GABRIELA CASTRO
Vejo minha mãe andar de um lado para o outro e Henrique ainda em estado de choque de ante do que acabei de revelar. Jamais em toda a minha vida, achei que encontraria meus país verdadeiros, também não me importava já que eles me abandonaram, era sinal de que não me queriam. Os Castros se tornaram tudo em minha vida e serão sempre a minha única família.
— Ele ligou em uma hora sagrada.— murmura meu irmão.
Ele sabe que sempre fui uma pessoa bem resolvida sexualmente, por mais que nunca tenha arruma um namorado de verdade, aproveito bem minha vida de solteira. O homem que estava comigo era um colega de trabalho, havíamos saído para beber e passamos a noite juntos, Ivan ficou bem chateado quando ele me viu me arrumar com pressa alegando que precisava resolver algo, mas disse que depois ligava para uma explicação da minha saída tão repentina.
— Gabi, tem certeza que esse advogado não errou?— questiona a minha mãe.
— Não, ele foi bem claro sobre tudo, e até falou sobre vocês e que fui adotada aqui no rio.
— Como esse Bernardo De Lins sabia onde estava? Porque não te procurou quando estava vivo?— indaga meu irmão.
— Deveria ser um covarde.— murmuro.
— Querida, não diga isso, ao menos ele lembrou de você no seu último suspiro.— começo a ri.
—Nenhum dinheiro do mundo vai me compra, não interessa o quanto ele me deixou, quero que a fortuna e a fazenda dele vai pra p**a que pariu!
— Olhe a boca! — Brenda me repreende.
— Eu acho que deveria ir e pegar o que é seu por direito, com o dinheiro que ele deixou, vai poder fazer as coisas que tanto quer, você queria abrir sua própria escola, lembra? Pensa que pode ajudar muita gente.— por alguns segundo, Henrique me fez pensar sobre isso.
— Essa fazenda é famosa no ramo do Café, distribui não só pelo país, mais para fora também. A fortuna deve ser enorme.— diz Brenda.
— Mas pelo que entendi, eu teria que morar lá, era uma das condições do testamento.— Não quero sair do Rio, eu cresci aqui, tenho meus amigos, meu trabalho com as crianças, tudo aqui.
— As vezes para realizarmos sonhos, mudanças devem ser feitas.— minha mãe recita a famosa frase do meu pai.
— Isso é golpe sujo.— Henrique acusa. Ela ri.
— Podemos ir com você, ficamos lá um período e vemos como vai ser, se não nos adaptarmos, encontramos alguma forma de vender tudo e voltar para o rio.— olho surpresa para ela.
— Estariam dispostos a ir comigo? — o olhar castanho da minha mãe brilha e um sorriso enorme se forma.
— Somos sua família, e vamos te apoiar em tudo.
— Bom, como a empresa que eu trabalhava faliu, um novo lugar pode ser bom.— Henrique trabalhava como contador em uma rede de hotéis que faliu a pouco mais de dois meses, minha mãe pela idade, não foi mais chamada para trabalhar com faxinas e nos sustentamos com o meu trabalho de professora de ensino fundamental e da pensão que meu pai deixou que não é tanto assim, mas gosto da minha vida daqui, a simplicidade e a agitação da cidade grande.
— Vamos ter que morar no interior, na cidade de Ouro Preto. Já dei uma pesquisada, fica nove quilômetros de Belo Horizonte e pelo que vi, é uma cidade estilo colonial.
— Acho esses tipos de cidade bem bonitas, é um local histórico.— murmura minha mãe.
— E quando o advogado disse que deve ir? — pergunta meu irmão.
— Amanhã, mas vou ligar para ele agora, confirmando nossa ida.— pego meu celular e retorno a ligação de mais cedo.
— Alô? Srta Castro?
— Sr Albert, oi, sou eu sim, liguei para informar que eu, minha mãe e meu irmão vamos a Ouro Preto resolver essas questões, fora que tenho muitas perguntas a fazer.
— Claro, um jatinho particular vai busca-los no aeroporto Santos Dumont as nove em ponto da manhã.—arregalo meus olhos.
— Jati...nho particular?— ameaço gaguejar.
— Como eu disse na ligação mais cedo, a fortuna de Bernardo De Lins é enorme, ele só não tem essa fazenda, como propriedades espalhadas pelo Brasil e fora.
— Ainda é difícil de acreditar nisso.— comento.
— Quando chegar aqui, sanarei todas as suas dúvidas. Até amanhã Srta Castro.
— Até. — quando desligo o celular, minha mãe e meu irmão me encaram surpresos.
— Vamos a Minas, em um jatinho particular? quer dizer, você tem um jatinho particular?! — indaga Henrique bem surpreso.
— Sim, pelo visto sim. Parece que esse Bernardo era mais rico do que imaginávamos. Mas isso pode ser maravilhoso e tudo mais, mas não tira o fato dele não me procurar nem ao menos telefonar para saber sobre mim. Ele continua sendo um merda como pai.
— As vezes ele pode ter tido os motivos dele.— diz minha mãe.
— Vai defender ele?
— Não estou defendendo ninguém, mas não devemos julgar sem antes saber, o que de fato levou ele a te abandonar e também saber onde sua mãe verdadeira entra na história, porque pelo que vi, esse advogado não mencionou ela.— verdade, isso é algo que também quero perguntar a ele.
— Mamãe tem razão, Gabi, não podemos julgar ou dizer algo de r**m do defunto antes de saber o que de fato aconteceu para te deixarem em um orfanato. — murmura Henrique prendendo seu cabelo castanho escuro e com cumprimento até um pouco abaixo dos ombros.
— Ok, devo concordar com vocês, ainda bem que estamos em período de férias de final do ano, assim posso ir pra esse lugar, ver se me apito e se caso isso não ocorrer, volto para meu emprego no começo do ano, mesmo tendo todo esse dinheiro, não vou deixar de trabalhar, ainda mais na área que mais gosto.
— Então vamos arrumar tudo, amanhã será um grande dia para todos.
Assim espero.
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O jatinho é maravilhoso, grande, com duas suítes, poltronas de couro avermelhada reclinável, á duas aeromoças e um piloto e copiloto. Nem preciso comentar sobre as bebidas que foi servida a nós, champanhe dos mais caros, petiscos que a gente só vê em filmes de ricos e muitas outras coisas. Porém, por mais que isso tudo pareça lindo, não entendo porque me abandoaram, questões financeiras geralmente é o mais comum, mas se não foi isso, por qual outro motivo seria? Isso me deixa um pouco triste, ele achar que o dinheiro que me deixaria sanaria alguma coisa sobre sua ausência? que tipo de homem era Bernardo De Lins? São perguntas que preciso fazer a esse advogado.
O vôo durou pouco mais de 01h32 minutos, foi rápido mas que me fez questionar ainda mais coisas.
Quando saímos do Aeroporto Internacional de Belo Horizonte-Confins, um carro já nos esperava na entrada do local, e para a minha surpresa, o homem se apresentou como Albert.
— Srta Castro, é um prazer conhece-la.— aperta a minha mão.
— Por favor, me chame de Gabriela. Esses são, minha mãe, Brenda e meu irmão, Henrique.
— É um prazer conhece-los. Eu vou leva-los até a fazenda, fica um pouco longe daqui.— Ele nos leva até o carro e como cavaleiro, abre a porta do banco do carona para mim e meu irmão faz o mesmo com a minha mãe.
— E as nossas malas?— questiona meu irmão.
— Os funcionários estão trazendo.— e realmente, assim que ele fala, os funcionários do aeroporto aparecem trazendo as malas e colocam na mala do carro.
— Quando falou sobre o jatinho, eu não fazia ideia do quão grande ele era.— comento quando o carro da partida.
— Bernardo De Lins. é conhecido mundialmente pelo seu famoso café, o patrimônio dele é trilhonário.— fico ainda mais surpresa.
— Então porque ele não veio atrás de mim?— vejo Albert respirar fundos antes de falar.
— Bernardo não sabia de você, até dois meses antes de falecer.— pisco os olhos várias vezes.
— Como assim?
— Você foi fruto de um relacionamento extraconjungal dele com uma antiga funcionária da fazenda, que assim que descobriu a gravidez, foi embora sem dizer nada.— as surpresas não param.
— Eu fui fruto de algo proibido.— murmuro para mim mesmo.
— O casamento de Bernardo com Olga, nunca foi algo bom, eles tiveram dois filhos, mas um faleceu em um acidente de carro quando tinha dezoito anos, e outro se suicidou quando a mãe morreu, com um aneurisma. Bernardo conheceu sua mãe, Paola, quando ainda tinha o primeiro filho com apenas dois anos, eles se apaixonaram perdidamente, Olga descobriu a relação e ameaçou destruir ambos, Bernardo conseguiu abafar isso, mas alguns meses depois, Paola descobriu a gravidez e de alguma forma, Olga soube disso. Acredito que a esposa de Bernardo a ameaçou de algo e por isso foi embora sem dizer nada ao patrão, quando ele soube de sua partida, ele tentou acha-la, mas ela havia sumido do mapa. Muitos anos depois, Antes de Olga falecer, ela revelou sobre o filho que Paola esperava, ele ficou louco e moveu céus e terra para encontra-la. Seu irmão mais velho, estava passando por problemas psicológicos. O irmão havia morrido a pouco mais de dois anos no acidente de carro e depois a mãe, Bernardo tentou fazer de tudo para ajuda-lo, porém, ao chegar de uma montaria, ele encontrou seu filho, com os pulsos e o pescoço cortados.
— Meu Deus, que história triste! — diz Brenda em estado de choque.
— Como... Bernardo morreu?— é muita coisa para digerir.
— Seu pai continuou com as investigações de seu paradeiro e quando achou tudo, mudou seu testamento, estava tudo pronto para ele viajar ao Rio e te encontrar, mas ele adoeceu, por mais que ele estivesse lutando para acha-la, ele se descuidou da saúde, não comia, não dormia, a imudade baixou, plaquetas também, deu uma infecção muito forte no sangue que atingiu os rins e depois os outros órgãos e acabou vindo a óbito, mas dias antes, ele me chamou para conversar e me contou tudo, me entregou a carta que está na fazenda para você lê. Não a abri pois a mesma foi dirigida a você.
— E a minha mãe? Sabe onde ela pode está?
— Sua mãe morreu vítima de um assalto a mão armada no rio, você parou no orfanato quando tinha três anos.— posso sentir as lágrimas molharem o meu rosto.
Eu não fui abandonada, eu só não tinha ninguém mais para ficar comigo. Minha mãe morreu de uma forma horrível e meu pai não sabia que eu existia. Agora sim, o que Brenda disse antes é verdade.
Não julgar, antes de saber o que realmente aconteceu, eu só não esperava que fosse tantas coisas ruins uma em cima da outra