04 - Rapariga Não

1347 Words
Uma das questões bem importantes no momento foi: Quem era Clara? Mas depois me foi dito por Margarida que Clara era a esposa de Joaquim, e por mais que ele fosse um raparigueiro de primeira, ele não gostava de ver sua esposa chorar. Tanto que se ela descobrisse ele sabia que ela iria ficar extremamente magoada e choraria, mas para mim se ele não queria faze-la sofrer ele deveria parar de fazer essas coisas, mas homens realmente eram criaturas complicadas. Seu João fez o curativo na mão de Joaquim, o levou para um hospital e disse que ele ficaria bem. Ele disse que não seriamoe mais incomodadas, e assim esperávamos. Mas, na cozinha enquanto eu e Margarida arrumavamos a bagunça, conversávamos com Larissa, que bastante animada parecia ser alguém sozinha e de poucos amigos. Ela contou de como foi adotada pelo casal rico e de como era bem tratada por eles, mas existiam coisas que eles não queriam ensinar a ela algumas coisas, como ler e escrever. Mas com muita insistência ela disse ter conseguido.  E foi nesse vai e vem de confidências, Margarida e eu nós sentimos a vontade para falar. Então ao contar sobre nossas vidas Larissa se mostrou surpresa. — Então Juliana já foi rapariga, e Margarida é uma? — Ô!!! — Grita Margarida batendo com uma colher na mesa — Rapariga não. — Gente mas cês são tão legais são tão boas. Eu nunca imaginei que quenga fosse assim. — Valha mulher e tu acha que rapariga é oque? — Pergunto. — Sei lá, do jeito que o povo fala eu imagino um bicho feito dragão que cospe fogo. — Nam, tem isso não. Rapariga é só mulher que de deitou antes de casar. — Já que cês são tudo quenga, Mulher... Posso te perguntar um negócio? — Ela se aproxima de mim e pergunta baixinho — Tu já sentiu um negócio. — Que negócio? — Um negócio no corpo, uma agonia. Tipo, uma vez eu vi João sem camisa agoandk o jardim, senti um calor, uma agonia que até o bico do peito ficou duro. Tenho medo de tá doente e painho querer me internar. — Valha mulher, num conheço doença que deixe bico do peito duro não. — Digo arregalando os olhos e vou até uma jarra de água servindo um copo para mim, bebendo calmamente. Mas ao fundo a risada de Margarida era alta. —Ta rindo do que ô gordinha? — Questiona Larissa. — Tu tá com fogo no priquito. Me engasgo com a água fazendo um jato cospindo no chão,.olho para Larissa e Margarida enquanto a torce continuava. — O que? Fogo onde? — Avemaria as duas foram criada num convento é? — Diz ela pondo a mão nos quadris — oque eu tô dizendo é que Larissa tá com fogo no priquito, já tá na idade que a família quer casar pra não fazer coisa antes do casamento. — Mulher, eu nunca senti isso não. — Digo procurando um pano para limpar o chão. — Não importa. A doença da Larissa é fogo e o remédio é piroca. — MARGARIDA PELO AMOR DE DEUS! — Grito— Para de falar nome feio! — Nome fêi, mar valha mulher.— Diz Margarida olhando para mim e Larissa. — Fei é o home botar onde mija dentro do priquito da mulher, e a mulher por aceitar isso antes de casar ser chamada de rapariga. — Mintira. Mintira que se fosse verdade mainha tinha me contado. Juliana, vem mais eu. Traga o quite. Vou perguntar a mainha e falar o que sinto agora pra saber de verdade. Ora. — Se eu fosse tu num fazia isso não. Se fizer isso vai se lascar todinha— Aconselha  Margarida. Mas Larissa não ouviu. Fomos então para casa dela, ela me apresentou como nova empregada de João. Sua mãe era uma mulher branca e já com uma idade mais madura, Quando ouviu a pergunta da filha sobre o que se fazia depois de casar e a pergunta sobre o que sentia, sua mãe nos explicou perfeitamente com detalhes delicados sobre o que se era feito. — Você se deita na cama, abre as pernas. O homem vai colocar o pênis dentro de você, e depois disso cês vão se unir em uma só carne, como manda a bíblia. Minha expressão era de choque. Então era isso o que teria acontecido comigo caso se João tivesse pegado pelo que pagou, ele enfiaria seu negócio dentro de mim. Senti até um desconforto ouvindo isso e uma vergonha. Deus realmente havia colocado ele em meu caminho. A expressão de Larissa era de choque, ela estava boquiaberto ao saber de tudo, mas sua mãe não quis mais dar detalhes. — Mas chega de falar disso. Cês são duas moças, não é pra falar disso não. Nem era pra saberem até casar. Entendo. Confesso que fiquei em choque pelo restante do dia, então era isso oque significava ser tocada, era isso que Zeca faria comigo, e isso me fez sentir nojo. Quando voltei pra casa subi direto para meu quarto e me banhei, esfregando meu corpo e chorando. Tentando tirar as impurezas que foi estar naquele lugar sobre o peso dos olhos de diversos homens que queriam tocar em mim, e depois disso só sai quando seu João chegou. Ele disse que Joaquim estava melhor, eu e Margarida almoçamos junto a ele, e minha cara de desânimo era explícita. — Quem fez o almoço? — Ele pergunta — Está muito gostoso. — Foi Juliana. — Diz Margarida. — Oh, você cozinha muito bem. Está muito bom. — Agradeço seu João. — Digo com sorriso de canto. — Juliana eu... Num tive como não reparar sua expressão na hora de ver a lista de compras. Então...  Eu queria saber, você sabe ler? — Sei não seu João. Perdoe, num falei na hora porque eu num queria decepcionar. Ele ficou em silêncio enquanto mastigava a comida, bebeu um pouco do suco de acerola que Margarida fez e limpou os lábios. — Olha, eu imagino que vocês estejam tristes pelo que Joaquim fez, garanto que ele não vai mais incomodar vocês. — Ele se levantou e friamente saiu da cozinha. Fiquei me perguntando se ele havia ficado aborrecido com algo que eu disse ou se minha tristeza o deixou assim. Margarida ficou em silêncio apenas comendo. Ele retornou dentro de poucos minutos e sobre a mesa colocou um pequeno caderno de capa preta e uma caneta. — Guarde. De noite quando eu chegar eu lhe ensino a escrever, pode cobrar. Margarida tu pode ensinar o alfabeto a ela? Pra ela práticar a escrita das letras. — Oxe mas é claro. Eiiita que tu vai aprender a ler! — Diz Margarida bastante animada pegando o caderno. Eu não entendi direito a situação mas fiquei feliz. Durante a tarde já com todas as tarefas feitas, Margarida me ensinou o alfabeto. Ela tinha paciência e foi carinhosa comigo. Depois de me ensinar letra por letra ela me fez reescrever todas as letras em uma página inteira. Para que eu assim decorasse todas, e a noite como prometido João me ensinou. Estávamos na sala com a luz acesa. Margarida já havia ido embora, pacientemente ele me ajudava a escrever meu nome, pouco a pouco eu sentia que já estava aprendendo, embora demorasse. Mas gritos do lado de fora da casa até a chegada da porta eram ouvidoz a voz clamava por João. Larissa estava chorando e quando abriu a porta a fecho. — Seu João me esconde me acuda por favor. — Diz Larissa chorando totalmente desesperada. Nós levantamos e fomos até ela. Não havia entendido. — Valha mulher oque aconteceu? Calma calma. — Painho e mainha tão doido, eles...chamaram um rapaz pra casar mais eu. Eles... Eles...querem que eu cadê com um homi que tá lá em casa. Quero não. — Murmura ela em lágrimas enquanto a sentavamos no sofá.— Eu num devia ter falado pra ela que tava sentindo aquele negócio Juliana, bem que Margarida me disse que eu me lascava. .
Free reading for new users
Scan code to download app
Facebookexpand_more
  • author-avatar
    Writer
  • chap_listContents
  • likeADD