21- Indo embora

1305 Words
Capítulo 21 Giovana narrando: Eu estava acabada, completamente sem forças. Estava deitada com ele, o braço pesado em cima de mim, enquanto ele dormia tranquilamente, respirando fundo. Já eu, coitada, não preguei o olho nem por um segundo. Esperei ele cair no sono de verdade pra tentar me levantar. Esse homem me deu uma canseira daquelas! Sério, achei que isso só existisse em filme, mas, pelo visto, eu tava muito enganada. Existe sim, e olha... feliz da mulher que casar com ele um dia. Ele só parou de t*****r, porque estava exausto, e eu ainda tive que fingir que tava dormindo e o dia já estava amanhecendo. Mas a real? Eu não tava aguentando mais. Tava toda dolorida, acabada mesmo. Meu corpo parecia gritar pedindo descanso, enquanto minha mente ainda tentava processar o furacão que ele foi. Levantei com cuidado, quase prendendo a respiração, pra ele não acordar. Fui pegando minhas roupas no maior silêncio possível. Vesti a saia, a blusinha, mas a calcinha? Nem sinal dela. “Deixa pra lá”, pensei. Calcei a sandália, peguei minha bolsa e caminhei até a porta, cuidando pra não bater e fazer barulho. Quando cheguei lá fora, fui caminhando rápido, mas a moça da recepção me parou, dizendo que eu não podia sair sem o cliente. Na hora, meu coração acelerou, e a única coisa que passou pela minha cabeça foi inventar uma desculpa: — Olha, eu tenho trabalho cedo, e ele tá dormindo, cliente sempre é assim, né? — falei, tentando manter a cara firme. Ela me olhou desconfiada, mas acabou abrindo o portão. Foi aí que caiu a ficha. Eu tinha acabado de me passar por prostituta pra poder sair. Mas, sinceramente? Não tava nem aí. Só queria ir embora daquele lugar o mais rápido possível. Saí caminhando devagar, sentindo cada músculo do meu corpo reclamar. Eu tava toda dolorida, parecia que tinha passado por um treino pesado na academia... ou algo bem pior. Assim que vi o primeiro táxi, não pensei duas vezes. Dei o endereço do apartamento da Carla, me encostei no banco e tentei relaxar, mas a dor e o cansaço não deixavam. Chegando lá, paguei o táxi, subi pro apartamento e, assim que abri a porta, o cheiro de café fresco me invadiu. Era uma sensação reconfortante depois daquela madrugada. Carla tava na cozinha, mexendo na cafeteira, toda animada. — Ué, por que você acordou tão cedo? — perguntei, curiosa, tentando parecer normal. — Acordei nada, garota, acabei de chegar também — ela respondeu, me olhando. Mas bastou ela focar em mim por mais de dois segundos pra soltar: — Meu Deus, cara, cê tá acabada! O que aconteceu contigo? Soltei um riso cansado, tirando a sandália e me jogando numa das cadeiras. Só que não consegui sentar direito e fiquei meio de lado, tentando aliviar a dor. — E por que cê tá sentando assim? — ela perguntou, franzindo a testa, claramente achando estranho. Eu olhei pra ela, rindo sem graça. — Menina, tô toda assada. É fodä. O corpo todo doendo, parece que levei uma surra... Acho que vou tomar um banho antes de tomar esse café. Preciso, sério. Ela começou a rir, quase derramando o café. — Não acredito! Mas e aí, foi bom pelo menos? — perguntou, me encarando com aquele olhar curioso. Sorri, lembrando de tudo. — Bom demais. Em toda minha vida, achei que não existia um homem assim. Não tem igual, Carla... Ela sorriu de volta, balançando a cabeça. — Vai logo tomar esse banho, que eu te espero pra gente fofocar enquanto toma o café. Quero saber tudo! — disse ela, já rindo de novo. Depois do banho, senti um alívio imediato. A água quente parecia curar metade do cansaço que ainda estava no meu corpo. Saí do banheiro enrolada na toalha, e quando entrei no quarto, lá estava Carla, segurando uma pomada na mão e um sorriso de quem já sabia o que eu precisava. — Toma, amiga. Passa isso aí que vai te ajudar, senão amanhã cê não vai conseguir nem andar. — Ela disse, me entregando o tubinho. Passei a pomada nas áreas mais doloridas e vesti um pijama confortável. Quando cheguei na cozinha, o cheiro de café e pão de queijo quentinho me fez esquecer um pouco das dores. Carla já tinha preparado tudo, como a boa amiga que é. — Pode me contar tudo agora! — ela disse, me servindo uma xícara de café e colocando os pãezinhos na mesa. Dei uma mordida em um pão de queijo, que parecia ter saído direto do céu, e soltei um suspiro. — Menina... o cara não cansava nunca! Foi a noite toda! — falei, com um misto de cansaço e saudade na voz. — Tô exausta. Mas, olha, foi bom demais... nunca gozei tanto na minha vida! Carla riu, balançando a cabeça. — E vocês trocaram telefone? Vai rolar outro encontro? Olhei pra ela e neguei com a cabeça, meio sem graça. — Nem o nome dele eu perguntei, acredita? E ele também não perguntou o meu. Os olhos dela se arregalaram, quase não acreditando no que eu disse. — Menina, mas foi tão intenso e você nem perguntou o nome do cara? Dei de ombros, tomando um gole de café. — Ele também não perguntou o meu. Com certeza tá acostumado a fazer isso, deve que sempre vai na boate, pega a primeira que aparece e passa a noite no motel. Eu só fui mais uma das que ele pega, certeza. Carla ficou me olhando por uns segundos, como se tentasse entender. — E você tá bem com isso? Pensei um pouco antes de responder. — Sei lá, Carla. Foi uma noite incrível, mas acho que é isso. Foi só uma noite... — suspirei, tentando disfarçar um certo aperto no peito. — Melhor eu só aproveitar a lembrança e seguir em frente, né? Carla ficou me olhando com aquela cara de quem ia falar algo, mas pensou melhor e segurou a língua. A verdade é que ela me conhece, sabe que eu nunca faria esse tipo de coisa . Mas, sei lá... dessa vez tava diferente. — Só uma noite, né? — ela repetiu, como se quisesse confirmar. — Então por que cê tá com essa cara aí? Eu sorri, mas era aquele sorriso sem graça, sabe? Tipo, "não quero falar sobre isso agora". — Tô só cansada, amiga. Acredite, foi puxado. Ela deu risada e pegou mais um pão de queijo. — Sei... tá com a cabeça no cara, né? Revirei os olhos e tentei desconversar, mas ela me conhece bem demais pra cair nessa. — Carla, esquece. Foi só uma noite, só isso. Ele deve fazer isso direto, nem meu nome perguntou. Que tipo de homem faz isso? — falei, tentando convencer a mim mesma mais do que a ela. Carla ergueu as sobrancelhas, colocando a xícara na mesa. — Ah, sei lá. Vai ver ele pensou o mesmo de você, né? Que cê também só queria uma noite e pronto. Fiquei quieta por uns segundos. Essa possibilidade nunca tinha passado pela minha cabeça. Talvez ela estivesse certa. — Pode ser... mas é melhor assim. Eu não tenho tempo pra complicar minha vida com homem agora, sabe? Carla deu de ombros, mas parecia não comprar muito a minha ideia. — Tá, você que sabe. Mas, Giovana, só um toque... não se apega mesmo, homem só faz a gente sofrer. Aquelas palavras me atingiram em cheio, mas eu disfarcei. — Para, Carla. Eu tô bem. Só preciso descansar e seguir em frente. Ela riu e mudou de assunto, mas a sementinha já tava plantada. E, enquanto a conversa fluía, uma parte de mim ainda estava lá, naquele quarto de motel, tentando entender por que algo que era pra ser só diversão tinha mexido tanto comigo. Continua ....

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