e sua mãe lado a lado e sorriu largamente. A menina correu na direção dos dois e os abraçou apertado. — Estão bem? Os dois trocaram olhares. — Sem mentiras! — Mais ou menos, mas não vamos falar disso aqui, tá bom? Clara concordou. — Agora vamos pra casa! Amanhã faremos as compras de natal. Os três foram para casa e assim que chegaram, Ethan correu na direção de Clara e pulou no colo dela, o que quase fez os dois irem para o chão. — Garoto! — brigou com ele, que riu. — Que bom que chegou! — Narcisa disse sorrindo. Clara colocou Ethan no chão e abraçou a avó. — E o vovô? — Deve estar chegando para te encontrar. Clara sorriu. A garota foi se ajeitar em seu quarto e Ethan foi atrás dela tagarelando e perguntando como era estudar em Hogwarts. Hermione seguiu para a cozinha e Draco foi atrás. Pensava no dia anterior quando encontrou com a mulher que era o caso de Draco. Ele realmente parecia furioso com a vadia... Mas ela estava tão confusa. Hermione respirou fundo olhando para fora da janela. Draco a abraçou por trás e beijou seu pescoço. Hermione suspirou e fechou os olhos. Ela tinha que admitir, mesmo com toda a confusão, traição, discussão e tudo que envolvia os dois, ele mexia com ela como ninguém jamais fez. E causava coisas em seu corpo como ninguém. — Vamos ficar juntos no natal, não é? — Sim. Não quero dividir meus filhos. — Eu sei... Você está bem? Hermione virou de frente para ele. — Estou confusa... Draco beijou a testa dela. — Tudo isso vai passar. Vamos voltar ao que éramos antes. — Se aproximou lentamente e a beijou. Hermione levou as mãos ao cabelo de Draco e ele a enlaçou pela cintura. Os dois trocaram um beijo calmo e lento. Aproveitavam cada segundo sentindo o calor do corpo do outro.   
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