Ana Gabriela levantou muito bem disposta.
Ainda não eram nem seis da manhã e já estava arrumada para sair.
Pegou na bolsa, Jaleco, chaves do carro e saiu do quarto. Ainda nas escadas, Gabriela sentiu o delicioso cheiro de paes acabados de sair do forno.
Dona Ana já tinha posto a mesa e sorriu quando a viu.
- Bom dia Vovó.
- Bom dia meu amor. Como te sentes?
- Feliz e ansiosa. Afinal, é o meu primeiro dia.
- Vai correr tudo bem querida.
Apenas mantenha a calma. Eu confio em você. E sei que vais fazer um óptimo trabalho.
Agora coma que vais precisar de muita disposição para o dia de hoje.
Ana Gabriela obedeceu a sua avó. Terminou de comer e foi escovar os dentes.
Quando estava para sair, recebeu da sua avó uma lancheira com sandes, suco e água.
- Obrigada Vovó. Até logo.
- Até logo querida. Bom trabalho.
Ana Gabriela dirigiu com calma e prudência. Foi dirigida ao lugar do estacionamento que seria permanentemente seu.
Quando entrou, uma jovem foi ter com ela.
- Bom dia Doutora Gabriela. Sou a Rosa a sua secretária. Seja bem-vinda.
- Bom dia Rosa. Obrigada. Como está a minha agenda para hoje?
- Bem cheia. Já deixei as fichas e prontuários na sua mesa. Aqui está a chave do seu armario e o código normal. A Senhora já o pode trocar.
- Muito obrigada Rosa.Você é muito eficiente. Com certeza vamos nos dar muito bem.
- Assim espero Doutora. Venha comigo por favor.
Ana Gabriela seguiu Rosa. Quando entrou na sua sala, lá estavam dois lindos buquês de rosas brancas.
- Nossa! Que lindas.Quem as mandou? O Doutor Adriano e a Doutora Ariella. São para lhe desejar um bom dia de trabalho.
- Lembra - me de lhes agradecer por favor.
- Com certeza. Precisa de alguma coisa?
- Sim. Podes por favor guardar isso? É o meu almoço.
- Claro. A sua primeira
consulta será apenas às 8 horas com a Senhora Isabel Mendonça.
A ficha dela é a primeira.
- Obrigada. Vou aproveitar para ler enquanto há tempo. Por favor me avise quando o Doutor Adriano chegar.
- Sim Senhora. Licença.
Ana Gabriela leu as fichas e os prontuários. Fez anotações e nem percebeu o tempo passar. A sua sala tinha uma máquina de café, mas ela preferia chá e decidiu que levaria os seus pacotes e também uma cafeteira elétrica.
Ainda fazia anotações quando alguem bateu na porta e Adriano entrou.
- Bom dia Gabriela.
Nossa! Você madrugou.
- Bom dia Adriano. Eu queria conhecer melhor os meus pacientes. Por isso cheguei bem mais cedo.
- Fez muito bem. A Rosa me disse que querias falar comigo.
- Sim. Será que dá tempo de me mandar o contrato? Assim eu posso ler e assinar antes das consultas.
- Claro que sim. A Rosa vai trazer para você em 5 minutos.
Leia e marque se não estiver de acordo com alguma coisa.
- Tudo bem. A Ariella vem hoje?
- Sim. A viagem dela foi adiada para depois da festa.
Com certeza ela virá falar com você quando tiver uma pausa.
- Tudo bem. Aliás, adorei as flores. Obrigada.
- Nada por isso. Bem! Vou subir. A minha primeira consulta será em 10 minutos. Bom trabalho Doutora Morales.
Até logo.
- Muito Obrigada Doutor Botelho.
Adriano saiu. Estava admirado.
Ana Gabriela além de linda e inteligente, também era persistente e determinada.
Ele pegou no contrato, entregou para Rita e sentou para começar a trabalhar.
Ana Gabriela teve uma oproma manhã de trabalho. Os pacientes adoraeam estar com ela e deram - se todos muito bem.
Ela deu conselhos e instruções a todos eles. Novas consultas foram marcadas e ela teve então um espaço de 15 minutos para descansar.
Isabella entrou e a viu de olhos fechados.
- Bom dia.
- Isabella. Bom dia amiga.
O que fazes aqui?
- É a minha pausa para o café.
Como foi a sua manhã?
- Bem agitada. Mas eu estou amando. Ah! Amiga eu nasci para fazer isso. E já assinei o contrato. Agora é mesmo oficial.
- Que maravilha.
Parabéns amiga. Estou tão feliz.
- Eu também. Só faltam aqui os mus chás. Sabes que não gosto de café.
- Eu sei. Peça a Rosa que cuide disso. Ela é óptima.
- Farei isso. Amiga! A Ariella me alertou sobre a Doutora Renata. Quem é ela?
- Uma megera insuportável.
Ela e o Adriano namoraram por um tempo, mas ele terminou porque ela era grudenta demais e excessivamente ciumenta e controladora.
- A sério?!
- Sim. Todos aqui sabem disso, mas ela acha que é muito discreta. Aqui ninguém a suporta.
- Porque o Adriano a mantém aqui?
- Por mais que seja duro demais admitir, ela é muito boa como médica e tem uma pele impecável. Mas, o coração dela é expressamente o oposto.
- Nossa! Só ouvi age agora palavras negativas sobre ela.
Não a quero conhecer.
- Não terás escolha amiga. Ela já está trabalhando e com certeza a verás na copa na hora do almoço.
- Licença Doutora! O Senhor Antônio já chegou.
- Obrigada Rosa. Nos vemos no almoço amiga?
- Claro. Até já.
Ana Gabriela seguiu trabalhando. Parou às 11 e meia e caminhava para a copa quando viu uma mulher caminhar na sua direção. Usava jaleco, era morena de cabelos longos e castanhos.
Os seus olhos imensamente azuis não tinham o brilho do sorriso que mostrava.
- Olá! Você deve ser a nova nutricionista.
- Sim. Eu mesma. Conheço você?
- Ainda não. Prazer! Sou a Renata. Uma amiga da família Botelho e a dermatologista da clínica.
UAU! A tua pele é linda.
- Obrigada. O prazer é meu.
Gabriela entrou no elevador e Renata também. Foram em silêncio até á copa.
Gabriela saiu primeiro e foi ter com Rosa e Isabella.
- Está tudo bem amiga?
- Sim. Mas não conseguia respirar no elevador.
Aquela mulher é....pesada.
- Eu sei. Mas me conta, quais são as vantagens do teu contrato?
- Bem! Além de uma casa na Vila dos médicos e do seguro de saúde? O salário é óptimo.
E ainda tenho o subsídio de férias e acesso gratuíto a alguns serviços ligados aos Botelho.
Já recebi os cartões e o resto será entregue amanhã na minha avó.
- Que maravilha. E quando vais mudar?
- Ainda não sei. Vou até lá no sábado e depois decido.
Elas pediram o almoço e tiveram uma excelente conversa.
Gabriela viu Adriano, mas ele estava sozinho e fez questão de não esconder que não queria estar perto de Renata.
- Adriano! Podemos falar?
- Sobre o que Renata? Nós terminamos. E se não for para falar sobre trabalho, por favor fica longe de mim.
Ele foi embora e Renata ficou furiosa. Terminou de comer e também foi embora.
Ariella apareceu com o marido e o ambiente se suavizou.
Ela era muito alegre e sincera.
E assim como o irmão, fazia questão de não esconder que não gostava da presença de Renata.
Eram 19 horas quando Ana Gabriela entrou em casa.
Sentiu o cheiro delicioso de lasanha, mas não viu a sua avó.
Então a ouviu na varanda, e parecia que ela falava ao celular.
- Já disse para não ligares. Deixa - nos em paz. Estamos bem sem você. Desiste Elena.
Desiste.
Ana desligou e Gabriela foi até á porta simulando que acabava de entrar.
- Vovó!
- Ah! Olá querida.
Boa noite.
- Boa noite. A Senhora está bem?
- Sim. Fiz uma lasanha. Estás com fome?
- Sim. Vou tomar um banho e já venho. Tenho muito para contar.
Gabriela não gostava de segredos ou mentiras. Mas, a sua avó escondia alguma coisa e com certeza tinha relação com a sua mãe.
Quem era Elena? E do que ela devia desistir?
Gabriela desceu e serviu o seu jantar. Olhou para a Avó e perguntou sem hesitar.
- Vovó! Quem é a Elena?
É a minha mãe?
- O quê?! Que pergunta é essa?
- Por favor Vovó. Chega de mentiras e segredos. Eu ouvi a Senhora dizendo para a Elena desistir.
Quem é ela?
- Ninguém filha. Ela não é ninguém.
- Não acredito. Vovó a senhora está comigo á 24 anos. Porque ainda não posso saber de nada?
Já chega por favor.
Me conta Vovó.
- Não há nada para contar.
- Muito bem. Eu achava que não haviam segredos entre nós.
Mas estava enganada. Então saiba que a minha mudança será no sábado. Espero que até lá a senhora tome uma decisão.
Gabriela trancou - se no quarto.
Se a avó não pretendia revelar a verdade, então ela iria descobrir por conta própria.
Mas, será que gostaria desta descoberta?
Ou mudaria de ideias?