Lance Proibido

Capítulo 1

• Rafaelly •

Desde que o Sinistro foi assasinado naquela cadeia, parecia que tudo tinha desmoronado aqui em casa. Estava o próprio inferno!

Minha mãe entrou em depressão, não sai mais do quarto, não come, não toma água, não faz nada. Já tentei fazer de tudo, mas mesmo depois de quatro anos da morte do Sinistro, ela não quer mais saber de nada, a não ser passar o dia todo no quarto chorando.

A morte do meu irmão me abalou demais também, por mais que só tenha passado alguns dias com ele. Gostava daquele cara, e sinceramente ficava esperando o dia que ele finalmente sairia da cadeia.

Mas esse dia nunca vai chegar!

Não posso dizer que sinto muita falta dele, porque eu cresci longe dele, então já me acostumei com a ausência.

Só que é f**a saber que nunca mais vou ver aquele cara rabugento!

Fábio: Aí amiga, que foi em? Tá com essa cara aí...- meu melhor amigo sentou ao meu lado, passando o braço por trás do meu pescoço.

Rafa: Nada, pô. Só tava lembrando do meu irmão...- suspirei alto. - Mas enfim, vai ficar mesmo com aquele garoto lá hoje?

Fábio: Vou, pô. Ele é um b****a, mas é gostosin. - fez careta, logo dando risada.

Fábio, meu melhor amigo a quase cinco anos é Bissexual, mas sempre puxa mais para o lado de gostar de garotos. Esse menino é perfeito, a pessoa que sempre esteve comigo pra tudo, principalmente quando eu soube da morte do meu irmão.

Sem essa lambisgoia do meu lado, eu não aguentaria toda a barra que sou praticamente obrigada a segurar sozinha.

Fábio: Vai para o curso que horas, Rafa? - perguntou, enquanto a gente desvia o escadão.

Rafa: Daqui a pouco já. Vou pedir carona pro Neguinho, quero pegar ônibus hoje não, pô.

Fábio: Neguinho...esse preto é gostoso pra c*****o né? Se ele cortasse para o outro lado...

Rafa: Neguinho é bonito, mas é chato pra c*****o as vezes. Você não ia suportar ele nem por cinco minutos. Ele enche tua paciência de um jeito...

Fábio: Eu aguentaria tudo só pra poder ficar com esse homem. - fez bico, e eu neguei com a cabeça dando risada.

Rafa: Acho que sou a única dessa favela que não sente interesse nele.

Fábio: Porque você só gosta de homem f**o! - apontou e eu olhei pra ele na hora.

Rafa: Se liga, pô.

Ele deu risada, e eu neguei com a cabeça. Fábio insistia em dizer que a vida inteira só peguei os candango f**o, mas fazer o que se vou pelo caráter e não pela beleza?!

Prefiro olhar o inteiror da pessoa, do que olhar o exterior e acabar me fodendo no final quando cair a ficha que aquela pessoa, linda de rosto e tudo mais, é podre por dentro.

Fábio me deixou na frente de casa e depois partiu pra sua que era perto da entrada da favela, lá embaixo.

Assim que entrei em casa, subi direto para o quarto da minha mãe. Ela estava deitada na cama, aparentemente dormindo de boa ali.

Fechei a porta e desci para a sala outra vez. Sentei no sofá já tirando meu tênis e meu sutiã que estava apertado pra c*****o.

Quando fui deitar ali pra tirar um cochilo, a porta dali de casa foi aberta com tudo, e assim que ouvi a voz do meu afilhado, passei a mão no rosto vendo que meu sono da tarde não seria possível.

William: Dinda! - gritou, e veio correndo na minha direção.

Peguei ele no colo, beijando sua bochecha e apertei ele no abraço. Neguinho estava parado ali na porta, com a mochila do menino nas mãos.

Rafa: Oi, gatão. - falei com ele, que sorriu de lado.

Neguinho: Fala aí, criança. - se aproximou. - Tá bem?

Balancei a cabeça confirmando, e ele se sentou no sofá, deixando a mochila no chão.

Neguinho: A tia, cadê?

Olhei pra ele, e na mesma hora ele já entendeu, e nem disse nada.

Neguinho desde que o Rafael foi morto, se aproximou mais da gente, vindo todo dia aqui com o William, ver como a gente tá, se está precisando de alguma coisa e tudo mais.

Rafa: Cadê a feiosa da tua mãe, neném? - me referi a Naysa, mãe dessa cria, e minha mais nova amiga.

William: Tá em casa fazendo papa. - respondeu baixo, mexendo no controle da tv.

Rafa: Credo, a comida dela é ruim...- fiz careta e ele riu.

Sou madrinha do Wiliam. Neguinho tinha chamado eu e o Rafael pra ser os padrinhos, mas só eu pude ir no batizado do neném.

Sou apegada demais nessa cria gostosa. Não vivo mais sem!