KAUE
Assim que chego no topo da escadaria vejo meu pai e o Biel segurando o Bruno enquanto ele grita coisas que nem me dou o trabalho de prestar atenção.
Kaue: Boa noite sogrão - assim que me vê tenta avançar mas é segurado com firmeza - Já está com saudade de mim? Acabamos de conversar - falei sarcástico vendo o maxilar dele travar e o peito inflar. Ele ta com muito raiva
Fernanda: Kaue, sobe - Nanda me segura mas puxo meu braço de volta
Kaue: Fica calma Nanda. Ele veio conversar comigo e...
Negão: Cala boca Kaue! Sobe de volta pro teu quarto! - eu sorrio vendo ele falar comigo puto da vida enquanto segura o viadinho
Bruno: Tu sabe n***o do apreço que tenho por tu - os olhos dele estão vermelho e a raiva com certeza é grande. Mas ao contrário de muitos, eu não tenho um pingo de medo sequer - Se ele não fosse teu filho já teria matado ele. Avisei uma pá de vez pra ele não ficar de graça com a vitória - ele fala entre dentes - Tu sabe que teu filho não filho não vale nada. Eu não quero minha filha sofrendo c*****o!
Kaue: Eu não valho nada? E quem foi Bruno anos atrás? - mas uma vez ele tenta avançar em mim - O papai perfeito já contou tudo que aprontou? Já falou que cansou de espancar a mamãe dela?
Nanda: Chega Kaue! A Julia não tem nada a ver com isso! - ela me puxa mas me aproximo ainda mais
Kaue: Ela já sabe que só te conheceu aos 4 anos porque a Julia te pegou na cama fudendo uma p**a qualquer do morro? - o remorso fica estampado em seu olhar - Será mesmo que tu é a pessoa certa pra me julgar? Dizem que homens maus tem filha mulher pra pagar com ela as coisas que já aprontou. Talvez a Vitória seja a sua herdeira da dor amigão
Ele saca a arma da cintura e em um piscar de olhos aponta pra mim, já com um dedo no gatilho e o outro destravando a pistola mas o que ele não sabia é que não estou despreparado nunca. Puxo minha .40 mas antes que consiga erguer sinto o impacto da bala no meu corpo, e em seguida vem outro a Nanda grita e meu pai soca a cara do viado, que parece decidido me matar, tento fazer o impossível pra erguer a arma novamente e atirar bem na cara dele mas meu corpo vai caindo para trás e mesmo eu tentando me manter firme e acordado meus olhos pesam e logo meu corpo de choca contra o piso frio.
Nanda: Filho - Nanda bate do meu rosto e sinto as lágrimas dela caírem sobre minha boca e nariz - Filho olha pra mim, por favor! - os soluços da Nanda me dói, amo essa mulher como se fosse minha mãe.
Mas toda a tentativa de abrir meus olhos e até mesmo me manter acordado é em vão, aos poucos o choro e os gritos vão ficando cada vez mais distante até que a escuridão me pega por completo
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VITÓRIA
Ando de um lado pro outro chorando compulsivamente, nada me faz parar e o aperto no peito só mostra que realmente nada vai ficar bem como minha mãe diz
Clara: Viu Vitória - olho pra peste que para em minha frente com os braços cruzados - Se tu tivesse segurado essa r**o ao invés de ficar dando pra marginal... - não esperei ela terminar, bati forte no rosto dela fazendo ela ir grita pra outro canto
Júlia: Que isso Vick! Que tu fez pra tua irmã? - lógico que ela se fazer vítima
Vitória: Tu sabe como ela é mãe. Ela veio aqui falar merda e to com a cabeça cheia. Cadê meu pai mãe? - deixo um soluço escapar - E se ele matar o Kaue? Ele é minha vida - recebo um abraço carinhoso da minha mãe
Gabriel: Qual foi a treta da vez? - como um furacão meus companheiros entram no meu quarto - O morro tá comentando que...
Maju: São tudo fofoqueiro - Maju se atravessa na frente dele e chuta sua perna me colocando mais alerta ainda
Vitória: Tão comentando o que?! Fala! o que?! - minha mãe me segura mas saiu ficando frente a frente com Gabriel
Maju: Tão falando nada demais. Tu sabe como é o povo do morro Vick
Vitória: Eu quero ouvir dele - bato no peito do Gabi que só me olha. Ele ta nervoso, conheço meu amigo - Fala Gabriel!
Bruno: Fala o que? - o desgraçado que não me deixa viver em paz entra no meu quarto - Ele não quer contar que matei o Kaue?
Vitória: Não! - O berro que sai do fundo da minha garganta arde mais não me importo, a dor que sinto é tão é grande
Júlia: Ele tá mentindo - minha mãe segura meu rosto e chora comigo. Sempre foi assim, onde uma chora a outra chora junto - O Kauê tá bem filha
Gabriel: A madrinha tem razão Vick. Ele ta bem
Meu pai observa por alguns instantes e depois sai do quarto deixando nós lá. Eu não posso acreditar que ele fez uma coisa dessas comigo, meu pai pode ser um bandido, mas ele tem amor tem compaixão pelo menos comigo que sou filha dele, sei que o temido Picasso jamais faria algo pra me magoar. As horas passam e continuo chorando, a dor no peito não me deixa, não me abandona. Já tentei falar com o Kaue mas o celular está desligado, liguei umas 15 e até agora nada
Vitória: Mãe, liga pra Nanda e pergunta dele
Minha mãe me olha preocupada e talvez ela também pense que pode ser verdade, que meu pai pode mesmo ter feito algo contra o Kaue. Ela levanta da cama e vai no quarto dela buscar o celular, os minutos passam e nada dela voltar, me desespero cada vez mais, cada segundo que passa a aflição me atinge como se fosse facadas no meu peito
Depois de esperar uma eternidade levanto da cama e vou atrás da minha mãe, agradeço pela Maju e o Gabi já não estar mais aqui porque senão com certeza algum deles ia me impedir, senão os dois
Julia: Tudo bem, quando a cirurgia acabar tu me liga - me escondi atrás de um pilar para ouvir minha mãe falar ao telefone. - Ele vai ficar bem, calma Fernanda tudo vai dar certo
Eu sabia que era ele e foi impossível não chorar, foi impossível continuar de pé. Então realmente meu pai foi capaz de fazer m*l contra o homem que amo. Jamais pensei que ele faria algo assim, algo que fosse me magoar. E tudo isso me faz pensar, quem será é meu pai? Será mesmo que ele é esse anjo todo? Esse marido e pai perfeito que coloca a família em primeiro lugar? O dono de morro que não tem amantes e não usa drogas? Será?!
Minha mãe desce as escadas braba, e eu vou atrás mesmo sem muito controle das minhas pernas e com o pensamento a mil
Julia: Tu atirou nele! Por que tu fez isso Bruno? - ela caminha de um lado pro outro enquanto o monstro está sentado no sofá bebendo cerveja
Bruno: Eu falei que ia matar ele - ele solta a latinha na mesinha de centro - Eu não brinco Julia, tu sabe bem disso. Até demorei muito tempo para...
Vitória: Eu te odeio senhor Picasso! - grito do alto da escada chamando a atenção dos dois - Tu matou o amor da minha vida?! Eu te odeio! - aos poucos tudo foi ficando distante e escuro