VITÓRIA
1 UM MÊS DEPOIS
LK estaciona o carro em frente minha casa e assim que desço olho mais a baixo e vejo uma aglomeração, e meu pai no meio carregando minha mãe no colo. Desço rápido até eles e LK sai do carro me acompanhando
Vitória: O que foi? Aconteceu...
Júlia: Me coloca no chão Bruno! Agora! - ele não pára só segue rumo minha casa
Vitória: Madrinha o que foi? - a dinda Jessica subia acompanhada da dinda Amanda e as duas riam muito, me deixando intrigada demais - O que aconteceu?
Jéssica: Tua mãe deu uma surra numa p*****a ai que tava falando merda - até já sei o que é. Sempre tem uma ou outra dizendo que é amante do meu pai. Teve uma que ele até matou, isso fez com que parassem por um tempo mas vejo que voltou com tudo.
Caminho apressada para casa e da rua já posso ouvir os gritos da minha mãe, e a dúvida de entrar ou não me pega de jeito.
LK: Entra - me assusto com LK atrás de mim. Não tinha percebido que ele viera junto. - Eles não tão na sala Vick, dá pra ver que vem de cima - giro a maçaneta e entro não encontrando ninguém na sala
Jéssica: Tão olhando o que?! Vaza daqui! - logo ela entra resmungando coisas sobre o povo ser fofoqueiro demais
Os minutos foram passando e nada deles descerem, ou um deles que fosse. Olhei no celular e marcava 12:45 às 14:00 tenho minha "aula de inglês" claro que só fui na primeira vez porque isso não passa de uma desculpa pra eu poder ir ver o Kaue. Nossa primeira vez foi meio estranho, fiquei uns dois dias me sentindo ardida mas já estou mais acostumada, bem, não muito na verdade, porque desde o dia em que o Kauê resolveu que queria f********o anal tenho até medo de tirar a roupa perto dele. Mas sei que não posso vacilar como já fiz antes, ele nunca mais ficou com ninguém desde que transamos e sei que é verdade, ele passa o tempo todo comigo, pessoalmente ou no celular e antes era cada perdido que ele me dava... Mas passou!
Essa semana não nos vimos muito, foi só na segunda e hoje é sexta então estou eufórica pra encontrar meu preto. Kaue me explicou que ele ta resolvendo as coisas pro nosso futuro. A um tempo atrás lembro dele ter me dito que tava dando um jeito de pegar uma bocada grande, que resolveria nossos problemas. Talvez seja isso.
Pensei e esperei o máximo que pude, como ninguém descia e os gritos já haviam parado resolvi subir me arrumar.
Tomei banho, hidratei o cabelo e o corpo, coloquei uma roupa simples e peguei meus cadernos e livros, me olhei mais uma vez no espelho pra ver se tava tudo certo e como sim peguei o celular e puxei a porta pra fechar o quarto, dei mais uma olhada na minha cama, nas fotos que haviam no mural da parede, eu o Gabi e Maju quando pequenos, em algumas até faltavam alguns dentes. Minhas irmãs pequeninas, lembro que eu babava muito elas. Senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e limpei logo, to na TPM só pode!. Fechei de uma vez a porta e segui pelo corredor indo até as escadas, um bolo se formava na minha garganta e um enorme aperto no peito me faziam pensar se deveria ir ou não. Carai, o que é isso? A pouco tempo atrás eu estava bem, e agora isso? Essa saudade de tudo, essa sensação que será a última vez que estou vendo essas coisas. Balanço a cabeça tentando tirar esse pensamento e jogo meus cabelos para trás. Ajeitando melhor e desço de uma vez
Alice: Já vai pro curso Vick? - Alice me surpreende, nem tinha notado ela no sofá. Concordo e ela sorri - Boa aula mana. Te amo - olho pra ela alguns segundos e minhas pernas automaticamente correm até ela, meus braços a envolve em um abraço apertado - Eu sei que tu também me ama sua arteira
Sorriu limpando a lágrima que escorria pelo meu rosto e penso se subo até o quarto dos pais ou não. Meu coração grita pelo abraço deles, é como se fosse o último e eu necessitasse desse abraço, dos grandes braços do meu pai que sempre me envolveram me enchendo de cuidado e carinho. Penso por alguns segundos até a buzina do LK me tirar do transe. É melhor mesmo eu me apressar a noite falo com eles, e se eu for até lá, paranóico do jeito que o senhor Picasso é, sou bem capaz de acabar trancada em casa.
Atiro um beijo pra Alice e saiu de casa com o coração apertado. Olho com amor e carinho cada canto que passamos até chegar na saída do morro, de longe vejo o Gabi jogando bola com uma turminha de crianças e o bolo da minha garganta quase impede a passagem de ar. Que p***a! Como fiquei assim? O que eu perdi? Coisas chatas de tpm como sempre. Porém agora parece tudo tão real.
Vou o caminho todo calada, evitando as brincadeiras e principalmente as cantadas do LK, assim que vamos chegando no prédio da escola de inglês já vejo o Kaue no carro dele do outro lado da rua. Me despeço do LK e até dele me parece sentir saudade. Vou entrando disfarçadamente e assim que ele some eu atravesso e entro logo no carro
Kaue me observa entrar no carro com um largo sorriso no rosto, os olhos dele brilham e mesmo sem ânimo sorrio de volta. Ele me puxa pra perto me dando um longo e apaixonado beijo.
Vitória: Que isso amor? Ta feliz em? - ele dá partida no carro e me olha mordendo o lábio - Conseguiu resolver?
Kaue: Sim e tenho uma grande surpresa pra tu.
Por mais que eu tenha insistido ele não deu pista do que era, usei todas as formas possíveis pra saber e só resultou em uma leve briga. Esse meu preto não tem paciência mesmo. Fomos nos aproximando de Nova Holanda e ao contrário da primeira vez já não tenho mais medo, desde aquele dia voltei aqui umas duas ou três vezes, sempre evitando o chefe é claro.
Kaue foi entrando na favela e notei que ele era observado diferente agora, e todos comprimentavam ele. Kaue deu a volta por quase toda a favela, parecia querer se mostrar, ele parou em frente uma bela casa, coisa de chefe mesmo. Com certeza é a mais bonita daqui. A casa ficava bem em cima na favela, e por mais que Nova Holanda seja plana, dava pra ver algumas casa que ficavam mais perto da entrada. Ele logo saiu do carro e eu desci também, sabe aquele sentimento de tristeza e saudade? Então, ele ainda persistia, e muito dentro de mim.
Kaue: Vem morena - ele me segura pela mão e me leva pra dentro da bela casa. Ele abre a porta fácil e segue para dentro sempre sorrindo. Subimos as escadas que dá acesso a um belo corredor, a casa é muito bonita pelo pouco que consegui observar. Não é como a minha ou a da Maju por exemplo, mas é bonita. - Vem - Kaue entra em um quarto e me leva até a sacada onde me surpreendo com a visão, é possível ver grande parte da favela - Lembra que te falei que ia resolver nossa vida? Então, esse agora é meu império, Nova Holanda é minha
Vitória: O que? Como assim? Ela já tem um dono e ele é rival do meu pai lembra?
Kaue: Agora o dono sou eu Vick, mas quanto a ser rival do teu pai não muda não. Eu sou rival dele mesmo - ele sorri mas contínuo seria, o que ele fez?
Vitória: O que houve com o dono daqui? - ele puxa o maço de cigarro do bolso e acende um sem me responder - Em??
Kauê: Se eu falei que agora a favela é minha, é porque ela é minha p***a! - ele diz sem me olhar - E tu tem uma escolha Vitória, ou apartir de hoje tu mora aqui e esquece tua família, ou você vai embora e me esquece - que? - Do jeito que tava não quero mais, eu quero você pra mim. Fiz isso por nós. - ele me dá um selinho mas continuo imóvel - Então morena? Você vem? Ou vai?