NOAH MONTEIRO
— Pai, como o senhor está?— ele me encara com tristeza no olhar.
— Essa pergunta deveria ser dirigida a você, trabalha demais e ainda vive um casamento de merda, tudo por culpa do meu vício.— solto uma respiração pesada, e me recosto na cadeira de couro escuro.
— Seu António, pare com esses pensamentos, ok? Um dia essa situação vai acabar, eu lhe garanto.— murmuro voltando a olhar a tela do computador.
Meu escritório é na fazenda, desde quando me casei, minha vida se resume aqui ou no campo. Minha vida deu um giro com as questões do vício do meu pai, desde quando, ele perdeu uma aposta muito importante para o pai de Suzane, e o prémio era a fazenda Monteiro, meu pai implorou para que ele desse um tempo para que ele juntasse o valor, mas Álvaro, pai de Suzane, tinha outros planos. Sua filha era extremamente apaixonada por mim desde criança, fomos criados juntos, minha mãe e a mãe dela eram melhores amigas, mas os Mendes se afastaram dos Monteiros quando minha mãe faleceu com um cancêr a dez anos. Desde então, meu pai entrou em uma depressão horrivel e foi entrando em divida e cima de divida, eu que sempre dava um jeito para pagar, mas quando ele apostou a nossa casa, foi demais. Em fim, querendo realizar a vontade de sua filha mimada, ele pediu que eu me casasse com ela, como p*******o da aposta, meu pai não aceitou, mas quando ele me contou isso, eu não tive outra escolha. Era um legado dos Monteiros, não podia entregar de mão beijada, nem que isso custasse a minha felicidade.
— Maria, deve está se revirando no tumulo por isso.— diz se referindo a minha mãe.
— Não tivemos escolha, e por favor, pare de se lamentar, des desse dia não tem apostado mais, é um novo homem e isso é maravilhoso.— tento anima-lo.
— Você deve sentir o veneno daquela mulher quando a beija.— rio com a sua fala.
— Eu sou imune a esse tipo de veneno.— e como se fosse uma invocação, a mesma surge do nada, toda despenteada e com o rosto vermelho. Seus olhos estão cobertos por lágrimas e puro ódio.
— Suzane! O que aconteceu?— me levanto preocupado e vou até ela.
— Aquela maldita bastarda!— vossifera.
— Que bastarda?— meu pai questiona.
— O Maldito Bernardo teve uma filha com aquela amante, que fugiu.— fico surpreso com essa revelação.
— Ele teve uma filha? Uau, isso é bem surpreendente, ao menos aquela fazenda não vai ficar para o governo e os empregados não ficarem sem trabalho.— vejo Suzane me fuzila com os olhos.
— Eu fui até aquela fazenda para ver ser conseguia compra-la e me surpreendi com essa tal de Gabriela, e outras duas pessoas que estavam com ela. Aquela i****a me arrastou para fora da fazenda dela.— meu pai tenta segurar a risada.
— E porque ela fez isso a você?— pergunto.
— Só falei verdades para ela, que a mãe foi uma v***a golpista, e que ela ia perder tudo aquilo para mim.
— E queria que a reação da moça fosse outra? Entrou na casa dela, insultou não só a mãe, mas ameaçou de pegar a fazenda.
— Vai ficar do lado dela?!
— Você não tinha que ter ido lá, eu disse que não vamos comprar aquela fazenda e ponto final.— decreto.
— Não preciso de você para isso, posso pedir ao meu pai que faça isso, quero ter o gostinho de fazer o mesmo que ela fez a mim.
— Suzane, por favor, não arrume problemas, eu só quero paz.— murmuro já casado de tudo.
— Noah, você é meu marido, aja como tal!— grita.
— Eu vou dormir, amanhã tenho trabalho a fazer.— me viro para sair dali sem dar chance para que ela diga mais alguma coisa e meu pai me segue.
— Deveria-mos mandar flores a essa mulher, colocou a cascavel no lugar.— murmura.
— Suzane só teve o que procurou, espero que isso não me traga problemas.
GABRIELA CASTRO
Acordei bem cedo, tomei meu café e voltei novamente para a cachoeira, ontem disse que faria isso. Por mais que ame o Rio de Janeiro, olhar toda essa beleza da natureza, é magnifico. A cachoeira é enorme, cascatas belas e grandes, diversas árvores em volta. Fecho os meus olhos e respiro o ar puro, tento espantar toda aquela lembrança de ontem a noite. Me arrependo de não ter dado na cara daquela perua.
— Com licença.— me assusto com a voz de alguém e fico surpresa ao ver de quem se trata.
Que p***a de homem é esse?!
Alto, forte, pele branca, barba grande mas bem feita, olhos azuis, sorriso arrebatador e uma voz grossa e alta de molhar qualquer uma. Fora que esse ar de fazendeiro, camisa xadrez, calça jeans e chapéu, o deixa ainda mais bonito.
— Ah...oi.— gaguejo.
— Desculpa, é que nunca te vi aqui, me chamo Noah Monteiro.— esse é o meu vizinho e marido daquela vaca? Ela ta bem servida.
— Gabriela Castro.
— Gabriela? A herdeira do De Lins?— balanço a cabeça afirmando.— Não tem o sobrenome dele?
— Castro é o sobrenome da família que me adotou quando eu fiquei orfã, inclusive, eles estão comigo aqui.
— Que bom, e aproveitando que te conheci, quero me desculpar pela minha esposa, ela tende a ser insuportável quando quer.— se o próprio marido diz isso, quem sou eu para julgar.— Ela ficou obcecada pela fazenda e quando soube da morte do Bernardo De Lins, achou que ia comprar já que todos na cidade achavam que ele não tinha mais herdeiros.
— Eu nem sabia disso tudo, o advogado ligou me avisando sobre, nem se quer sabia quem eram meus pais de verdade, minha vida deu um giro muito grande.
— Devo imaginar e pelo sotaque não é de Minas.
— Rio de Janeiro, mais precisamente da baixada.
— É, sai de uma cidade grande, para o campo é loucura, mas vai se acostumar, é tranquilo e acolhedor aqui.— abro um sorriso.
— Tomara.
— Bom, eu já vou, tinha vindo aqui para relaxar um pouco, e além disso conheci minha mais nova vizinha.— ele estende a mão para mim e eu aceito.
Sei que é clichê demais falar isso, mas a sensação de corrente elétrica que começou pela a minha mão que estava com a sua em volta, e se espalhando por todo o meu corpo, quando olho um pouco pra cima, ele está me olhando, é bem difícil disso acontecer, mas corei na mesma ora. O olhar que ele me lança é indecifrável.
— Até mais, srta Castro.
— Até, Sr Monteiro.— os nossos sobrenomes foram ditos de formas tão diferentes, que por um momento, achei que algum tipo de flerte havia surgido, mas isso é só coisa da minha cabeça.
Mesmo aquela mulher sendo uma vaca, ele ainda é casado com ela e extremamente proibido para mim.