Capítulo 7
Hugo narrando :
Eu sabia que tinha feito merda, não precisava de ninguém me dizer. Giovana tinha saído, me deixou aqui sozinho com a cabeça a mil. E eu ainda tava tentando entender o que aconteceu. Sabrina, meu Deus, eu não devia ter deixado aquilo acontecer, mas, na hora, pareceu tão fácil. Não que isso seja desculpa, mas eu me deixei levar pela situação, e agora as coisas estavam saindo do controle.
Eu tinha tentado ligar pra ela, tentei explicar, mas sei que nada vai consertar o que fiz. Ela.nao atendeu. Cheguei em casa e ela já estava com a mala pronta. Ela já veio pra cima de mim me batendo e eu tentei me explicar mais ela não quis me ouvir e saiu batendo a porta.
Fui atrás dela. Eu precisava falar com ela. Eu precisava que ela me ouvisse, que entendesse que eu não queria que aquilo acabasse. Eu só tava... confuso. A gente tava distante há tempos, e a Sabrina apareceu, e, sei lá, eu me senti fraco. Mas não era isso que eu queria. Eu queria que Giovana ficasse comigo, que a gente resolvesse as coisas.
Eu não queria perder ela. Eu não ia deixar.
Eu desci até o térreo e a encontrei saindo, com uma mala. Ela estava fugindo de mim. E, na hora, algo dentro de mim simplesmente quebrou. Eu corri até ela, mas ela já tinha entrado no Uber e saído.
Eu sabia pra onde ela tinha ido. Não tinha outro lugar, não tinha pra onde se esconder. Ela foi direto pra casa daquela amiga dela, a Carla. A insuportável da Carla. Eu até entendia, mas não queria acreditar que ela tivesse ido pra lá. Isso só fazia tudo pior. Agora, eu ficava me perguntando se eu devia ir atrás dela ou dar espaço, deixar ela respirar um pouco, talvez tentar conversar com ela amanhã, quando a poeira tivesse baixado.
Eu voltei pro prédio, subi pro apartamento e, ao abrir a porta, o vazio me atingiu em cheio. Tudo ali parecia tão diferente. Antes, a casa tinha aquele clima, aquele cheiro de lar. Agora, parecia um cenário abandonado. O sofá que eu costumava ver ela sentada, sorrindo, agora parecia apenas um pedaço de mobília, sem vida.
Sentei ali, no sofá, e fiquei em silêncio. Minha cabeça estava uma bagunça. Eu sabia o que tinha feito. Não precisava de ninguém me dizendo, não precisava de um reflexo no espelho, eu já sabia que tinha feito merda. Eu fui fraco, egoísta. Deixei as coisas fugirem do meu controle. Sabrina, aquela situação... Agora, Giovana não queria nem me ver. Eu tinha traído a confiança dela de uma forma que não sabia como voltar atrás.
Tentei pensar em algo que eu pudesse fazer, mas parecia que o problema era maior do que eu imaginava. Tudo que eu via era uma parede de mentiras que eu mesmo tinha construído. Eu queria consertar, mas não sabia por onde começar. Talvez ela precisasse de tempo. Mas será que ela me daria essa chance?
Eu só sabia que não podia deixar isso acabar assim. Não com ela. Eu ainda a amava, e precisava que ela soubesse disso.
Eu tava ali, perdido no vazio do apartamento, tentando processar tudo o que tinha feito, quando meu celular vibrou. Era uma ligação de Sabrina. Quando vi o nome dela na tela, meu estômago deu um nó. Eu sabia que ela não ia me deixar em paz tão cedo, mas não estava preparado para o que ela tinha pra me dizer.
Atendi, mesmo sem querer. Ela parecia nervosa, e eu já sabia que não ia ser boa coisa.
— Hugo, o Rogério me mandou embora! Ele me colocou pra fora do apartamento, com a roupa do corpo! — a voz dela vinha tremendo, e eu podia sentir a raiva e a confusão misturadas. — Você tem que me ajudar! Eu não tenho pra onde ir, você tem que fazer alguma coisa!
Eu respirei fundo, tentando controlar a raiva que subia. Não tinha mais paciência, não queria mais ouvir ela tentando colocar a culpa em mim por tudo o que tinha acontecido.
— Você tem que se virar, Sabrina. Eu não sou a sua solução. Você fodeu com a minha vida quando foi atrás de mim naquele restaurante, fazendo aquela merda toda! Eu não vou ser o babaca que vai consertar o que você fez! — respondi, tentando não gritar. A raiva estava se acumulando, mas eu me forçava a manter a calma. — Você me fodeu e me colocou nessa situação. Eu não quero nem olhar pra sua cara!
Ela ficou em silêncio por um momento, mas eu sabia que ela estava chorando do outro lado da linha. Eu também sentia uma p***a de culpa, mas não queria mais nada com ela. Já tinha feito cagada demais. E agora eu tava perdendo a Giovana por causa dela, por causa de tudo isso.
— Eu sei o que fiz, mas não tenho pra onde ir, Hugo! — ela falou, quase suplicante. — Por favor...
Eu apertei a mandíbula e desliguei o celular. Não tinha o que dizer mais. Eu sabia que, por mais que ela estivesse em apuros, eu não podia mais me envolver. Eu tinha que focar em Giovana, tentar consertar a merda que eu fiz com ela. Não ia deixar Sabrina me arrastar pra mais um buraco.
Eu desliguei a ligação sem pensar duas vezes. A raiva era tanta que eu m*l consegui segurar as palavras. Sabrina podia ir se virar, eu não ia mais cair nesse jogo dela. Mas, no fundo, uma parte de mim se sentia m*l, porque eu sabia que tudo aquilo tinha sido culpa minha. Eu fui o i****a que jogou tudo pro alto por causa de uma situação que nem tinha importância. E, agora, Giovana estava distante, sofrendo, e eu tinha perdido a chance de salvar o que ainda dava pra salvar.
Suspirei fundo e me joguei no sofá, a mente uma bagunça só. Eu queria poder voltar atrás, corrigir tudo, mas sabia que isso não era possível. O estrago já tinha sido feito, e a dor que eu causava em Giovana não ia ser apagada da noite pro dia.
Eu passei o resto da noite pensando no que fazer. Não tinha mais como esconder o que eu tinha feito. Eu não tinha mais desculpas pra dar, e nem como justificar as merdas que fiz. Mas, ao mesmo tempo, eu não podia ficar sem tentar. Eu precisava falar com a Gio, pedir desculpas, mostrar que, mesmo sendo um i****a, ela ainda significava tudo pra mim.
Olhei o celular, mas não tinha coragem de ligar. E se ela não me atendesse? E se ela estivesse tão cansada de tudo que me desprezasse de vez? Eu não sabia o que fazer. O que eu mais temia era perder Giovana.
Continua ......