CAPÍTULO 20

1053 Words
VITÓRIA Tudo o que ele falava parecia tão fácil, largar tudo e todos, as pessoas que amo ficariam para trás. E sei bem que depois de rejeitar minha família nunca mais vou poder voltar, minha vida será exclusivamente dele, será somente nós dois. Kaue: Fala meu! Decide! - uma tontura me pegou de jeito a ponto de me fazer dar um passo pra trás - Eu quero que tu fica aqui amor - o olhar dele era triste. Kaue sabe bem da minha indecisão Vitória: Eu não quero te perder. - as lágrimas ja começavam a brotar mas eu tentava não chorar porque o Kaue não gosta disso - Mas como vou ficar sem minha família e meus amigos? E tu, como vai ficar sem tua família? Kaue: Para meu. Eles não tão nem ai pra mim. Sempre me virei sozinho, fui forte desde cedo. Todos riram e falaram que eu não era capaz, morderam a língua tá ligada - ele me abraça me passando tranquilidade. Tentando na verdade - Eles só impedem nossa felicidade Vitória. Teu pai te protege tanto porque tem medo de alguma coisa que envolva ele. quando tua mãe engravidou de você ele te rejeitou, deixou até ela ser sequestrada e quase morrer. Ele não queria ela e muito menos você, ele foi obrigada a assumir vocês duas entende? Vitória: Claro que não para de falar besteira! Kaue: É a verdade amor! Ele só buscou a tua mãe de volta com medo de que algo pudesse dar errado pra ele. Que ela contasse alguma coisa pra alguém eu não sei - ele dá de ombros e se afasta - Eu não sei o que é, só sei que ele não deixa vocês por medo de alguma coisa. Ele não ama a tua mãe e por isso traí ela dessa forma, ele tem até outra família Vick! - sinto um estalo na minha cabeça e aos poucos a voz dele vai ficando longe... Acordo assustada ainda com as lembranças da voz do Kaue me falando aquelas coisas horríveis, queria saber de onde ele tirou isso tudo. Abro os olhos e o cômodo ta praticamente todo escuro a não ser pela luz da TV, passava luta de MMA. Minha cabeça ainda dói e lembro bem do estalo antes de eu apagar. Levanto da cama ainda meio grogue e sem saber bem onde estou caminho até a porta que estava aberta já tendo acesso ao corredor, lá embaixo tinha rap tocando e um barulho de panela vindo da cozinha suponho. Desci até a sala e logo tive a visão do Kauê no fogão cozinhando alguma coisa. Vitória: Oi - ele dá um pulo com o susto que levou e eu até poderia rir disso se não fosse minha imensa dor de cabeça - Já é noite? - foi bem notável o quão apavorada eu estava - Eu tinha que tá em casa já - Kaue me olha bravo e continua mexendo talvez um possível molho de tomate Kaue: Tua casa agora é aqui Vitória - não lembro de dizer que aceito - Senta amor, a comida tá pronta Vitória: Não sabia que tinha dotes culinários - sento na mesa mas completamente sem apetite, o bolo que se formou na minha garganta ainda estava ali Kaue: Tem muita coisa sobre mim que você não sabe Vitória - ele sorri sem mostrar os dentes e um frio sobe na minha espinha - Come tudo tá? - ele larga uma imensa servida de macarronada na minha frente e aquilo automaticamente embrulha meu estômago, apesar do belo cheiro que vinha dali Depois de remexer no prato pra lá e para cá sob o olhar impaciente do Kaue eu consegui comer alguma coisa Kaue: Lava essa louça toda - eu nunca lavei um prato. Dá pra contar nos dedos quantas vezes segurei uma esponja de louça - E esse teu prato aqui - ele aponta pra minha comida - Você guarda, que amanhã tu vai comer tudinho. Tem muita gente passando fome por aí, não pode desperdiçar comida - isso não é minha culpa não! Kaue acende um cigarro e sai da cozinha. Observo a pia cheia de louça, o fogão que mais parecia um chiqueiro e da vontade de chorar. Só que agora nem isso eu posso fazer. Levantei da mesa com um p**a enjoo, ter que comer o que você não quer é horrível. Minha mãe sempre fazia outra comida quando eu ou minhas irmãs não queria o que ela tinha feito. E no final de tudo nunca precisei lavar a louça ou fazer qualquer outro serviço doméstico. A única coisa que já fiz foi tirar o pó ou dobrar algumas peças de roupa, isso porque quis ajudar dona Terezinha que trabalha lá em a casa. Ela diz que não levo jeito pra dona de casa, mas pelo visto vou ter que da um jeito de aprender. Vitória: Aí pronto! - me atirei no sofá sentindo meu estômago pesado. Encarei Kauê que me olhava desconfiado Kaue: Tu levou só 10 minutos pra lavar toda aquela louça? - concordo e ele levanta indo pra cozinha e não demora nada já ouço o primeiro grito - O meu! Isso ta uma porcaria! Tá tudo m*l lavado! Volta lá p***a! Vitória: Mas eu não sei - e como sempre eu ja estava chorando Kaue: Não sabe aprende! E para de choro, que merda toda vez essa mesma ladainha. - ele senta de novo no sofá e dá um chute de leve na minha perna me empurrando - Vai meu! Sem escolha me levanto do sofá e sigo pra cozinha lavar a louça. Eu não quero isso. Quero minha casa, minha mãe. Em meio aquele monte louças eu era só lágrimas e soluços. Dessa vez fiquei por volta de uma hora limpando tudo, me certifiquei que tudo estivesse sem gordura nenhuma, lavei e guardei tudo. Kaue: Amor - ele me abraça por trás e me um beijo no ombro - Quero tu a melhor esposa do mundo minha morena - deixo escapar um soluço e ele me virou ficando cara a cara com ele - Não faz assim. Eu te amo e só quero cuidar de tu - Kaue me beija e eu correspondi o beijo, ele tem razão, isso é só cuidado eu que sou boba demais mesmo.
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