Me despeço do meu amigo a quem considero um irmão para mim e desço até a garagem do prédio, entro no meu carro e acelero o mesmo chamando a atenção dos seguranças, eu não os avisei que iria sair então todos ficam surpresos ao me ver saindo desse jeito. Pego o meu trajeto de volta para casa e tudo que eu mais quero agora e ter a minha filha perto de mim, passei o caminho inteiro pensando nessa merda de reunião que perdi por culpa da Esthela, talvez ela não tenha feito intencionalmente para me prejudicar, mas foi exatamente isso que aconteceu, e agora eu estou aqui extremamente irritado e querendo matar o primeiro que atravessar o meu caminho.
Chego em casa e m*l consigo estacionar o carro na garagem, deixo-o ali mesmo na entrada da casa e saio sem nem ao menos pegar as minhas coisas. Entro em casa e vou direto para as escadas na intenção de ir para o meu quarto, subo apressado e agora os meus pensamentos estão apenas na minha filha linda e assim que entro no corredor que dá para os quartos, vejo Ana Clara e Carolina correndo uma atrás da outra dando altas gargalhadas.
— Papai! Você já chegou! — Grita minha filha assim que me vê e vem correndo na minha direção, mas antes de chagar até a mim ela escorrega e cai começando a chorar, rapidamente eu e Carolina corremos ao seu encontro.
— Meu Deus filha, tenha mais cuidado meu amor. — Me abaixo para pegá-la do chão e ela não para de chorar.
— Clarinha, não chora meu anjo, vai ficar tudo bem. — Carolina acaricia os cabelos de Ana Clara tentando acalmá-la.
— Eu não quero a minha filha correndo pela casa, Srta. Fontinelli! Veja só o que aconteceu por ela estar correndo? Seja mais prudente em relação a ela ou eu terei certeza de que errei em confiar os cuidados da minha filha a você! — A repreendo bastante irritado e ela me encara assustada se afastando de mim e da minha filha.
— Me desculpe Sr. Colliman, eu não tive a intenção de ser imprudente com a sua filha, nós estávamos apenas nos divertindo, mas acho que o senhor nem sabe o que é diversão, não é mesmo? Ou então não estaria sempre m*l humorado descontando as suas frustrações em pessoa que não tem nada a ver com os seus problemas... Com licença senhor. — Diz irritada e sai batendo o pé em direção as escadas.
Mas que droga eu fiz? Não devia ter descontado a minha raiva em cima dela, afinal ela não fez nada demais, apenas estava brincando com a minha filha, uma coisa que eu não faço a muito tempo por estar sempre irritado com alguma coisa.
— Papai! Não briga com a Carol ela não teve culpa, eu caí sozinha. — Minha filha me repreende choramingando olhando na direção em que Carolina foi.
— Tudo bem filha me desculpa, o papai não vai mais brigar com a Carolina, está bem? — Afirmo caminhando com ela para o meu quarto.
— Você tem que pedir desculpas pra ela papai, ela ficou triste porque você zangou com ela e eu gosto muito da Carol... Eu não quero que ela fique triste papai. — Diz limpando o seu rostinho molhado pelo choro.
— Tudo bem filha, você tem razão eu vou falar com ela depois, está? Mas agora vamos ver se você se machucou e se vai precisar ir ao médico para tomar algum remédio, ou injeção. — Digo depois de entrar com ela no meu quarto e a coloco na minha cama.
— Não papai, injeção não por favorzinho? Eu não gosto de tomar injeção, eu já melhorei. — Diz juntando as mãozinhas fazendo biquinho.
— Está bem, você não vai tomar injeção... Mas está doendo em algum lugar? Você se machucou? Deixa o papai ver? — Me sento ao seu lado na cama verificando se há algum ferimento pelo seu corpo e graças a Deus não tem nada.
— Eu estou bem papai não se preocupe, eu sou forte eu não me machuquei. — Diz segura das suas palavras e eu me orgulho muito da filha que tenho.
— Ok mocinha, agora a senhorita vai ficar quietinha nessa cama enquanto o papai vai tomar um banho, está bem? Eu preciso esfriar a cabeça. — Dou um beijo nela e me levanto indo para o closet.
Depois de tirar essa roupa de trabalho eu vou tomar uma ducha gelada para ver se me alivia um pouco todo esse estresse. Passo um bom tempo debaixo do chuveiro pensando naquela maldita reunião que não aconteceu, mas também penso na maneira como falei com Carolina, ela tem toda razão quando disse que não devo descontar as minhas frustrações nas pessoas a minha volta, ela não teve culpa pelo que me aconteceu hoje e eu fui muito rude com ela, quando estou assim tão irritado não consigo raciocinar direto e acabo falando ou fazendo o que não quero.
Eu já fui um homem tranquilo e centrado, e também já fui feliz um dia, mas eu mudei completamente depois que me iludi tanto com Esthela, sempre confiei nas pessoas a minha volta e nunca havia sido tão arrogante com um ser humano antes, até eu me decepcionar daquela forma, meu relacionamento com as pessoas tem que ser apenas profissional e nada de muita i********e, e meu relacionamento com as mulheres não passa de sexo casual e nada mais, jamais fiquei com uma mulher por mais de uma vez porque não quero ninguém pegando no meu pé depois da transa, não gosto de mulheres pegajosas, mulheres que se oferecem como se fossem um pedaço de carne, eu particularmente acho isso ridículo, gosto de conquistar as mulheres com quem eu saio, mas confesso que quando não estou sem paciência e estressado como agora, eu pego a que for mais fácil para mim, afinal vai ser apenas sexo mesmo, vai ser apenas uma noite então não posso dar muita importância para isso.
Depois do banho eu visto uma roupa mais casual e confortável e volto para o quarto na intenção de descer com a minha filha e passar o dia com ela, mas para a minha surpresa ela acabou dormindo como um anjo, é raro ela dormir durante o dia mas ela deve ter brincando bastante para estar tão cansadinha. Deixo Ana Clara dormindo e resolvo ir para a biblioteca ler um pouco antes do almoço, desço as escadas e sigo para biblioteca, mas quando passo pelo corredor pude ver pela janela Carolina deitada na grama do jardim pensativa, penso por alguns segundos e resolvo ir falar com ela.
Volto pela sala e saio para o jardim ainda com receio de falar com ela e acabarmos discutindo outra vez. Me aproximo dela que está tão perdida em seus pensamentos enquanto brinca com os seus longos cabelos negros, ela nem percebe a minha aproximação, por uns instantes me vejo admirando o seu corpo bem desenvolvido, seu rosto de anjo e seus cabelos negros com a escuridão, ela é tão linda.
— Carolina...! Podemos conversar um minuto? — Chamo a sua atenção já bem próxima a ela que se assusta ao ouvir a minha voz, e se levanta me encarando surpresa.
— Não temos nada para conversar senhor... Com licença. — Ela me encara séria e se vira para sair, mas por impulso seguro o seu braço à impedindo de ir.
— Espera...! Vamos conversar eu só quero te pedir desculpas. — Peço sendo sincero e ela me encara espantada como se estivesse ouvindo uma barbaridade.
— O senhor querendo me pedir desculpas...? O senhor está passando m*l por acaso? Caiu da escada e bateu a cabeça? — Pergunta ainda me encarando com espanto e seu comentário me faz sorrir, coisa que eu só faço quando estou com a minha filha.
— Não, eu não estou passando m*l, e muito menos cai da escada... E então? Podemos conversar um pouco? — Pergunto ainda sorrindo enquanto solto o seu braço, vejo que ela está meio sem graça, eu só não entendi porque.
— Podemos conversar sim mas, é melhor o senhor chamar alguns dos seus seguranças porque se o senhor me insultar novamente, eu posso querer pular no seu pescoço e estrangulá-lo. — Diz espontaneamente e não teve como não sorrir ainda mais. Essa garota é muito brava, será que ela seria mesmo capaz de pular no meu pescoço?
— Não se preocupe, não é a minha intenção insultar você, está bem? Eu estou aqui em missão de paz... Vamos começar de novo. — Lhe estendo a minha mão mas ela me encara hesitando em pegar. — Eu sou Christian Colliman, vamos esquecer as formalidades e me chame apenas de Christian, está bem? É um prazer conhecê-la, Srta. Carolina. — Digo ainda com a mão estendida e finalmente ela resolve pegá-la.
— Infelizmente eu não posso dizer que é um prazer conhecê-lo, pois o senhor sabe bem em que condições eu vim parar aqui, e também sabe que eu não queria estar aqui... Mas enfim, pode me chamar de Carolina, ou de Carol se preferir. — Ela diz espontaneamente ainda segurando a minha mão, mas logo me encara sem graça como se estivesse envergonhada por alguma coisa, eu apenas sorri para ela.
— Eu te entendo Carolina, sei que essa situação não está sendo fácil pra você, mas pense que essa era a última vontade de seu pai, ele só queria que você não ficasse sozinha e desamparada nesse mundo sem ele por perto. — Digo pensativo e vejo que ela fica triste quando cito o seu pai.
Por impulso eu me aproximo mais dela ainda segurando a sua mão e com a outra acaricio o seu rosto, ela não diz nada, apenas me encara fixamente pensativa e vejo que fica tensa quanto toco o seu rosto.
— Bom... E então...? Vamos conversar ou já mudou de idéia? — Pergunta tirando a sua mão da minha e se afasta me fazendo voltar do transe em que fiquei ao sentir sua pele macia e sedosa, confesso que até eu fiquei confuso com a minha atitude.
— Sim, vamos conversar... Vamos até o meu escritório, também preciso conversar com você sobre outro assunto. — Lhe indico o caminho e ela passa por mim com aquele mesmo olhar de surpresa.
Caminhamos em silêncio lado a lado e entramos na casa seguindo até o escritório, assim que entramos no mesmo eu fecho a porta indo para trás da minha mesa, me sentando em seguida.
— Sente-se por favor. — Lhe indico a cadeira e logo ela se senta. — Bom Carolina, primeiramente eu quero lhe pedir desculpas pela maneira que falei com você mais cedo, e também por ontem... Não estou nos meus melhores dias mas sei que isso não justifica a maneira como falei com você. — Me explico sendo sincero enquanto ela me encara surpresa, confesso que não sou de me desculpar com ninguém, mas reconheço quando estou errado, e já que vamos ter que convivermos na mesma casa por um bom tempo, não custa nada fazer isso dar certo.
— Tudo bem Sr. Christian, não se preocupe, vamos esquecer o que aconteceu porque se os seus dias não estão sendo fáceis, para mim foram ainda piores... Mas vamos deixar tudo isso para trás e seguirmos a diante, não vai adiantar ficarmos remoendo o que já passou. — Diz calmamente me encarando nos olhos, poucas vezes uma mulher me encarou dessa maneira sem medo e receios, com uma ternura no olhar que eu nunca vi na minha vida.
— Você tem razão, vamos deixar o passado no passado e vamos falar do presente, e do futuro também. — A encaro fixamente com um pequeno sorriso no rosto e ela sorrir envergonhada, acho que é a primeira vez que alguém me ver sorrindo além da minha filha. — Bom Carolina, agora eu quero conversar com você sobre outro assunto, é um assunto sério mas é do seu interesse. — Abro a gaveta da minha mesa para pegar alguns documentos enquanto ela me encara confusa e sem entender nada.
— E que assunto seria esse, Sr. Christian? Não estou entendendo nada, que documentos são esses? — Pergunta ainda confusa e se debruça sobre a mesa para olhar os documentos que estendo na sua direção.
— Esses são os documentos que eu assinei a pedido do seu pai, onde ele me nomeia seu tutor legal, acredite, eu fiquei tão surpreso quanto você em relação a isso, mas ele praticamente me implorou que eu aceitasse a ser seu tutor e cuidasse de você, caso fosse necessário, na época você ainda era uma criança e ele parecia decido a fazer isso pois já imaginava que algo poderia lhe acontecer, e como ele era muito amigo da minha família, praticamente um irmão para meu falecido pai, não tive como negar o seu pedido. — Conto sem desviar os meus olhos dos seus e ela me escuta sem dizer uma só palavra, ela apenas tenta assimilar tudo que eu digo. — O seu pai me pediu para cuidar de você Carolina, e é exatamente isso que eu vou fazer, eu prometi isso a ele e vou cumprir... E para começar eu vou arcar com os custos dos seus estudos em uma das melhores faculdades de Chicago, esse era um desejo do seu pai e eu espero que você não recuse, eu prometi isso a ele e não gosto de quebrar as minhas promessas. — Explico tranquilamente e ela arregala os olhos quando revelo que pagarei a sua faculdade.
— Mas... Mas Sr. Christian eu... Eu não sei se... — Ela tenta me questionar mas interrompo.
— Não tem mais e nem meio mais Carolina, eu sei que você sonha em cursar a faculdade e eu prometi ao seu pai que faria isso por você, então não discuta comigo sobre isso, estamos entendidos? — Digo em um tom firme a encarando sério e ela apenas balança a cabeça concordando de boca aberta sem acreditar em nada do que eu falo. — Só mais uma coisa... Isso aqui é pra você. — Lhe entrego um envelope que rapidamente ela abre mas logo me encara séria e confusa.
— O que significa isso Sr. Christian? Porque está me dando um cartão de crédito? Eu não quero o seu dinheiro. — Me questiona irritada e se levanta jogando o cartão de crédito em cima de mim.
— Se acalme Carolina, por favor! Eu só quero te ajudar, esse cartão é para você usar caso tenha alguma necessidade e precise de dinhei... — Me interrompe.
— Se eu tiver alguma necessidade eu quero comprar com o meu dinheiro, dinheiro esse que eu vou ganhar trabalhando porque eu não vou ficar à toa sem fazer nada dentro dessa casa imensa, eu quero conseguir as minhas coisas por mim mesma e não as suas custas, não vou aceitar o seu dinheiro para depois você jogar na minha cara que eu sou uma mulher interesseira, porque isso eu não sou! — Esbraveja bastante alterada e eu realmente me surpreendo por ela recusar o meu dinheiro dessa maneira, outra em seu lugar não pensaria duas vezes antes de pegar esse cartão de crédito e sair torrando o meu dinheiro com bobagens.
— Para de falar besteiras Carolina, eu jamais pensaria isso de você porque sei que você não é assim... E eu não vou deixar você trabalhar agora, a única coisa que você vai fazer por enquanto é focar nos seus estudos e nada mais, eu estou aqui para cuidar de você e é isso que vou fazer, estamos entendidos? — Também me altero com a idéia dela querer trabalhar e me levanto me aproximando dela.
— Eu não estou pedindo a sua permissão, você não manda em mim, ouviu bem...? O quê? Vou ter que te chamar de papai agora? — Disse em um tom irônico cruzando os braços ainda me encarando séria e eu me aproximo mais também a encarando sério.
— Não seja tão irônica garota, eu não tenho idade para ser o seu pai, não sou assim tão velho o quanto você pensa. — Retruco ainda irritado por ela me contrariar tanto, será que ela me acha assim tão velho? — Se você acha que eu não posso mandar em você, está completamente enganada porque eu posso sim, pelo que me consta você está sob a minha responsabilidade, portanto vai fazer apenas aquilo que eu permitir, ouviu bem? — Tento me controlar para não me estressar ainda mais com ela, mas que garota teimosa! O que custa fazer o que estou mandando?
— Porque você tem que ser tão mandão Sr. Christian? Não sabe apenas pedir e aceitar quando uma pessoa diz não...? Eu odeio você! Odeio! — Me contesta alterada e se vira para sair de perto de mim, mas por impulso seguro o seu braço puxando-a para mim, colando o seu corpo ao meu e seguro firme a sua cintura.
Não dizer nada e ela também não, apenas nos encaramos fixamente sem saber o que dizer, percebo um tom rosado em seu rosto e sua respiração pesa, aperto levemente a sua cintura trazendo ela mais para mim e sinto o quanto seu corpo fica tenso, mais uma vez me deixo mover pelo impulso e solto o seu braço levando a minha mão até o seu rosto angelical e acaricio, sentindo a sua pele lisa e macia, estamos tão próximos um do outro que posso sentir o seu hálito doce bater no meu rosto, me sinto inebriado e completamente preso nesses olhos intensos, mas por uma fração de segundos desvio os meus olhos até os seus lábios rosados e convidativo, sinto uma imensa vontade de os beijar para sentir o seu gosto que deve ser maravilhoso, mas quando penso em fazer aquilo que estou desejando tanto fazer alguém me chama, fazendo Carolina me empurrar abruptamente se afastando de mim.
— Sr. Colliman...! — Ouço a voz de Carmen parada na porta do escritório nos encarando surpresa, e ao mesmo tempo com um pequeno sorriso no rosto.
Mas que droga! O que ela tinha que vir fazer aqui nesse momento?
— Com licença... — Diz Carolina saindo do escritório apressada.