GABRIELA CASTRO
Arregalo meus olhos de ante de tanta coisa linda juntas em um só lugar. A entrada da fazenda é um grande portão de ferro automático que abre com uma senha especifica, pelo que Albert me disse, é a data do nascimento do primeiro filho de Bernardo, também comentou que posso trocar a senha a hora que eu quiser.
Um caminho belo ladeado por pequenas pedras até a entrada da casa, ou melhor dizendo, mansão. A grama é bem aparada e verdinha, tão linda. Existe outros caminhos além do que leva a casa grande, deve ser para outras partes da propriedade. Albert disse que á uma celeiro com cavalos, além da área em especial para o gado que é vendido para outras fazendas.
— Sejam bem vindos para a fazenda De Lins.— ao abrir a porta da casa, fico em estado de choque com a grandiosidade de tudo, tem um lustre enorme no teto do hall e a nossa frente, á uma escada bem grande.
— Seja bem vinda, Srta De Lins.— saio do transe que a casa me deixou e percebo que tem algumas pessoas nos observando, todos vestido iguais, outros com chapéu, bota e camiseta xadrez de diversos tons, devem ser os peões.
— Por favor, me chamem de Gabriela, eu também não tenho esse sobrenome.— recebo uma cotovelada da minha mãe.
— Desculpe senhorita, é que foi uma surpresa para nós saber que ainda existe alguém dessa família vivo, se não fosse a senhorita, estaríamos sem emprego e sem ter para onde ir. Muito obrigada por vir.— a moça com os olhos pretos cheios de lágrimas se apróxima e se joga de joelhos de antes de mim, me assusto com o seu ato, me abaixo e seguro em seu braço para levantar-mos juntas
— Não precisa disso tudo, por favor, fico muito feliz em saber que estou ajudando vocês. Mas quero deixar algo claro, já que todos estão aqui.— olho rapidamente para Albert que balança a cabeça como sinal para que eu prossiga. — Eu não sabia da existência de Bernardo De Lins, muito menos de tudo isso aqui, sinto muito pelo patrão de vocês e toda a sua família. Espero poder aprender com vocês sobre as coisas do campo. Não sei se sabem mas vim do Rio de Janeiro, lá eu fui adotada por essa mulher, que se chama Brenda Castro e esse é Henrique, filho dela. Fui adotada quando tinha cinco anos, parei no orfanato quando minha mãe morreu em um assalto e não havia ninguém para ficar comigo, quer dizer, até onde sabíamos, não tinha. Também resolvi vir porque quero conhecer mais aonde meus pais verdadeiros se conheceram, mas eu peço que não nos trate como senhorita ou senhor e sim pelos nossos nomes. De resto, vamos aprendendo aos poucos, e espero que eu consiga continuar os ajudando tanto quanto Bernardo.— sem que eu esperasse, uma salva de palmas é dirigida a mim, fico bem envergonhada.
— A senh...quero dizer, você fala igual ao Sr De Lins, até o olhar de ambos é igual, não é Ilda?— a moça de olhos pretos direcionou a pergunta a uma mulher que tinha um uniforme diferente das demais, ela me encara com bastante atenção.
— Srta Castro, essa é Ilda, governanta da fazenda a anos, conheceu o Bernardo melhor que todos aqui, ela foi babá dele antes de ser a governanta. Ela também conheceu sua mãe. Foi como melhor amiga da sua avô, mãe da Paola.— fico surpresa com essas afirmações de Albert. Me aproximo dela e a mesma se surpreende. Ilda é uma senhora com uma idade avançada, cabelo grisalho, algumas rugas, olhos azuis e pele morena, ela parece ser bem mais que a minha mãe Brenda, deve ter visto tudo, talvez ela seja a pessoa certa para conversar
— Tenho tantas perguntas a fazer, espero não incomoda-la com nenhuma.— o olhar que ela me lança, é de extrema tristeza, e antes que eu pergunte algo, ela se afasta indo para um corredor e sumindo entrando em uma sala.
— O que houve? Eu falei algo que não devia.
— Desculpe, Ilda ficou muito triste quando Paola foi embora sem dizer nada, e depois desse tempo todo, saber que ela foi embora porque esperava um filho do patrão, e que ainda por cima foi morta de uma forma tão r**m, são coisas demais para o coraçãozinho velho dela. Se me der licença, vou vê-la.— a moça dos olhos pretos vai para o mesmo lugar que Ilda foi.
— Bom, vocês podem voltar as suas funções, em breve vou requisitar um dos peões para mostra a fazenda a Srta Castro.
— Albert, isso se aplica a você, tem quase a idade da minha mãe, acho estranho me chamar assim.— comento.
— È uma força do habito, para com todos os meus clientes, e Bernardo não era só um cliente, era meu amigo de infância, e o tratava na maior parte do tempo como senhor, nada mais justo que fazer o mesmo a sua filha.
— Isso vai mudar com o tempo.
— Albert, tem uma fazenda antes da nossa, bem grande também, de quem é?— questiona meu irmão.
— È a fazenda Monteiro, muito famosa pelo trigo, o pai do Noah Monteiro foi quem vendeu essas terras para seu pai.— arqueio as sobrancelhas em espanto.
— Essa fazenda não foi herdada de parentes dele?
— Bernardo era filho único, os pais morreram quando ele havia acabado a faculdade, ele herdou a fabrica de laticinios da família e com o dinheiro que ganhou, fez questão de ter sua própria fazenda, ele adorava o campo. Ele não só comprou essa fazenda, mas também fez a fabrica Lins Andrade, ficar conhecida pela qualidade dos produtos, eu, para ajuda-lo, fiquei no comando dela, a mesma fica na capital, em Belo Horizonte.— meu irmão arregala os olhos.
— Uau, isso é incrível. Além da fazenda, propriedades, esse cara tinha uma fabrica? Acho que nos demos bem.— minha mãe da um tapa na cabeça dele.
— Ai, essa doeu.
— Isso é outro detalhe que quero conversa com a senhorita, posso sair do comando da fabrica quando quiser, afinal, ela é sua também, pode colocar alguém da sua confiança.
— Não, claro que não, se Bernardo confiou tanto em você para isso, também posso confiar em você. Continue com o seu trabalho.— pelo que vi, Albert é um homem sério, alto, esquio, pele clara, olhos acinzentados, cabelo com alguns fios grisalhos e pouquíssimas marcas de expressão. Deve está na casa dos cinquenta, como a minha mãe.
— Tudo bem , como quiser.
— Bom, Henrique, já tenho um trabalho para você, como entende de contabilidade, pode me ajudar com isso.— ele arregala seus olhos castanhos iguais aos da mamãe, passa a mão no seu cabelo cumprido parecendo preocupado.
— Mana, eu sei que confia muito em mim, mas não sei se consigo da conta de tudo isso.— me aproximo dele e pego em suas mãos, faço o famoso olhar que ele odeia.
— Isso é golpe baixo, sabe que consegue convencer qualquer um com esse olhar de gatinho pidão— minha mãe ri.— Tudo bem, sua golpista, eu aceito sua proposta.— dou pulinhos de alegria igual uma criança.
O resto do dia foi bem divertido, conhece-mos boa parte da fazenda, os estábulos, gados, tudo, principalmente a plantação de café, e pelo que vi está a todo vapor. As informações que me foi passada é que o a melhor época para plantar esse tipo de coisa, é novembro ou dezembro, para no máximo, cinco ou sete meses depois já está pronta para colher.
Algo que me deixou encantada foi a cachoeira que á um pouco afastada da fazenda, Ulisses, um dos peões que fez um tour connosco, disse que essa cachoeira, é que faz divisa entre a Fazenda Monteiro e a De Lins. Ele disse que poderia ficar a vontade para voltar aqui novamente quando quisesse, e é o que vou fazer amanhã, adoro cachoeiras.
— Ei mana, ouvi de alguns funcionários sobre um evento que vai acontecer no final de semana, é para arrecadar fundos para as famílias nesse natal, acho legal irmos.— comenta Henrique.
— Isso seria bom, a fazenda De Lins, sempre comparece e faz boas doações, óbvio que não deve se sentir obrigada, mas é uma...
— É claro que eu vamos, assim podemos conhecer melhor as pessoas da cidade de Ouro Preto.— Estávamos todos na mesa do jantar, pedi a Albert que ficasse ao menos alguns dias para me ajudar com essas questões legais e administrativa da fazenda, para me acostumar.
— Isso tudo que está acontecendo, nossa mudança para Minas Gerais, essas revelações, ainda é bem difícil de acreditar.— murmura minha mãe.
— Acho que a nossa fixa vai demorar a cair.— comento.
— Eu sei que tudo foi rápido demais, que ainda parece surreal, mas aos poucos, tudo vai se encaixar.
— Senh...Gabriela, temos visitas. — avisa uma das empregadas, olho confusa para ela, logo em seguida uma mulher surge, automaticamente os olhos dela me fuzilam.
— Então, você é a mulher que se diz ser filha de Bernardo De Lins.— me levanto na mesma hora.
— Em primeiro lugar, quem deixou que você entrasse na minha casa?— Ela ri. Joga se cabelo loiro cumprido pra trás e me encara com seu olhar azul raivoso.
— Gabriela, essa é Suzane Mendes Monteiro, esposa de Noah Monteiro, são seus vizinhos.— a encaro com o mesmo olhar que a rídicula me lança.
— Todos os filhos desse velho i****a, morreram, essa fazenda era para ir a venda.
— Sabemos do seu interesse de tomar posse dessas propriedades, mas essa é filha de Bernardo, ela estava desaparecida e essa era uma informação de extremo sigilo, agora a mesma está aqui para reivindicar seus direitos.— a tal Suzene ti.
— Você não é a filha de Olga De Lins, ela e minha mãe era grandes amigas. Deve ser filha da amante do marido dela. Paola, a mulher que destruiu essa família.— ameaço avançar em cima dela, mas Albert me segura.
— Sra Monteiro, quero que saia dessa fazenda, se não chamarei os peões para fazer isso.— avisa Albert.
— A filha bastarda do velho De Lins, nossa, sua mãe conseguiu da o golpe, onde essa maldita está? Não a vejo aqui.
— Olha sua loira ridicula, não vou deixar que fale assim da minha filha. — me irmão entra frente.
— Filha? Então não é filha de Paola?
— Minha mãe, para a sua informação, morreu quando eu era uma criança e eu fui adotada.— ele parece um pouco surpresa.
— Então ela morreu, nossa, deve está no inferno pagando pelas mortes que causou.— não conseguindo mais me segurar, me desenvencilho de Albert e avanço em cima dela, a pego pelo cabelo e começo a arrastar ela pela casa.
— Gabriela!— minha mãe grita.
— Me solta! Sua bastarda infeliz!— ela se debate e grita.
— Vou te mostrar do que a bastarda é capaz de fazer.— continuo a arrastando sem me importar que ela se machuque, quero que se f**a.
Os funcionários aparecem assustados no hall e se surpreendem ao me ver arrastando alguém.
— Meu Deus, Senhora Monteiro!— uma delas exclama.
— Abram a porta, eu vou jogar esse lixo, lá fora.— ordeno.
— Mas Ga...
— Agora! Essa maldita entrou na minha casa, me ofendeu e ofendeu a minha família, nem conheço essa vagabunda.— vossifero cada palavra.
— Irmã, já chega, ela já teve o que merecia.— Henrique se aproxima e segura em minha mão, respiro fundo e a solto. Ela se levanta do chão e se afasta.
— Você não me conhece, e nem o poder que a minha família e meu marido tem, vou acabar com você, bastardinha!
— Vai tomar no seu cu, vagabunda dos infernos, que se f**a quem é sua família, não tenho medo de você e nem de ninguém.— com o cabelo todo bagunçado, o rosto vermelho e o olhar assassino, ela diz.
— Tudo isso aqui, vai ser meu, e eu vou ter o prazer de ver a sua ruína.
— Tirem essa mulher daqui, e saiba que a Fazenda De Lins nunca vai está a venda, pois eu sou a dona dessa p***a toda e para que isso aconteça, vai ter que passar por cima de mim e para isso, você vai ter que ser muito mulher!— me viro para todos os funcionários.— Peço desculpas a todos pela cena e também por ter gritado com vocês, isso não vai se repetir.— e subo as escadas sem deixar que ninguém diga mais nada.
Ódio, ódio, ódio.